4 | Uma luz no fim do túnel
(Jay Green)
Dante estava certo sobre o passeio, com certeza estava. Não que eu tenha conseguido finalmente colocar algo decente na página vazia do meu world, mas agora consigo pensar com mais clareza, está noite tive até um bom sonho. Não me recordo de muito... Mas de acordo com alguns vislumbres, Dante estava nele, assim como algodão doce.
Consegui ser mais produtivo, fiz algo que minha preocupação com a escrita não me deixava mais fazer, eu li. É maravilhoso como ler acalma, sentir o cheiro das páginas cobertas de palavras, tocar a capa macia.
Sorrio levemente levando minha mão direita ao meu próprio rosto. Não sei o que me levou a tocar sua face ontem, talvez o olhar preocupado que carregava seus olhos negros. Isso admito, me surpreendeu, sendo minha irmã Nancy a única pessoa que se preocupa comigo, até demais para ser franco.
Contudo meu sorriso morre em um instante, cubro o rosto com as duas mão balançando freneticamente a cabeça.
— Droga... E se fui muito longe, isso deve ser considerado assédio. Ele pode nem querer mais trabalhar comigo. — Choramingo, sentindo meu rosto mais quente a cada palavra.
Apesar de termos nos vido poucas vezes, conversamos bastante através de mensagens. Ele me tira dúvidas, e as vezes me interroga sobre meu desempenho. Neste ponto ele age um pouco como a Louise, sempre sem me precionar, mesmo sendo óbvio o trabalho que estou dando a ele. E ainda me fez prometer parar de pedir desculpas por isso.
Fiquei aliviado por ele não ter aredondado a promessa, pois é praticamente impossível não pedir desculpas a ele. Parece que tudo o que fasso é errado, até andar ao lado dele faz eu me sentir errado... É como um reles mortal ao lado de um Deus, um deus grego.
Quando ele apareceu na porta da minha casa pela primeira vez, a primeira palavra que cruzou minha mente foi: Corvo. Mesmo por cima da blusa seu peitoral era visível, o cabelo preto cobrindo o pescoço e os olhos... Cintilavam com o mais intenso brilho.
Levanto rapidamente da áspera cadeira de madeira me afastando dela. No que diabos estou a pensar, ele está fazendo o trabalho dele, só isso.
Toco meu relógio de pulso sentindo o abtual couro descascado. Um imenso sorriso rasga a minha face ao conferir o horário, as rosquinhas da padaria devem ter acabado de sair. Pego meu fofo casaco branco e passo quase correndo pela porta, o vestindo. No momento em que me deitei para dormir na noite anterior, fui surpreendido pelo crepitar dos ventos no lado de fora, nem mesmo minha janela parava quieta. Apesar da chuva ter parado é melhor não arriscar um resfriado.
Cumprimento um senhor que está entrando no condomínio, rapidamente enquanto cruzo o portão. Na rua, caminho olhando para o alto, uma gota de chuva cai na minha testa, ela deslisa lentamente pelo meu rosto como uma lágrima. Não consigo evitar sorrir quando ela cai do meu queixo.
Atravesso a imensa rua asfaltada a passos largos, o sol que começa a surgir não é o suficiente para afastar o frio. As pessoas que passam por mim apressadas, apertam cada vez mais os casacos contra si.
Empurro a porta do estabelecimento ouvindo o familiar som do sininho, e imediatamente um calor reconfortante me invade, me levando a tirar o casaco.
— Bom dia Senhor Morales. — Digo reconhecendo sua cabeleira escura e cacheada de costas.
— Hoho Jay! Meu cliente favorito, como tem passado? — Questiona se virando com um imenso sorriso, seu volumoso e distinto bigode erguido como se sorrisse também.
Suspiro pesadamente, eu tenho me chafurdado em trabalho, pesquisas, principalmente nas fan pages. Tentando em vão descobrir oque esperam para o final, o que agradaria aos leitores, no entanto, eles tem opiniões para lá de diversas sobre o fim desta trilogia. Eles desejam o que eu escrevo, confiam em mim, não posso decepciona-los. E mesmo assim, parece que é o que estou prestes a fazer.
