XXIII - Coisas que nunca imaginei fazer

     Apesar de todo o cansaço, a dor no tornozelo não deixava Olivia pegar no sono. Oscar estava focado na estrada, já ela estava de olhos fechados na tentativa de enganar seu cérebro e conseguir descansar ao menos por alguns minutos. Talvez fosse a exaustão que pairou sobre os dois, mas o caminho até o circo parecia mais longo durante a volta para casa.

     Um suspiro de alívio tomou os dois assim que estacionaram no circo. Ainda era madrugada e a escuridão presente atrapalhava os passos de Olivia, que precisou segurar no braço de Oscar para aliviar sua dor. Os dois caminharam em silêncio para não acordar nenhum de seus vizinhos.

     Ao fechar a porta do trailer, Oscar acendeu a vela que havia apagado assim que saíram e sentou-se no sofá ao lado de Olivia. Não foi preciso um convite ou sequer um aviso, já não parecia mais tão estranho assim estar no trailer do rapaz. Wally também não a estranhava, já que subiu em seu colo assim que a viu.

     Sabendo da dor que Olivia sentia, Oscar pediu para que ela colocasse as pernas sobre seu colo e ofereceu uma massagem sutil. A trapezista não estava em condições de negar, então tirou os tênis e se aconchegou no sofá. Ela não estava afim de conversar, só queria que aquele dia acabasse logo. Ele mais do que ninguém entendia aquela necessidade de silêncio, então o único contato existente era o das mãos ásperas do rapaz nos pés gelados e doloridos.


– Eu não vou te deixar dormir no sofá de novo – Oscar sussurrou perto do ouvido de Olivia, a fazendo despertar do cochilo que havia dado durante a massagem.

– Desculpa, dormi que nem percebi – se espreguiçou – Eu vou pra casa.

– Não precisa ir embora, você pode deitar lá no quarto.


     Seria mentira de Olivia se ela dissesse que queria ir embora para dormir sozinha em seu trailer em meio a um apagão sabendo que seu pai estava acompanhando seu irmão no hospital, então aceitou a oferta do rapaz. Oscar se levantou e estendeu a mão para ajudá-la a levantar.

     Ainda de mãos dadas, os dois seguiram até o quarto e a sensação de borboletas no estômago surgiram assim que Olivia sentou na cama bagunçada do rapaz. Apesar da pose séria que ele ostentava, uma sensação estranha o atingia em cheio ao vê-la se ajeitar em seus lençóis.


– Pode ficar à vontade, não é a cama mais confortável, mas vai dar pra descansar. Eu vou ficar na sala, qualquer coisa pode me chamar – Oscar sorriu e virou as costas.

– Oscar, espera aí! – Olivia o chamou, o fazendo virar de volta para ela – Não faz sentido nenhum você ficar na sala e eu aqui.

– Eu não quero que você se sinta pressionada a fazer nada – tombou o corpo na parede e tentou encará-la através da pouca iluminação da vela.

– Eu sei disso e não estou me sentindo pressionada a nada. Eu sei que você só quer dormir, assim como eu.


     Com as pernas já esticadas na cama, Olivia bateu a mão no espaço livre do colchão e Oscar deitou ao seu lado. O rapaz se ajeitou no travesseiro e puxou o edredom para cobri-los. A vela ainda iluminava sutilmente o quarto e ambos encaravam o teto. Ele procurava o que dizer, ela estava pensando na primeira vez em que dormiu naquele trailer e começou a rir sozinha.


– O que foi? – Oscar desviou o olhar do teto para ela e sorriu.

– Eu estava comparando a primeira vez que estive aqui e agora. Eu estava morrendo de vergonha e mal respirava no sofá, agora eu estou deitada na mesma cama que você.

– E vestindo a minha camiseta – sorriu.

– E vestindo a sua camiseta – retribuiu o sorriso – Mais um item pra riscar da minha lista de "coisas que nunca imaginei fazer".

– Quais seriam os outros itens?

– São vários, mas dar um soco no Hector é um deles – Olivia riu e Oscar soltou uma gargalhada.

– Se você quiser a gente dá um jeito de riscar esse item também – Oscar apoiou-se no cotovelo e virou para ela.

– Tem outros itens a serem riscados antes desse...

– Tem mais algum item que me inclui? – correu o dedo indicador por seu braço, a fazendo arrepiar.

– Talvez... – sorriu – Boa noite, Oscar.

– Boa noite, Senhorita Inválida.


     Oscar a viu sorrir através da pouca iluminação causada pela vela. Olivia assoprou a chama e o escuro absoluto tomou conta do quarto. Apesar do seu estado sonolento, estar tão próxima a ele não a deixava pregar os olhos. Ele estava virado para o lado oposto, também tentando se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse a presença da trapezista em sua cama.

