40. LACUNAS
Acordo em uma nova realidade em que meu otimismo foi evaporado e minha cabeça explode de dor mesmo após tomar dois analgésicos.
"Ainda com dor?" Miranda me pergunta quando chego à cozinha, onde ela está, com uma mão sobre a cabeça.
Ela faz uma carinha preocupada quando assinto, mas não quero mais que se preocupe comigo e fique tão tensa. Não sei como tudo isso pode acabar causando um parto antecipado e não quero correr o risco, por isso me adianto em dizer:
"Não se preocupe. Vou ficar bem", ignoro o fato de que não pareço tão firme quanto gostaria. "Decidi que encontrarei a minha mãe para uma conversa após comer alguma coisa".
"Já?" Minha noiva não esconde a surpresa.
"A verdade é que eu nunca vou estar pronto para isso, então decidi fazer de uma vez por todas", respondo, acomodando-me no balcão, onde Miranda beliscava uma torrada com geléia de framboesa. "Estou farto de ficar me remoendo. Tenho dúvidas a serem sanadas e não quero ficar esperando que ela volte de Coralina para fazer isso".
Mimi rapidamente assente, compreendendo o meu ponto.
"Nesse caso", ela diz. "Coma alguma coisa. Pedi café, pães, biscoitos e geléias e fiz ovos mexidos".
Não sinto fome, mas sei que ela vai se preocupar se eu não comer. Principalmente quando considero o fato de que não comi nada, além do café da manhã ontem. Assim como nossa hóspede, da qual lembro de repente.
"E a Cassiopeia?" Pergunto. "Ela ainda não acordou?".
"Se acordou, não saiu do quarto".
"Talvez eu devesse chamá-la...".
"Concentre-se em comer primeiro", Mimi me empurra um copo de café expresso da Begônia Rouge e a cestinha com pães. "Depois que você sair, eu levo algo para ela comer. Não acho que a Cassiopeia queira conversar com você tão cedo sobre o que aconteceu e nós dois não somos nada bons em disfarçar que esse ainda é o assunto do momento".
"Você tem razão".
Concentro-me em tentar comer e consigo engolir um dos pães e beber todo o café, o que nem de longe é suficiente para repor a energia perdida no dia anterior, mas deixa Miranda tranquila.
Assim que termino de comer, tomo uma aspirina e deixo minha noiva arrumando uma bandeja para Cassiopeia enquanto me retiro para tomar um banho e trocar a roupa de ontem por uma limpa.
Quando saio do quarto outra vez, sinto-me um pouco mais disposto, mas ainda torpe diante da ideia de encontrar minha mãe para mais uma conversa difícil.
Ao chegar à sala, encontro Miranda saindo da cozinha com a bandeja de café da manhã.
"Queria ir com você e estar ao seu lado como você esteve comigo quando conversei com meus pais", ela me diz, olhando-me com carinho. "Mas sei que essa conversa é só entre você e a Katherine e que eu já me meti demais".
"Ainda assim, vou precisar do seu conforto quando voltar".
"Eu vou estar aqui", ela me dá um sorrisinho que ainda carrega certa tristeza, mas seu olhar é firme. "Agora vá até lá. Eu vou cuidar da Cassiopeia".
"Me ligue, se acontecer algo".
Ela assente e lhe dou um beijo rápido.
Depois, seguimos cada um por um caminho. E quando pego o elevador até o penúltimo andar do Maximoff Plaza, penso que precisa haver vida debaixo dos escombros causados ontem, pois preciso entender quem realmente sou e me reconstruir pelo bem da família que conta comigo.
xXx
Os olhos de lince de Mabel Langford, a assistente pessoal da duquesa, me examinam quando ela abre a porta do apartamento.
"Preciso falar com a minha mãe", vou direto ao ponto em um tom de voz pouco usado, o qual não abre brechas para uma negação de sua parte.
Mabel entende isso, pois abre mais a porta para que eu passe por ela:
"A duquesa está em seu escritório, lorde Caellum. Mas tente ouvi-la sem ataques, pois sua alteza precisa se recompor para que voltemos à Coralina. Não seria bom lidar com especulações da mídia caso ela apareça em público com olhos inchados".
"Você sabia de tudo, não sabia?" Olho para Mabel, que sempre acompanhou minha mãe e cuidou de todos nós, limpando a sujeira dos problemas que causamos e administrando nossas agendas. Ela me observa de volta da mesma forma impassível que a duquesa. Ambas são como uma muralha; amigas desde a faculdade. "É claro que sabia. Foi cúmplice".
"Um dia entenderá que a sua mãe não teve escolha", ela rebate. "E perceberá que não existe mulher mais forte nesse reino do que Katherine Maximoff, mas sei que esse dia não é hoje. Com licença, lorde Caellum".
