08.

Adriana apertou o copo de café frio entre os dedos quando o delegado Bernardino se levantou da cadeira. As persianas tortas da delegacia chacoalharam com a brisa quente da rua, o ventilador de tento enferrujado rugiu sobre a cabeça deles, e Adriana preparou-se mentalmente para outro dos discursos do delegado.

— Como vocês estão cientes, estes dias seguintes ao assassinato foram fundamentais para o avanço do caso...

Discretamente, Luís coçou a sobrancelha e sorriu para ela. Dante olhou para o teto da DP, e ninguém ousou contradizer o delegado. Desde que Érica fora encontrada no cemitério, com os músculos reluzindo contra a terra negra, nenhuma informação concreta inteirou o inquérito. Fora os depoimentos confusos dos habitantes e o silêncio da Perícia, eles estavam trabalhando com, basicamente, nada.

Nem Miranda, com toda sua agilidade e pesquisa, trouxera fatos novos à investigação. Continuavam patinando com as mesmas informações, as mesmas perguntas. Era como se naqueles dias seguintes ao assassinato, tão vitais ao prosseguimento do inquérito, eles estivessem na estaca zero.

Adriana por pouco não conteve uma gargalhada quando o delegado, cheio de si, olhou para cada policial individualmente, saboreando a pausa dramática com os colegas. Por fim, ele espalmou os dedos de juntas grossas na mesa e olhou para Dante.

— Alguma informação nova sobre o depoimento da camareira?

— Não. — Dante ajeitou-se na cadeira, sem graça com a postura de Bernardino na ponta da mesa. Virando-se para os colegas, completou: — Em resumo, ela ouviu um barulho no quarto isolado, abriu a porta, e deu de cara com um homem revirando papéis, lendo alguma coisa no diário. Quando ela gritou, ele arrancou as páginas do diário e fugiu pela janela. É isso que temos.

— Ela afirma que era um homem? — perguntou Adriana, erguendo as sobrancelhas.

— Nas palavras dela, o invasor usava um moletom com capuz azul. — Dante pegou o papel de dentro de uma pasta e leu: — E também tinha ombros largos, ombros de homem. De acordo com a camareira, ele também usava botas. Como se estivesse indo fazer trilha.

Todos assentiram, mas apenas Miranda tomou notas furiosamente num bloco, a ponta da língua para fora. Dante esticou-se e empurrou para o centro da mesa uma pasta-malote azul, fechada por zíper. Adriana prendeu a respiração. Novas informações, ela pensou, mas o rosto de Dante não dava sinais de alegria. Puxando para fora o conteúdo, ele suspirou. A sala inteira ficou em silêncio quando o diário de Érica apareceu nas mãos dele, além da cópia de O Morro dos Ventos Uivantes encontrada na cena do crime.

— Os peritos me devolveram isso hoje pela manhã — disse Dante, passando aos colegas o livro, o diário e uma pequena raposa esculpida em madeira. — O livro não apresentou nenhuma digital que não de Érica. É uma edição bem antiga, possivelmente de 1910, ou algo assim. O diário também não apresentou nada de novo. Até as análises da cena do crime e do quarto de Érica após a invasão ficarem prontas, não temos muito o que fazer. A única novidade é... isso aqui.

Das mãos de Dante, uma pequena raposa entalhada, de não mais do que oito centímetros, encarou os policiais de volta, dentro de um saco plástico. Adriana franziu o cenho para o animal, que tinha o focinho erguido e a cauda pomposa escondendo as patas traseiras. A madeira era escura, e os sinais do entalhe artesanal chamaram a atenção de Adriana.

— Onde foi encontrado?— perguntou ela, girando a raposa entalhada nas mãos.

— Próximo ao muro do cemitério. — Dante vasculhou entre os próprios papéis. Quando encontrou a informação que procurava, suspirou. — Mas não se anime. Os peritos fizeram uma checagem rápida e apenas digitais de Érica foram encontradas.

— Quer dizer que ela também curtia artesanato? — zombou Luís, fazendo Sérgio, o policial magrela, sorrir com o canto dos lábios. — Alguém deve ter limpado isso aí. É impossível um entalhe em madeira não mostrar a digitais da pessoa que fez.

