31. GIRL, I WANNA MARRY YOU RIGHT HERE, RIGHT NOW
Meu mundo é suspenso quando ouço Miranda Miller perguntar:
"Caellum Maximoff, você quer se casar comigo?".
Por um momento, eu só consigo pensar que ela conseguiu: me pegou de surpresa. Um pedido de casamento vindo dela nem de longe me passou pela cabeça depois de duas respostas negativas seguidas e da forma como ela pareceu assustada quando citei a possibilidade ao falar com seus pais.
No entanto, aqui está ela: linda e receosa enquanto segura uma caixinha com alianças e me olha à espera de uma reação da minha parte.
"Caellum?" Vejo seus lábios formarem o meu nome, como que sondando a pergunta, apesar de não ouvir a sua voz pela música que ainda ressoa ao nosso redor.
Miranda Miller é tão linda, amorosa e cuidadosa. Um casamento na nossa idade, quando somos tão jovens, pode parecer loucura para alguns, mas para mim é como se fosse certo desde quando eu era só um garoto novato a sondando pelos corredores da Aureum College, temendo me aproximar.
"Eu casaria com você aqui e agora", é o que finalmente respondo. "Porque amo você, Miranda".
O sorriso que ilumina o seu rosto me traz aconchego ao coração.
"Também amo você, Caellum".
É a primeira vez que ela me diz isso e, embora eu desconfiasse, quando é finalmente dito torna as coisas mais verdadeiras.
Saindo do torpor, Miranda me abraça e percebo alguns assobios e gritinhos de comemoração ao nosso redor, vindos de nossos amigos.
"Espero que isso signifique que ele disse sim!" Ouço o vocalista da tão famosa banda Fly High falar ao microfone. "Que tal mais uma música para comemorarmos isso?".
Assim que novos acordes se iniciam, Miranda se afasta do abraço para pegar minha mão e encaixa uma aliança em meu dedo, a qual cabe perfeitamente. Já a sua...
"Ficou apertada", ela percebe, tentando não rir quando coloca a aliança no mindinho ao invés do anelar. "Mas não importa. Estamos noivos", Mimi me olha com uma nova intensidade, ainda sorrindo.
"Você me pegou mesmo de surpresa", comento.
Ela dá de ombros, visivelmente satisfeita com isso.
"Eu tive muita ajuda para fazer acontecer", diz. "A começar pela sua irmã que subitamente decidiu que é festeira...".
"Ah...", Cassie ter sido a sua cúmplice explica muita coisa.
Eu ainda tenho várias perguntas para fazer, a começar com desde quando ela vem planejando isso sem que eu desconfie e o que a fez pensar em me pedir em casamento. No entanto, nossos amigos desistem de ficar apenas na curiosidade e expectativa do momento e se aproximam para nos felicitar.
"Pelos ancestrais, eu estou tão feliz por vocês!".
Aeryn é a primeira a nos abraçar, mas logo os outros a seguem e, quando o pequeno show da Fly High chega ao fim, Cassiopeia desce do palco e vem na nossa direção.
"Deu tudo certo?" Ela pergunta para Miranda, que assente.
"Vocês duas me enganaram direitinho", acuso, mas em tom de brincadeira.
Cassiopeia me lança um sorriso que é, ao mesmo tempo, culpado e feliz. Então, eu a abraço, porque não consigo pensar em mais nada que deva ser feito agora, além disso.
"Obrigado, Cas", murmuro ao seu ouvido.
"Não agradeça. Quero que seja feliz", ela responde pouco antes de me soltar e abraçar Mimi. "Vocês dois merecem".
"Obrigada, Cassiopeia", Miranda responde. "Mas você também nos pegou de surpresa, hein? Toca bateria!".
Minha noiva me faz lembrar desse pequeno detalhe que eu jamais imaginaria e que prova que não conheço a minha irmã tanto quanto ela me conhece.
Cassiopeia parece sem graça.
"É só um hobby", ela responde.
"Mas você arrasa sempre!" Sofya, que ainda está por perto, fala, fazendo parecer que já tinha conhecimento disso. Pergunto-me como.
"Eu tento", Cassie diz, meio acanhada. "Agora preciso ir me despedir dos meninos".
"Eles já vão?" Tento não me incomodar com o quão triste Miranda parece estar com isso. Sei que ela adora essa banda e que é só isso, mas ainda não estou com o nível de confiança do Henry.
Cassie assente.
"Vão viajar para uma cidade no Condado Stella amanhã", ela diz. "Acho que se chama Argentum. É onde Day e Warren estão".
"Nesse caso, também quero ir me despedir", Sofya fala, ao que Cassie não faz oposição.
As duas se afastam e, no caminho, percebo que Amelia se junta ao grupo. Como não é segredo que as duas também são tietes da banda, olho para Miranda e pergunto:
"Você não vai se juntar a elas?".