     Quando suas costas já estavam doloridas por ficar na mesma posição por muito tempo, Oscar virou de frente para a moça que parecia estar finalmente pegando no sono. Ao perceber que o rapaz havia se aproximado mais, Olivia abriu os olhos lentamente e aconchegou seu corpo ao dele, que aproveitou para abraçar sua cintura. Foi sentindo o calor agradável de seus corpos tão próximos e os perfumes se misturando que os dois finalmente se entregaram ao sono.

     O dia não demorou a amanhecer, mas os dois estavam tão cansados que só conseguiram acordar quando uma voz já conhecida ameaçava derrubar a porta. Já não estavam mais abraçados quando abriram os olhos pesados de sono. Olivia resmungou algo e revirou pela cama, já Oscar levantou reclamando e foi até o banheiro para lavar o rosto, sem se preocupar em atender as batidas fortes e insistentes na porta.


– Você não vai atender o Hector? – Olivia perguntou ao se sentar na cama.

– Você mesma respondeu, é o Hector. Não vou atender – Oscar respondeu ao enxugar o rosto na camiseta.

– E se for importante?

– Nada que vem dele é importante – deu de ombros.


     "Oscar, eu sei que você tá aí! Abre essa merda!",
ouviram Hector gritar do lado de fora.


– Pode abrir...

– E se ele te ver aqui em casa?

– Eu vou ficar aqui no quarto, ninguém vai me ver.


     Oscar bufou e saiu a passos duros até a porta. Olivia fechou a porta do quarto e ficou em silêncio. Não queria que soubessem que ela passou a noite com o atirador de facas, mesmo sabendo que não fizeram nada e que eram adultos, então mesmo que tivessem feito ninguém tinha nada a ver com isso. Além disso tinha Hector, que não gostava que seus funcionários se relacionassem e que fazia questão de diminuí-la por conta do que sua mãe fez no passado, então esconder-se era o melhor a se fazer naquele momento.


– O que você quer aqui? – Oscar perguntou ainda da porta.

– Me deixa entrar – Hector exigiu.

– Não – Oscar falou em vão, pois Hector entrou da mesma forma.

– Esse trailer ainda é meu, eu entro a hora que eu quiser – sentou-se no sofá.

– Ninguém mora de graça aqui. Agora me fala logo o que você quer.

– Fiquei sabendo que o Adam Turner arrumou problema de novo...

– Isso eu sei, fui eu que socorri. Era só isso? Você só queria fazer fofoca? Então já pode ir.

– Eu quero saber o que aconteceu dessa vez, porque se mais alguém tentar afundar o meu circo com escândalos, eu não respondo por mim!


     Olivia ouvia toda a conversa do quarto, já que ambos falavam alto e era o nome de sua família que estava em pauta. Oscar falava o tempo todo que não sabia o que havia acontecido e que apenas o socorreu, além de todas as respostas atravessadas para o dono do circo, que a deixavam orgulhosa por ele ter a coragem que ela gostaria de ter.


– Algo me diz que você sabe sim, Oscar – Hector falou mais uma vez.

– Mesmo que eu soubesse, não seria pra você que eu iria contar, por isso mais uma vez eu digo que sua visita é inútil e que você já pode ir embora.

– Minha visita é tão inútil quanto você nesse lugar, maldito momento em que eu transei com a vagabunda da sua mãe.

– Você nunca mais fale da minha mãe – Oscar falou pausadamente ao segurar Hector pelo pescoço e empurrá-lo contra a parede.

– Eu ainda sou seu... – a voz de Hector saiu entrecortada.

– Você não é meu pai, nunca foi e nunca será. E mesmo esse laço sanguíneo infeliz não me impede de arrebentar a sua cara se você ousar falar da minha mãe mais uma vez. Agora some da minha casa.


     Do quarto foi possível ouvir o barulho que o corpo de Hector fez contra a parede quando empurrado por Oscar, mas não foi isso que mais a chocou. Olivia deixou de prestar atenção no que acontecia no cômodo ao lado no momento em que ouviu o atirador de facas afirmar que Hector era seu pai. Ela só voltou a si quando ouviu a porta da frente bater e a do quarto se abrir.


– Desculpa por te fazer presenciar isso – Oscar falou exasperado, passando as mãos nervosas pelo cabelo.

– Quando você ia me contar que o Hector é seu pai?

– Nunca – encolheu os ombros – Eu preferia ser órfão a ser filho desse desgraçado.


     Olivia queria poder dizer que não, mas ficou minimamente decepcionada. Sabia que sua decepção sequer fazia sentido, já que falar da própria vida não era um dos passatempos favoritos de Oscar. Por fim decidiu relevar a omissão e tentar entender a relação conturbada entre pai e filho.


– Foi por causa disso que você veio pro Taurus?

