Capítulo 33 - Peças em jogo


Toda a confiança que teve durante o caminho pareceu se esvair assim que chegou, Jacob já havia encarado Edward por diversas vezes e em muitas não se importou em ter pensamentos que o irritassem, mas agora as circunstâncias eram totalmente diferentes, Jacob não era mais aquele adolescente de quando se conheceram e brigavam por Bella, não agora era um adulto responsável que queria ficar com a filha dele.

Pensando bem, não mudou muito, maus aí chefe.

Jacob se desculpou por já estar ao alcance da leitura da mente de Edward. Ele apareceu na porta assim que Jacob se aproximou, estava com um conjunto de casaco e calça nas mãos.

"Até que chegou rápido."

"Eu disse."

"Vista-se, ainda temos um tempinho, Renesmee não terminou de se arrumar."

"Certo."

Pegou o agasalho e se vestiu, era bem quente e confortável, sem dúvida, de uma marca famosa e chique que Jacob nunca faria questão de conhecer.

Encostou na porta da cozinha com os braços cruzados, esperando, Edward tirava uma chaleira fervente do fogão, era uma visão interessante vê-lo dessa forma, Jacob notou um sorriso de canto quando ele se virou.

"Chá? É bom em uma noite fria, pode levar um pouco para Renesmee."

"Ok, obrigada."

Edward parou por um segundo para ouvir.

"Ela já está pronta, vou deixar vocês à vontade, não tanto, vou sair mas ainda estar no alcance. Jacob, posso confiar em você?"

Hesitou um pouco antes de responder.

"Sabe que sim."

"Tudo bem, vou dar aquela confiança que Bella sempre diz que eu devo. Pegue, já está com..."

"Limão e mel, do jeito que ela gosta."

"Certo."

Antes de sair Edward ainda se virou dizendo.

"Obrigada por cuidar dela, por ser... essa presença protetora para minha filha."

Sabe que estou aqui só pra isso, não precisa agradecer, mesmo assim, fico feliz, obrigada.

Edward já estava longe antes de Jacob alcançar a metade da escada, parou na frente do quarto de Renesmee, tomando coragem, enfim, decidiu bater.

"Toc, toc, será que posso entrar? Trouxe uma oferta de paz."

"Jake? O que faz aqui?"

Renesmee estava sentada debaixo de densas cobertas, Edward não estava brincando, seu cabelo estava solto se derramando pelos ombros, emoldurando sua face, Jacob queria desesperadamente retirar as mexas da frente de seu rosto, entrou com cautela, não se importando em fechar a porta.

"Edward me chamou, disse que teve pesadelos, eu... espero que não se importe, ele fez chá para nós."

Demorou-se um pouco para responder, depois com um pequeno sorriso sem graça deu um pouco de espaço na cama para Jacob se sentar.

"Tudo bem, acho que eu estava precisando."

Jacob sentou-se na cama e entregou a xicara de Renesmee, depois pegou a sua, era o seu chá favorito, se é que ele lembrava de ter um, mas Edward aparentemente sabia. Renesmee tomava em silêncio, sua face ficando rosada devido ao vapor que emanava. Ficaram em silêncio pelo tempo que durou o líquido fervente.

"Jake, eu..."

Ela não o encarava, estava com o olhar fixo a frente.

"Eu não..."

Sua voz tremia, lágrimas escorriam pelo seu rosto, delicadamente, Jacob pegou a xicara colocando as duas na mesinha de cabeceira, depois puxou Renesmee para seu abraço, a aconchegando.

"Eu sei, tudo bem Ness."

Era tão bom tê-la em seus braços, sentir seu calor, seu cabelo, tudo nela, Jacob não precisa de mais nada, tendo Renesmee ao seu lado, era tudo que importava.

***

As paredes não eram grossas o suficiente para abafar os gritos, principalmente para aqueles com uma incrível audição, Jane aproveitaria a distração da visita da tarde para dar uma escapada, não podia pensar, nem dizer aonde iria, não poderia arriscar que Alice a visse, não antes da hora, felizmente, ainda tinham muitos espiões que podia pegar informações, então, saberia o que precisava somente no momento certo.

"Então, não vai mesmo dizer aonde vamos?"

"Precaução, Alec, você sabe."

"Não sei se Aro vai aprovar..."

"Aro não precisa saber. Não por enquanto, sabe por que."

"Não me importo de qualquer forma, mas Felix não gosta de não saber."

"Ele não tem que gostar, tem que obedecer ordens."

"Certo, não a questionarei mais. Você quem manda, irmãzinha."

Jane fechou a expressão pela piada de Alec, seu irmão andava rebelde ultimamente, questionando ordens, duvidando de Aro e seu estilo de vida, agindo como um adolescente que queria conhecer o mundo, ser livre... francamente, Jane não tinha tempo para isso, seu trabalho mais importante era manter a reputação de seu clã intacta, manter o alto nível que estavam acostumados, era o que importava.

***

"Não tem outra solução, nada que possamos fazer?"

