Portal
— As vezes você se pergunta. Porque a vida é uma longa estrada com ventos tão fortes e espinha em cada esquina, os pés doem ao andar pelas ruas numa grande corrida que jamais acaba. O sol nasce e o seu calor aquece as flores. O frio vem pela noite e a sua maldade congela as dores. Eu não estou afim de prosseguir com a história, quero refletir do nosso 'eu' que mergulha no mundo completamente psicodélico — O céu tem vários relógios e gatos andando sobre eles. No meu lado tem uma senhora que tem rosto em formato de sol, e usa uma bengala com detalhes de luas para se apoiar. A areia é rosa, o grande lago a minha frente são apenas papéis com vários poemas derretidos se tornando uma fonte de água nesse mundo.
— Questionar não é errado meu filho. Errado é viver numa caixa fechada, e nela viver como se nada estivesse errado contigo — Sua lenta voz ecoa sobre os ares, e o silêncio conversa conosco por uns segundos.
— As vezes eu queria abrir aquele portal — Há um portal no outro lado do lado. Entrando nele, você para em um outro mundo completamente diferente e desconhecido. Poucos ousam em entrar por lá.
— Você acha que vai mudar alguma coisa atravessando esse portal? — Ela fala olhando para ele.
— Eu não sei. As coisas andam um tanto abstratas. — Difícil definir o que estou sentindo.
Até que vejo uma criatura, com corpo de humano e rosto desenhado em formato de sala de estar. Vários gatos brincando para lá e para cá. A criatura entra no portal, e vejo os seus amigos chorando pela sua partida. O clima pesou, e todos lamentam a sua ida.
— A dor da partida ao entrar é dilacerante — Meu coração pulsa quando a escuto dizer isso. Eu quero muito ir e saber o que tem no outro lado, mas fico preso aqui, há coisas que não posso deixar. Corações poderei machucar. Vidas a deixar em um gigantesco lamentar.
— O corredor é tão apertado. Eu mal consigo sair de casa — Não consigo conter as lágrimas
— A sua dor é sentida Opolus — Meu nome é esse, fico feliz que ela se lembra. Os amigos da criatura se afasta do portal e aquela coisa fica sozinha e solitária. A tentação é gigantesca. E sem me dar conta me levanto do banco no qual estou sentado e sigo andando em direção ao portal.
— Volta Opolus. Você ainda pode ser feliz — Eu sigo andando no lago de papéis ignorando a voz dela. É forte demais essa dor. Até que chego no portal completamente aberto.
Ela é linda. Toda amarelada e desejável. A sua beleza atiça o meu coração atravessar. O mundo no qual é todo colorido, se escurece e começa a nevar. Um evento completamente aleatório no momento. A neve desce e todos os moradores em volta do lago desaparece. Até mesmo aquela senhora. Ouvir dizer que esse portal revela o seu mais fundo interior, ignorando o seu mundo a volta.
Eu coloco o dedo no portal. E a neve desce cada vez mais forte conforme a minha dor aumenta. O frio que gela os meus braços. O gelo que quebra a minha cabeça de tanta agonia e angústia.
Sou puxado pelo portal. Tudo está escuro. Estou caindo em uma grande poesia vazia. Meu corpo é misturado com a escuridão e as sombras que chegam perto e caçoam de mim. E eu continuo caindo, caindo e caindo.
Vejo olhos de gatos no meio desse imenso vazio, me julgando conforme vou caindo. Risadas e vozes falando de mim, cochicham dizendo coisas ditando o meu ser.
Você entende alguma coisa? Você já sentiu algo semelhante? Eu sei, de alguma forma eu sinto sua dor também. Se eu pudesse, eu abraçava você.
Vejo uma luz em cima de mim. E uma grande mão surge vindo em minha direção e me segurando pela blusa e me puxa para o alto. Criaturas das sombras gritando de ódio tentam me arrastar para baixo, mas a força de quem me segura é mais forte. E sou levado para luz.
Abro os olhos, e estou parado de frente ao portal, com dedo apontando para o mesmo. A senhora está no meu lado com a mão no meu ombro.
— Eu entrei — Estou confuso... Eu entrei no portal.
— Sim você entrou, mas não era sua hora ainda. Alguém pegou você. Pode não acreditar, mas é muito amado — Ela se retira e anda em direção ao lago. Fico ali olhando o portal, a minha mente ainda está cheio de fagulhas, e pensando na palavra que ela disse "sou amado"... Sou amado... Fico mais um pouco ali, mas logo me retiro e sigo a senhora.
FIM
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