Só pode ser brincadeira!
De mal gosto!
- Milleeeeeee!!
Um pequeno furacão vermelho entrou correndo no meu quarto, mau tive tempo de processar e já estava no chão.
- Aaaaaaaaaaaaaa! - gritei fingindo surpresa. - O Vampiro Colorado está me atacando, o que será de mim? - teatralmente coloquei uma mão sobre o coração e outra na testa.
- Ãn? - ele me olhou confuso - Eu sou o Chapolin Colorado! - ele explicou como se fosse óbvio.
- Mas e o sangue? - pontuei em minha defesa.
Heitor passou as costas da mão pela boca e quando viu o vermelho começou a gargalhar.
- Você é uma boba Mille, eu tava comendo cachorro quente. - ele tentava se segurar para não rir mais.
- E como eu saberia? Pensei que o Chapolin tivesse virado um vampiro.
- Você e suas ideia doidas! - ele saiu correndo antes que eu pudesse pegá-lo.
- Volta aqui! Você não pode falar isso das minhas ideias e sair impune. - disparei na corrida atrás dele enquanto falava.
- Grrrrrrr! - Antoni apareceu a minha frente me fazendo pular pelo susto.
- Meu Deus! Um T-Rex! - dei meia volta e sai correndo dele que tentava me pegar.
- Que gritaria é essa aqui? - meu pai pôs a cabeça no corredor para nos ver.
- Tem um T-Rex aqui! E agora quem poderá nos defender?
- Eu! O Chapolin Colorado! - Heitor se postou a minha frente e estendeu uma mão aberta para Antoni parar.
- Meu herói! - apertei ele e logo em seguida Antoni. - Não tenho mais energia pra tanta correria. - me sentei no chão puxando os dois.
- Querida! - olhei para cima - Houve um imprevisto... - ele começou a dizer - e você vai ter que levar os meninos.
- Você está brincando né pai? - sentia o olhar dos dois em min, se contendo na espectativa.
- Infelizmente não, me chamaram para o plantão, não consegui entender, mas parece que alguém quebrou o pé então terei de substituir na ronda.
- E a mamãe? Uma coisa é eu brincar e cuidar deles aqui, se eu sair com eles acabou a minha reputação, o senhor sabe o quão difícil é fazer um amigo no fim do ano? - Se alguém do colégio me ver com os piralhos babau amizade, prazer chacota.
- Eu sei que é difícil pra você querida! Mas assim como você eu também sou novo aqui e não posso recusar esse chamado, estamos aqui porque sua mãe é a melhor e esse é o hospital dos sonhos dela. - odeio quando ele tem razão.
- E o Halloween é onde todos sobem em suas casas assim como o natal pra enfeitar tudo, então ela vai estar cheia de serviço. - murmurei o que eu sabia que ele diria.
- Exatamente! Sabia que poderia contar com você querida! - ele deposita a mão no meu ombro. - Os meninos já comeram mais caso aconteça algo isso deve bastar. - me deu algumas notas de dinheiro - Agora eu preciso ir. - beijou minha testa e saiu pegando a jaqueta.
- Ebaaaaa! - gritou os dois alegre.
- Tô ferrada! - sussurrei.
- Você vai do que? - Antoni perguntou seus olhos até brilhavam.
- Não tenho ideia. - e agora? Vou rasgar um lençol e por pra ninguém me reconhecer?
- Vai de noiva cadáver! - Heitor se juntou a Antoni.
- Não tenho vestido branco pra isso!
- Tem sim o que a vovó te deu! - ele pegou minha mão puxando rumo ao quarto.
- Não vou estragar o vestido que a vovó me deu com corante! - falei já desviando dessa ideia.
- Mas ela nem vai saber, duvido que se lembre. - ele parou em frente a meu guarda roupa.
- Ela pode não se lembrar, mas eu vou! Pode tirar isso da cabeça.
- Mas seria tão legal. - seu sorriso murchou.
- Mas não é possível. O que eu posso usar aqui! - comecei a avaliar minhas opções.
- Você pode ir de borboleta. - Antoni sugeriu.
- Claro que sim, e parecer uma criança. - pontuei.
- Você tem tamanho. - Heitor falou já rindo.
- Cala a boca! - olhei meus patins no chão - Só me faltava essa, será que não tem mais nenhuma criança desacompanhada que eu deva levar? - falei ironica.
- Verdade! Vou ver. - Antoni saiu correndo sem nem me dar a chance de dizer que eu não estava falando sério.
- Mas que droga! Não posso nem ficar brava porque adoro esse garoto e a culpa foi minha. - Olhei Heitor que agora tinha uma camiseta branca em mãos.
- Não da pra usar ela e fingir que é vestido?
- Não! Mas podemos pintar ela com os spray de cabelo e eu vou de Harley Quinn.
- Os patins dela não são assim! - ele apontou.
- Então eu serei a Mulher Maravilha Quinn. - retirei meus patins da Mulher Maravilha e peguei um shorts.
- Isso não existe. - Heitor resmungou.
- Pare de implicar com meus patins e vamos logo ao trabalho. Pinta uma manga de cada cor enquanto eu prendo meu cabelo.
- Tá bem! - apanhou tudo e saiu contrariado.
Olhei tudo o que precisaria e comecei a arrumar. Cabelo okay, maquiagem okay, unha postiça colorida okay, tintura...
- Heitor preciso dos Spray! - Gritei e ele veio correndo tentando não derrubar nada no caminho.