Ao que a minha noiva balança a cabeça em negação e responde:
"Tendo a Cassie como cunhada e próxima deles, tenho certeza que os verei mais vezes. Mas o momento após te pedir em casamento só pode ser vivido uma vez".
Isso me arranca um sorriso, é claro.
"Espero que isso não signifique que só me pediu em casamento para ter a Cassie como cunhada e poder vê-los", brinco.
"Não acredito que descobriu o meu plano!" Ela rebate, fingindo ter sido pega no flagra ao arregalar os olhos.
Balanço a cabeça em negação e a abraço, dando-lhe beijinhos pelo rosto e, por fim, na boca.
"Você já pensou em uma data?".
"Calma aí, garotão", ela se afasta e me encara. "Tudo o que sei é que Tico e Teco precisam sair de dentro de mim primeiro. Nem pensar que vou me casar grávida".
"E por que não?".
"Só pretendo casar uma vez, então quero que seja o meu momento. Já viu o quanto os modelos de vestido de noiva para gestantes, ainda mais com a barriga do tamanho da minha, são tenebrosos?".
"Certo", não vejo outra coisa, além de ceder. Ela parece extremamente decidida quanto a isso. "Então...?".
"Dezembro, talvez", ela fala. "Os bebês só vão nascer entre agosto e setembro, o que significa que já estarão grandinhos o bastante para poderem comparecer ao casamento em dezembro e teremos tempo de sobra para planejar tudo até lá".
"Seis meses parece razoável", concordo. "Embora eu tenha falado sério sobre aceitar casar com você aqui e agora".
Miranda sorri.
"Eu sei", ela fala. "Já me sinto como se estivéssemos casados, por isso pensei que era válido oficializar".
"Pensou certo", respondo. "Acha que seria de muito mau tom ir embora da minha festa de aniversário mais cedo para aproveitar minha noiva sozinho agora?".
"Receio dizer que sim, embora não seja a minha vontade. A Cassie nos mataria, porque a festa foi só um pretexto para nós", ela me recorda. "Mas talvez depois do bolo...".
"Devo apressar isso então?" Ela ri, provavelmente não me levando a sério.
Porém, quinze minutos depois, faço isso acontecer ao apressar Cassiopeia com a despedida de seus amigos da Fly High e chamar a atenção de todos para nós e o bolo ricamente decorado em cima de uma mesa no canto da festa.
"Hora dos parabéns, pessoal!".
"Primeiro o discurso!" Cepheus, Kyle, Lucas e Aiden clamam em uníssono.
Em Orion, ter uma nova idade é visto como um ganho a mais de responsabilidade e o discurso antes da concretização da nova idade pela cantiga do parabéns é uma forma de medir a experiência ganha no ano que se passou.
Geralmente, Cassiopeia e eu comemoramos nossos aniversários em jantares em Coralina, com nossas famílias e amigos deles. Provando ser a mais preparada para a vida pública, minha irmã é sempre quem inicia os discursos, mas ela não parece muito à vontade quando o público é composto por pessoas jovens como nós, mesmo que a maioria seja nossos amigos.
Por isso, pigarro e tento sorrir para os rostos nos fitando.
"Primeiramente, obrigado pela presença de todos", começo. "Cassie e eu não costumamos fazer festas como essa, então é a primeira vez que vou discursar sem resumir tudo aos estudos e à espera de um futuro que satisfaça as pessoas que possuem expectativas sobre mim. Peço então que sejam pacientes".
Só para me provocar, Timotheo finge um bocejo, mas não ligo. Estou feliz e quero deixar isso claro.
"Comecei meus vinte e um anos ingressando no serviço militar e ficando longe da minha cara metade por mais tempo do que estamos acostumados", olho para Cassiopeia para que ela saiba que estou falando dela. "O tempo no quartel foi duro como só quem cumpriu o período sabe, mas me fez amadurecer e, é claro, ficar ainda mais bonito. Não é todo mundo que fica bem com aquele corte de cabelo, covenhamos", arranco algumas risadas. "Mas, sem dúvida, os quatro momentos mais importantes dos meus vinte e um anos foram o momento em que eu percebi o quanto sou realmente incompleto sem a Cassie", lembro-me do momento em que nos encontramos no hospital e acredito que ela pensa a mesma coisa enquanto me fita. "A noite de réveillon que mudou minha vida para sempre", desvio o olhar para Miranda, que me sorri. "A tarde em que soube que seria pai e a noite em que a pessoa que amo voltou para mim", um coro de awn se espalha, alguns genuínos e outros debochados. "Tenho muitos motivos para agradecer aos meus vinte um anos, mas, principalmente, para celebrar a chegada dos vinte e dois, que promete ser ainda melhor. Obrigado por estarem aqui comigo, marcando o início disso".
