Chapter one
Capítulo um| Primeiro dia
Um barulho irritante se repetia pela quinta vez naquela manhã, indicando que finalmente era o dia de voltar a maldita escola e ter que suportar toda aquela gente irritante durante o resto do ano.
Levantei da cama irritada e fui logo para o banheiro, para fazer minha higiene matinal.
Assim que terminei, fui para a cozinha fritar a mortadela para merendar. Pude ver meu pai, com sua barba enorme, seu olho roxo e seus cabelos arrepiados, sentando na mesa.
O mesmo parecia ter brigado dois dias atrás, defendendo um garoto, cujo era o nosso novo vizinho.
- Bom dia, pai.
- Bom dia.
Peguei um prato e coloquei dois pedaços de mortadela, junto com uns ovos mechidos e queijo derretido. Coloquei no prato em frente a meu pai e coloquei um pouco no meu prato.
Me sentei e logo comecei a comer.
Eu havia chegado ontem a noite da viajem de Chicago. Meu tio Joe é uma cara rico com uma empresa, então não passava tanto tempo aqui comigo, o que eu já estava acostumada.
Diferente da minha mãe, Tio Joe nunca me deixou. Ele sempre cuidava de mim e me ajudava de qualquer maneira, adorava o esforço e dedicação que ele tinha pelo seu trabalho.
- O seu tio veio te deixar?
Concordei com a cabeça e bebi meu café.
- Sim. Ele até ia ficar mas precisou ir logo, por conta do trabalho.
Ele resmungou e deu de ombros.
- Ainda bem.
Soltei um risada, que foi acompanhada por ele.
Meu pai e ele nunca se deram bem. Motivos? Meu tio odiava meu pai por ser um velho bêbado e desempregado. Ele sempre tentava me fazer morar com ele em chicago, o que nunca aceitei. Não queria abandonar meu pai dessa maneira, amava muito ele pra abandoná-lo.
- Você vai escola com as suas amigas?
Quase me engasguei com sua pergunta mas consegui disfarçar com uma tosse.
Meu pai não sabia sobre o Steve e nem sobre o vídeo que ele espalhou pela escola toda, que supostamente era eu.
Semanas antes das férias de verão chegar, Steve foi transferido para outro colégio e o vídeo foi denunciado e excluído. A diretora havia descoberto e o confrontou, conversando com ele e com seus pais.
A parte boa, além dele ter pagado pelo o que fez, foi que ela não me procurou, então não soube dos boatos de ser eu. E também não falou com o meu pai, o que eu agradeci mentalmente.
- Ahn... não. Eu pensei que você poderia me emprestar o seu carro hoje.
Meu pai deu uma tossida e riu. Achando que era uma piada mas o mesmo quando viu que não ri junto com ele, ficou sério e negou rapidamente com a cabeça.
- De jeito nenhum!
- Qual é pai! Hoje é o meu primeiro dia de aula, não posso pelo menos ir dirigindo?
- Não! Dá última vez que você dirigiu, atropelou um gambá.
- Mas ele apareceu do nada, não foi de propósito!
Ele revirou os olhos, voltando a comer, enquanto eu continuava insistindo para ele me deixar dirigir.
~
Depois de minutos insistindo para ele me deixar dirigir e o mesmo negar, desisti. Agora o mesmo parava o carro em frente a escola.
Respirei fundo e levei meu olhar para o homem.
- Não pense que vou deixar isso pra lá. Eu ainda vou dirigir esse carro, nem que eu tenha que brigar com você por isso.
Ele deu uma risada e depositou um beijo na minha testa.
- Vai pra aula, garota.
Desci do carro e fui caminhando em direção a escola.
Meu pai continuava lá, me observando, para ver se eu não iria matar aula igual ao meu irmão, Robby.
Robby e eu tínhamos nossas diferenças mas estávamos sempre ali um pro outro. Diferente da sua raiva contra o nosso pai, ele nunca sentiu tal coisa por mim. Ele sempre estava lá quando eu precisava e sempre se importava comigo.
A maioria das noites em que meu pai capotava após encher a cara, eu ia dormir na casa do meu irmão. Eu precisava dele e sabia que ele precisava de mim, ou pelo menos eu pensava que sim.
Seguia em meu armário, guardando um livro.
- Bom dia, Sarah.
Levei minha mão ao peito ao ouvir a voz de Moon.
- Que susto! Bom dia.
Moon deu uma risada e logo juntou seu braço com o meu, para andarmos juntas até a sala de aula. Teríamos aula juntas.
