04- Agora eu entendi
Lee Yura
E como se eu ainda tivesse o mínimo de dignidade, eu apareci na pista de skate de novo, mas dessa vez eu não estava de mãos vazias. Embaixo do meu braço estava um skate que eu havia alugado minutos atrás, não parecia tão ruim, apenas um skate comum. Eis uma série de problemas com a minha decisão estúpida e precipitada: primeiramente, eu aluguei o skate mais barato que consegui achar, o quer dizer um skate infantil iniciante saído diretamente de uma loja questionável que fedia a maconha —não pergunte como sei o cheiro de maconha— além de que, não pude alugar o equipamento de proteção o que também se deve ao preço questionável.
Eu tinha um skate minúsculo, que fedia a maconha, vagabundo e sujo, mas eu tinha um skate, o que era o suficiente para fazer o meu plano entrar em prática. Olhei para os lados, nenhum sinal do bonitão, digo, Taehyun, mas eu ainda estava esperançosa. De toda forma, eu ainda sentia saudades de andar de skate, o que me convenceu a ir até a pista e ficar um tempo andando por lá, até que Taehyun aparecesse.
A pista de skate não estava muito cheia, na verdade, era cedo o suficiente para as únicas pessoas lá serem: eu, uma mãe com um pirralho de no máximo sete anos e um grupo de garotas adolescentes fumando. Me apoiei na ponta da pista com o meu pé posicionado na parte da frente do skate, fiz um pouco de pressão com o pé e eu comecei a descer a pista, chegando ao fim rapidamente, e caramba, eu nunca me senti tão viva desde que fui para Seul.
Andar de skate sempre foi um refúgio para mim de toda a pressão que eu sentia por causa dos meus pais e desde que a minha mãe quebrou o meu skate —descanse em paz skate rosa com desenho da Barbie— eu me senti como se toda essa liberdade que eu sentia enquanto estava no skate tivesse sido retirada de mim, o que foi a gota d'água para me rebelar completamente contra eles e sair de casa. Rapidamente subi a rampa com o meu skate novamente, me posicionei exatamente como da última vez e me preparei para descer a rampa de novo.
Fiz pressão com o meu pé para descer a rampa e o meu skate começou a deslizar de novo, fechei meus olhos sentindo a brisa das sete da manhã acertarem meu rosto, até que algo interrompeu a minha paz. Eu nem sei como, nem porque aconteceu, eu apenas senti minhas costas e nádegas se encontrarem com o concreto da pista de skate de forma bruta, ou seja eu caí. Me sentei enquanto abria os olhos e continuei olhando para o chão, então escutei algumas vozes.
—Ela caiu?
—Não Beomgyu, ela se jogou.
—Coitada, ela tava sem equipamento nenhum.
—O joelho dela tá sangrando?
Olhei para o meu joelho e sim, parecia que eu tinha sido estúpida o suficiente para ralar o joelho, eu estava prestes a me levantar, mas escutei alguns passos vindo na minha direção e vi um par de all star preto e uma calça jeans wide leg parando na minha frente, então uma mão se estendeu na minha direção. Olhei para cima, Taehyun mantinha uma expressão vazia enquanto me oferecia sua mão, senti meu coração palpitar, além de bonitão aquele cara era cavalheiro? Só podia ser um sonho.
Segurei a mão dele e ele me puxou, ajudando-me a levantar. Não era possível que o plano da Nako tinha dado certo da forma mais errada o possível, eu estava pronta pra agradecer a ele, mas ele me cortou falando algo antes.
—Agora eu entendi o porquê do seu primo não queria deixar você vir aqui.
—Oi?
Fiquei com uma pulga atrás da orelha, como diabos aquele cara cujo a única interação que eu tive foi elogiar o skate dele sabia que eu tenho um primo que me disse para não ir até a pista de skate? Isso nem fazia sentido quando ele nem ao menos sabia meu nome.
—Quando Heeseung falou que você era inacreditável eu não achei que fosse tanto assim, Lee Yura.
Erro meu, ele sabia o meu nome sim.
—Como você sabe o meu nome?— Eu perguntei em choque.
—Prazer sou Kang Taehyun, colega de quarto do Heeseung.— Ele estendeu sua mão sorrindo de forma presunçosa. —"Eu não sei me virar sozinha", lembra?
—Infelizmente eu lembro.
Notei ele me olhando de cima a baixo mantendo aquele sorriso presunçoso, apesar de ser bonitão e charmoso, eu tinha que admitir que aquele cara parecia ser o cara mais metido e arrogante que eu já teria visto. Ouvi os dois amigos dele rirem também, me senti um pouco constrangida.
—Heeseung me disse que você era uma boa skatista, mas não é bem o que parece.— Ele disse em um tom de zombaria.
Aquele cara tinha acabado de pegar num ponto fraco.
—O que você sabe sobre mim?
—Não muito, mas os fatores entregam tudo.— Ele cruzou os braços. —Seu skate parece mais velho do que o Matusalém, isso aí suporta no máximo o peso de um pirralho de nove anos, você não tem equipamento nenhum, e... Meu Deus, essas roupas, você acha mesmo que é uma boa skatista? Você não passa de um rostinho bonito.— O Kang disse em um tom arrogante com um sorrisinho irônico nos lábios.
Eu não sei o que ele tinha contra o meu vestido branco curtinho com várias cerejas fofinhas desenhadas que eu trouxe de Daegu e dos meus tênis da Adidas falsificado. Cerrei meus punhos, eu não sabia que um cara tão bonito pudesse ser tão arrogante.
—Por que julga tanto pelas aparências? Talvez eu seja uma skatista melhor que você.— Dei de ombros.
—Tenho certeza que não.— Ele manteve os braços cruzados enquanto me olhava com aquele sorriso arrogante nos lábios. —Eu duvido.
Eu duvido.
EU. DUVIDO.
E.U. D.U.V.I.D.O.
Tá bom, parei.
Ele não sabia disso, mas tinha acabado de falar as palavras erradas para a pessoa errada. Não sei se isso foi desenvolvido por querer ser a número um em tudo, mas eu me tornei uma pessoa extremamente competitiva, especialmente quando eu sou desafiada por alguém.
—É o que veremos, Kang Taehyun.
—É o que veremos.
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