Leah conversava em um tom baixo com Carlisle em sua cozinha, havia acabado de chegar para conversar com Itan, mas este ainda dormia profundamente no sofá, enquanto não acordava, Leah tentava arrumar uma solução melhor com o doutor, além daquela que ele havia apresentado.

"Sinto Leah, mas eles vão ter que ir, por enquanto, agora que voltamos à Forks, não podemos arriscar, você entende?"

"Claro, entendo."

Tudo bem que não eram somente os Cullen's que tinham de se esconder, toda a atenção não era bom para os lobos também, mesmo assim... Leah não conseguia deixar de se aborrecer. Gemidos baixos vinham da sala, Leah se apressou para o aposento.

"Não deveria forçar, ainda está fraco."

"Só estou tentando sentar, nada demais, bom dia alias."

"Bom dia."

Carlisle se aproximou para Itan vê-lo.

"Bom dia, Itan, como vai a recuperação?"

"Oi doutor, muito bem obrigada, se não fosse o senhor, acho que nem estaria vivo, então eu tenho muito a agradecer."

"Não se preocupe, para mim já o suficiente você estar bem."

Leah tinha de admitir que para um vampiro, Carlisle era, de fato, muito gentil com todos, sempre ajudando da forma que fosse necessária.

"E quanto a minha irmã? Ela está bem?"

"Sim, Sarah sofreu um choque, mas está recuperada, a mantemos no hospital, mas..."

"O meu pai a encontrou."

"Sim, e como não podíamos remover você pelos ferimentos, tentamos deixar ele longe dela, pelo que Leah nos contou, mas não podemos mais impedir."

"Eu preciso ir agora, doutor, por favor, não posso deixar ele simplesmente a levar."

"Não se preocupe, ele não pode, agora mesmo deve estar sendo interrogado pela polícia local, pois onde estavam acampados fazia parte da área preservada da reserva, não tinham licença para caçar, principalmente vindos de fora, a pouca caça permitida é reservada aos moradores da reserva."

Polícia local... Leah tinha de se lembrar de agradecer a Charlie, provavelmente era ele quem estava atrasando o pai de Itan.

"Entendo, fico um pouco mais tranquilo agora, talvez com isso eu consiga a guarda definitiva."

"Esperamos que sim, bem, se tem urgência, posso te levar ao hospital, não seria trabalho nenhum."

"Eu gostaria sim, obrigada novamente doutor."

"Certo, vou deixar o carro mais próximo da casa, Leah irá te ajudar a levantar."

Durante toda a conversa Leah ficou em silêncio, não queria que Itan fosse embora, mas não diria uma palavra se quer para impedir.

"Certo, vamos lá, se apoie em mim, ok?"

"Tudo bem, vamos lá."

Itan levantou, sendo praticamente carregado por Leah, ela era muitas vezes mais forte que ele, mesmo se ele estivesse em suas condições normais, então foi fácil até demais ajuda-lo.

"Olha só, acho que não estou tão ruim assim, consegui levantar ou você é incrivelmente forte."

Deu uma risada brincando sem saber que era verdade. Caminharam até a porta, como prometido, Carlisle aproximou o carro quase na porta de Leah, e abriu a porta do passageiro sem sair do carro, devia saber que Leah queria um tempo para se despedir.

"Então, é isso, até algum dia, quem sabe."

Disse Leah fingindo despreocupação.

"Com certeza."

Itan disse com uma certa intensidade que quase fez Leah ter esperança, mas ela se recusava a deixar o sentimento aflorar em seu ser. Bem, pensou, se era a última vez que o veria... o abraçou, repousando por um curto tempo sua cabeça no ombro dele, sentindo seus batimentos contra os dela, Itan hesitou por um segundo antes de a envolver em seus braços, mesmo que fracamente pelos ferimentos, ele ainda conseguiu dar um abraço apertado.

"Não é uma despedida."

Sussurrou no ouvido de Leah a fazendo estremecer, ela amaldiçoava aquela maldita magia do imprinting que a fazia tremer diante de poucas palavras, que a fazia se sentir fraca e renovada ao mesmo tempo, que a fazia se sentir completa e despedaçada.

***

"Pai, talvez tenhamos que acelerar os planos, acredito que teremos uma pequena intromissão."

Estava pensativo desde que sua filha lhe dissera o que descobriu, era bom ainda ter alguns espiões na manga.

"Sim, talvez tenhamos, mas pode ser algo bom, vamos aproveitar a intromissão, usá-la a nosso favor, a distração pode vir a ser incrivelmente útil."

"Devo continuar somente a observar?"

"Sim, vamos ver até que ponto vai nos ajudar."

"E quanto a..."

"Já disse que está sob controle, não me questione mais sobre isso."

Esbravejou, perdendo um pouco da compostura, não gostava de admitir que estava perdendo, nem que fosse, um pouco de controle.

"Desculpe, querida, não se preocupe, está tudo certo."

"Certo, pai, não o questionarei mais, ficarei observando."

Assentiu, enquanto ela saia, sentou em sua mesa pensativo, talvez realmente a espera fosse ser menor do que pensava, estava satisfeito, não poderia ser melhor.

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