Are you deaf?
❅
NIXIE BLACK
22 de novembro de 1999
— E Zabinni, você vai sair do banco. Quero você como artilheiro.— dou as novas ao invadir o vestiário masculino em plena manhã antes de sairmos para o treino.
— Como assim?— Blaise se surpreende, terminando de descer a camisa. Coloco um sorrisinho no rosto e olho para meu primo querido, Draco Malfoy, que está sentado e nos encara com atenção.
— Você vai substituir Draco Malfoy.— digo e minha fala faz com que o vestiário se encha de burburinhos. Blaise arregala os olhos e Draco se levanta, aproximando-se de mim como se fosse capaz de me esganar.
— Como é?— ele sibila.
— Você está fora, Malfoy.— digo e ergo o queixo. Se olhar pudesse matar...
— Mas Black... Draco é muito bom.— Blaise defende como um bom amigo.
— Você terá que ser melhor, então. E já é mais do que ele merece.— coloco as mãos na cintura e encaro meu primo— O que você ainda está fazendo aqui, querido?
— Você não pode me tirar do time, Nixie!
— Engraçado, eu achei que podia...— uni as sobrancelhas e olhei para meu peito, onde, por um acaso, estava escrito capitã. Levanto a blusa para que ele olhe— Deve ter sido por causa disso. Você está fora, Malfoy.
Draco agarrou a gola da minha camisa e os meninos todos reagiram, prontos para nos separar. Minha varinha já estava pronta, eu a saquei e a coloquei contra o pescoço do meu primo. Nossos rostos ficaram muito perto e eu sorri, mirando seus olhos frios.
— Qual é, Malfoy, solta ela!— eles disseram. Draco não move um músculo, não pisca e nem respira. Fica apenas me encarando, olha no fundo dos meus olhos como se estivesse procurando pelo blefe. Ele é um bom artilheiro, e por mais que eu sinta que estou lançando uma maldição imperdoável contra o espelho, preciso tirar todas as vantagens que ele pode ter contra mim.
— Você está surdo?— pergunto provocativa— Faça o que eles estão falando antes que eu te obrigue.— sussurro e Draco me larga. Seguro a varinha com força e Draco passa a mão nos cabelos loiros, para alinhá-los outra vez.
— Foi ideia do seu namoradinho não foi?— ele pergunta rispidamente.
— Você é tão ignorante.— balanço a cabeça lentamente e solto um suspiro, desapontada— Acha mesmo que eu preciso que um homem coloque uma ideia na minha cabeça?
— Você não vai me colocar no banco, Diggory.
— Não mesmo. Você não é mais titular nem será reserva. Está banido do time.
— Nixie, pra que isso? O que foi que ele fez?— Nott pergunta. Olho ao redor, nenhum dos rapazes apoia a retirada de Draco. Mas eu não tenho que pedir a permissão deles.
— Ele se meteu onde não foi chamado e por isso eu o estou punindo.
Draco abre um sorrisinho ainda que seus olhos continuem a mostrar sua raiva.
— Não foi ideia dele, mas é por ele, não é?— ele pergunta desdenhoso— Você vai destruir esse time por causa dele.
— Do que você está falando?— Nott se inclinou mais para a frente, o circulo vai se fechando ao nosso redor. É difícil para qualquer menina ficar cercada por um bando de garotos tão intimidadores, mas eu finjo que isso não me assusta. Eu sou a capitã e meio que eles me defenderam ainda agora.
Draco olhou para mim como se não quisesse perder minha cara quando falou:
— Do namoradinho da Nixie. O famoso Harry Potter.
— Como é?— os burburinhos encheram o vestiário. Não é segredo que todos aqui odeiam Harry, ele é um jogador muito bom e isso os assusta — ou melhor, ele é uma ameaça.
— Eu vi eles se agarrando na piscina do banheiro dos monitores noites atrás. Hoje, mandei os amigos dele atrás deles na biblioteca, suponho que eles tenham os encontrado, por isso ela quer me tirar de cena. Bem, mas não me surpreenderia descobrir que isso é na verdade o desejo dele.
