|1| Rei Lyron
O rei Lyron subiu às ameias da torre mais alta e esperou debaixo das estrelas. Poucos minutos depois, o sol começou a surgir no horizonte.
Ele ficou ali sozinho a contemplar a ascensão do Astro Rei por algumas horas. Para Lyron, ainda conseguir subir os infinitos lances de escadas como outrora para poder ver o sol nascer e iluminar as terras de Ovre era uma dádiva. Mas era algo que não duraria para sempre.
A sua doença estava a progredir mais depressa do que os seus médicos e curandeiros anteciparam. A sua memória e as suas faculdades desapareciam a olhos vistos a cada dia e tarefas do quotidiano tornavam-se cada vez mais obstáculos imensos a serem ultrapassados.
Por isso, estava na hora de passar o fardo da coroa ao seu sucessor.
Mas não sem aprovação divina.
Ele daria um dia inteiro para os Deuses se pronunciarem sobre a sua escolha e depois, no seu quadragésimo terceiro aniversário, entregaria a coroa ao seu filho mais velho em frente de todos os habitantes da sua amada nação.
O rei fechou os olhos.
Naquele manhã eram possível adivinhar as temperaturas insuportavelmente altas que se iriam fazer sentir ao longo do dia logo aos primeiros raios de luz. O ar estava incrivelmente seco e o Astro Rei parecia mais perto da Terra do que nunca, tal era o calor que emanava. Por esse motivo, o rei Lyron viu-se obrigado a recolher para o castelo mais cedo do que queria.
Desceu as escadas lentamente, porque o corpo velho e gasto não lhe permitiu ir mais depressa. Alguns guardas e criados que por ele passavam ofereciam o seu auxílio, que ele recusava com veemência. Ainda era capaz de se deslocar sozinho e iria aproveitar todos os segundos de independência de que dispunha.
Foi por essa altura que o castelo começou a ganhar vida. O pessoal da cozinha apressava-se a confeccionar o pequeno almoço real, os criados corriam aos quartos dos monarcas para os ajudar a preparar para o longo dia e a família soberana despertava de uma boa noite de sono.
Lyron foi o primeiro a chegar ao salão onde todos os dias tomava as refeições com a sua família. Por se encontrar sozinho, dirigiu-se às enormes janelas que detinham alguma vista sobre Ovre enquanto os criados compunham o salão para a refeição.
Graças aos Deuses que o rei ainda era dotado de uma visão aguçada. De outro modo, não teria sido capaz de ver o presságio divino que o advertia sobre as consequências da sua mais recente escolha: no limite do jardim real, não muito longe daquelas janelas, um relâmpago caiu sobre uma árvore, incendiando-a em seguida.
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