10. O JANTAR
Ser amiga da namorada de um príncipe me deu abertura para ser amiga de membros da realeza e para participar de alguns de seus eventos inalcançáveis para a população comum, como bailes de aniversário realizados no palácio. Festas repletas de pessoas intimidadoras por seus status, esbanjando riqueza por cada poro e por cada fala acerca de coisas que jamais terei e de lugares que jamais visitarei. Porém, nem um desses bailes me intimidou tanto quanto entrar na casa de chá da família Feng e encontrar um ambiente íntimo que permite que muitas pessoas olhem para mim e me façam sentir muito exposta por estar no meio deles. Como se algo em mim denunciasse que não pertenço a seu mundo, o que, talvez, seja realmente o caso.
"Acho que não foi uma ideia muito boa desafiar o código de vestimenta da realeza, apesar de não ser um deles", cochicho para Aeryn pouco antes de sermos alcançadas por alguém.
O alguém.
Caellum.
Que, como sempre, está lindo - apesar de também visivelmente confuso. Ele usa um smoking preto com detalhes brilhantes nos punhos e na abertura do blazer, seu cabelo curto está arrumado com laquê que evidencia o acobreado característico dos Maximoff atuais e as covinhas em suas bochechas não demoram a surgir quando ele exibe um meio sorriso e me estende uma mão.
"Pronta?".
Ele não especifica para quê, mas não é necessário. No fundo, eu não preciso saber, porque não estou pronta para absolutamente nada depois da conversa com a minha mãe.
Por isso, sou honesta ao aceitar a sua mão:
"Não, mas preciso estar".
Se isso deixa Caellum receoso, ele não demonstra.
"Olá, Aeryn", o lorde enfim cumprimenta a minha acompanhante. "Está linda, como sempre".
"Obrigada, Caellum", minha amiga sorri. "Por acaso o Kyle...?".
"Ele estava conversando com o meu avô bem...", Caellum vasculha o salão amplo com o olhar até parar em um determinado canto. "Ali".
Logo Aeryn e eu notamos a figura do segundo príncipe de costas, usando um smoking amarronzado e tão impecável quanto só um príncipe poderia estar - ou Caellum.
"Obrigada", Aeryn responde, depois se volta para mim: "se precisar de mim, estarei com ele".
"Tudo bem".
Assim que ela se afasta, estou encarando o lorde Maximoff, cuja mão ainda segura a minha.
"Pretende me levar a algum lugar?" Pergunto, indicando as mãos unidas.
"Em breve", Caellum responde, observando-me com atenção. "Antes eu quero perguntar o motivo de os seus pais não terem vindo".
Eu deveria saber que ele não trataria a ausência da minha família com a sutileza que eu gostaria, mas ainda sou pega de surpresa por ele ser tão direto.
"Eu achei que fosse óbvio", não escondo o meu desconforto com o assunto. "Eu te disse que eles descobriram tudo sobre a gravidez e não reagiram nada bem, como eu já esperava".
"Do quão ruim nós estamos falando, Miranda?" Ele insiste.
"Ao mesmo tempo em que me disse isso, não foi nada específica sobre o que 'nada bem' abrangia".
"Use um pouco da sua imaginação", não consigo evitar ser irônica. "Eu estou falando de ruim o suficiente para não aceitarem a gravidez, a não ser que eu me case com você como rege a mentalidade antiquada deles. Sem essa condição, eu e a Semente estamos mortas para eles".
"Mortas?".
Apesar do que digo, Caellum ainda não parece entender por completo a gravidade da situação.
"Os meus pais me expulsaram de casa, pelo menos até aceitarem que o que está feito está feito. Enquanto isso, eu estou morando com os Kannenberg".
"O quê?" É o tipo de coisa que não parece ter sido cogitada por ele, o que não julgo. Eu também fui pega de surpresa pela reação dos meus pais e, tecnicamente, eu os conheço há vinte e um anos. "Quando isso aconteceu? Por que você não me falou nada?".
"A expulsão só foi efetivada hoje mais cedo", dou de ombros. "E, tecnicamente, eu só te devo satisfações sobre a Semente".
"Semente?" Caellum enfim nota o novo apelido. "Por que não é mais Pesadelo?".
Agora é outra parte difícil da conversa.