Eles aplaudem e me sinto satisfeito. Estou feliz e quero que essa felicidade contagie a todos, mas principalmente Cassiopeia. Quero que ela deixe para trás tudo o que a assombra nos vinte e um e se concentre nos vinte e dois para chegar aos vinte e três, vinte quatro...
"Há muitas coisas na minha mente agora", minha irmã começa depois que as pessoas passam a encará-la à espera do que dirá. "O último ano foi de descobertas, reflexões e desconstruções. Ele me mudou tanto que às vezes não me reconheço, mas me fez perceber que por algumas pessoas vale a pena tentar se reconstruir, a começar por si mesmo. Obrigada".
Ela deixa muita coisa subentendida, mas é Cassie, afinal. As pessoas simplesmente aceitam e relevam, provavelmente sem refletir muito sobre o que ela diz.
Em seguida, logo vem o parabéns. Sacudo minha irmã pelos ombros para animá-la, mas ela apenas me afasta com um empurrão enquanto as pessoas cantam e as velas se queimam em uma chuva de faíscas que se vai quando assopramos juntos.
"Feliz aniversário, Cas", mexo os lábios e falo de modo silencioso para que só ela escute.
"Feliz aniversário, Cal", ela me imita.
Mas há algo estranho, porque, em meio ao sorriso que me dá, lágrimas tornam os seus olhos aquosos e isso me preocupa por um momento.
Apesar da intenção de ir embora com Miranda logo após os parabéns, deixo Mimi comendo uma fatia de bolo e puxo minha irmã até a varanda do apartamento, onde podemos ter um pouco de privacidade.
"O que foi agora?" Ela me pergunta, analisando-me como sempre faz, à procura de algo que revele o que está errado.
"Você está bem?".
Minha pergunta parece pegá-la de surpresa.
"Por que isso do nada?".
"Você ficou emocionada na hora do parabéns", respondo. "E isso me deixou preocupado, porque quase nunca chora".
"Só porque não é costume não significa que eu não chore, Caellum".
"Eu sei, é só que... Fiquei preocupado".
"Será pai de gêmeos e vai casar, mas ainda procura motivos para se preocupar comigo?" Embora haja certa repreensão no seu tom de voz, o olhar de Cassiopeia e o leve sorriso que desponta na sua boca são de divertimento.
"É minha irmã, Cassie. A primeira pessoa que conheci e me acompanhou nesse mundo", respondo o óbvio. "Sempre vou me preocupar com você".
Ela me abraça, o que é muito afetivo para Cassiopeia Maximoff, que sempre se esquiva a esse tipo de contato e sempre demonstra desconforto quando invertemos os nossos pais e sou eu que cuido dela.
"Acho que hoje é o dia que você mais me deu abraços", percebo.
"Não se acostume com isso".
Não consigo evitar rir.
Ficamos na varanda por mais alguns minutos, conversando sobre a festa e sobre a presença de Ryan e de outros convidados que não somos próximos e foram chamados para agradar os nossos avós. Depois voltamos para dentro, mas enquanto a minha irmã volta ao papel de anfitriã, procuro por Miranda e a encontro perto da mesa de docinhos com Antonella.
"Posso roubar você agora?" Pergunto assim que me aproximo, abraçando-a por trás.
"À vontade", ela se encosta em mim e vemos Antonella sorrir para nós.
"Vou procurar Ren e Ceph", ela fala antes de nos deixar. "Até mais".
Assim que Ella se vai, viro Mimi para que fique de frente para mim e sorrio.
"Acredita que a The Royals já divulgou sobre o pedido de casamento?" Ela fala. "Era isso que a Antonella estava me dizendo. Não sei como eles conseguem descobrir tudo".
"Eu já desisti de tentar entender", respondo. "Tal como os ancestrais, Amy Stone é onipresente. Infelizmente, com o tempo você se acostuma a isso".
Miranda não parece nada feliz com a ideia, então lhe dou um beijinho para distraí-la.
"Vamos?" A faço lembrar dos nossos planos originais.
Ela assente.
"Vamos, noivo".
Sua fala me derrete e faço um gesto dramático de quem foi atingido direto no coração, o que a faz rir.
"Fale isso mais vezes até o casamento", peço. "Posso me acostumar mais rápido com a ideia".
"Pode deixar, noivo".
Olá, pessoas. Tudo bem com vocês?
Esse foi um capítulo mais leve, apesar de possuir algumas camadas de sentimentalismo e melancolia acerca do aniversário dos gêmeos, e espero que tenham gostado. Agora Miranda e Caellum são oficialmente noivos e em breve teremos o primeiro casamento da série (acho que comentei que, ao longo de ABT, haverão quatro muahaha).
Até a próxima :)
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top