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Qualquer erro durante o capítulo, me avisem. Pode ter passado despercebido durante a revisão.
Capítulo em comemoração a minha aprovação na facul. Amo vocês.
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[ Partes em itálico são lembranças]
“Trick or treat"
• Dray
A sala era decorada com tons neutros, haviam algumas revistas em cima de uma mesinha, o sofá era confortável e a recepcionista só fazia barulho se fosse atender o telefone.
Haviam poucas pessoas na sala, a Pansy estava ao meu lado apertando a minha mão com força, ela parecia mais nervosa do que eu.
Quando eu descobri o que era ser uma pessoa transgênero com os trouxas, eu passei a pesquisar sobre o assunto e procurar casos no mundo bruxo.
Eram poucos, mas conseguimos encontrar esse lugar.
Sra. Bones era uma medibruxa que havia passado um tempo na Londres trouxa. Ela se especializou em vários casos, lá ela era psicóloga.
- Draco Malfoy - ouço uma voz feminina chamar.
- Vou estar te esperando - a Pansy fala ao soltar minha mão.
Caminho lentamente até o escritório dela. Passava uma sensação de aconchego e o sorriso dela me deixou tranquilo.
Ela tinha paciência, me escutou contar sobre minha vida e sobre o assunto que eu tinha vindo falar.
Me explicou várias coisas que eu precisava saber.
Eu havia nascido com o órgão genital masculino, então me ensinaram a ser um menino.
Mas eu sabia que algo estava errado. Eu era uma menina, apesar do pênis existir.
...
Foram muitas sessões e conversas até eu iniciar a transição. Era mais rápida do que a usada em trouxas, por causa do nossos avanços na área medicinal do mundo bruxo.
Meu cabelo começou a crescer, minha pele ficou mais oleosa, a gordura começou a ser realocada para dar volume aos quadris, os seios crescerem. Minha cintura ficou mais fina, assim como a minha voz.
É claro que essas mudanças não iriam passar despercebidas em casa. Chegaria uma hora que eu teria que contar aos meus pais.
Minha mãe me viu um dia, ao entrar no quarto, eu tentei me enconder atrás do roupão, mas o meu reflexo no espelho ficou visível.
Ela chorou muito nesse dia, enquanto ela me abraçava e acariciava meus cabelos um pouco compridos. Ela murmurava: “Meu garotinho" “meu príncipe" “Onde eu errei?"
Aquilo partiu meu coração.
Mas minha mãe me amava demais, ela me escutou. Claro que ela temia por mim. Ela não sabia qual seria a reação do meu pai, mas mesmo assim foi até a medibruxa e conversou com ela. E entendeu o que acontecia comigo.
Nós fomos juntas contar ao meu pai. Nesse dia eu achei que ele lançaria uma avada kedavra do ódio que vi em seus olhos.
Ele me xingou de diversas coisas, ameaçou me deserdar e disse que só não bateria em mim, pois tinha nojo de me tocar.
Meu coração foi quebrado.
Eu passei a vida tentado orgulhar meu pai, mas por mais que eu fizesse algo, eu nunca conseguia. Nesse momento eu desisti e passei a prezar pela minha felicidade.
Foi um longo caminho para meus amigos, minha família e para mim, reaprender a usar os pronomes e acostumar com um novo nome.
As roupas não eram um problema.
Roupas não tem gênero.
Eu poderia estar de terno, mas se eu era uma garota, isso não mudaria em nada. Eu apenas era uma garota usando terno.
Eu passei a usar saias durante a transição por causa do volume que eu queria esconder, não pelo fato de aquilo me fazer uma garota.
Usar o uniforme feminino em Hogwarts foi estranho, eu era acostumada a usar calça. E eu não via problema nenhum em usá-las novamente. Mas como uma norma e agora que eu era a Dray, não só por dentro,mas por fora também, concordei com aquilo.
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Outubro havia chegado, assim como os jogos de quadribol. O primeiro jogo da Sonserina havia sido contra a Corvinal, ganhamos por poucos pontos de diferença, porque eu consegui pegar o pomo.
Não queria jogar contra a Grifinória tão cedo. Não por medo, me entendam. Eu nunca teria medo daquele time da Grifinória.
Mas é porque eu jogaria contra o Harry e digamos que agora nós éramos amigos.
Desde o “encontro" para olhar as estrelas nós havíamos ficado próximos. Nós conversávamos no pátio, éramos dupla durante as aulas de poções e levávamos reclamação da bibliotecaria quando riamos alto demais.
O Harry era um garoto legal. Ele não era o Potter, famoso que eu imaginava que ele fosse.
O Harry era o garoto que meu pai queria que eu fosse, famoso, amado, o melhor. Era esse o meu problema com o Saint Potter.
