Dracon

      Escuto trovões, uma forte chuva no meio da noite cria um clima sombrio na floresta escura. Próximo daqui existe uma aldeia com alguns humanos onde eu possa saciar minha sede por sangue.

     Antes eu era um simples humano vagando pela terra, vivendo um amor ao lado de uma linda mulher, Alexandra, a mulher no qual as bruxas como as Dorians tiraram de mim. Hoje eu vivo sozinho em meu castelo, sem propósito e rumo, apenas me alimentando de sangue após ser mordido por um vampiro em uma das guerras que lutava pelo meu reino.

     Eu uso minha visão noturna e através dos arbustos eu consigo ver dez homens, dez mulheres, sete crianças e alguns idosos na pequena aldeia. Perfeito. Hora perfeita para agir.

     Ando lentamente entre os galhos que me tocam, e em poucos passos me aproximo numa pequena casa de palha, onde liga o centro da aldeia. Os humanos estão contemplando a chuva, mal percebendo a minha presença. Uso uma capa preta, meus cabelos brancos não chamam sua atenção, até que uma jovem me nota e seus olhos arregalam expressando um delicioso terror.

      Meus dentes ficam afiados, e todos na aldeia me olham e se afastam de mim. Não consigo me segurar. Eu dou um impulso e avanço no pescoço da jovem, ferindo-a profundamente e sugando seu sangue, os humanos correm desesperados para floresta gritando horrorizados. Mas todos eles estão diante da minha visão noturna.

      Dou mais impulso ganhando velocidade e alcanço um novo ser humano, me lanço em seu pescoço rasgando sua pele, sugando todo seu sangue me fazendo ganhar mais vitalidade. Repito o mesmo processo com outra vítima, mais outra e mais outra.

      Ainda falta mais um, toda minha roupa está suja de sangue, corpos caídos no meio da floresta denunciam toda a minha chacina. Mas existe mais um ser humano que não consegui identificar claramente. O vejo na aldeia usando minha visão noturna. Retorno para o local banhado de sangue. 

     Executando minha habilidade de dedução, ando lentamente observando cada casa que a pequena aldeia possui. Uma o cheiro fica mais forte. Sangue. Entro devagar na humilde residência. E atrás da pobre mesa de madeira, vejo um humano com seus cabelos todo bagunçados, é um adulto de sua espécie acompanhado de uma mulher e criança. O humano se treme horrorizado ao me ver.

     Noto algo em sua mão apontando para mim, um amuleto vermelho. Eu tenho mais de dois mil anos, e esse objeto não me é estranho. Sinto uma vibração diferente nesse momento, como se todo conhecimento do universo tivesse sido fechado dentro de mim. Uma tontura, tudo por causa da presença desse Amuleto Vermelho.

      O moço fica em pé, expressando um ódio mortal para mim, e dando passos receosos em minha direção, ele se aproxima apontando o Amuleto De Bronks. O nome do objeto que carrega. O amuleto da proteção, da ressurreição, do julgamento.

    A dor fica mais forte em minha cabeça, me rendo ficando de joelhos perdendo minhas forças enquanto o humano se aproxima de mim. A luz vermelha do objeto cria uma linha da mesma cor em minha volta. 

     Vejo braços pretos saindo do buraco que se criou na casa, elas me puxam para dentro com violência, meu corpo sem forças não consegue resistir a esse ataque. Sem conseguir me controlar, sou puxado para dentro.

……

     O frio me rodeia ao abrir os meus olhos. O cheiro de enxofre demonstra um lugar sem esperança, sem vida. Noto grades em minha volta, e as paredes são robustas com características medieval, com velas nas paredes e uma escuridão avassaladora.

     No meio da escuridão vejo um homem de terno roxo. Demonstrando o sorriso sagaz, expressando um mau no qual eu conheço muito bem.

— Você viu o Amuleto de Bronks. Sou grato por ter me dado a identificado dela, agora, poderei executar o meu plano. — Sua voz é doce, mas arrastada e sem esperança, um misto de combinações difícil de decifrar. — Você é uma bela criação minha, sou Lúcifer, e por muitos anos tenho visto o seu andar pela terra, coletando almas para o meu inferno. Eu te trouxe porque agora tenho passe livre ao ver que um velho amigo se foi… Dracon, você é um vampiro solitário que mora sozinho em seu belo castelo, sei que perdeu toda sua família.

      Ele estrala seus dedos, me vejo fora da cela, agora estou no meio das chamas. E vejo, vejo minha… Alexandra… Em cima de um local de sacrifício, viva.

— Alexandra — Dou um passo para me aproximar dela, mas Lúcifer me impede de prosseguir.

     Uma grande pedra cai em cima dela, a matando, mas ela revive, e uma outra pedra cai em cima dela de novo, e assim sucessivamente.

— Para com isso — Mesmo presenciando essa cena, não sinto amor, raiva, nada… A pessoa mais importante para mim não desperta uma gota de emoção.

      Uma outra pedra cai no rosto dela, estourando toda sua face, e os seus ossos de juntam refazendo seu belo rosto, o corpo, deixando novo novamente. E a pedra estraçalha ela de novo.

— Tenho uma proposta para você. Em troca, lhe dou a alma de sua esposa para sempre. Reina o meu inferno, e todo sangue que precisar será seu a vontade. Eu vou em busca do Amuleto de Bronks.

— Eu não quero reinar o seu inferno. Se Alexandra está recebendo esse castigo é que ela merece. — O interrompo o impedindo que continue a falar, deixando ele até mesmo surpreso.

— Meu tempo é curto. Tenho pressa. Cumprirei a minha promessa. Quer mesmo viver sozinho sem propósito? A sua alma já está vendida a muito tempo, não importa se for voltar a Terra ou não, a sua vinda para cá é garantida. Portanto, o meu filho nasceu, quero que cuide de tudo aqui, será rápido. — O seu argumento faz o meu ser se convencer. Não confio nele, mas de fato a vida que levava era monótona. E mesmo que eu finja, ver Alexandra daquele jeito não é algo que queria quando eu era humano. — Portanto, seu nome será Drácula, hoje te capacito a usar o máximo dos meus poderes. Você poderá transitar entre dois mundos, Espiritual e o Terreno, o tempo que quiser, mas cuide do meu reino, pois vi em você o potencial enorme. Só farei essas duas coisas, e voltarei em breve.

      Ele desaparece me deixando sozinho naquele lugar solitário, cheio de torturas e dores. Meu nome agora é Drácula. 

     Eu não pertenço a esse lugar, como se a vida me levasse entre as ondas do mar e todo controle que tinha se foi, me fazendo parar no inferno. Eu me perdi em mim mesmo, deixei de fazer escolhas, deixei o frio crescer em mim, a indiferença, a sede por sangue, por poder, por ser o mais forte, chegando ao ponto de me coroar como o rei do inferno.

     Eu sinto que venci o mundo, mas a minha alma estava perdida a muito tempo, me fazendo mergulhar na escuridão ponto de não conseguir voltar atrás. Uma voz, uma força maior me trouxe aqui, um ser ordenou eu ficar aqui. Não tenho poder sobre minhas escolhas, até nome novo ganhei, sem eu poder escolher. Agora estou aqui, vendo a minha esposa sendo esmagada por uma pedra repetidas vezes.

     Eu fico olhando para a pedra e aquela tortura incessante. Estranhamente sinto meus olhos saindo… umas gotas de lágrimas…

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