Diferente de Samantha e Yasmine, Moon me escutou e entendeu o meu lado. Nossa amizade ainda continuava de pé, após as mentiras de Steve Harrington.
Quando o sinal foi finalmente tocado, indicando que era hora do intervalo, senti uma tristeza imensa. Pois sabia que teria que me sentar sozinha.
Moon sentaria com Samantha e Yasmine, então sem chance de perdir pra sentar com ela. Já havia passado por muita humilhação, não insistira nada pra aquela loira magricela.
Peguei minha bandeja e procurei um lugar vazio com o olhar para sentar. Quando Meus olhos pararam em um garoto que, por ironia do destino, olhava para mim.
Senti meu estômago revirar mas decidi ignorar isso e fui caminhando até a mesa onde ele estava.
Havia quatro garotos e uma garota, todos eles pareciam ser nerds, não que eu me importasse muito com isso no momento. Tinha certeza de que eles eram mais leais do que as antigas amigas com quem eu sentava.
- Oi, eu posso me sentar com vocês?
Um branquelo me olhou com o cenho franzido, o outro do lado dele me olhou surpreso mas disfarçou abaixando a cabeça, envergonhado. O garoto que me olhava confirmou com a cabeça e deu espaço pra mim sentar do seu lado. Agradeci sorrindo e coloquei minha bandeja em cima da mesa.
- Eu sou a Sarah.
- Eu sou o Demetri, esse aqui é o Eli.
O garoto se encolheu, Escondendo uma cicatriz em seu lábio.
- Ele é um homem de poucas palavras. Esse aqui é o Bryan, essa é a Maya e esse é o...
- Miguel. Eu sou o Miguel Diaz, é um prazer te conhecer Sarah.
Sorri, olhando para o garoto.
Ele era fofo, tinha uns olhos muito chamativos e um sorriso radiante.
- É um prazer conhecer todos vocês.
- Escuta, desculpa a pergunta mas porquê está sentada aqui e não com as meninas gostosas do colégio?
Revirei os olhos e pude ver Maya me acompanhando, possivelmente ela havia recebido a mesma pergunta quando começou a sentar com eles, por conta de ser uma garota.
- Não é que eu estou reclamando, é só que.. você é uma garota e é gostosa. Não faz sentido nenhum você querer sentar numa mesa onde só tem nerds, fracassados como a gente.
- Ele fez exatamente essa pergunta pra mim quando me sentei pela primeira vez com eles. - Comentou Maya rindo.
Soltei uma risada e dei de ombros.
- Eu tenho certeza que vocês são mais divertidos do que elas e também ali não é o meu lugar. Não sou como elas.
Em parte era verdade, a maldade da Yasmine me deixava enjoada. Odiava a forma como ela tratava as pessoas a sua volta, se sentindo superior a elas.
- Meu Deus! Uma garota gostosa, com todo o respeito, acha que sentar com a gente é melhor do que com as garotas gostosas do colégio? Acho que o mundo vai acabar!
- Você realmente tá obcecado nesse papo de gostosas não é?
- Você tá brincando? Olha só pra elas!
Eles soltaram uma risada, fazendo eu os acompanhar.
Demetri ficou o intervalo inteiro falando sobre a Yasmine e eu, bom, não conseguia tirar o sorriso da cara com ele. Ele fazia qualquer um rir, mesmo com suas piadas horríveis.
Eu podia sentir o olhar de Miguel em mim, coisa que fez com que eu nem levasse o meu olhar para ele, pois sabia que travaria. Meu estômago revirava, coisa que me deixou bastante irritada pois a última vez que senti isso, tive o meu coração partido e eu não podia sentir nada, havia acabado de conhecê-lo, não é? Minha mente gritava, enquanto tentava ignorar tudo isso e voltar a rir do bobão do Demetri.
É, eu tinha razão, sentar com eles havia sido minha melhor decisão. Nunca tinha me sentindo tão bem e tão aceita quanto naquele momento. Minha barriga doía de tanto rir das piadas dele. Coisa que nunca tinha acontecido quando estava com as meninas.
Eu nem havia percebido mas Samantha olhava para a nossa mesa, sentindo uma pontada de arrependimento crescer em seu peito...
~
Quando as aulas finalmente acabaram, fui caminhando pelo corredor, indo em direção ao meu armário. Assim que cheguei, pude notar que havia uma foto colocada em meu armário. Era do mesmo vídeo que Steve espalhou pela escola toda, onde, supostamente eu, estava aos amassos com ele atrás do fliperama.
