29. FIM DE SEMESTRE

As semanas depois da ida à casa dos meus pais passam de forma rápida, porque Caellum mergulha no trabalho do estágio e eu tento não me ferrar (muito) nas provas finais do semestre enquanto continuo seguindo com o acompanhamento do pré-natal, indo para uma consulta a cada duas semanas.

Assim, quando todos os resultados referentes ao semestre saem na metade de maio e eu descubro que concluí o sexto período da faculdade relativamente bem, aceito o convite de Aeryn para comemorarmos o fim das aulas no Begônia Rouge com o pessoal, mesmo que esteja extremamente inchada com a chegada do sexto mês de gestação.

"Deixa eu me sentar, pelo bem da minha coluna", é a primeira coisa que digo quando entramos, já me encaminhando para a primeira cadeira vazia que me aparece.

Na cafeteria, encontramos apenas os nossos amigos e os baristas do lugar. Ao que parece, o senhor John K. fechou o Begônia a pedido de Aeryn, já que todos os Kannenberg são incapazes de negar algo a ela (mas não que eu esteja reclamando).

"Então essa é a sensação de ser uma veterana?" Lucas Durkheim brinca. "Você parece uma zumbi saída de alguma série coreana, Miranda".

"Com o acréscimo de estar pesando por três".

Ele faz careta.

"Isso não foi nada concepcional da sua parte, Miller".

"É bom mesmo pensar duas vezes mesmo antes de engravidar a Hermione. Ela precisa derrotar aquele boneco Ken do ex-namorado nos campeonatos de Mundo Onírico várias vezes antes disso".

"Isso eu concordo, não se preocupe", o lorde não esconde o sorriso ao falar da namorada.

"Vou pegar algo pra gente beber", Aeryn, que havia se acomodado na mesma mesa que a gente, me diz. "Chocolate quente ou chá pra você?".

"Chá!" Não é a minha bebida favorita do mundo, mas me ajuda a dormir melhor e, ultimamente, ando apreciando muito tudo o que me ajuda a apagar mais rápido.

Assim que Aeryn se afasta para ir providenciar isso, Sofya se aproxima e me dá um abraço.

"Olá, mamãe do ano".

"O seu cabelo rosa voltou", percebo, notando que ela também esbanja um corte de comprimento médio nas madeixas que antes iam até sua cintura.

"Cabelo de algodão-doce", Leonard também se aproxima, agarrando-se na namorada. "Ficou ainda mais bonita, a minha Amendoim".

"Eca", Lucas provoca o amigo. "Você não pode ser menos meloso em público?".

"Só diz isso porque a Hermione não está aqui", fico surpresa ao notar que David também veio, porque ele anda furando com a gente sempre que pode, mas, ao que parece, finais de semestre na faculdade operam milagres. "Quando está com ela, é Olhos de Chocolate para lá e pra cá. É irritante".

"Você só diz isso porque não tem namorada", defende-se Lucas. "E deveria arranjar uma, aliás. Está perdendo muito coisa".

"Eu não tenho tempo para uma namorada cursando medicina", David rebate.

"E só isso explica estar solteiro, porque candidatas a ocupar o cargo não faltam", comento enquanto observo Antonella em uma outra mesa, acompanhada de Ren, Cepheus, Henry e Mia.

David me observa com um vinco entre as sobrancelhas, como se não soubesse do que eu estou falando. E, antes que ele tente me perguntar alguma coisa, a porta do Begônia Rouge é aberta mais uma vez por Kyle, Timotheo e Aiden.

"Que festa mais caída", o primo de Aeryn diz. "Falei que festa sem álcool é chá da tarde. Proponho de irmos para a Starry Night mais tarde, onde podemos fazer uma comemoração de verdade e digna de fim de período".

"Você e o Kyle nem estavam estudando esse semestre, falastrão", Lucas acusa.

Isso não parece fazer muita diferença para Aiden, que sempre pensa em um motivo para comemorar. Se não encontra um, inventa.

"Não é sempre que um príncipe termina a faculdade", ele indica Theo que, bem diferente dele, não parece tão disposto a comemorar assim. Na verdade, ele aparenta tanto cansaço quanto eu.

"Só sou o quinto a fazer isso", o herdeiro do trono responde, tipicamente sarcástico.

"Meus parabéns, Theo!" Aeryn fala quando retorna com uma caneca de café para si e uma de chá para mim. Antes de me entregar a minha bebida, ela abraça o cunhado e amigo. "Estou feliz por você".

"Obrigado", ele dá o seu melhor para retribuir o carinho, mesmo que não seja o seu forte.

"Parabéns, Theo!".

Eu e os outros vamos o felicitando e o príncipe, apesar de cansado, parece ir ficando mais orgulhoso da conquista.

"O seu chá, querida", Aeryn enfim me entrega a minha bebida.