"Achei que era rude chamá-lo assim quando decidi que quero ficar com ele, se você tiver falado sério sobre querer também".
De alguma forma, eu consigo pegá-lo de surpresa de novo.
"Isso é sério?" Caellum questiona, como se fosse difícil de acreditar.
"Me sinto melhor assumindo a consequência do que fizemos dessa forma", respondo. "Sei que não vai ser fácil, mas...".
"Nós vamos tentar", Caellum completa, dando uma olhada nada sutil para a minha barriga. "Pela Semente".
"Pela Semente", concordo.
Por um momento, Caellum e eu deixamos o mundo em suspenso e quando ele me oferece um novo sorriso com covinhas, dou-lhe um sorriso tenso. Apesar da minha convicção quanto a ir até o fim da gravidez, estou mais do que ciente de que ainda vamos enfrentar muitas dificuldades, a começar pelo plano de contar a todos sobre a gravidez nesse jantar.
"Então você é a famosa Miranda".
Levo um susto quando, de repente, estou sendo encarada por ninguém menos do que a duquesa do condado Morfeu, lady Katherine Maximoff. A mãe de Caellum. Uma mulher estonteante em um vestido preto longo, com os cabelos castanho-avermelhados adornados por um diadema de diamantes e um olhar desafiador em conjunto com um sorriso frio.
"Vossa graça", ofereço-lhe uma mesura, conforme a etiqueta de respeito exige.
"Apenas Katherine está bom", ela diz. "Afinal, há grandes chances de ser a mãe do meu primeiro neto, então tem que concordar que podemos superar os pronomes de tratamento".
Apesar de Caellum ter me avisado de que a mãe dele estava ciente de tudo, ainda consigo ficar surpresa pelo modo descontraído com o qual ela trata toda a situação. Como se já fosse esperado que um dia o seu filho chegaria com uma estranha e alegaria que teria um filho com ela.
"Entediada no próprio jantar de aniversário, mamãe?" Caellum pergunta, fazendo-me corar ao lembrar que não felicitei a duquesa ainda.
"Ninguém parece achar que mereço folga dos negócios e da política numa comemoração que, supostamente, deveria celebrar os meus 45 anos de vida", ela diz, despindo-se da pose de mulher forte e expondo o cansaço que há por trás da armadura que montou ao ser a primeira e única mulher a integrar o Grande-Conselho.
"Feliz aniversário, vossa graça", encontro essa brecha para felicitá-la. "Eu deveria ter dito isso antes, mas...".
"Acho que eu a intimidei e a fiz esquecer", ela conclui, como se estivesse acostumada a ter esse efeito sobre os outros, e eu volto a corar. "Por favor, não ache que vou atacá-la de alguma forma ou falar coisas complicadas e entediantes, o que justificaria temer a minha presença. Eu me aproximei apenas pela curiosidade de conhecê-la. Se não for muito incômodo, será que nós poderíamos ter uma breve conversa a sós?".
Não consigo respondê-la de imediato. Olho para Caellum em busca de algum sinal de que essa conversa pode ser perigosa, mas ele ainda esbanja uma expressão tranquila em comparação com o desespero que estampo no rosto quando digo:
"Sim, claro".
E então Caellum solta minha mão, que eu havia parado de me atentar de que continuava atada pela sua, e diz:
"Nesse caso, eu vou falar com o Leonard por enquanto. Ele parece perdido aqui, sem a Sofya", ele indica a silhueta do primo e terceiro príncipe sozinho do outro lado do salão e depois segue até ela, deixando-me só com a sua mãe.
"Sobre o que quer falar comigo?" No fundo, parece óbvio que é sobre a gravidez, mas é um assunto que pode gerar muitas questões da parte da duquesa. Além de que, longe da presença do filho, ela pode muito bem pôr pra fora as suas garrinhas e agir como uma das vilãs dissimuladas dos dramas da TV.
Mas o modo de agir de Lady Katherine não poderia ser mais diferente.
"Que tal se nós darmos uma volta pelo salão?" Ela sugere, oferecendo-me o braço como se fosse um cavalheiro do século XIX. "Se ficarmos paradas aqui, temo que não demorará para que algum velho antiquado apareça querendo testar as minhas habilidades de governar um pequeno território só porque sou uma mulher jovem, o que atrapalharia a nossa conversa", ela volta a exibir seu sorriso sarcástico, e decido que gosto de seu humor peculiar.
