Violeta
1
Alguma coisa não está certa. Havia algo que não sei dizer muito bem, é uma tristeza que não sei explicar. Cores azuis, o toque da melancolia, o que fazer nessas cinzas? São apenas cinzas e nada mais que cinzas? Várias pessoas e simplesmente aqui no canto sozinha? Cinzas? E mais uma história contada por meio de metáforas, mais uma vez quero te colocar aqui e viajar nessas loucuras que penso. Cinzas, de novo não, as cores da depressão vem e tudo se faz ser escuro de novo.
Afastada estou das cores que por vir não apareceram, a quietude da minha alma. Silêncio. Apenas eu. Eu? O som do silêncio é apenas o som que posso fazer. Grito da alma, choro interno. Com meus amigos não consigo me soltar, ser eu. É como se a vergonha, a impotência, fosse me dominar de novo e de novo e isso é horrível.
Eu me levanto da cama toda bagunçada. Me sinto cansada. Meu quarto está uma grande zona. De verdade eu quero ficar aqui em casa o dia todo. Me sinto sem forças pra sair daqui. Sabe, o lugar onde estou é a minha alma, meu mundo particular. Estou sem forças. Volto a deitar. Quarto escuro. TV desligada. Sozinha... Simplesmente sozinha. Sou só eu, aqui, agora, aqui dentro da minha alma. Opa... Você tá aqui. Meu cachorrinho Bob, vive lambendo meu rosto, como agora. Ei, para seu lindo, amo você. Pois é, ele me dá uma forcinha pra levantar, meu único amigo? Ué, eu tenho amigos. Sozinha eu não estou, ou estou?
Me troco e coloco minha roupa favorita. Desço. Preparo o café, amo pão com queijo, café com leite. Saio da minha casa e pego a minha bicicleta vermelha, irei dar uma volta no parque, coloco o capacete preto e monto e ando nela. Sim, meu cachorrinho ficará bem sozinho em casa, agora me encontro numa rua molhada pela chuva.
Ninguém na rua. Apenas um carro preto à frente e um branco no outro lado da rua. Mas não tem ninguém andando ou fazendo qualquer outra coisa, tudo, absolutamente tudo está vazio e solitário. Geralmente tudo é assim todos os dias. Sozinha andando de bicicleta. É, meu nome é Violeta, moro com meu cachorro aqui na minha alma, é estranho eu falar em alma né? Talvez seja, mas é onde eu vivo mesmo. Talvez a vida seja apenas uma árvore sem raiz, é você que decide qual raiz quer ser. O que você quer ser? Que escolhas tem feito? O que eu disse pode não fazer sentido, mas para mim faz. Não falo de prisão, mas falo de cura, apenas isso. Feridas. Frustrações. Amor não correspondido, coração partido. Sabe, não tenho muita coisa a dizer, aliás eu tenho mas não acho tão interessante comentar.
Eu continuo andando de bicicleta numa rua vazia, o cheiro do asfalto ficam tão boas após a chuva. Pôr do sol no horizonte. Prédios altos e lojas escuras e fechadas. Descida. Sozinha. Completamente sozinha. Cura. Talvez? E agora? Talvez eu esteja procurando no lugar errado, mas continuo andando com a minha bicicleta vermelha.
O que é aquilo na minha frente? Não entendo.... É uma certa... Claridade... Viro à direita na rua.... Eu tenho que pedalar e perseguir aquilo... Ué?....???... O que está acontecendo?...
- Entre a certeza e a incerteza, a realidade e a ilusão, a metáfora da luz que outrora estará apagada, o que você sabe sobre a vida Violeta?
- Quem é você?
- Sou aquilo que você quer. Sou o que você decidir quem eu seja. Eu sou as cores... Suas cores - Ela fala devagar e manso
- As cores?
- O que você pensa disso?
- O que eu sou? - Será que é isso que ele quis dizer?
- Sim.
- Não entendo...
- Não entende? Ou não quer entender?
- Perguntas...Angústias... - Ele é algo mais estranho que já vi aqui, ele é todo branco, como aquelas estátuas que vemos por aí, reflete uma luz sem vida, a presença dele é pesada e... Vazia? Não sinto medo, mas estranhamente me sinto segura...É difícil de descrever, é enigmático, misterioso, como se estivesse abraçando a minha melancolia.