Miranda pigarreou discretamente, atraindo todas as atenções para si. Jorge parou de folhear O Morro dos Ventos Uivantes, Ricardo ergueu os olhos para ela e Bernardino, que abria a boca para ceder suas próprias conclusões, calou-se. Ninguém na sala ousou desviar os olhos da jovem policial, que corou ligeiramente com aquela atenção excessiva. Sem graça, ela disse:

— Ou a pessoa que entalhou pode ter usado luvas. Assim como o suspeito que invadiu o quarto de Érica. — Virando-se para Dante, Miranda perguntou: — A camareira viu se ele usava luvas ou não?

Dante ficou parado. Pela expressão dele, ela não havia mencionado nada do gênero no depoimento, e ele não perguntara. Olhando para o próprio material, ela não esperou resposta.

— Porque a camareira diz que o suspeito rasgava páginas do diário, e como a Perícia não encontrou digitais novas, o suspeito poderia usar luvas.

— Mas e a raposa entalhada? — perguntou Bernardino, seus olhinhos de furão se dividindo entre Adriana, Luís e Dante. — Qual a relação disso com a invasão ao quarto?

Miranda não deu tempo aos investigadores, rebatendo o argumento do delegado prontamente:

— A raposa é o símbolo do Jornalismo, senhor. Pode ter sido um presente do próprio assassino, ou de alguém importante pra Érica. Segundo o coveiro, o homem que tentou enterrar Érica pulou o muro do cemitério, e como a raposa foi encontrada nas proximidades, tudo leva a crer que esse objeto é algum elo entre Érica e esse homem. Talvez, indo mais longe, o homem que tentou enterrá-la pode ser o mesmo que invadiu o quarto atrás do diário.

Nenhum deles ousou falar. Os ventiladores da delegacia giraram solitários, e Adriana sorriu com o canto dos lábios. Aquela garota iria longe se estivesse na capital, e não presa naquela cidadezinha sufocante. Sem graça, Miranda recolheu os próprios papéis, agradecendo com um olhar o sorriso orgulhoso de Ricardo.

— Bom trabalho, Buarque. — Ele cumprimentou, sendo seguido por Sérgio e Jorge.

O homem que tentou enterrá-la pode ser o mesmo que invadiu o quarto atrás do diário. As palavras da jovem policial ecoaram pela cabeça de Adriana, que folheou o diário semidestruído de Érica. Os apontamentos, telefones e nomes — principalmente o de Pedro Camargo de Sá — saltavam das páginas como se tivessem vida. Como se tentassem dizer alguma coisa. Mas o quê? Adriana assentiu para si mesma, percebendo que os outros policiais, exceto Bernardino, parecia convencido da hipótese de Miranda.

— E eu e Ricardo fizemos um levantamento sobre os casos policiais daqui de Lisiantos — continuou Miranda, entregando folhas grampeadas aos colegas. — A forma como Érica foi morta nos levou a pensar num possível serial killer.

Luís ergueu os olhos castanhos de sua cópia. Dante enrijeceu na cadeira, e Adriana evitou virar o rosto para os amigos. As lembranças do caso Valentina a atingiram com força, e ela trincou a mandíbula. Os outros policiais, compenetrados com os casos, não perceberam a ligeira alteração em Adriana.

Bernardino folheou sua cópia sem realmente prestar atenção nas informações, e disse:

— Mas o índice de assassinatos é baixíssimo em Lisiantos. Não vale nem a checagem. — Miranda ficou sem graça, como se admitisse ser uma ideia idiota. Bernardino cruzou as mãos sobre a mesa. — O último assassinato foi quando? Em 1990?

— Não custa investigar, senhor. Na hipótese de serial killer, qualquer caso passado pode apresentar uma ligação — intercedeu Ricardo. Com outro sorriso encorajador para Miranda, ele disse: — Continue, Buarque.

Adriana percebeu um pequeno vinco se formar na testa de Bernardino, mas Miranda foi rápida o suficiente para que o silêncio não se alongasse.

— Lisiantos não possui muitos registros, principalmente porque a DP pegou fogo duas vezes antes da informatização — explicou ela. — Os registros que temos são de crimes normais. Roubos, brigas de bar, acidentes de carro, mas algo chama atenção quando analisamos...

