Capítulo 25 - Sangue e água

O dia não poderia terminar mais perfeito, a chuva ainda caia forte, a cabana era fria, mas Jacob a aquecia muito bem, Renesmee repousava sua cabeça em seu peito, sentia seus batimentos, ouvia o correr do sangue em suas veias, sentia que cada molécula do seu corpo estava ciente da proximidade de Jacob, de seu toque deslizante pelas suas costas lhe causando arrepios, Jacob repousava com a cabeça inclinada para trás e olhos fechados, sua expressão era tão serena que parecia que estava lá há horas.

"Um centavo pelos seus pensamentos."

Jacob sorria de olhos fechados esperando, Ness colocou a mão em seu pescoço, o contato com a pele quente a fez estremecer de um jeito bom, Jacob sorriu com o toque.

"Ness, Ness, Ness."

Sussurrou enquanto acariciava sua mão.

"Então é com isso que está preocupada?"

Renesmee o encarou, um par de olhos castanhos amendoados a encarava, eles sempre lhe pareciam brincalhões, mas nas últimas semanas tinham algo de diferente quando a olhavam, algo que agora Renesmee entendia o que era.

"Eu não sei Jake, é só algo que passou pela minha mente, me parece tão egoísta não ajudarmos, imagine tudo que poderíamos fazer, construir, poderíamos mudar a vida de milhões de pessoas, poderíamos..."

"Ser super-heróis?"

Ness olhou um tanto aborrecida para aquele sorriso de lado que tanto adorava e continuou.

"Você entendeu, nós poderíamos fazer tanto, porém estamos aqui só nos escondendo e sobrevivendo pela eternidade, você não entende, eu... eu... me sinto sem um propósito, o que mais posso fazer? O que realmente poderia fazer?"

Renesmee sentia sua pequena parte humana sair do controle nas últimas frases, tinha que controlar seu emocional, fazer drama não era de seu feitio. Porém Jacob parecia alheio a tudo aquilo, somente gargalhou como se risse dela.

"Ness você só tem cinco anos e já tem crises existenciais, não nega que é filha da Bella."

Se aproximou e beijou sua boca delicadamente, enquanto continuava rindo, as vezes quando estava com Jacob, Renesmee odiava como era tão jovem, mesmo que parecesse mais velha, e principalmente agora Renesmee não queria que Jacob a visse como criança, queria que ele a visse como... como... uma mulher?

Mas o que significava Jacob a ver como mulher? De repente as aulas de biologia de Carlisle não lhe pareceram tão inocentes, Renesmee começou a corar ao lembrar de toda questão da reprodução humana, sua respiração ameaçava se descompassar e acelerar de forma que seria constrangedora, mas antes que Jacob sequer pudesse se importar, algo aconteceu o deixando extremamente tenso, seus músculos se contrariam sob o corpo de Renesmee.

"Ness tenho que ir, emergência do bando, ligue para seus pais virem te encontrar, e não saia até eu ou eles chegarem, está bem? Ness?"

"Sim, tudo bem."

"Boa garota."

Jacob levantou com Renesmee ainda em seus braços, coloco-a no chão e a beijou mais uma vez, dessa vez mais sedento como se temesse nunca mais a beijar, correu em direção a porta abriu e fechou em segundos, e de repente Renesmee estava sozinha na pequena e úmida cabana, assim que Jacob saiu, uma sensação gélida percorreu sua espinha.

Suspirou, tentou se concentrar para além da chuva, tentava fazer sua audição capitar algo, infelizmente era difícil separar os sons em meio a tempestade que ainda caia, mesmo que não trovejasse mais. Pegou seu celular, por um momento se sentiu dividida, sabia que seria certo ligar para seus pais para dizer o que havia acontecido, mas por outro, se Jacob resolvesse logo qualquer que fosse a situação, poderiam ficar juntos um pouco mais antes de ter de enfrentar seus pais.

Em um impulso inserto resolveu segui-lo, já havia treinado rastreamento com seu tio Jasper durante um tempo, era boa nisso, conseguiria seguir o rastro de Jacob, mesmo na chuva, mesmo assim ainda foi um pouco desconfortável correr em meio aquele aguaceiro, sua parte humana ainda sentia frio e arrepios quando um trovão soava ao longe. Seguia com calma, mas atenta, encontrou facilmente o rastro de Jacob, mesmo que já estivesse se esvaindo com a chuva, quando chegou perto suficiente para ouvir também pode sentir, um cheiro metálico de sangue, misturado com o cheiro amadeirado de Jacob.

Seu coração disparou, sabia que era besteira ficar preocupada, mas quando se tratava de Jacob, Ness percebeu que parecia perder todo o foco, acelerou a corrida, chegou a tempo de ver a cena: sangue espalhado pela floresta sendo diluído pouco a pouco pela água, dois lobos cercavam algo no chão, outros três lobos estavam do lado oposto, um deles mancava parecia que estava sentindo muita dor, e por fim entre os dois grupos estava o lobo-Jacob, com uma pata em cima de um corpo caído no chão e os dentes em volta de um pescoço pálido, clack, o lobo-Jacob o quebrou jogando a cabeça longe.

Renesmee não ousou respirar, não sabia exatamente como se sentia sobre aquilo, era difícil digerir, o seu Jacob matando alguém, um vampiro sim, mas a maior parte de sua família era de vampiros e Renesmee era meio vampira, como ele podia simplesmente...

Os outros dois lobos se afastaram daquilo que rodeavam dando espaço para Jacob passar, agora Renesmee sabia de onde vinha todo aquele sangue, uma garota, uma criança, jazia deitada no chão, Renesmee viu Jacob se aproximar e cutucar delicadamente com o focinho, mas até Renesmee já sabia que era tarde demais, todos o acompanharam em um uivo de dor, quando parou Jacob olhou diretamente para ela com os olhos mais tristes que já viu. Sem querer encara-lo, Renesmee correu sem saber para onde ao certo, somente queria se afastar daquele cheiro de sangue que pela primeira vez em sua vida, a fazia enjoar.

***

Tinha de admitir, os lobos eram bem organizados, e muito rápidos quando se tratava de caçar sua espécie, talvez não seria tão fácil quanto pensava, mas as experiências eram muito instrutivas.

Usando mais um recém-criado descartável, o fez sequestrar uma criança Quileute, não uma das especiais que tanto queria, elas ainda estavam protegidas demais, seus pares não se afastavam o suficiente, teria de preparar um plano um pouco mais elaborado para capturar o que queria.

Mas para um pequeno teste não se importou de saciar a sedo do infeliz recém-criado e permitiu que tirasse a vida da garota que consumiu, um a mais, um a menos, não importava, o que importava eram os dados que poderia obter para sua pesquisa, e mesmo que fossem poucos e viessem de forma lenta, ainda eram extremamente promissores, tinha bons pressentimos sobre o futuro, de fato, parece ter finalmente acertado na escolha de suas novas cobaias.

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