- Porque você fala em enigmas? - Perguntei
- É a sua expressão pequena artista... Falo da forma que você entenda.
- O que sou ainda é construtivo, você não pode falar o que sou.
- Você que me perguntou, eu apenas respondi.
- O que você quer?
- O mesmo que você quer.
- Eu nunca vi você aqui, como pode saber o que eu quero? Você é estranho.
- Na verdade você que é estranha, eu sou o reflexo, o espelho. E você a ilusão, a mentira - Ele é profundo na sua fala, e seus olhos são sensíveis e muito distantes, encarando os meus.
- Cala a boca.
- Esse lugar me lembra Inglaterra, belos prédios e ruas, e que belo pôr do Sol. Você que fez?
- Isso me dá paz.
- Se sente solitária, não é?
- Sim.
- Andando sozinha, respirando esse ar gostoso, percebe alguma coisa? - Ele pergunta
- Essa é a minha alma... - Respondo, um pouco entregue a essa situação...
- Sua alma... - O jeito como ele fala é distante, distraído, como eu disse, é difícil de descrevê-lo.
- Eu preciso ir, foi bom falar com você, e estranho também... - Preparo a bicicleta para ir embora...
- Para onde você vai?
- Eu... Não sei?
- Todos os dias você faz o mesmo percurso, percebes?
- Sim.
- Você está presa nisso.
- Mas .... Aqui é a minha alma... É o meu mundo, não consigo sair disso... Não entende... - Ele olha para mim, e não sei descrever como ele é. Vou confessar, ele parece um anjo.
- Mundo de angústia e dor, eu sei um jeito de tirar isso de você.
- Com licença, tenho que ir.
- Eu entendo...
- Preciso ir, tenho que continuar pedalando...
- Eu sei que sim. A vida nada mais é que continuar caminhando mesmo em meio às dores.
- Mas agora eu não estou sentindo nenhuma dor.
- Eu sei que não.
- Na verdade eu tô bem, eu estou feliz. - Eu acho que nem eu acredito nisso
- Está? - Pelo jeito ele também não.
- Estou.
- Como sabe que está? - Ele não para com as perguntas
- Eu não sei, eu só estou.
- Que bom, eu fico feliz por você Violeta.
- Obrigada, mas, ainda sim não entendo.
- Há várias coisas dentro de você que não compreende menina. Eu sei que sente culpa, sei o quanto aquilo mexe com você.
No momento paro, ele realmente sabe daquilo?
- Não sei exatamente o que você tá falando.
- Eu sempre estive aqui. - É tão convicção a forma como ele fala.
- Mas nunca te vi.
- É que você esteve cega Violeta.
- Cega?
- Percebe?
- Percebe o que?
- A sua volta?
- O que há pra perceber em minha volta?
- Está só você aqui, você está sozinha aqui, não se sente... Só?
- Acho que não, eu me acostumei.
- Se acostumou a ficar só?Interessante - Ele solta um sorriso forçado no canto do rosto, mas logo volta a ficar sério.
- Mas eu não...
- Gosto disso... Não é? - Ele completou minha frase... Que criatura é essa?
- Sim, como sabia que iria falar isso.
- Já te disse. Sou você. A forma vazia de si mesma.
- Você não disse isso.
- Sim, eu acabei de dizer.
- Me deixa.
- Não está claro para você Violeta?
- O que?
- Essas cinzas estão indo embora, mas você quer que elas voltem.
- Isso não é verdade.
- É sim Violeta. Eu posso sentir sua melancolia daqui. Suas lágrimas querem sair de seus olhos e rolar sobre seu doce rosto.
- Então você deve saber das lágrimas.
- Eu sei como é ter expectativa em algo quando a sua vida está parada e sem perspectiva alguma. Observando você, vejo várias pessoas sentirem o que você sente. Faço elas verem a verdade. E eu me torno o amigo delas.
- Você não será meu amigo.
- Estive com você desde aquele dia. - Essas palavras me.dizeram parar de andar, a pontada que sinto ao escutar me deixa num atordoamento emocional. Mas pretendo ainda seguir.
- Tenho que ir.
- Há coisas que querem me distanciar de você. E você é a minha amiga Violeta, eu preciso de você.
- Eu não sei, você não me parece ser bom.
- E o que é ser bom para você?