— Nixie, isso é sério?— Blaise me pergunta e todos me encaram.
Eu pensei muito neste momento antes de vivê-lo, sabia que algo assim aconteceria cedo ou tarde e previ que eles detestariam a novidade em todos os cenários possíveis. Talvez eu devesse mentir, acusar meu primo de ser um garoto mesquinho que quer usar blasfêmias contra mim porque o privei de algo que realmente gosta. Não seria exatamente algo intragável, já que Draco é mesmo sujo quando se vinga. Eu poderia prolongar minha privacidade com Harry mas a partir deste momento aqui, a desconfiança já estaria instalada. Se eu tenho dificuldade para ficar com Harry agora, depois daqui vai ser impossível. Eu conheço meu time e sei que todos iriam querer saber toda a verdade, e esta é que Harry e eu estamos mesmo juntos. Eles vão nos achar em algum momento em que não terá como negar.
Respiro fundo e me coloco em um lugar onde posso olhar no rosto de cada um. Eles vão tentar acabar comigo, mas eu não vou deixar. Eu estou na posição de poder aqui.
— É verdade. Eu estou com Harry Potter.— confirmo, alguns dos garotos soltam uns gemidos e se sentam, outros xingam e imediatamente me dão as costas, eles tiram o uniforme como se eu já tivesse entregado o jogo— Mas isso não muda nada dos nossos planos!
— Não? Você está na palma da mão dele! Ele e Draco se odeiam desde sempre e agora Draco é expulso do time, me diga, qual vai ser próxima grande jogada, Black? Vai colocar o pomo de ouro nas calças dele?
Inflo as narinas e cerro os dentes, apertando a minha varinha com tanta força que meu pulso chega a doer.
— Malfoy foi expulso por causa da porra da falta de senso dele e, por sinal, essa reunião já não lhe diz mais respeito— petrifico o corpo de Draco e o jogo para a chuva, bato a porta na sua cara e a tranco com magia antes que ele abra a boca para gritar comigo. Tiro Blaise do meu caminho e subo no banco, fico esperando até todos estarem olhando para mim— Eu sei o que estão pensando. Eu sempre soube. Vocês me acham fraca e pequena, acham que o campo não é lugar de uma garota. Estou vendo em seus olhos que me consideram burra também— alguns viram o rosto, outros continuam me encarando, cheios de desgosto— mas quer saber? Eu caguei. Sim, eu estou apaixonada pelo nosso rival e sim, eu vou continuar falando com ele assim como com todos os meus outros amigos grifanos. Foda-se que vocês não querem que isso aconteça, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nós jogamos quadribol, não estamos em uma guerra prestes a matar todos os nossos inimigos. Isso é uma escola, caralho, ponham isso em suas cabeças.— ralho e o silêncio se estica um pouquinho. Eu consigo dar uma risada depois de um tempinho, esfrego o rosto e bufo— É de dar pena vocês acharem que eu vou ficar de olhos fechados só para deixar Harry Potter me vencer em qualquer coisa. Ele é meu amigo muito antes disso e vocês nunca me viram pegar leve com ele em campo, ou viram?— pergunto. Eles ficam quietos— Não foi uma retórica!
— Não é a mesma coisa, agora vocês juntos.— Nott diz, indignado.
— Significa o mesmo para mim.— dou de ombros— Eu não vou entregar a taça para os Grifinórios.— abro um sorriso e pulo do meu "palco"— Até porque eu não jogo para eles. Eu jogo pela Sonserina, e a Sonserina vai vencer de novo este ano nem que eu tenha que derrubar Harry da vassoura eu mesma.
— Como a gente vai poder confiar em você?— eles querem saber. Olho o rosto de cada um e entendo o receio deles, mas eu nunca agi como uma tola apaixonada que entrega tudo para a pessoa amada. Eu sei separar uma coisa da outra e ter tanta gente me achando incapaz me irrita tanto. Se eu tivesse nascido homem minha vida seria tão mais fácil.