– Sim. Na carta de despedida da minha mãe ela contou que o Hector foi pra Manchester procurar por novos artistas e eles se conheceram. Disse que tentou entrar em contato com ele várias vezes mas não conseguiu, então me pediu para vir pra cá com a carta caso eu fosse expulso.

– E como ela sabia que você seria expulso?

– A minha mãe não era uma santa... – suspirou – Ela também tinha um caso com o dono do circo de lá. Ele e o Hector nunca se deram bem porque nenhum dos dois prestam e um roubava artistas do circo do outro. Quando ele soube que eu era filho do Hector, me mandou embora na mesma hora. Talvez por despeito, porque gostava da minha mãe e ela teve um caso e um filho com o maior rival... Não sei.

– Eu lembro até hoje do dia que você chegou aqui. Você dava medo em todo mundo e não fez questão de falar com ninguém.

– No dia anterior o Hector havia xingado minha mãe de tudo o que você pode imaginar e repetiu inúmeras vezes que eu era um bastardo desgraçado que iria destruir a vida dele, além de duvidar da paternidade. Não tinha como estar muito feliz no dia da apresentação.

– E eu que pensava que ele já não poderia piorar como ser humano.

– Ele sempre pode piorar. Ele também finge ser um rei, mas eu sei que ele vive com medo de que a minha história chegue na esposa dele.

– E foram com essas ameaças que você conseguiu que eu me apresentasse com você – Olivia deduziu.

– E que ele aumentasse o seu pagamento ridículo... Não que ele tenha aumentado o bastante, né?

– Você me ajudou mesmo quando mal me conhecia... – sorriu.

– Eu já tinha certeza que você era diferente deles.


     Oscar retribuiu o sorriso e assim mudaram de assunto, falando sobre o que tomariam no café da manhã. Ele era muito grato por Olivia não ser uma pessoa que insistia nos assuntos que ele tanto tentava esquecer. Por mais que estivesse curiosa quanto a história do rapaz, ela jamais o deixaria desconfortável.

     Terminaram suas xícaras de café enquanto conversavam sobre Adam e o que seria do homem dali em diante. Ela já não acreditava mais que o irmão se livraria do vício ou que colocaria sua vida no eixo, mas Oscar afirmava que talvez o susto que o levou até o hospital o fizesse repensar suas atitudes, além de reiterar que o palhaço precisaria de ajuda para lidar com o vício, já que era uma doença.

     Depois de arrumar a cama que passou a noite com o rapaz, Olivia se despediu e decidiu que aproveitaria a luz do dia para arrumar seu trailer que provavelmente estava uma zona. Assim que saiu da casa de Oscar se deparou com Megan batendo em sua porta e quis voltar para trás, mas era tarde demais, já que a ruiva a viu dar meia volta.


– Olivia Turner! – Megan abriu um sorriso ardiloso – Acredito que temos muito para conversar!

– Oi Meg... Faz tempo que você tá aí? – abriu um sorriso envergonhado.

– É a terceira vez que eu venho te procurar hoje! Antes eu queria saber notícias do Adam, mas agora meu interesse é outro! Vamos entrar logo pelo amor de Deus!


     A empolgação de Megan estava além do normal, mas a de Olivia não. Sabia de todas as perguntas que sua melhor amiga faria, além de todas as insinuações. Queria poder responder tudo, mas sequer tinha certeza de todas as respostas. Destrancou a porta e parecia que havia passado um furacão pela casa naquela noite em que ficou fora, então aproveitou a curiosidade da amiga e estendeu uma vassoura para ela.


– Me ajuda a arrumar isso aqui e eu te dou o direito a três perguntas.

– Quatro, porque uma delas tem que ser sobre o Adam – Megan aceitou a vassoura.

– Três...

– Quatro! Você sabe que vai me contar tudo de qualquer forma – deu de ombros.

– A senhorita também tem muito a me contar, não é mesmo?

– Não sei do que você tá falando – Megan desconversou e começou a varrer a sala.

– Eu conheço aquele olhar, Meg. E você sumiu e trancou a porta, eu sei o que isso significa.

– Não significa nada, Liv. Tranquei porque com o escuro eu fiquei com medo de alguém tentar entrar.

– Vamos de perguntas então, eu começo – Olivia falou e Megan assentiu – Eu tenho razão quanto ao olhar que eu vi no seu rosto?

– Não! – Megan foi categórica – Minha vez. De quem é essa camiseta que você tá usando? Não é do Adam que eu sei.


     "Droga, Olivia, sua burra!", repreendeu-se mentalmente por esquecer de trocar a blusa antes de voltar para casa.


– Ela é... é do... do meu pai – forçou um sorriso – E quanto ao se...

– Não é do seu pai – Megan interrompeu – A menos que seu pai tenha dois metros de altura e se chame Oscar – sorriu – Vocês se pegaram?