Morales parece compreender meu suspiro e recente silêncio, pois concorda com a cabeça como se entendesse tudo.
— Veio buscar as rosquinhas? Acabaram de sair. — Irforma entrando na cozinha, quando confirmo meu enorme desejo de comer rosquinhas. — Os quatro estão com saudades de você, Maria não para de dizer como é bom fazer trancinhas no seu cabelo.
— Em compensação os outros três ainda vão te deixar careca. — Alerto pegando a caixa que me é estendida com um disfarçado sorriso.
— Não se engane, não se engane, isso na minha cabeça já não é cabelo. — Riposta Morales e desta vez não consigo evitar rir.
— Obrigado, pelas rosquinhas e por me fazer rir. — Digo lhe dando o dinheiro. Ele sorri ao guarda-lo na caixa registradora.
— Você é uma boa pessoa. — Garante baixo, me fazendo abrir a boca em surpresa. — Só, volte sempre.
Meus lábios se inclinam em um meio sorriso, balanço a cabeça afirmativamente e sem dizer mais nada saio.
Conheço a esposa do senhor Morales da faculdade, ela era minha professora, até eu ter que sair. O engraçado é que eu sempre frequentei a padaria, então deve imaginar meu espanto ao ser convidado pela minha professora para almoçar e me deparar com ele lá. Desde então, as vezes sirvo de babá para os quatro filhos deles, a Glenda viaja muito, e ele, bem, trabalha muito.
Já lá fora, tenho que erguer minha mão esquerda para tampar a vista, com a outra aperto firmemente a caixa com as rosquinhas. O sol antes escondido, começa a surgir por entre as nuvens. A imensa bola de fogo a minha frente está, bom, imensa agora. A capacidade do tempo mudar derepente nem me surpreende mais, entretanto agradeço pelo breve frio da manhã, isso é extremamente raro.
Pisco algumas vezes abaixando a mão, meu celular, que nem notei estar no meu bolso, apita.
Apoio a caixa no meu joelho, ficando em uma perna só. Quando tenho certeza de que não irei cair de bunda no chão, caço o celular na meu bolso, o ligando e destravando em seguida. Como única notificação tinha a seguinte mensagem:
"Sr. Green
Antes que enrugue a testa, sei que não é velho, mas o uso do computador da empresa me obriga o uso de formalidades."
Reviro os olhos inconscientemente, tenho que conversar com Oscar sobre isso, provavelmente todos os funcionários já sabem que eu nem mesmo completei a faculdade. Minha perna treme em curiosidade, volto a ler a mensagem.
"Não consegui esperar até chegar em casa, e muito menos vou poder esperar até semana que vem para te contar, pode me encontrar amanhã? Você não vai acreditar no que eu consegui, vai ser de grande ajuda para você. Me responda assim que possível, até, Jay.
Dante Kafka."
Saio rapidamente daquela posição, colocando agora a caixa esquecida debaixo do braço. Encontra-lo amanhã? Me contar? Me ajudar? Jay? Meu coração palpita em ansiedade, foco por alguns segundos na minha respiração, e puxando o ar com força ergo novamente o celular.
Estava achando que seria impossível Dante me surpreender mais, tudo o que ele tem feito ajuda, porém lentamente. Ele entretanto não me culpou, apenas disse que iria pensar em outras coisas, pelo visto pensou.
Pelo reflexo que o sol faz no celular sei que estou sorrindo, meu cabelo ruivo em contraste com a luz alaranjada me fazendo parecer mais vivo. Começo a digitar em resposta, tenho um ótimo lugar para indicar.
***Oiee aqui está o capítulo como prometido ^^. Então, eu esqueci de avisar mas os capítulos são divididos de dois em dois, dois narrados por Dante e dois por Jay. E assim vai.***
***Obrigada por ler até aqui! Qual acham que é a ideia do Dante? Se gostou do capítulo não se esqueça de votar. Até o próximo ;)***
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top