Thomas Locksley agarrou Robert pelo braço, apertando-o com mãos de ferro e sem falar uma palavra, arrastou-o até a pequena biblioteca ao lado do salão como se ele fosse ainda um garoto pequeno. Empurrou-o para dentro, fechando a porta atrás deles com uma batida forte.

— Senhor... Eu estava... — Robert começou a justificar-se, os lábios balbuciando desesperadamente enquanto ele procurava pensar em uma desculpa aceitável.

— Não me interessa aonde esteve ou o que estava fazendo! —  Thomas interrompeu-o, encarando-o com olhos duros, — O conde de Hastings e o conde de Fitzbur estranharam sua ausência. Como meu herdeiro e irmão de criação de Marion era sua obrigação estar na festa! — gritou.

A mão dele ainda agarrava o braço de Robert em um aperto forte e ele involuntariamente começou a sacudi-lo enquanto falava:

— Nós seremos vassalos de Francis e Marion depois que eles se casarem e herdarem as terras e você deverá jurar-lhes lealdade. Será que você é tão orgulhoso e arrogante  que ainda não entendeu isto? — ele continuou em tom  exasperado.

"Dever lealdade aos Hastings... ". A alma de Robert pareceu murchar enquanto o escutava." Sim, é  claro... Obrigado por não me deixar esquecer disto!  Somos vassalos do conde Fitzbur e no futuro seremos vassalos de Marion e Francis, os herdeiros ... Se Francis estalar os dedos ordenando algo, terei que obedecer como um cachorro treinado! "

Estes pensamentos queimaram-no por dentro como brasas ardentes. Seu pai era um  criado do conde Fitzbur... Não importava que fosse ele, na verdade, que trabalhava e cuidava das terras. Aquela aparência de poder era apenas uma farsa! O ódio e o orgulho o dominaram e fizeram seu bom senso desaparecer por completo.

— Talvez eu deva abanar o rabo como um cachorro faz quando vê o dono, assim que eu ver um dos Hastings se aproximando... É isso que você faz com o conde Fitzbur, não é, e quer que eu o imite? — ele retrucou sem pensar, com ira e sarcasmo na voz.

Thomas soltou-o e deu um passo para trás,  surpreso com a ofensa. Abriu e fechou a boca algumas vezes e em seguida avançou.

Um golpe ressoou na sala silenciosa.

Robert curvou-se com o tapa recebido no rosto. Em seguida, endireitou-se com os olhos lacrimejando de raiva e continuou a encará-lo com ar de desafio.

— Você tem que aprender a me respeitar! — Thomas  rugiu com exasperação, esforçando-se para não gritar, — Quem você pensa que eu sou? Acha que é melhor do que os outros? Tudo por causa de seus malditos tutores! Tutores que eu paguei! E que te transformaram em um rapaz insolente e mimado!

Começou a andar nervosamente de um lado para outro da sala, enquanto Robert abaixava a cabeça e mordia os lábios, esperando.

— Nunca mais me desafie! —Thomas voltou-se para ele e falou por fim, apontando um dedo ameaçador, o rosto contraído em uma expressão abalada.

Robert ergueu os olhos e seus olhares se cruzaram. Por um breve instante, ele pensou em retrucar...  Contudo, sua coragem não foi grande o bastante e acabou voltando seu olhar para o chão, sentindo-se derrotado.

— Sim, senhor... Desculpe-me... — Sua voz saiu em um sussurro rouco.

Thomas respirou fundo, controlando-se.

— Desculpá-lo? Não! Vou pensar em um castigo assim que voltarmos a Locksley — falou em tom seco e saiu.