- É simplesmente ser bom. Há paz. Alegria. Você não passa isso para mim - Altero minha voz, eu não tô legal nessa conversa. Só quero ficar sozinha sem a presença dessa criatura bizonha.
- Talvez eu seja apenas aquilo que você é por dentro. Que você quer enxergar, você talvez não saiba receber amor e bondade. Apenas me aceite, pois eu já aceitei você e sempre estive contigo.
- O Diabo também se faz de anjo de luz.
- No fundo você saberá. Que sempre fui seu amigo.
- Amigo quer ver seu amigo morrer de tristeza?
- Amigo quer ver seu amigo livre dela.
Naquele momento fiquei reflexiva, aquela figura estranha e curiosa me olha com um ar de profundidade que não compreendo.
- Eu, eu tenho que ir.
- Se cuide, Violeta.
Eu comecei a pedalar e dei uma olhada para trás, e ele estava lá, parado, me olhando. Olho para frente e prossigo. Foi uma conversa chata e confusa, mas curiosa. Quem é ele? O que ele quer?
2
- A vida às vezes nos traz coisas inesperadas, ela nos leva para vales indesejados e temos que saber lidar com ela, mesmo que estejamos nos afundando. Precisamos aprender a domar nossas dores - Um homem fala comigo, mas não consigo ver o seu rosto
- A vida é estranha.
- Mas bela... - Conclui ele...
Acordo, e sempre tenho esse sonho. Todos os dias. Porém sinto que isso aconteceu, mas não me lembro quando houve isso, só sei que sempre tenho o sonho dessa conversa. Chega ser estranho, pois nessa cidade não há ninguém, apenas eu e o meu cão, não há uma só pessoa aqui. Como posso sonhar com um outro alguém?? Me sinto outra pessoa nesse sonho.
De repente meu cachorrinho pula na minha cama e deita sobre a minha perna. Olho a janela e o reflexo do sol invade o quarto e uma parte do meu guarda roupa. Meus dias tem sido assim, silenciosos e quietos. Sinto um peso, como se uma nuvem escura pousasse sobre mim. Meu cachorrinho Bob fica agitado, corre até a porta e fica batendo as patinhas.
- Ah Bob, acabei de acordar, hoje não tá.
Ele insiste com a patinha e faz aquele som de choro que não resisto. Ok, levarei ele. Coloco a coleira e ele fica todo animado, me lambendo, como amo esse cão.
E novamente estou na rua e tudo na mesma como antes. Bob está bem feliz, mas ainda agitado, como se estivesse incomodado com algo e fico observando. Ele cheira umas coisas jogadas no chão, dá uma parada para fazer xixi, coisas de cachorro. Me vejo longe olhando para o céu que está numa bela cor avermelhada com rosa, está tão lindo. A sensação que sinto é que a dor vai embora quando olho para o céu. Talvez seja o lugar onde está a minha esperança.
De repente Bob fica tão inquieto com algo que a força que ele fez para correr faz a corrente quebrar e ele se solta correndo sem destino pela rua. A distração foi interrompida e logo corro atrás dele o chamando pelo nome.
Até que noto barulhos muito fortes caindo no chão, vejo coisas caindo no céu. Sai corpos caindo brutalmente no chão e explodindo, espalhando sangue para todo o lugar. Jesus, o que está acontecendo? Para onde foi o Bob? De quem são esses corpos? Como isso está acontecendo? Notei que todos são corpos femininos, estou paralisada e horrorizada.
Me vejo chorando muito vendo toda aquela cena, e os corpos não param de cair e sou obrigada a me esconder atrás do carro que vi na rua. É uma chuva de corpos e nenhum pegou em mim e todo o céu ficou avermelhado no tom bem forte.
Uma agonia e angústia espreme o meu coração e corro para a minha casa enquanto os corpos continuam a cair do céu. Fecho a porta... ofegante. Barulhos muito fortes batem com tudo na minha casa, o teto da parte de cima da casa se quebra. Silêncio. Todo aquele barulho se converteu no mais completo silêncio. Estou trêmula, não sei o que pensar ou dizer. Subo as escadas insegura no que pode ser, foi muito forte tudo aquilo, e a minha roupa está toda suja de sangue.