"Se vossa graça acha melhor...", aceito o seu braço e começamos a andar juntas, o que, obviamente, atrai olhares para nós. Todos devem estar se perguntando quem eu sou para que a Lady queira ter uma conversa a sós comigo.
"Também temo que terá de se acostumar com isso", Katherine diz, levando-me a desviar a atenção dos outros de volta para ela. "Se você for mãe de um Maximoff, deve saber que sempre haverá alguém te observando". Isso não é nada animador para mim, o que a duquesa logo percebe e parece se compadecer. "São ossos do ofício", ela continua. "Não somos celebridades, mas somos famosos. Um de nós lida sozinho com a política, mas todos compartilham do fardo de manter a imagem".
"Não gostaria que ele recebesse tanta atenção", admito. "E também não gostaria que eu recebesse. Já vai ser difícil demais lidar com o papel de mãe e sendo acompanhada tão de perto por pessoas que talvez queiram que eu erre...".
"Infelizmente, há coisas com as quais eu não posso ajudar", Katherine diz, para meu azar. "Não quero ser aquela a lhe dar uma bronca, mas você sabia quem o Caellum era quando se envolveu com ele. O meu filho nunca se tratou de alguém comum".
Uma sensação amarga me toma por saber que é verdade. Fui tão sensata quando pensei isso anos atrás e me afastei de Caellum por saber que éramos de mundos diferentes demais, mas completamente tola por crer que minha razão se sobreporia para sempre ao desejo que sentia pelo lorde. Sentimentos como esse não se importam se a sua existência pode gerar uma série de consequências ruins.
"Mas não sou hipócrita, Miranda. Sei que, quando somos jovens, nos superestimamos e, na maioria das vezes, levamos um baque da vida ao perceber que as coisas que acreditávamos estar sob o nosso controle, na verdade, não estão. Você certamente deve acreditar que teria pensado duas vezes antes de fazer determinadas escolhas, se soubesse o lugar em que elas iriam dar".
O modo como ela me olha me deixa intrigada, porque sinto como se a duquesa entendesse muito mais como eu me sinto do que deixa transparecer.
"Foi assim com vossa graça?" Acabo perguntando. "Sei que foi mãe depois de estar casada, mas era só alguns anos mais velha do eu sou agora e foi mãe de gêmeos. Teve medo em algum momento, sendo quem é?".
"Por que acha que não pensei duas vezes antes de aceitar me esconder na Alemanha?" Ela diz, como se achasse isso engraçado agora. "Tive muito medo sim, querida. Principalmente das especulações midiáticas. Mas fui afortunada quanto a ter o companheirismo do Jun. Ele foi um excelente pai para Cassiopeia e Caellum e depois para Cepheus também".
O modo como ela fala do falecido esposo tem um carinho nítido que me comove.
"É uma pena que eu não possa fugir para a Alemanha também. Aposto que as especulações não serão poucas quando o bebê nascer".
"Então você fez a escolha de não interromper mais a gravidez?".
Lady Katherine pausa a caminhada subitamente, olhando-me com interesse. É só nesse instante que percebo não ter falado nada a respeito disso, a não ser nas entrelinhas, o que me paralisa um pouco. E se ela não achar que é a escolha sensata?
Ainda assim, busco respirar fundo, e assinto:
"Sim. Eu decidi".
"Uma decisão muito corajosa diante de todas as dificuldades que sabe que irá enfrentar, Miranda", a duquesa afirma, soando inesperadamente orgulhosa. "É uma jovem admirável, o que me faz compreender o motivo do meu filho estar apaixonado por você".
"Hein?".
O modo natural com que ela falou isso me pega desprevenida, o que não consigo disfarçar.
"Não me diga que está surpresa", agora a duquesa parece confusa. "Afinal, vocês vão ter um filho".
"Mas...".
Apesar da minha mente ativar o modo defensivo e ordenar que eu refute a ideia, não consigo pensar em como fazer isso sem parecer patética sob o olhar afiado de Katherine Maximoff.
Felizmente, não preciso continuar pensando muito nisso, pois somos interrompidas por uma mulher semelhante à duquesa, porém apenas na aparência.