"Obrigada, meu bem. Amo você".

"Eu sei", ela brinca antes de me deixar de novo, dessa vez para ficar de namorico com Kyle. Amor unilateral é osso.

Abandonada com os Durkheim, que conversam entre si sobre algo que eu não sei, dou uma fungada no vapor quente antes de bebericar o chá e me sinto relaxar quase de imediato.

Enquanto tomo a bebida, fico de pé e caminho até a outra mesa, onde me sento com os casais e Antonella.

"Ficar entre tantos casais está me dando saudade do meu Caellum", declaro assim que me coloco entre eles.

Todos me olham com sorrisinhos bobos de gente apaixonada, exceto por Antonella. Tadinha. Costumava fazer companhia para ela nessas reuniões e sei que vidas solteiras importam.

"O seu namorado está no estágio?" Ela me pergunta.

Eu assinto. Ao que parece, Caellum compensa toda a facilidade e privilégio que teve para conseguir o cargo trabalhando mais do que todos, o que faz com que a gente só se encontre durante a noite e pela manhã, antes de ele sair.

"Aham. E como estou um tanto abandonada, vim para perto de vocês, calouros, que ainda conservam um pouco de brilho no olhar", comento para os outros quatro.

"O meu logo vai se esvair", Henry garante. "Esse final do primeiro ano foi bem puxado com o furto do material do projeto".

Essa é uma deixa para conversarmos um pouco mais sobre o ocorrido ainda não solucionado. Os tais diários de Rosemary praticamente se dissolveram no ar e só não se tornaram um problema ainda maior porque o desaparecimento não é de conhecimento público.

Felizmente, aos poucos, mudamos o tópico de conversa séria para a fofoca do momento:

"Viram as fotos do novo casal do momento, segundo a The Royals?" Acabo perguntando.

"A Cassiopeia e o Jonathan não estão namorando", Cepheus garante de forma tranquila.

"Você tem certeza?".

Depois do hiatus de anos, a minha banda favorita finalmente está com data para voltar e os rapazes estão em Dominique para gravarem músicas novas. Por causa disso, há alguns dias atrás Cassiopeia saiu com Jonathan, os dois foram flagrados e o burburinho sobre terem um romance foi reacendido como um barril de pólvora.

"É claro que sim. Eu perguntei", meu cunhado me garante. "Os dois são só amigos dos tempos de colégio".

"Será que isso pode significar que eu vou poder conhecer a Fly High através da minha querida cunhada?".

Sonhar não custa caro.

"Se for o caso, eu quero ir junto", Amelia fala.

"Quem está falando sobre conhecer a Fly High?" Sofya surge de repente como uma boa Wing atenta a qualquer sinal de conversa sobre a melhor banda do mundo.

"Por que ninguém teve a ideia de pedir isso para a Cassiopeia antes?" Percebo. "Não é segredo que ela estudou com o Joshua e o Jonathan".

"Por que ela tem cara de que negaria?" Sofya rebate um tanto óbvia.

"É verdade", sou obrigada a ceder. "Mas ela não negaria o desejo de uma grávida, negaria? Meu maior sonho sempre foi ter a Fly High cantando Lost In Your Eyes para mim em um momento especial".

"O seu e o de toda Wing, né?" Sofya rebate. "Eu morro de inveja daquela modelo, a Helena Rousseau, que teve a baita sorte de conhecer eles e ainda namora o irmão do Day".

"Essa daí deve ter ajudado o primeiro Timotheo a subir no trono em sua vida passada, porque só isso explica tamanha sorte", respondo.

Continuamos na conversa sobre a Fly High por mais um tempo, discutindo sobre as teorias e a ansiedade pelos próximos lançamentos. Sofya e Mia têm planos de irem a um dos shows da próxima turnê, mas embora seja um sonho meu também, sei que vou ter que adiá-lo pelo nascimento de Caeli e June.

"O Aid está se preparando para ir para a Starry Night", Aeryn enfim lembra que veio comigo e se aproxima da nossa mesa. "Algum de vocês vai?".

Cepheus e Ren imediatamente se animam, como os jovenzinhos que são, e deixam a mesa para se juntar ao grupo formado por Aiden e David.

"Por que vocês não vão também?" Pergunto a Henry e Amelia, que têm a mesma idade dos outros dois.

Eles balançam as cabeças e fazem caretas diante da ideia.

"Preferimos acordar sem ressaca amanhã", Henry responde.

Então vemos o pequeno grupo de rapazes sair junto e, só então, dou por falta de Lucas e Theo, que devem ter ido embora enquanto eu conversava sobre Fly High com as meninas.

"A gente vai agora, Amendoim?" Sem os garotos, Leonard e Kyle se juntam a nós também.

Sofya assente.

"Preciso ir para fazer companhia ao Seth. A mamãe já deve estar nervosa com a demora".