Eu voltei a chamá-lo pelo sobrenome para o provocar. Ele se irritava com isso. Claro que eu disse que aprendi todos esse apelidos com meu irmão.
Ele me chamava de Malfoy também, mas ele preferia usar meu primeiro nome.
Por causa dessa aproximação, eu tinha que aguentar a cara emburrada dos amigos dele. O trio de ouro que me desculpe, mas eu já estava mais do que acostumada a vê-los assim. E tinha que suportar as provocações dos meus amigos.
Se eu ouvir mais uma vez a Pansy falar sobre “Drarry" em meu ouvido eu vou azará-la. Eles fazem brincadeiras e ficam me envergonhando na frente dele.
Eles estão até conversando agora.
Me diz quem deu autorização pra eles serem amiguinhos do Potter?
Traidores!
...
- Eu e o Blaise vamos ser seus padrinhos é claro - ela falava enquanto eu trançava o meu cabelo - É claro que o Potter, vai chamar a Granger e o weasel.
- Parkinson, cala boca - murmurei.
- Mas não vamos deixar ela opinar muito, eu que tenho bom gosto aqui - ela continuou a me provocar - É do seu casamento que estamos falando, Dray. Tem que ser o melhor. E vai estar nas manchetes, né? O Potter é famoso.
- Accio travesseiro - apontei para a cama do Blaise fazendo questão que ele batesse na cabeça dela durante o percurso.
- Dray! - ela reclama enquanto tenta rearrumar o cabelo.
- Cadê meu travesseiro? - o Blaise murmura ao tatear a cama.
- Desculpa, Blaise - o devolvo, já que ele estava mais dormindo do que acordado.
- Você já não deveria ter ido tomar café e encontrar o seu namoradinho antes das aulas - ele dá um sorrisinho ainda de olhos fechados.
- Retiro as desculpas, Zabini - puxo o travesseiro e o lençol que o cobria.
- Você acha que nos ofende chamando pelo sobrenome? - ela me olha rindo - Sabemos que agora é sua forma de demonstrar amor, não é Potter? - ela dá um risinho.
- Cara-de-lesma - pego minha varinha e a azaro, mas ela se abaixa fazendo com que o feitiço saia pela porta e se choque com o aluno no corredor.
- Você me azarou? - ela me olhou chocada - Não quero mais brincar - cruzou os braços.
Passei o meu braço pelo pescoço dela e deixei um beijo na bochecha dela, enquanto a puxava para fora.
Vimos um garoto sextoanista que se achava o gostoso vomitando lesmas.
- Eu deveria ajudá-lo? - olho pra ela sorrindo, pois sabíamos que ele era um idiota.
- Não - ela nega com a cabeça sorrindo - Ele se vira.
Fizemos o longo caminho até o grande salão e a cada dia o número de pessoas que me zoavam e me xingavam ficava maior. Eu sabia que não manteria esse segredo por muito tempo, mas não achei que seria tão rápido.
- Aberração - ouvi alguém murmurar.
- Deveria ter sido preso depois da guerra, agora tá aí passando vergonha - outro falou.
Suspirei e fingi não escutar o que aquelas pessoas falavam. Era triste que o mundo bruxo por mais liberal que fosse ( casamento entre pessoas do mesmo sexo era normal para nós) Não entendesse isso.
- Ei - A pansy me olha e me aperta pelos ombros - Não liga pra eles.
Claro que eu tentava não ligar, mas os olhares tortos, os comentários ditos altos demais para me atacar. A necessidade que eles tinham de me fazer me sentir culpada por algo normal. Por ser quem eu sou.
Ao chegarmos no grande salão, o Harry sorri pra mim e acena. Retribuo o gesto e sigo para minha mesa.
Alguns alunos mais novos acompanhavam os meus movimentos e murmuravam algumas coisas, outros davam risadinhas.
Me aproximei de um pequeno grupo de alunos primeiroanistas que sussurravam algo e me sentei entre dois garotos.
- Qual o assunto de hoje? - encarei eles que ficaram em silêncio - O gato comeu a língua de vocês?
- Não. É que.. que - o garoto moreno gaguejou - Ouvimos algo no salão comunal.
- Fofoca é algo muito feio garotos - eu continuo os encarando, enquanto a Pansy me esperava em pé - Vocês vão me dizer sobre o que ouviram! - dei um sorriso.
Aquilo era uma ordem disfarçada de pedido.
- Disseram que você... A senhorita - o garoto loiro se corrigiu e eu tive vontade de apertar suas bochechas que ganharam a tonalidade de vermelho - Era um garoto.
- Eu sou uma garota - afirmei - Não acreditem em tudo que escutam por aí.
- Certo - um outro garoto concordou.