"Preciso que me acompanhe agora, Katherine. Você tem que conduzir os convidados à mesa para que o jantar seja servido", a figura deslumbrante de Nancy Maximoff fala, olhando-me de rabo de olho com certo desagrado. Mas nada diz sobre a minha presença.
A duquesa não parece nada feliz pelo dever lhe chamar.
"Está bem, mãe", ela diz, depois força um sorriso ao se voltar para mim. "Nós duas continuamos essa conversa depois, Miranda. Foi ótimo conhecer você".
"O prazer foi todo meu, vossa graça".
Dou-lhe uma última mesura antes de assisti-la se afastar ao lado da mãe desagradável, deixando-me sozinha, mas não por muito tempo. Logo Caellum está outra vez ao meu lado.
"E então?" Ele pergunta. "Não foi tão ruim assim, foi?".
Demoro um pouco para respondê-lo, porque estou com as palavras de Katherine na mente sobre ele estar apaixonado por mim. Como ela pôde afirmar isso com tanta certeza? Foi Caellum quem lhe contou? Porque, se foi o caso, não sei se ele é bom demais para mim ou apenas tolo.
Afinal, antes de tudo isso acontecer, eu fui indicutivelmente cruel ao me afastar quando sabia que ele sentia por mim o mesmo que eu sentia por ele.
"Miranda?" Caellum chama. "Terra chamando Miranda Miller. O que houve?".
"Nada", eu balanço a cabeça em negação. "Só estou com sede. Ajude-me a procurar algo sem álcool para que eu possa beber".
Esse vai ser o meu maior sacrifício em nome da maternidade: lidar com Caellum Maximoff em minha vida sem poder contar com nenhuma gotinha de álcool será uma prova de resistência e tanto. Algo que só parei para pensar agora e que quase me faz gemer em frustração.
"Está bem", Caellum parece saber que há algo mais que não estou falando, mas nao deve fazer a menor ideia do quê. "Vamos".
xXx
Não demora muito para que todos sejam conduzidos pela aniversariante a tomarem lugares à mesa, onde utensílios de cristal e metais estão postos e funcionários aguardam por perto com travessas cobertas para começarem a servir os convidados.
Estou nervosa quando ocupo um lugar ladeada por Caellum e Aeryn. Não só por não me sentir ecaixada nesse lugar e no meio dessas pessoas, mas também porque sei que o grande momento está se aproximando.
Enquanto todos os convidados estão sentados, a duquesa permanece de pé com sua postura diplomática.
"Bem", ela diz. "Antes de darmos início ao jantar efetivamente, eu gostaria de dar breves palavras de agradecimento à presença de todos. É uma honra dividir por mais um ano a celebração da minha vida com meus queridos filhos, meus pais, minha irmã, meus sobrinhos, meus sogros e, é claro, os meus amigos", enquanto fala, Katherine lança um olhar significativo a cada um dos presentes, demorando-se um pouco mais em Cassiopeia, a quem encara quando diz: "Sei que sou dada a falhas e que muitas vezes os decepciono, mas, por mais esforçada que possa ser, ainda sou humana. Não posso consertar todas as consequências das escolhas que fiz e que ainda faço em quarenta e cinco anos de vida, embora possa justificá-las como sendo feitas sempre pensando no que considero melhor para quem amo", Kate enfim tirar o olhar da filha e o põe sobre Caellum. "Afinal, é isso que é ser adulta e ter responsabilidades. Apenas posso agradecer por mais um ano ao lado de pessoas que tanto estimo, abrindo um espaço para sentir falta de quem já não está entre nós. Prometo continuar tentando. Obrigada".
"Um brinde à duquesa Maximoff!" Um senhor diz, erguendo sua taça de vinho.
Faço como todos os outros e o imito, entoando as mesmas palavras. Depois, assisto Caellum se erguer assim que a mãe se senta, deixando-me com o coração na mão por antecipação.
"Se me permitem, também gostaria de dizer algumas palavras", ele diz, atraindo todos os olhares para si.
"Já se preparando para ser o próximo duque realizando alguns discursos, meu neto?" O senhor Patrick Maximoff brinca.
"Na verdade, eu sou bem ciente de que a minha irmã é a favorita e a melhor escolha para esse papel, vovô", Cal diz, o que arranca o sorriso do senhor. Acho que, no fundo, ele gostaria que Caellum tivesse a veia política ao invés de Cassiopeia. "Queria apenas felicitar mais uma vez a minha mãe a avisar a todos de que teremos mudanças significativas na nossa família em breve".