– É a minha vez de perguntar! – Olivia tentou se esquivar – Por que você não quis que eu dormisse na sua casa no dia do apagão?

– Eu quis dormir – deu de ombros – Já que agora é minha vez, repito, vocês se pegaram?

– Não – mentiu e ficou sem saber o que perguntar, mas Megan foi mais rápida.

– Então por que você saiu da casa dele cheia de risadinha e usando uma camiseta dele? – Megan abriu um sorriso triunfante.

– Ai Megan, você some por uns dias e volta com umas ideias tão absurdas...


     Mais uma vez Olivia desconversou e decidiu arrumar o quarto. Assim que entrou no cômodo deu um suspiro alto, não se lembrava da última vez em que o cômodo ficou tão bagunçado. Provavelmente seu pai tentou encontrar algo no guarda-roupa no escuro e jogou tudo sobre a cama. Enquanto tentava decidir por onde começar, Megan a seguiu e se jogou no colchão.


– Seu pai dormiu no hospital com o Adam?

– Sim, praticamente obrigou a gente a voltar e ficou lá com o Richard.

– E você não gosta de dormir sozinha em casa, a minha porta estava trancada... – Megan falou e Olivia esboçou um sorriso – Eu sabia! – comemorou sozinha.

– Megan! – Olivia bufou enquanto dobrava as roupas.

– Ai Olivia, pelo amor de Deus, eu passei meu aniversário inteiro bancando a cupido pra vocês dois! Me conta!

– A gente se beijou – Olivia contou sem nem olhar para a amiga, só continuou dobrando as roupas de seu pai.

– E VOCÊ FALA ISSO ASSIM?! – Megan pulou de joelhos sobre o colchão – Me conta tudo!

– Não tem o que contar – deu de ombros e continuou a arrumar o armário – Depois do apagão acabou acontecendo.

– Mas isso não foi hoje, só que você saiu da casa dele hoje! Você dormiu com ele?!

– Sim, eu dormi com ele.

– Só dormiu? – sorriu ladino.

– Só dormi.

– Isso é tão... íntimo.

– Meg, a gente só dormiu.

– Eu entendi, e estou afirmando que dormir juntos é tão íntimo. É mais íntimo do que sexo.

– Como é? – Olivia franziu o cenho e encarou a amiga.

– É sério. Eu também achava que não, mas você lembra da Rebeca, aquela minha amiga brasileira? – Olivia assentiu e Megan continuou – Então, um dia nós estávamos falando sobre isso e eu afirmava que nada era mais íntimo do que a troca de fluídos, até que ela me convenceu do contrário.

– E você vai me convencer que eu e o Oscar somos muito íntimos porque dormimos juntos?

– Sim. Pensa comigo, Liv, quantas pessoas nós já transamos e depois voltamos pra casa? Agora me diz quantas nós decidimos passar a noite? Você e o Oscar decidiram dormir juntos mesmo sabendo que durante a noite pode acontecer roncos, alguns puns involuntários, aquele bafo matinal e olhos remelentos. E tudo bem pra vocês.

– Eu nunca havia pensado por esse lado... – Olivia murmurou – A Rebeca tinha razão – finalmente se convenceu.

– Ela era demais. Tem também várias outras coisas mais íntimas...


     Megan voltou a enumerar todas as coisas que havia falado com sua amiga brasileira e Olivia estava prestando atenção e concordando com a maioria enquanto arrumava tudo, até que sua atenção se voltou apenas para o guarda-roupa de David. Ao retirar algumas peças emboladas para dobrar, um envelope que até então estava muito bem escondido debaixo de algumas roupas velhas que seu pai não usava mais escorregou até o chão.

     Olivia se abaixou para pegar o envelope e assim que leu o remetente sentiu um peso atingir em cheio o seu peito, causando uma falta de ar instantânea além do aumento da frequência cardíaca, a fazendo sentir seu coração bater nos ouvidos. Megan parou de falar assim que viu a feição da amiga mudar.


– Isso é uma carta – Olivia estendeu o envelope para a amiga – Uma carta da minha mãe!

Olá meus amores!

Como estão? Espero que bem.

O que será que tem nessa carta da mãe da Olivia?!

Sei que estou sumida, sei que sou uma péssima autora que está deixando os leitores na mão por postar poucos capítulos, mas eu realmente não quero postar tudo de uma vez e depois ficar sem nada num hiato infinito até conseguir concluir a história, espero que me entendam.

A Rebeca, a amiga brasileira da Megan, é a personagem do livro Antes de Partir, de uma grande amiga minha chamada Isadora Brandão (desculpa amiga, não consegui te marcar), o livro está disponível na Amazon no formato e-book e na Uiclap na versão física.

É isso, espero que tenham gostado e não me abandonem, por favor ♥
Beijinhos! ♥

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