Mabel se retira para a direção da cozinha e eu sigo até o corredor em que sei estar o escritório da minha mãe, fazendo o mesmo caminho que fiz quando estive aqui para lhe falar sobre Miranda e a gravidez. Mas nem de longe estava tão nervoso quanto agora.
Bato na porta de madeira maciça e escuto sua voz dizendo para que entre, então giro a maçaneta e assim o faço, pegando-a de surpresa. Certamente, minha mãe esperava que fosse apenas sua assistente querendo lembrá-la de algo sobre o seu cronograma do dia, pois me olha com olhos assustados.
"Caellum", ela ofega, perdendo um pouco da compostura. "Não esperava vê-lo tão cedo, eu...".
"Está se preparando para voltar para Coralina, eu sei", a interrompo, percebendo o quão diferente ela está da imagem de ontem após se recompor e se fantasiar de duquesa Maximoff. "Mas eu não poderia esperar pela sua volta. Tenho dúvidas que precisam ser sanadas".
"Eu sei que sim", mamãe fala, parecendo ansiosa. "Mas achei que fosse precisar de mais tempo. Tudo o que descobriu... Eu não sou fria, Cal. Sei que foi um baque e sei que não está aqui porque decidiu me perdoar".
"Só quero entender tudo o que aconteceu", ocupo uma das cadeiras em frente à sua imponente mesa, encarando-a. "E sei que só você pode me falar, então, se realmente reconhece que o que fez foi errado, explique-se. Estou ouvindo, sua alteza", meu tom é frio mesmo sem pretender, advindo da mágoa que me toma ao olhá-la outra vez.
Percebo que isso atinge Katherine mais do que ela deixa transparecer. Seus olhos são tristes, embora não carreguem lágrimas. Afinal, a duquesa não pode demonstrar qualquer emoção. É uma das primeiras regras estúpidas que aprendemos como membros da realeza: emoções são fraquezas e jamais devem ser demonstradas.
"Sobre o que quer saber primeiro?" Ela me pergunta.
"Sobre tudo", respondo. "Comece pelo começo".
Minha mãe inicia pelo ano de 1999, quando ela conseguiu uma vaga na faculdade de direito da Aureum College e se mudou de Coralina para Dominique. À essa altura, toda sua educação havia sido em internatos femininos no condado e ela possuía círculos sociais restritos, o que significa que a faculdade a deslumbrou. Tendo apenas dezenove anos e uma carga de ser a filha obediente e brilhante do duque Maximoff sobre os ombros, ela não se importou com a ideia de noivar por contrato até conhecer Elio Prescott.
"Ele era o filho mais velho do assistente do rei Timotheo III e eu sabia que era alguém próximo do príncipe, mas não convivemos até a faculdade, quando nos tornamos amigos e, posteriormente, namorados".
Katherine diz que ninguém sabia sobre o namoro e que Elio não fazia ideia de seu noivado, a princípio. Quando descobriu, eles terminaram.
"Mas sofremos com a separação", seu olhar está longe, enxergando um passado distante e impossível de retornar. "Achei que fosse morrer de tanta falta que sentia, sem saber que o pior ainda estava por vir. Nós só voltamos a nos encontrar por intermédio de Elisa".
"A mãe de Theo".
Minha tia.
A duquesa assente.
"Éramos próximas", ela me conta algo que nunca soube. "E ela sabia que o irmão também estava sofrendo, então mesmo vivendo os próprios dramas, nos ajudou. Elio compreendeu a minha situação e resolvemos levar o namoro às escondidas adiante, mas é claro que algo talhado em uma mentira não tem longa duração. Xiao Jun voltou para Orion e meu pai descobriu o namoro".
Katherine conta sobre o pulso de ferro com o qual vovô Patrick lidou com seu namoro, obrigando-a a escolher entre o fim do namoro ou a ser deserdada e assistir todas as oportunidades serem tiradas de Elio.
"E eu escolhi fazer com que Elio me odiasse, mas pudesse ter sucesso. Foi algo que nunca me perdoei por ter feito logo após ele ter perdido a irmã, mas a ideia de vê-lo perder o que vinha conquistando pareceu ser ainda mais cruel do que partir seu coração e o meu junto".
Tento não julgá-la sabendo que minha mãe era mais nova do que eu quando foi imposta a isso, mas é difícil. Não consigo não pensar que havia outras saídas que ela se recusou a considerar. Meu avô não pode acabar tantas vidas assim, ele não é tão poderoso...
"Só que então eu descobri a gravidez", Katherine continua. "Quis voltar atrás e cheguei a procurar Elio, mas ele havia partido para a Austrália a fim de iniciar um mestrado. Contei para minha mãe sobre a gravidez acreditando que ela me acolheria, mas fui, mais uma vez, posta entre a cruz e a espada".