Quando subi, vi um corpo estirado no chão. É de uma mulher. Que horror. Meu corpo está gelado, desço as escadas e tudo está escuro, abro a porta que dá para a saída da casa, e no quintal e na rua vejo muitos corpos, o sangue espalhado por toda a rua e nas casas, um verdadeiro horror. E por alguma razão o céu do nada ficou escuro, como se fosse a noite, mas não tinha lua e nem estrelas, era apenas escuridão.
Eu ando com cuidado olhando todos aqueles corpos. O silêncio. Toda aquela barulheira de minutos atrás com um silêncio avassalador agora. Eu grito pelo Bob, mas nada. Nenhum latido. Ando pelas ruas. Nada de Bob. O medo me domina.
- BOB, BOB! - Gritei chamando-o, mas nada ainda.
Mas um portão entre-aberto num pequeno beco me chamou atenção, é a cara do Bob passar por ali. Entro nesse beco com alguns corpos no chão. Abro o portão. Estou no quintal de uma casa, que por hora está apagada. Tem uma pequena casa de cachorro ao lado. Escuto algo pesado, como som dos passos. Insegura me aproximo do som. Os passos cessaram.
- Porque você me segue? - Disse uma voz que desconheço, não sei de onde vem - Por favor, não me siga, para de me seguir - Continua a voz
- Quem é você?
- Eu que pergunto.
- Onde você está? Posso ajudar, você é a única pessoa normal aqui que conheço.
- Eu não sou ninguém - A pessoa da voz se endurece, e escuto ela correndo.
- Cadê você?
- POR FAVOR NÃO ME MATA. PRECISO ENCONTRAR MINHA IRMÃ, PRECISO ENCONTRAR MINHA IRMÃ, ELA FOI PRA PONTE, ELA FOI PRA PONTE, EU PRECISO ENCONTRAR MINHA IRMÃ - O terror dela está instaurado, que bizarro, o seu medo é enorme. E ela grita repetidamente isso.
- Moça, não vou fazer nada, onde está você?
Ela não respondeu. Tudo voltou a ficar em silêncio de novo. Sinto-me encurralada por dentro, começo a andar novamente procurando por Bob, não acho que ele estará nessa casa. Vou na rua e ainda está do mesmo jeito. Quem era aquele moço? De onde vem aquela voz? Que estranho.
- Eu posso realizar o seu desejo - Disse uma outra voz.
- Você. Reconheço essa voz...
- Não é desse desejo que estou falando.
- Por favor me fala onde está o meu cachorro. E onde você está? Eu lembro de você, mas estranhamente não lembro de muita coisa...
- Eu estou na sua alma, aqui na sua alma.
- Então cadê você, apareça - Porque disse isso?! Como pude dizer isso...
Escuto um barulho muito forte atrás de mim, gritos, ruídos, uma sombra enorme se forma atrás de mim. Sensação de angústia, tristeza, vazio, meus pensamentos se agitaram e o meu coração bate mais forte a cada minuto. Aquilo esta crescendo e essa coisa chora amargamente e faz ruídos como se estivesse sendo sufocado. No desespero eu corro entre os corpos sem destino algum, olho para trás e aquela sombra me persegue, eu entro numa pequena viela tentando despistar, mas não consigo. Entro numa outra rua, e no fim dela eu vejo o Bob. Surpresa por aquilo, é como se ele quisesse me salvar. Ele corre de novo, eu sigo ele e nessa corrida eu chego em um parque.
- BOB, BOB, CADÊ VOCÊ! CADÊ VOCÊ!
Escuto latido. Aquela coisa não para de me seguir ainda.
- BOB, BOB, BOOOOB!!!
Eu caio no chão com o coração queimando de melancolia, tudo fica estranho em volta. A neblina domina o parque e a sombra desaparece do nada. Eu fico caída no chão com o coração batendo muito forte. Bob aparece na neblina e anda em direção a mim e lambe o meu rosto. Todo alegre por me encontrar, atrás dele eu vejo aquela figura de novo, andando em minha direção, ele pega o Bob e segura em seus braços, eu apenas vejo as pernas dele, não consigo olhar pro céu de tão fraca que me encontro.
- Oi Violeta. Você se lembra?
Quando ele disse isso, tive lembranças do parque. Estava deitada na grama. Sozinha com os meus pensamentos, mas.... Eu, não era eu. Me sinto diferente... eu pego um celular e o reflexo quando me vejo é de uma outra pessoa, uma garota, bonita, morena, cabelos negros... Mas, quem é? Minha mente gira... liguei o celular, e fui em álbum de fotos, olhei para as fotos com uma moça... Ela é a minha irmã... Lembrei que chorei naquele momento, pois ela faleceu de câncer, como eu não me lembrava disso?