- Outra coisa - continuei - As vezes pessoas nascem meninas, mas se sentem meninos.
- Lésbicas? - um garoto franziu a sobrancelha.
- Não - acariciei o cabelo dele - Ser Gay, lésbica ou hétero tem haver com a sua orientação sexual. É por quem você sente desejo.
Mas o que eu quero explicar é algo mais que isso. Tem meninos que nascem com um pênis, mas são meninas. Só vieram em corpos errados.
- Ahh - eles concordaram é um garoto ruivo falou - Minha irmã mais velha, tinha um pênis, mas no coração ela era menina. Então, ela se livrou dele para se sentir mais menina ainda.
Sorri para ele.
- Você deixou de gostar da sua irmã? - perguntei.
- Não - ele negou rapidamente - Era legal ter um irmão, mas ele era triste. Agora ela está feliz. E também gosto de ter uma irmã. Continuamos fazendo as mesmas coisas.
- Viram? - eu sorri - O que as pessoas são por fora, não muda o que elas são por dentro. Sejam legais com as pessoas, todo mundo merece ser amado. Vocês não gostariam de ter gente fofocando sobre vocês, gostariam?
Eles negaram rapidamente e me pediram desculpas.
- Bom café - levantei e vi a Pansy sorrindo orgulhosa pra mim.
- Tchau, Dray - eles falaram - Você é incrível.
Eu quis chorar. De alegria dessa vez.
[...]
Outubro chegava ao fim e com ele o grande jantar de Halloween. O grande salão ficava decorado e nós tínhamos um jantar e tanto.
Nós não vestimos fantasias como os trouxas fazem. Apenas seguimos o calendário e comemoramos essa data.
Vesti uma saia preta, assim como a blusa de manga comprida que fazia meus peitos parecerem maiores ( eles ainda eram bem pequenos) coloquei as meias e as botas. E arrumei meu cabelo, antes de passar perfume e descer.
O pirraça parecia pior hoje, estava aprontando travessuras e assustando diversos alunos.
Caminhamos juntos com vários outros alunos do sétimo ano para o Grande Salão. Depois do jantar ainda teríamos doces e cerveja amanteigada (que alguém conseguiu fazer entrar no colégio)
O local estava bem iluminado, o cheiro de comida fez minha barriga roncar. As mesas estavam repletas dos mais variados pratos.
Havíamos perdido o discurso da Minerva, mas chegamos na melhor parte que era o jantar.
Comemos até não aguentar mais.
Aos poucos as pessoas foram se retirando das mesas e seguindo para os seus salões comunais.
O Harry fez sinal com a cabeça e eu concordei, esperando que ele soubesse fazer leitura labial dizendo que o esperaria lá fora.
Levantei junto com os meus amigos e sai, mas parei ao final do corredor.
- Você não vem? - o Nott me perguntou.
- Podem ir na frente - dei um sorriso - Eu já chego.
- Vamos, Nott - a Pansy puxa o braço dele - Não queremos ser vela.
- Idiotas - murmuro ao ver o grande grupo sorrindo.
...
Eu já estava ficando impaciente com a espera quando sinto duas mãos sobre os meus olhos. Eu iria puxar minha varinha quando escuto a voz.
- Gostosuras ou travessuras? - era o Harry.
- Pode ser os dois? - pergunto ao ficar de frente para ele.
- Como? - ele me olha confuso.
- Algo pode ser gostoso, mas travesso ao mesmo tempo - dou de ombros.
Eu vinha pensando naquilo há um tempo. Eu não tinha nada a perder.
Talvez eu tivesse enlouquecendo.
- E o que seria? - ele arqueia uma das sobrancelhas me provocando.
- Isso - envolvo meus braços no pescoço dele e o puxo pela nuca juntando nossos lábios.
Meu coração estava disparado, eu estava com medo que ele recusasse ou me empurrasse.
Mas ele me puxou pela cintura juntando ainda mais nossos corpos.
Sua língua tinha o gosto do suco de abóbora, passei minhas unhas que agora estavam mais longas no cabelo dele.
Terminamos para tomar fôlego e ele deixou uma fraca mordida em meu lábio inferior.
- Feliz Halloween - deixou um beijo casto nos lábios dele e ajeito meu cabelo sorrindo.
- Feliz Halloween - ele ajeita o óculos no nariz e sorri deixando suas bochechas vermelhas.
De todas as vezes que eu havia deixado o Potter sem fala, essa tinha sido a melhor delas.
- Já passou do horário - ouvimos a voz do Filch - Vão para as suas casas.
Aceno e me apresso pelo corredor mal iluminado, enquanto ele continua parado com as mãos nos bolsos da frente da calça sorrindo abobado.
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Votos e comentários fazem uma autora feliz.
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