A gift
❅
HARRY POTTER
24 de dezembro de 1999
Abaixo-me para analisar melhor a joia do outro lado da vitrine, ela é pomposa, de prata e com uma enorme pedra preciosa pendurada. É gigante e horrenda, franzo o nariz, odiando.
— Ah, esta? Tenho certeza de que Nixie vai amar. É a cara dela.— Brandon diz sarcasticamente, abaixado do meu lado. O empurro com o ombro e me ergo, incomodando-me pela milésima vez só nas últimas vinte e quatro horas com a neve e com o frio que nos cerca. Esfrego os cabelos para arrepia-los e vários flocos se agitam ao meu redor.
— Até parece.— estalo a língua— Acho que ela gostaria mais de ganhar um tapa na cara do que essa coisa.
Brandon se ajeita e me encara com um sorrisinho malicioso no rosto.
— Já testou isso, foi?— ele pergunta e eu uno as sobrancelhas, sem entender.— Pensei que iriam demorar mais para chegar nessa parte.
— Do que é que você... ah, ah! Seu idiota!— eu me dou conta do duplo sentido e então dou um murro forte no ombro dele, sentindo o meu rosto se aquecer de embaraço. Onde já se viu?!— É claro que eu nunca fiz isso! Eu nunca faria isso!— baixo o tom.
— Não faria nem se ela pedisse?— ele provoca dando de ombros e eu sinto meu estômago se encolher com a sugestão perversa que meu inconsciente faz. Sacudo a cabeça, querendo espantar a imagem, eu nunca conseguiria fazer isso com a Nixie... bem, não sei como seria se ela pedisse...
Para com isso!
— Quem pedisse o que?— a voz de nossa mãe nos faz ter um sobressalto, arrumamos a postura e olhamos a mais velha, de longe a mulher mais bonita andando nessa rua movimentada e de piso irregular.— O que estão fazendo?
— Nada, mamãe, só vendo esse colar.— Brandon pisca inocentemente e nossa mãe cerra os olhos verdes para nós, desconfiada. Ele pode até agir como um anjo imaculado na frente dela, mas ela sabe quem é o filho dela. Toda mãe sabe, ela me disse uma vez.
— Hm. Bem, andem logo, vamos. Está muito em cima da hora, teremos muita sorte se encontrarmos algo bonito e digno para Nixie.— ela segura minha orelha e me arrasta pelo beco diagonal. Eu faço o mesmo com Brandon quando ele ameaça rir. Papai ri abertamente vindo atrás de nós três, intocado.
Eu contei para meus pais que estou namorando com a Black assim que chegamos em casa ontem à noite num misto de vontade com necessidade, porque eu preciso da ajuda da minha mãe para achar um presente, e em ultimo caso, para me ajudar a criar um. Eles ficaram muito felizes por mim, como eu acredito que vou morrer dizendo, todos amam a Nixie. Meu pai gritou, me abraçou e foi correndo mandar uma carta para Sirius dizendo que o meu padrinho lhe devia uma boa grana. Mamãe quis saber até onde podia e então começou a ficar chateada.
— E por que não me contou nada antes, querido?— ela quis saber. Expliquei para ela que nós queríamos nossos momentos a sós e tudo mais com a posição de Nixie como capitã do time rival, mas ela não entendeu mesmo assim— Eu não tinha nada a ver com isso, Harry, sabe que eu guardaria segredo se tivesse me contado! É a sua primeira namorada e Nixie é uma das minhas garotas prediletas— ela falou como se tivesse essa de favoritismo. Ah tá. Hermione, Gina e Adhara a matariam se a ouvissem falando desse jeito.
Eu fiquei sem saber o que fazer, mas ela se animou um pouco em poder me ajudar com o presente e presumo que bastará dar um tempo para que ela supere.
Não sei se devia ter feito isso sem Nixie, mas me pareceu o certo, e honestamente espero que ela também tenha adiantado essa parte em sua casa. Ainda não faço ideia de como me sentarei a mesma mesa que Regulus Black nesta noite, ainda mais sem nenhuma...
— Uma aliança!— grito para minha mãe— Eu preciso de alianças!
O trem dos Potter para em um engavetamento. Mamãe crava os pés no chão, eu cambaleio batendo nela e Brandon bate atrás de mim. A ruiva se voltou lentamente para mim com as sobrancelhas unidas.
— Você só pensou em alianças agora?— ela me pergunta com uma expressão indecifrável e eu pisco rapidamente, a boca aberta sem saber o que responder.
— Hã... é que... é que...
— E ele deveria ter pensado nisso quando?— meu irmão pergunta, igualmente confuso.
Lilly Potter bufou enraivecida e olhou para meu pai por cima de nossas cabeças.
— Obrigada por contaminar meus filhos com sua astúcia, James.— ela diz sem parecer nem um pouco grata.