Olhava para a janela do meu quarto com desejo de me jogar nela. Aquela dor, eu não aguentava. Nisso volto, e vejo aquela criatura enigmática na minha frente.
- Lembrou Violeta? Estive com você o tempo todo, a dor que sentiu é nítida.
- Esteve...??? Eu nunca me senti ajudada, salva.
- Você me entendeu errado.
- Você... O que a minha irmã tem a ver?
- Ela morreu quando vocês estavam brigados, não houve perdão, mas culpa. Quer viver com isso? Seu pai abandonou, sua mãe é alcoólatra, aguentaria conviver com tudo isso? Violeta, as suas cores estão ficando cinzas, você é apenas uma garotinha que teve um grande azar. Eu posso levar para o fim de tudo isso, apenas aceite minhas palavras.
- Não... Por favor para...
- Eu mostro a realidade dos fatos Violeta, você no fundo sabe quem sou, não é?
- Você é a minha depressão.... Não esperava ser incomodada aqui na minha alma.
- Inocente ter pensado nisso - Essa fala me fez não ter palavras para continuar essa conversa.
- Eu os salvo, a vida não vale a pena. A vida é para pessoas fortes, e não para pessoas fracas. Você pode se curar, acabe com isso entregando a sua vida a mim.
- Eu... - Estou tentada a fazer isso...
- Lembrou de outra coisa, não foi?
- Sim
- Quer contar?
- Você sabe.
- Há um outro motivo além de sua irmã... Não é? - Ele dá um sorriso muito estranho e bizarro. É sinistro, surreal... Sinceramente eu... Eu não consigo mais falar, apenas chorar, chorar e chorar.
- Isso, chore e acabe com isso.
- Pare... Eu mereço viver.
- Merece? Você não sabe lidar com a vida.
Lágrimas e lágrimas. Tudo fica embaçado, a tristeza corre nas minhas veias e queima o meu coração, aquela fumaça preta que estava me perseguindo surgiu atrás daquela figura misteriosa. A fumaça cresce cada vez mais fazendo aquele ruído bizarro e ela me cobre. Não consigo reagir, não tenho forças para isso. Tudo fica escuro, nada vejo. Apenas sons de passos daquela figura branca, com o Bob em seus braços... Fecho meus olhos e vejo seus passos se afastando, afastando... E afastando
3
Na ponte, prestes a me jogar, eu penso e penso... Os carros passam na avenida e nem notam que eu estou aqui. Isso é bom, o meu plano vai dar certo. Estou sozinha. É só eu... Eu olho para baixo, é tão alto. De repente escuto um carro parando bruscamente, alguém saiu do carro correndo vindo em minha direção, é um homem, não consigo ver seu rosto, não quero...
- Oi moça, eu vi você e tive que vim. Eu sei o que você está sentindo. Venha, por favor não faça isso. Você merece viver, eu vou ajudar você no que posso. Você não está sozinha - Ele é tão doce, mas não quero viver... Não vale a pena.
- Não vale mais a pena moço - Eu começo a chorar, não queria na frente dele.
- Vale sim, venha, vamos resolver isso juntos. Você é importante pra mim. Eu me importo com a sua dor.
- Você nem me conhece.
- Eu sei, mas quero te conhecer se você me permitir.
Ele se aproxima bem devagar, e respeitosamente colocou suas mãos no meu ombro, e me abraçou. Choro copiosamente em seus braços.
- Você nunca está sozinha...Nunca vai estar sozinha, eu estou aqui agora.
Aquele braço é algo que eu precisava. Aquele moço apareceu como um milagre, nunca senti um abraço tão confortável como aquele. Fico de joelhos no chão, chorando muito, e ele continua ali comigo.
- Tá tudo bem, tá tudo bem, estou aqui, tá tudo bem, tá tudo bem... - Ele continua ali, me consolando, e uma moça sai do carro, deve ser a esposa dele, e ela vem até a gente, e ela fica ali conosco.
- Vamos Phil, vamos levar o nosso anjinho pra casa - O sorriso dela é tão doce para mim, ela beija minha testa, e eles me levam pra casa.
FIM
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