Um burburinho se espalha como fogo sobre pólvora diante de tais palavras, e observo os covidados passarem a estampar expressões de pura confusão mesclada à curiosidade.
"Mudanças significativas...?" Questiona ninguém menos que a rainha Irene.
E Caellum hesita por toda a atenção, mas acho que pensa que já não há mais como voltar atrás. Ele abaixa o olhar para me observar, provavelmente notando o quanto estou tão o mais tensa do que ele por não conseguir prever com certeza a maneira imediata como o clã Maximoff vai reagir, e então diz:
"Eu vou ser pai. Miranda e eu estamos esperando um filho".
Simples assim, a bomba explode.
XxX
Para: Agnetha Astelos
De: Detetive Klaus Ludwig
Assunto: Segundo relatório sobre Stella Dumont
Cara senhorita Agnetha, conforme o seu pedido, trago novidades acerca da senhorita Stella Dumont. Dessa vez, envolvendo a relação com o senhor Frank Feng, algo que tanto lhe interessa.
Conforme as orientações de seu último e-mail, Frank foi mesmo aluno da Escola de Medicina de Kiel entre 1998 e 2003, quando pediu transferência para finalizar os estudos em Berlim por razões pessoais que a senhorita deve saber ter se tratado de seu casamento com Katherine Maximoff, a filha de um político importante em um país asiático muito pequeno chamado Orion. Devo supor que a senhorita é desse país, haja vista os seus conhecimentos e interesses por Feng Xiao Jun, cuja origem é Oriana. Porém, não está me pegando para desvendá-la. Vamos ao que interessa.
Stella chegou à Kiel no ano seguinte à Frank/Xiao Jun e os dois se conheceram em um encontro às cegas promovido pelos alunos estrangeiros da faculdade, o que me foi dito por um antigo colega de Frank. Apesar de ele não saber o nome de Stella, a reconheceu quando mostrei uma de suas fotos e não tardou a dar mais detalhes de que Frank e ela teriam se envolvido de maneira romântica e conturbada.
Ao que parece, as escolhas de vida de Stella não agradavam a Frank por vir de uma família muito tradicional. Quando Stella abandonou a faculdade para cantar em bares e restaurantes, Frank e ela terminaram e o rapaz voltou para seu país durante um longo tempo, o que não pareceu apagar o que sentiam um pelo outro. Assim que ele voltou à Kiel, procurou Stella e eles reataram.
Encontrei uma antiga vizinha de Stella no prédio onde ela dividia apartamento com outras três meninas quando em Kiel. Trata-se de uma senhora que, por ser muito sozinha desde aquela época, distraía-se observando a vida dos outros, de modo que pôde me garantir que Stella saiu de Kiel em 2002 alegando que iria viver em Berlim com o namorado. Uma fonte que também afirmou que o namorado em questão só poderia ser Frank, pois era o único homem que já havia estado por ali com Stella.
Todavia, segundo as minhas pesquisas e fontes inegáveis dos portais de notícia Orianos, 2002 foi o ano em que Frank se casou com Katherine às pressas em Orion e depois os dois se mudaram juntos para Berlim, onde tiveram filhos juntos já no ano seguinte. De que maneira Stella se encaixaria nesse quadro de família perfeita, estando Frank tão envolvido no papel de um recém casado? Ela teria negado ser sua amante, de modo a ser esse o motivo que a fez sumir? Parece ser a suposição mais sensata, porém Stella foi embora de Berlim apenas no final de 2003. O que aconteceu nesse meio tempo? É o que pretendo descobrir, se for do seu interesse ir até o final.
Aguardando por sua resposta,
detetive Klaus Ludwig.
Para: Detetive Klaus Ludwig
De: Agnetha Astelos
Assunto: Segundo relatório sobre Stella Dumont
Por favor, continue investigando. Quero saber absolutamente tudo o que for possível saber acerca de Stella e Frank. Estou tão curiosa que irei pessoalmente para Berlim em breve, contatá-lo pessoalmente. Sinto que só terei paz após ter esclarecido tudo.
Atenciosamente,
Agnetha Astelos.
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