Luís interrompeu a policial com um assovio, erguendo as sobrancelhas para o material que tinha nas mãos. Ele olhou para Miranda, sua testa vincada.

— O número de desaparecimentos é bem... alto por aqui — disse ele.

Miranda sorriu, excitada por Luís ter percebido o dado. Ela revirou a própria pasta, colocando recortes de jornais antigos e cópias de matéria impressas da internet no centro da mesa. Miranda deu dois tapinhas nas manchetes e olhou para cada um.

— Dez desaparecimentos somente em 1970. — Ela virou as manchetes para Adriana. — Nove pessoas em 1995. Sete nos anos 2000, e cinco no ano passado. Cinco. Não parece muito numa cidade como Porto Alegre, mas em Lisiantos é um número absurdo. Não possuímos nenhum dado concreto de 1970 a 1995 por causa dos dois incêndios, mas mesmo assim...

— É muita coisa — Dante concordou. — E todos os desaparecimentos recentes são de mulheres.

E lá estava a sensação tenebrosa que arrepiou a pele de Adriana no cemitério. O silêncio na sala só era quebrado pelo som dos ventiladores velhos e das respirações pesadas dos colegas. Jorge apertou os dedos, olhando nervosamente para os outros. Seu queixo duplo tremeu quando ele perguntou:

— E tu acha que ele... que ele usa o mesmo método? Que ele esfola as vítimas?

— Não sei — afirmou Miranda antes que o delegado pudesse dizer qualquer coisa. — Foi só uma ideia, uma possível linha de investigação. Sem os dados exatos da Perícia, é impossível precisar o que quer que seja.

— É uma boa linha, Miranda. Vale esperar as conclusões da Perícia. — Adriana sorriu para a jovem policial, vendo nela a mesma disposição que a levara a entrar para a corporação tantos anos antes. Virando-se para Sérgio e Jorge, perguntou: — Algo de novo sobre a rotina de Érica?

— Nada. — Sérgio suspirou, recebendo uma afirmativa entristecida de Jorge. — Érica acordava, tomava café no hotel, almoçava no Tempero do Sul e só voltava à noite. Ela frequentava bastante a casa dos Albuquerque e dos Camargo de Sá, além da livraria do Sr. Lafue. Fora isso, nada.

Adriana assentiu. Sérgio e Jorge, como ela pedira, trabalharam com afinco para descobrir a rotina de Érica que, infelizmente, mostrou-se completamente normal. Nenhum namorado escondido, nenhuma visita a lugares excepcionais. A rotina de Érica, pelo menos em Lisiantos, era imaculada.

— E os dados da Perícia, Dante? — perguntou Luís, cruzando as mãos sobre a mesa. — Pra quando conseguimos isso?

— Gaspar me prometeu os laudos pra daqui quinze dias.

Adriana e Luís trocaram um olhar derrotado, acompanhado pela decepção dos outros policiais. A perspectiva de passar mais duas semanas sem nada de novo era aterrorizante. Dante coçou a cabeça e completou num tom sem graça:

— Essas coisas demoram. A Perícia geralmente leva um mês pra liberar os laudos, e Gaspar me prometeu quinze dias. A gente tá no lucro. Com o tamanho da repercussão do caso, acho que eles...

O celular de Ricardo vibrou, e um toque de mensagem interrompeu a conclusão de Dante. O policial corou, murmurando pedidos de perdão e alcançando o celular no bolso traseiro da calça. Ricardo franziu o cenho para a tela, lendo e relendo a mensagem como se não acreditasse nas palavras do remetente. Bernardino fechou a cara, fulminando o policial com os olhos.

— Depois tu vê as mensagens da tua namorada, Viana — reclamou o delegado, fazendo Ricardo erguer a cabeça, completamente corado. — Tu tá em horário de expediente, rapaz.

Ricardo abriu e fechou a boca diversas vezes, incapaz de rebater as palavras do delegado. Adriana notou os nós de seus dedos ficarem brancos contra o celular. Olhando de esguelha para Miranda, afirmou:

— Eu não tenho uma namorada, eu... — Ricardo se interrompeu, deixando uma pausa crescer. — É minha irmã.

— Bem, agora tu não pode atender — reclamou o delegado, cruzando os braços em frente ao peito. Com um gesto de cabeça, apontou para o celular nas mãos do policial. — Coloca essa porcaria no silencioso porque a gente tá...