Chega a parte em que ela me diz como ocorreu seu acordo com Xiaojun e o casamento de fachada, que se tornou verdadeiro após o sumiço de Stella.
"Jun e eu nutrimos sentimentos verdadeiros um pelo outro que resultaram no nascimento de Cepheus. Apesar de tudo, ele foi um amigo e, posteriormente, um bom marido para mim. Um apoio no qual me reergui o suficiente para retornar à Orion, onde meus fantasmas e tormentos me aguardavam. Tive tanto medo de que descobrissem a mentira...".
"E o Elio?" Pergunto. "Ele retornou à Orion. Deve tê-lo encontrado em algum momento e, ainda assim, nunca falou nada para ele, mesmo alegando tê-lo amado".
"Assim como eu, ele havia seguido em frente. Casou-se com Lilian, de quem sempre desgostei por saber que ela poderia tê-lo, parecia feliz...", mamãe explica. "Eu não poderia procurá-lo após anos depois de ter dito estar apaixonada pelo homem com quem mantinha um casamento com três filhos. O que diria? Não podia arriscar lhe falar sobre você sem que Elio resolvesse reivindicar sua paternidade e o rastro de mentiras viesse à tona".
"Seria horrível para a nossa reputação, não é?" Não escondo a minha ironia ao perguntar.
"Seria, mas não se trata apenas disso", Katherine rebate. "Xiaojun e eu tínhamos medo do que os nossos pais fariam diante disso. Eu ainda tenho esse medo".
"E o que é que eles podem fazer? Está tarde demais para abortos".
"Ostracismo", mamãe responde. "Xiaojun tinha medo de que, se a maternidade de Cassiopeia viesse à tona, os Maximoff a renegassem e os Feng também. Ela sempre foi a principal preocupação".
"Os Feng não fariam isso".
Os Maximoff, talvez. Sangue sempre foi o mantra da família.
"Feng Hue e Feng Yan An prenderam a própria filha em uma clínica psiquiátrica e a proibiram de assistir Amelia crescer, Caellum. Tudo isso porque ela desenvolveu depressão severa após ser proibida de se relacionar com o pai da filha. Acha mesmo que não tínhamos razões para manter esse segredo?".
Ela me silencia. Nunca a vi tecer qualquer crítica aos sogros, o que sempre me fez achar que concordava com meus avós em tudo, mas agora percebo que a minha mãe apenas entendeu que o silêncio é a única maneira de jogar esse jogo.
"O incêndio...".
"Feng Xin Yu jamais faria algo que colocasse a vida de Amelia em risco quando ela era seu único motivo para estar viva. Esse foi apenas um infeliz acidente usado como pretexto para uma intervenção que os Feng estavam dispostos a fazer em nome da aparência. Ainda não entendeu que não há espaço para cogitar a ideia de que descubram que você é filho de Elio e Cassiopeia de Stella?".
"Então o quê?" Rebato, sentindo-me completamente frustrado. "O que a gente faz agora? O Elio... Eu não posso apenas ignorar que jogou sobre mim o fato de que ele é meu pai".
"E o Elio também não", mamãe reconhece. "Eu sabia disso quando o procurei para falar tudo. Nós dois já tivemos essa mesma conversa em que desabafei sobre os meus medos".
"E então?".
"Não posso impedi-lo de conhecer e conviver com ele, se assim desejar, Caellum. Já fiz isso por vinte e dois anos e sabia que perderia o controle dessa questão assim que a trouxesse à tona. Mas, pelo seu bem e o da Cassie, só peço que tenha cuidado o suficiente para que nunca descubram que ele é seu pai".
"Nossas lacunas se desgastariam ainda mais se soubessem, não é? O passado do vovô Patrick já é sujeira demais sobre o nome Maximoff, assim como a situação da tia Xin Yu para os Feng".
"Nossas lacunas não desgastariam, Caellum. Elas implodiriam e derrubariam a estrutura de dentro para fora. Fomos erguidos sobre paredes frágeis".
"Mas o que importa é a fachada que verão por fora", me sinto impotente como jamais me senti ao reconhecer. "Elio está mesmo disposto a colaborar com isso?".
"Por você e Cassiopeia, sim. Ele foi criado perto o suficiente da realeza para entender que escândalos sempre têm proporções maiores quando uma das seis famílias do Grande Conselho está envolvida. Não vê o que ainda dizem sobre os Durkheim por aí?".
"Mas eles estão se reerguendo. O duque George permanece no Grande Conselho e o condado Minerva prospera".
"O duque George não tem pais e sogros o controlando e é um homem. Ele jamais seria tão julgado por ter tido um filho fora do casamento quanto eu seria, se isso tudo viesse à tona".
Ela tem razão, mas nunca foi tão difícil reconhecer. Katherine deve estar ciente disso.
