A verdadeira Aliança Vermelha

— Alguma resposta dos dirigentes americanos?

— Até agora nada imperador...

— Eu lhes dei três meses para se manifestar, já se foram duas semanas e nenhum retorno. Ordeno que os exércitos estejam preparados, se no dia em que vencer o prazo não houver nenhuma notícia deles, iniciaremos a mais difícil de nossas conquistas...

— A mais difícil? — questionou seu conselheiro.

— Lembre-se que eu já estive lá e fui vencido com excelentes homens, dos quais somente eu retornei com vida...

— Agora será diferente Emílio, pois tem um enorme exército à sua disposição e desta vez seus homens de confiança estarão ao seu lado...

— É verdade, é verdade! Com vocês eu me sinto, não, eu sou invencível!

🐾🐾🐾🐾🐾

A rainha Paloma viajou com o general Lorenzo para o leste da Cidade do México, agora aproveitando muito mais a bela viagem, pois não estavam desta vez perseguindo o louco Emílio.

Aproveitou para passear com Mariano por diversos locais que não tinham visto antes e apesar do destino sombrio que após aguardava se sentia feliz e protegida ao lado dele, muito mais do que um dia se sentiu ao lado do marido.

— Você sabe que eu a amo! — se declarou uma vez Mariano para ela, quando estavam na fazenda, assistindo a mais um belo pôr do Sol mexicano.

Neste dia Paloma teve o desejo de lhe dizer que sentia o mesmo, mas preferiu não criar nenhuma expectativa no amigo, pois no momento não teria como existir um envolvimento entre eles.

— Se um dia vencermos o imperador louco, eu lhe prometo que pensarei com carinho a respeito dos seus sentimentos...

Para ele essa promessa foi o suficiente, Mariano não esperava nada que a rainha não pudesse cumprir e entendia a difícil missão que tinham pela frente, mas decidiu que deveriam aproveitar alguns momentos juntos, pois o futuro era ainda um mistério.

E assim, numa de suas paradas rumo a Popocatépetl, desapareceram por toda uma noite e na manhã seguinte, como se nada houvesse acontecido, voltaram de mãos dadas.

A rainha ainda sorria sozinha quando o general a encontrou.

— Falta pouco agora! — disse ele — Amanhã chegaremos ao nosso destino, ainda dá tempo de desistir...

Paloma se sentiu insultada.

— Lorenzo, não me ofenda! Sabe bem que não tenho escolha e honrarei meu compromisso nem que isso signifique minha morte...

— Infelizmente não vejo outro futuro para ti Paloma, gostaria de lhe enganar dizendo que sinto algo diferente, mas não consigo...

— Prefiro a sua sinceridade general. E com ela toda a sua força!

— A senhora a tem minha rainha, pode acreditar nisso.

Nesta noite acamparam sob a sombra do vulcão adormecido e Lorenzo lhe procurou logo que amanheceu, pois dali precisavam seguir sozinhos.

Mariano relutou, mas Paloma o convenceu.

— Tenha fé no general, ele ainda não nos decepcionou...

Saíram rumo a parte de trás de Popocatépetl, em dois cavalos descansados, e em poucas horas chegaram ao seu destino, uma parede fechada do templo asteca.

Pouco tempo depois a parede começou a se mover para direita, como se fosse uma imensa porta e eles entraram para o interior da construção, que era iluminada por tochas nas paredes.

Galoparam por mais um trecho, até que tiveram que prender os animais e seguir um trecho a pé, agora numa descida íngreme.

A rainha sentiu que a temperatura aumentava, como se estivessem seguindo rumo a uma parte do vulcão que ainda permanecesse ativa. O suor fazia com que suas roupas colassem ao corpo e uma fadiga começou a se apoderar dela.

— Beba! — disse Lorenzo lhe passando um cantil, percebendo o desgaste que a percurso causava nela — Estamos próximos agora!

Paloma acreditou nele, pois na sua opinião já estavam quase no centro da Terra, de tanto que já haviam descido.

Logo ela viu pelo canto dos olhos uma movimentação cerca de duzentos metros abaixo deles e agradeceu aos céus por isso.

Ficava imaginando que se o caminho para baixo era tão cansativo, como deveria ser o retorno daquele lugar.

O general chegou antes numa plataforma reta e a ajudou a descer os últimos metros.

Tiveram que andar ainda por diversos túneis, sempre com Lorenzo a guiando, demonstrando que estavam num imenso labirinto sob a montanha, perfazendo no mais inimaginável dos esconderijos.

— Quem construiu tudo isso aqui embaixo? — ela questionou ao seu guia.

— Calma! Logo saberá...

Chegaram finalmente a um platô mais aberto, onde se podiam ver móveis e diversos outros cômodos fechados, mas Paloma não conseguiu ver ninguém.

— Sente-se ali minha rainha.

Ela obedeceu e desabou sobre uma das cadeiras que eram feitas de pedra e cobertas por pele de animais.

O general permaneceu em pé no centro do platô e pouco depois vários homens foram surgindo, vindo de todos os lados.

Se encontravam armados de pistolas e punhais em seus cintos e a rainha perdeu a conta quando eles ultrapassavam a quantidade de cinquenta homens.

— Paloma, lhe apresento os mais bem treinados assassinos de toda a América, homens que contém os ensinamentos mais antigos, vindo diretamente do império Asteca, do qual são descendentes diretos.

Ela se levantou para saudá-los

— Estou agradecida por me receberem aqui e necessito contar com a sua ajuda para vencermos um dos piores tiranos que o mundo já viu.

— Poderiam me trazer o seu líder, para que pudéssemos dialogar?

Muitos dos homens riram e a rainha ficou sem entender qual era o motivo, até que o general explicou.

— Eles não possuem um líder, minha rainha. São todos iguais, não existe uma cadeia de comando aqui...

— Então quem dirá se poderão ou não me ajudar contra o imperador louco?

— Ah, o mais velho deles responde por todos, o que ele disser é lei.

— Então me diga onde ele está, preciso convencê-lo a se unir a nossa causa...

— Está olhando para ele rainha Paloma — disse Lorenzo — e já me convenceu faz tempo a unirmos forças.

Ela ficou um tempo perdida com aquelas palavras, sentindo uma leve tontura que a fez sentar na cadeira de pedra novamente.

— Esta é a verdadeira Aliança Vermelha, minha rainha, e com ela mataremos o imperador Emílio...

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