— Ela pediu pra gente ligar a televisão — continuou Ricardo, ignorando a falação de Bernardino. Ele olhou para Adriana, e ela leu a mais inocente confusão em seu rosto marcado. — Disse que a gente tá... famoso?

Puta que pariu, mas já? Foi o único pensamento que Adriana conseguiu formular quando um jovem policial abriu a porta, seu rosto afogueado e a testa salpicada de suor. Ainda com a mão contra a maçaneta, o colega mirou o delegado e disse:

— Senhor, os jornalistas chegaram. — O policial engoliu em seco. — E eles querem uma declaração.

Bernardino levantou-se da cadeira e estufou o peito, puxando as calças para cima. Sua careca reluziu, e os olhinhos do delegado pareceram ganhar vida. Adriana franziu o cenho, incapaz de acreditar que aquele homem tão cheio de si comandava uma delegacia inteira, mesmo que pequena.

— Eu vou lá — disse ele, como se assumisse um grande sacrifício pelo time. — Continuem com... com o caso. Eu volto já.

Arrumando os cabelos na lateral de sua cabeça de ovo, Bernardino rumou para o exterior da sala e da delegacia com passos confiantes. Dentro da sala, os policiais ouviram o som dos ventiladores antigos até Luís soltar uma risada.

— Que Deus nos abençoe. — Ele balançou a cabeça antes de se levantar. — Bem, vamos trabalhar, camaradas.

Os policiais de Lisiantos olharam confusos para Adriana, como se esperassem um norte, uma palavra dela. Que ótimo. Sem graça, ela cruzou as mãos sobre a mesa e olhou para Ricardo e Miranda.

— Sigam na linha dos desaparecimento. Investiguem os mais recentes e me tragam toda e qualquer informação sobre os Albuquerque. — Adriana encarou Miranda. — E quando eu digo tudo eu quero dizer tudo, inclusive a marca de álcool que a empregada de Teodora usa pra limpar os vidros da casa.

Os dois assentiram, sorrindo. Sérgio e Jorge, também com seus blocos de anotações a postos, esperaram. Adriana mirou os dois e disse:

— E vocês façam o mesmo, mas com os Camargo de Sá. Quero saber tudo sobre Verônica, Martin e Pedro. Principalmente sobre Pedro. — Adriana ergueu o diário na página em que Érica rabiscara o nome do filho dos Camargo de Sá com caneta vermelha. — Descubram tudo sobre ele. O que faz, onde vai, até o que come.

— É pra já — disse Sérgio, anotando. Quando terminou, ergueu a caneta do papel e como uma criança, perguntou: — Mas antes a gente pode... pode ver a delegacia na televisão?

Dante e Luís riram. Adriana sorriu para o policial, percebendo que ele não era o único que gostaria de se ver na televisão. Miranda, Ricardo e Jorge esperavam a resposta na beirada da cadeira, ansiosos. Adriana deu de ombros e sorriu.

— Divirtam-se.

Excitados, Jorge e Sérgio quase correram para fora da sala. Ricardo ajudou Miranda a guardar algumas folhas e os dois saíram, despedindo-se com um gesto de cabeça. Dante, Luís e ela ficaram sozinhos na sala. Dante relaxou na cadeira, girando uma caneta entre os dedos.

— E eu vou falar outra vez com a camareira. — Após um breve silêncio, ele completou: — Essa menina é boa, hein?

— Um desperdício uma policial boa como ela nesse... fim de mundo — lamentou-se Luís. Como se aquilo fosse assunto resolvido, bateu palmas. — Mas chega disso. Vamos lá, Adri. Não quero me atrasar pra falar com a velha.

Tão logo o horário tornara-se aceitável, Vitória Albuquerque ligara para a DP de Lisiantos naquela manhã, convidando os investigadores do caso para um café em sua casa. Pegos de surpresa pelo convite, Adriana e Luís aceitaram de imediato, prometendo aparecer tão logo seus afazeres na delegacia permitissem.

— Cuida de tudo, Dante — disse ela, se erguendo da cadeira. — Qualquer coisa...

— Eu mantenho vocês informados. — Ele sorriu. — Boa sorte, gente.