Todos olhavam para mim e soltavam alguns cochichos.
Senti meu coração acelerar e uma enorme vontade de chorar naquele momento mas segurei, ergui minha cabeça e fui até a foto, arrancando ela do meu armário, a amassando e a jogando no lixo.
De longe, Yasmine sorria que nem uma idiota, deixando bem claro quem havia feito isso.
Senti uma enorme raiva crescer em meu peito e quis tanto quebrar a cara dela com um chute mas não ia dá esse gostinho de satisfação ao me atingir, iria ignorar. Algum dia ela iria se arrepender disso.
Ao sair da escola, fui caminhando até a casa de Robby. A caminhada durou uns minutinhos e quando finalmente cheguei, bati na porta do mesmo. Ao abrir, pude ver uma cara irritada se transformar em um sorriso surpreso.
- Sarah!
Robby me abraçou, me levantando no ar, quase me sufocando de tão forte que me abraçou.
- Você vai me matar, seu maluco!
Robby soltou uma risada e depositou um beijo em meus cabelos.
— Senti tanta a sua falta!
– Eu também senti a sua mas pode por favor me deixar respirar?
Ao me colocar no chão, Robby deu espaço para mim entrar em sua casa. Havia caixa de pizzas e bebidas jogadas na mesa de centro da sala, deixando claro o motivo pelo o qual não foi a escola.
- Robby...
Ele revirou os olhos, se preparando para o meu falatório, pois sabia que eu me importava, até demais com o futuro dele.
- Você continua andando com aqueles idiotas?
- Sarah, qual é! Não vem dá uma de Johnny por favor!
Revirei os olhos e me joguei no sofá, suspirando cansada.
- Eu não tô dando uma de Johnny, só tô me importando com o seu futuro. Esses caras não vão te levar a um bom lugar, maninho.
Ele se sentou ao lado e soltou um suspiro.
- Você mal conhece eles.
Bufei.
- Tem razão mas tá na cara que eles estão fazendo você seguir um caminho errado.
Robby soltou um suspiro.
- Eu só quero que você possa ter um futuro, não quero te ver perdido no mundo por causa das suas amizades. Eu te amo muito pra deixar isso pra lá.
- Eu sei.. mas é muito mais complicado que isso, maninha. Podemos deixar isso pra lá, matar a saudade que sentimos um do outro e assistir algo legal?
Revirei os olhos, sorrindo e concordei com a cabeça.
- Tá legal, seu chato.
- Eu também te amo, maninha.
Ele riu e depositou beijo em minha testa.
~
Passar o restante do dia com Robby havia sido bastante divertido.
Assistimos e comemos tanta besteira que minha barriga embrulhava.
Assim que cheguei em reseda, pude ver meu pai conversando com alguém no telefone. Quando me aproximei, o mesmo encerrou a ligação e sorriu fraco ao me ver.
- Sarah, que bom que chegou. Tenho uma notícia pra te dar.
- Contanto que seja notícia boa, pode mandar que eu tô pronta.
- Eu reabri o cobra kai.
Franzi o cenho e cruzei os braços.
- O cobra kai? O seu antigo dojô?
Ele concordou com a cabeça.
- O nosso vizinho, Diaz deu essa ideia de abrir um dojô e ganhar dinheiro sendo o sensei dele. O que acha?
Franzi o cenho mais ainda.
- Perai, você disse Diaz? Miguel Diaz?
- É, você conhece ele?
- É, estudamos juntos. Bom, isso parece ser uma ideia boa mas onde você pretende abrir um dojô e principalmente, com que dinheiro?
Ele ergueu um cheque meio rasgado e sorriu animado.
- Com isso e já tenho um lugar em mente. O que me diz? Topa ser minha segunda aluna e me ajudar a salvar aquele nerd?
Soltei uma risada e concordei com a cabeça.
- Sim, sensei!
Meu pai me deu um abraço e entramos pra dentro de casa.
Eu podia sentir que isso de alguma forma ajudaria meu pai e talvez a mim. Voltar a treinar karatê parecia ser uma ótima ideia pra tirar todos esses problemas da cabeça.
Mal sabia eu que consequências cruéis esperavam por mim...
Notas da Autora:
Primeiro capítulo postado, espero que gostem!
Comentem e interagem comigo, isso me anima!
Se preparem porquê nem tudo será flores...
Bjos da thay!
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