Se Harry e eu trocássemos de sexo, os garotos estariam felizes por mim, porque eles são idiotas e acham que as mulheres sempre cedem. Mas eu vou mostrar pra eles, pra cada um deles, onde fica minha lealdade quando estamos voando.
— O tempo define a confiança.— respondo— Tempo é o que eu peço para os senhores. Eu os mostrarei o quanto quero ganhar.
Eles relutaram e me olharam de lado. Meu sangue ferveu.
— Agorem coloquem de volta a porra dos seus uniformes e vamos treinar!
[...]
Eles queriam me derrubar da vassoura. Tentaram muitas vezes, mas eu fingi que estava tudo bem, fingi que os encontrões não me deixaram toda dolorida. Parece que levei uma surra. Meu ombro esquerdo dói tanto que parece estar fora do lugar. Levo a mão ao mesmo e o massegeio enquanto vamos para a aula de Transfiguração.
— Eles não tem o direito de te tratar assim.— JJ sibila zangado, ficou calado por muito tempo, só vendo as coisas acontecerem, mas dava pra ver que ele estava com raiva.
— Tá tudo bem. Eles vão ficar me testando até eu cair, eu sei que é o que eles querem.
— Com os braços e as pernas quebradas também, aposto.— Jacob bufa e me encara com preocupação.— Você tem que ir ver a madame Pomfrey.
Eu vou me aproximando da parede, mancando e me apoio para pegar um fôlego. Ai, minha costela. Se eu me deixar levar pela emoção, vou deixar meu pai sabendo de tudo isso e sei que ele vai atrás da família de cada um. Sei que ele vai ficar furioso ao saber como fui maltrada e que eu ganharia exatamente o que eu pedisse se fizesse cara de choro, mas tenho que ser forte.
— Eu estou bem.— rosno entredentes.
— Não seja teimosa, Black!
— Teimosa é meu nome do meio.— dou um sorrisinho debochado soprando meus cabelos para cima.
— Nixie?— a voz dele ecoa pelo corredor movimentado e eu olhei na sua direção. Harry se aproximava, ladeado por Hermione e Ronald, a testa franzida e o semblante preocupado. Os três aceleraram o passo e eu me perguntei se pareço tão detonada quanto me sinto— O que aconteceu?— Harry pergunta e eu lanço um olhar para Jacob para que ele fique de bico fechado. Ultrajado, meu amigo bufa e sacode a cabeça. Me desencosto da parede e ajeito a postura colocando um sorriso no rosto.
— Tive uma queda feia durante o treino. Só isso.— eu o encaro, seus olhos verdes cintilando por trás dos óculos. Fico feliz por vê-lo. Posso estar fazendo isso por mim em grande parte, mas estaria mentindo se dissesse que nenhuma parcela é por culpa desse idiota, lerdo e míope. Ah, por que ele tem que ser tão adorável?
— Meu Deus, e você está bem?— Hermione pergunta.
Ah. Todo mundo vai acabar sabendo disso também. A pior parte já foi.
— Melhor agora.— agarro a gravata de Harry e o dou um beijo. É um selinho demorado e pessoas o suficiente estão vendo. Isso vai se espalhar rápido como fogo em palha seca.
— Não tinha que ser um segredo?— pergunta o Weasley. Quando me afasto, Harry está com os olhos bem abertos.
— O que está fazendo?— ele pergunta em um sussurro, o rosto completamente vermelho.
— Beijando meu namorado. Posso?
— S-seu... seu... n-namorado?— ele gagueja, fico preocupada com sua cara, parece que ele vai desmaiar como no nosso primeiro beijo.
— Sim. Meu namorado.
Um sorriso inocente ilumina o rosto de Harry e ele se volta para Hermione.
— Eu sou o namorado dela.— assume com orgulho.
— O QUE!?— Hermione grita. Ah, é agora que nossos amigos nos matam por guardar segredo.
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