Querida Lucy,

Lembra quando nós fazíamos planos para o futuro? Eu me lembro de todos, especialmente de quando dizíamos que iríamos morar em Akureyri, na Islândia. Você gostava muito da Islândia. Dizia que lá lhe dava inspiração para escrever, e que também que era lá onde se localizavam as mais belas paisagens de toda a Terra. Você amava fotografia, e, quando fomos visitar Akureyri pela primeira vez, você tirou tantas fotos das paisagens que eu até fiquei com ciúmes do tempo que você ficava segurando aquela câmera.

Não digo que foi totalmente ruim o tempo que você gastava tirando fotos. Afinal, eram excelentes momentos para eu te observar sem que você ficasse com vergonha e me pedisse para parar.

Eu poderia ficar horas e horas te admirando. A forma que você enrugava a testa quando não ficava satisfeita com uma foto, a maneira que você ficava observando em volta com uma das sobrancelhas arqueadas quando não encontrava um bom ângulo para fotografar um lugar alto, a forma que você colocava rapidamente uma mexa de cabelo rebelde atrás das orelhas, e os seus olhos... Oh, Deus, os seus olhos. Eles brilhavam como o sol. Eram tão belos quanto. Se não mais.

Para mim, você era perfeita, Lucy. Até mesmo os seus defeitos. Ah, se arrependimento matasse... Eu já estaria com você há muito tempo. Mas parece que a vida quer me torturar da pior forma possível.

E o pior de tudo, é que eu mereço tudo isso. Cada segundo de tortura e sofrimento das quais eu estou passando agora.