"Não sou cruel, Caellum", ela diz. "Fiz escolhas sabendo que enfrentaria consequências difíceis por elas e estou ciente de que você e Cassiopeia talvez nunca me perdoem por elas, o que por si só já é castigo o suficiente para mim. Mas também tive minha vida roubada pela posição que ocupo. Tive que me refazer, abandonar a Katherine que sonhava em ser uma advogada justiceira e me tornar a duquesa. Não espero que tenha pena de mim, mas compreenda: neste tabuleiro de xadrez, sou uma torre e vocês são peões. Não estamos fazendo as regras, apenas cumprindo nossos papéis para nos mantermos de pé".
"E se a vovó Nancy desconfiar, se acaso me aproximar de Elio de repente?" Decido tirar a dúvida, levando em conta que ela é alguém que sabe de parte da verdade.
"A mamãe é tão peão neste jogo quanto você, o que aprendi com o tempo", ela diz. "É com o Grande Conselho, O conselho de Morfeu, meu pai, Feng Hue e toda a corja midiática que devemos nos preocupar".
"Gente demais".
"Entende agora porque escolhi o silêncio?".
Não falo nada. Compreendo a sua posição, mas a mágoa ainda é grande demais para que deixe de pensar em tudo o que Cassie e eu perdemos por sua mentira.
"Procurarei Elio", mudo de assunto, ciente de que o segredo é um impasse. Não há nada que possamos fazer quanto a ele. Para o mundo, sou filho de Xiaojun e Cassiopeia é Maximoff.
"Ele vai ficar feliz".
"Em troca, procure Cassiopeia quando voltar de Coralina", fico de pé para que ela entenda que, da minha parte, a conversa acaba por aqui. "Ela também precisa preencher as lacunas dessa história e, acima de tudo, precisa entender que a senhora ainda é sua mãe. Seja menos duquesa e lhe dê um afago".
"Duvido que Cassiopeia queira me ver...".
"Então faça uso de seu pulso firme", rebato". "Ela acabou de perder tudo e é humana. A Cassiopeia é forte, mas também quebra. Não quero que a veja só quando for tarde demais".
Recordo-me do segredo amargo que mantenho com Cassie, Miranda e Cepheus acerca das circunstâncias de seu internamento no hospital meses antes. De repente, temo que algo assim aconteça outra vez depois da forma como minha irmã ficou ontem e quero muito ir para casa garantir que ela está bem com os meus próprios olhos.
"Está bem", Katherine parece entender o quanto é importante que concorde. "Vou procurá-la assim que voltar para Dominique. Acredito que terá passado tempo o suficiente para que ela cogite me escutar".
"Obrigado", respondo. "Agora, se me der licença, voltarei para casa. Nós nos vemos em duas semanas".
"Tchau, filho".
Saio do escritório e encontro Mabel na sala outra vez, a qual me lança um olhar de alerta.
"Sem lágrimas dessa vez. A duquesa está intacta para a sua aparição", não escondo a ironia em minha voz ao falar tais palavras.
Obviamente, a assistente percebe, mas escolhe não falar nada quanto a isso. Mabel apenas assente.
"Tenha uma boa viagem, Mabel".
"Até breve, lorde Caellum".
XxX
Volto para meu apartamento e Miranda está caminhando com certa impaciência pela sala. Parece tão imersa em seus próprios pensamentos que nem me nota até que eu fale:
"Por acaso aconteceu alguma coisa?".
Mimi parece levar um susto e se volta para mim com certa afobação.
"Que bom que chegou", ela me analisa por um momento, como se estivesse à procura de algum sinal de que a conversa foi tão desastrosa quanto a de ontem.
"Eu estou bem", deixo claro, para seu alívio.
"Que bom", Mimi responde. "Porque eu não posso dizer o mesmo sobre a Cassie. Ela acordou, mas não comeu e sequer falou comigo", minha noiva aponta para a bandeja intocada, fazendo meu coração pesar de preocupação.
"Sei que disse que é cedo, mas, levando isso em conta, eu vou falar com ela", pego a bandeja. "A mim, ela vai ter que ouvir".
Ou pelo menos é o que quero muito acreditar.
Olá, pessoas. Como estão?
Essa foi uma semana repleta de capítulos agitados e espero que tenham gostado da overdose de atualizações.
Já comentei isso antes, mas, agora que vocês sabem sobre a Kate e o Elio, posso justificar o fato de ter mudado de ideia sobre publicar SLGA primeiro ao invés de Elisa: a culpa é deles!
Achei que seria muito mais impactante se descobrissem sobre eles através do Caellum do que através da Elisa, ainda mais com toda a suspeita de paternidade dos gêmeos kdjdjdjdjk
Enfim, agora posso dizer que o segundo livro da série prequel é da Kate e que se trata desse romance meio frustrado dela com o Elio.
Nancy e Patrick Maximoff = grandes inimigos do amor.
Até a próxima!
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