- Acho melhor colocar a camiseta primeiro né! - olhei o que ele havia feito e para uma criança de 8 anos ele não manchou nada como eu esperava que acontecesse. - Rabisquei "Daddy's lil monster" com canetão preto e coloquei.
Chacoalhei as latas e rapidamente passei tentando fazer o mínimo de bagunça.
- Anda logo, já está na hora de sair e precisamos achar o Antoni. - tinha esquecido disso.
- Tô pronta! - terminei de amarrar os patins e me levantei. - Pegue seu cesto!
Apanhei as chaves enquanto esperava que ele voltasse. Assim que passou por mim fechei a porta, segurei no corrimão e desci os três degraus.
Fechei o portão é olhei para a esquerda.
- É brincadeira isso! - um mini Michael Jackson todo de vermelho andava na frente de alguns zumbis e ao seu lado um T-rex.
- Eu falei pra você se fantasiar de noiva cadáver. - Heitor sussurrou.
- Claro! Eu advinharia que o elenco de thriller estaria chegando para me fazer companhia.
Ele deu de ombros e se juntou aos demais. - Agora tenho de cuidar de 10 crianças. O que mais falta?
- Olivia! Escutei o grito e vi a zumbizinha se virar para trás. - Seu cesto!
A garotinha foi até nada mais nada menos que o líder do time volei da escola. Mais essa!
- Então é você que vai cuidar dos pestinhas, ti devo uma, estava encrencado com essa aí. - ele afagou os cabelos da garota.
- Pois é, que bom que alguém se deu bem. - Sussurrei. - Tenho que ir. - falei tentando sair dali o mais rápido possível.
- A propósito adorei a fantasia, mas os patins dela não são assim! - Adan falou sorrindo.
- Eu te disse! - Heitor gritou.
- Cala a boca! - retruquei. Avaliei a roupa que Adan estava usando, mas não me parecia muito diferente das que ele costumava usar - Você está do que? - perguntei curiosa.
- De jogador de basquete. - Ele deu uma piscadinha - Hoje eu sou o Troy!
- Certo. - sorri e comecei a andar - I gotta go my own way.
Olhei para trás a ponto de ver seu sorriso aumentando e me uni ao meu exército de mini zumbis.
Bati na porta mais próxima e sai correndo, não poderia ter escolhido uma fantasia melhor, com o melhor acessório, meus queridos e amados patins.
As crianças vinham correndo logo atrás e ficavam esperando. Assim que a porta abria, gritavam todas juntas.
- Gostosura ou travessura! - não queria estar na pele dos moradores.
Estava até divertido, até eu chegar na casa errada.
Estiquei o braço para bater e a porta se abriu quase me desequilibrado.
- Vejam quem temos aqui, se não é a novata! E ainda por cima com as crianças. - A típica patricinha com a típica roupa da coelhinha da Play Boy, Ashley Thompson - Você não percebeu que não tem mais idade pra isso querida, sair pedindo doces com um bando de crianças, mas que vergonha.
- Não fala assim com ela! - Heitor entrou na minha frente quando viu que eu me afastava de vagar.
Só queria sair correndo dali o mais rápido que meus pés com patins conseguiam.
- Olha só, ela deixa o pestinha a defender, mas que patético.
- Patética é você! - Antoni se juntou a Heitor e quando olhou pra trás seus olhos tinham um brilho diferente - Ninguém fala assim com a Mille. ATACAR!
As crianças entraram dentro da casa derrubando Ashley e tudo o que viam pela frente, algumas usavam sprays que eu nem sabia que carregavam. Fiquei em shock, não acredito que eles estavam fazendo isso por mim.
- Vamos embora! - gritei chamando a atenção de todos que já haviam causado grande estrago dentro da casa, Ashley estava descabelada de tanto gritar e eles nem prestarem atenção.
Olhei meu relógio e já era 9:40, estava cheia de orgulho dos meus pestinhas por terem me defendido, porém eu tinha que devolver eles. Precisava, devolver eles, aquela gritaria já estava me dando dor de cabeça.
- Essa é a última casa e então vamos embora. - avisei tocando a campainha.
Ninguém discutiu acredito que a travessura tenha esgotado suas forças.
Com os cestos cheios de doces voltamos calmamamente para casa. Teria de deixar um a um e a primeira é Olivia.
- Já voltaram. - Adan nos saldou. - Mas antes de deixa vocês ir eu preciso de algo. - pegou um rádio colocou no ombro e apertou o play. - Dancem!
Os acordes de thriller começou a tocar e o pouco de energia que tinham gastaram dançando todos desengonçados e eu cai na gargalhada, não conseguia assistir aquilo sem rir.
- Eu pensei que eles soubessem a coreografia! - Adan disse baixinho tentando esconder o sorriso.
Um dinossauro correndo e dando rabada nos zumbis que caiam dramáticamente no chão, um Chapolim pulando por eles e virando cambalhotas e um Michael Jackson dançando igual robô estava bem longe de ser a coreografia do clipe.
- Você pediu de mais. - Falei ainda rindo.
Ele depositou o rádio no chão e foi pro meio deles dançando como deveria ser.
Até que não foi uma noite ruim, se amanhã eu for motivo de chacota que seja, no entanto hoje me diverti horrores.
Retirei meus patins e me juntei a eles na dança maluca.
Quando finalmente voltei pra casa desabei na cama, o banho poderia esperar até amanhã.
Fim🎃
Obrigada a todos que leram esse conto pra lá de maluco. Espero que tenham gostado ❤️
Um forte abraço de urso ʕっ•ᴥ•ʔっ❤️
Até mais...
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