— Ah, de nada, meu lírio!— papai salva minha orelha do aperto da mamãe e joga os braços por cima do meu ombro e do de Brandon, emaranhando os dedos nos nossos cabelos.— Gostaria de fazer isso mais uma vez, quem sabe não ganhamos uma menina? A não ser que você queira reproduzir uma terceira cópia minha, o que eu entenderia, é claro, já que você é completamente obcecada por mim e é inegável que eu fico bem com olhos verdes— ele balançou minha cabeça— e olhos castanhos— ele balançou a cabeça de Brandon— Me pergunto se o próximo Potter terá um olho de cada cor! Como se chama quando acontece isso mesmo? Homofobia nos olhos?
— Acho que é heterofobia.— Brandon diz, risonho.
— É heterocromia, seu imbecil.— digo a Brandon e ele me lança uma careta.
— É heterocromia, seu imbecil!— ele repete afinando a voz para debochar de mim— Aí, bom trabalho, Harry, acho que você está acabando por sugar uns neurônios de Nixie de tanto que ficou chupando a língua dela esses dias!
Irritados, tentamos nos estapear sem dar a mínima por papai estar entre nós, fazendo com que sobrasse um pouco para ele também. Ele ria despreocupado.
— Está bem, está bem... vamos acalmar os nervos.— ele puxou nossos cabelos, mas eu não estava nem perto de acabar com Brandon, meu soco passou de raspão no seu rosto e ele agarrou um punhado dos meus cabelos, puxando-os com força que nem uma garotinha de primeira série.
— É o melhor que pode fazer, é?— provoco debochado.
— Eu vou te mostrar o melhor que eu faço, senhor beijoqueiro!— ele retruca. Apertamos papai entre nós, mas ele parecia cada vez mais angustiado por estar preso entre dois adolescentes briguentos.
— Tudo bem, tudo bem! Meninos, meninos!— ele dá uma risada mais fraca agora, sem jeito— Acho que vou precisar de uma mãozinha aqui, amor.... Lilly. Ei... Lilly? Por que está se afastando?... Querida? Amor?.... Amor!? Lilly! Não finja que eu não estou falando com você, mocinha!... Lilly, socorro!
— Eles são seus filhos, James! Lide com eles!— ela cantarolou, se perdendo em um mar de corpos. Depois Brandon pulou, derrubando nós três.
[...]
Mamãe está passando a mão nos meus cabelos sem parar na vã tentativa de arrumá-los. Como se não bastasse a minha própria ansiedade ainda estou tendo de aturar a dela! Essa maldita gravata está me enforcando!
— Não sei para que tudo isso.— resmungo, afastando as mãos de minha mãe do meu cabelo e afrouxando o nó de minha gravata.— Já viemos aqui milhares de vezes e eu nunca soube que tinha um código de vestimenta para entrar!
— Você nunca olhou nos olhos dos Black como namorado da filha única e superprotegida deles, então o mínimo que pode fazer hoje à noite é se comportar como um perfeito cavalheiro.— ela disse, passando as mãos no meu terno verde escuro como se quisesse tirar um monte de poeira invisível do meu corpo.
— Eles já sabem que ele não é assim, deixe o garoto.— papai balançou a cabeça, revirando os olhos. Ainda está chateado pela sua mulher tê-lo deixado na mão mais cedo, teve de esperar Brandon e eu sermos vencidos pelo cansaço para então podermos continuar nossa caçada pelo presente de Nixie Black. O bom é que minha mãe o havia encontrado quando finalmente conseguimos localizá-la.
— E o que eu devo fazer? Devo deixá-lo ser vencido pelo cansaço como você?— ela provocou embora os olhos continuassem concentrados em meu visual— Porque essa tática é mesmo formidável, James...
— Ora por favor.— Brandon bateu à porta dos Black impaciente e mamãe se meteu entre meu pai e eu, colocando as mãos nos meus ombros como se fosse me meter na frente de si como um escudo. Bem, ao menos foi isso que eu senti.
Em poucos segundos a porta se abriu, e fomos cegados pela claridade durante mais outros segundos. Até que meus olhos se adaptaram, concentrando-se na figura alta e vestida de preto que veio nos atender sem esboçar nem o menor sorriso Monalisa.
Eu meio que sempre tive um medo dele, mas nunca como agora. Aos dezoito anos ele havia derrubado a própria família, manchado o nome dos Black para sempre e ainda conseguira dar um jeito de ficar com toda a fortuna de seus pais cretinos. Cobrou favores, subornou e falou a verdade.
Regulus Black é um escândalo personificado. Ele emana poder, poderia destruir a vida de qualquer pessoa que quisesse. E neste momento seus olhos estão fixos em mim.
[...]
Nota da autora:
Aqui vimos como Lilly mostrou a James o quão maravilhoso seria se eles tivessem mais um menino! Quem amou?
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