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Adriana sentiu o calor da primavera beijar seu rosto quando saíram para os fundos da delegacia. A lufada de ar quente, comum na estação, foi uma surpresa desagradável para ela. Com um suspiro, Adriana desejou estar no quarto do hotel, vestindo seu pijama curto e com o ar-condicionado ligado. Ela suspirou novamente, pensando com tristeza nas horas que ainda a separavam de sua cama.

Luís enfiou as mãos nos bolsos, suspirando e sorrindo para as árvores que floresciam no pequeno estacionamento da DP. Enquanto ele admirava a paisagem, Adriana dobrou as mangas da camisa, grata por não ter se esquecido de usar seu fiel relógio de pulso no braço esquerdo.

A pulseira simples de couro marrom estava gasta pelo tempo, mas ela não se desfazia do relógio por motivos sentimentais. Além de fazer Adriana se lembrar do pai, que dizia que não entendia como os jovens se permitiam sair sem um bom relógio no pulso, o objeto também cumpria a dolorosa função de esconder a cicatriz que a assombrava desde aquela noite.

Hoje, a marca era apenas uma sombra do que já fora um dia. Agora esbranquiçada, quase invisível pelo uso fanático de loções e cremes miraculosos que prometiam apagar até as mais profundas cicatrizes de guerra, a pequena linha nunca falhava em relembrar momentos que Adriana preferiria esquecer.

Raramente ela saía sem o relógio ou deixava a cicatriz à mostra. Se por ventura se esquecia do objeto, ou a situação não permitia seu uso, buscava alternativas para esconder a marca, fosse com braceletes ou blusas de mangas compridas. Adriana execrava os olhares de piedade, as palavras de autoajuda que não ajudavam em nada.

Ela não se sentia confortável em deixar à mostra uma parte tão dolorida de seu passado, que ainda assim soava recente demais. Adriana só conseguia ignorar a necessidade de esconder a cicatriz na presença de Luís, que a impedira de levar a ideia idiota até o final.

Com um suspiro, ela se espreguiçou, ouvindo a risada de Luís ao seu lado. Quando virou-se, com o cenho franzido carregando uma pergunta, ele simplesmente balançou a cabeça.

— Tu nem tava me ouvindo, né? — perguntou Luís, erguendo uma sobrancelha, mania irritante que ele cultivava desde que se conheceram. — Esquece. Vamos que eu tô doido pra conhecer a Dama de Ferro de Lisiantos, a mamãe de Teodora. Que Deus nos ajude.

Eles desceram a pequena escadinha que ligava a delegacia ao estacionamento e deram a volta no prédio. De longe, Adriana avistou Bernardino no centro de um grupo alvoroçado de jornalistas brandindo gravadores, câmeras e celulares em sua direção. Com as palmas das mãos erguidas, o delegado parecia em casa com as atenções que recebia. Adriana fechou a cara, incapaz de acreditar que aquele cara era o delegado responsável por um caso de tamanha magnitude.

— Adriana!

Ao ouvir o chamado urgente de Luís, Adriana se virou, não sendo atropelada por pouco. O carro conversível ganhou a rua, deixando apenas o ronco de um motor potente e a batida da música alta para trás. As bandeirinhas coloridas presas aos postes chacoalharam com a passagem do carro, e por um segundo Adriana pareceu levitar na rua. Com o coração aos pulos, ela respirou fundo, jurando ter visto uma moça de cabelos cor-de-rosa atrás do volante. Luís aproximou-se dela, segurando seu cotovelo.

— Tu te machucou? — perguntou ele num tom preocupado, ao que Adriana respondeu com um aceno de cabeça. Luís fechou a cara, olhando na direção do carro com o nariz franzido. — Alguém precisa conter essa guria antes que um acidente sério aconteça. Qual será a dela?

— Atropelar pessoas, eu acho. — Com uma breve olhadela em direção a Bernardino, ela suspirou e balançou a cabeça. — Deixa pra lá. Vamos voltar ao trabalho.

— Pelo menos alguém tem que trabalhar nessa cidade. — Ele indicou o delegado com um gesto de cabeça azedo. — Vamos lá.

Eles entraram na SUV de Luís, e antes que Adriana percebesse, estavam a caminho da casa da família Albuquerque.

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