Seu namorado não contesta e então os dois vão se despedindo com acenos e depois saem.

"Acho que o clima de comemoração acabou, né?" Percebo o óbvio.

O casal Henry e Mia vai embora junto e eu e Antonella acabamos de carona com Aeryn e Kyle.

"Está ficando cada vez mais difícil conseguir reunir todo mundo", Aeryn comenta assim que entramos no trânsito com ela ao volante em seu carro amarelo. "Nunca foi fácil, mas depois dos acontecimentos do ano passado...".

"Não exagera. A próxima vez será daqui duas semanas", Kyle diz.

"O que tem em duas semanas?" Pergunto, porque não consigo me lembrar de nada que seja motivo para uma reunião.

"o aniversário do seu namorado e da Cassie", o príncipe ironiza, provocando-me.

Mas deixo passar. Eu mereço dessa vez.

"Droga".

"Você esqueceu disso não foi?" Aeryn não precisa de muito para adivinhar o óbvio, mas, ainda assim, assinto e me sinto extremamente burra, porque, bem, a data do aniversário é a maldita senha da porta do apartamento. "Não se preocupe. Tem tempo para preparar alguma coisa".

"Como se eu fizesse alguma ideia do que dar para alguém que já tem tudo", ou dinheiro, acrescento em pensamento, lembrando-me de que sou uma pobre mortal.

"É só pensar um pouco. Do que o Caellum gosta?" Antonella tenta ajudar.

"Automóveis, engenharia, webtoons, perfumes e relógios de marca, shoppings caros, nossos filhos, sua família, eu...", listo tudo o que me vem na cabeça, desanimada quando percebo o quão caro é meu namorado. "Nisso, a única coisa ao alcance sou eu mesma".

"Você sempre pode preparar um momento especial e íntimo", Aeryn responde.

"Isso não seria uma novidade".

Morar juntos faz com que qualquer coisa seja pretexto para um momento íntimo e especial quando não estamos exaustos, e todos no carro devem concluir isso, porque ficam um tanto avermelhados.

Antonella pigarra.

"Certo. Você não consegue mesmo pensar em nada que ele possa querer? Como algo que ele vem falando de vez em quando, como quem não quer nada".

"Algo que ele vem falando?" Isso me deixa pensativa por um momento, até que me lembro de algo. "Só se for casamento. Ele fala que quer casar comigo".

"Mas você não falou não para ele quando o Caellum fez o pedido?" Kyle faz a inconveniência de recordar.

"Duas vezes, na verdade", Aeryn fofoca. "Ela negou outro pedido um mês depois".

"Em minha defesa, eu não estava certa de que ele estava fazendo isso por mim ou só pelos bebês".

"Mas agora você sabe", Aeryn percebe.

"Só que ele não me pediu mais em casamento".

"Se pedisse, você diria sim?" Antonella questiona, interessada.

"É claro". Já vivemos juntos e vamos ter filhos. Casar só tornaria oficial algo que já construímos e que agora parece indiscutivelmente certo. "Eu amo o Caellum".

"E ele sabe disso?" Aeryn me pergunta, o que me pega, porque não me lembro de ter falado.

"Acho que não", encolho os ombros.

"Então talvez ele demore para te pedir em casamento de novo", minha melhor amiga conclui o óbvio. "Mas isso não te impede de surpreendê-lo e pedir a mão dele. Seria um presente de aniversário incomparável".

Agora sei onde ela quer chegar.

"Você acha?".

Pelo espelho-retrovisor, vejo Aeryn assentir enquanto ainda está concentrada em dirigir.

"Eu concordo com a Aeryn", Antonella acrescenta, e Kyle parece pensar o mesmo. "Você só precisa organizar como vai surpreendê-lo".

"E se ele disser não?" Eu pergunto, de repente, ansiosa com a ideia. "Eu nem mesmo tenho dinheiro para alianças. É um plano bem furado".

"A gente dá um jeito", minha melhor amiga responde, confiante. "Você só precisa ter coragem para perguntar: Caellum Maximoff, quer casar comigo?" Ela faz uma imitação grotesca da minha voz. "E depois ouvir ele falar sim".

"Ou não".

"Até parece que aquele pateta vai falar não. Ele é louco por você".

Isso eu não posso rebater, porque é algo que Caellum sempre demonstra. Apesar de ele também nunca ter me dito que me ama, nunca precisou. Cada ação dele demonstra isso.

"Então é isso", concluo. "Vamos organizar uma festa de aniversário e um pedido de casamento".

Nos 45 do segundo tempo, mas combinado é combinado: essa semana temos duas atualizações em SLGA e esta foi a primeira. Ansiosos para o pedido de casamento e o aniversário dos gêmeos Maximoff? :)

P.S.: Espaço para felicitar o Theo por sua graduação. Lindo, gostoso e graduado como todos gostam! 

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