33 | Nova vida

*Obrigada por acompanhar a história de Dante e Jay, esse não é o fim do romance deles, é apenas o último capítulo que escrevo sobre os dois ;-)*

(Jay Green)

Dante para o caminhão de mudança em frente a Editora com um sorriso meio bobo, como se pensasse em algo engraçado, da janela olho distraidamente pela sua entrada, não está cheia, ótimo.

— Oscar dirá que você ficou doido. — Dante brinca fazendo-me voltar para ele meio emburrado.

O editor me olha então marotamente, como em um desafio mudo pois ainda não o convenci de que é uma boa ideia basear um personagem nele, irei entregar a minha nova ideia ao temível e querido chefe da Editora, isso antes de me mudar com meu descrente namorado, coisa que vai acontecer dentro de meia hora. Tiro o cinto que prende a minha cintura ao banco e cerimonialmente subo no colo de Dante que não demonstra surpresa, pelo contrário, Dante me presenteia com seu sorriso de lado ultra sex segurando minhas coxas de cada lado do seu corpo.

Beijo o canto dos seus lábios e sussurro, rente ao seu ouvido:

— Se ser louco é amar você, então sim senhor Kafka.

Falo com naturalidade, contudo, por dentro sinto uma deliciosa surpresa, eu não era assim, nunca falaria dessa forma com tamanha normalidade. Agora me sinto livre para ser eu mesmo.

— Não pode deixar para vir mais tarde? — Dante súplica quando beijo sua nuca.

— Infelizmente não. — Respondo me afastando com um suspiro resignado e então sorrio. — Como você pode ser tão insaciável?

— Você é como água no deserto, quanto mais eu bebo, mais fico com sede. — O moreno responde deslizando sua palma por minhas costas que se arrepiam, então quando chega a minha nuca me puxa para um beijo demorado.

Meu corpo sob o seu se fricciona inconscientemente e quando Dante aperta minha bunda puxando-me mais para si suspiro em deleite. Me afasto manhoso me deparando com suas orbes negras sorridentes, apaixonadas, e nessa hora eu o amo ainda mais.

— Eu te amo. — Fala e apesar de saber que não posso sorrir mais sei que meus olhos o fazem.

Eu sei. Digo sem precisar pronunciar. Eu também.

Saio então do carro me deparando com um sol escaldante de verão, subo em trote as escadas e adentro a Editora para a qual escrevo desde que me entendo por gente. Oscar me espera numa poltrona da recepção, não gosto de subir, é estranho ter que ir para uma sala de reuniões por assuntos tão banais, além do mais, não me encaixo nesses ambientes. Não sei se ele me vê, pois tem um jornal na mão e seus óculos escuros ocultam seus vivos olhos azuis, me aproximo e sua careca brilha mais a cada passo.

Me sento na poltrona ao lado da sua entregando a pasta na mão que me é estendida, ele a abre, e tirando os óculos passa os olhos pelas folhas repletas de palavras e então a fecha voltando os olhos expressivos para mim com um sorriso.

— Tem certeza? Com algo assim será impossível esconder sua identidade. — Comenta Oscar, concordo com a cabeça sorrindo.

— Tenho, só quero saber o que você acha. — Respondo estreitando os olhos, receoso da resposta.

Oscar olha para a frente por uns instantes e quando se vira novamente para mim diz, sério:

— Acho que é um louco, cujas histórias quero ler para o resto da vida.

E sai após apertar de leve meu ombro. Sorrio reconhecendo o carinho por trás dessas palavras e me levanto olhando ao redor com um suspiro contente, avisto então Louise, minha velha amiga e editora de praticamente todos os meus trabalhos. Seus olhos castanhos estão fixos na tela de seu notebook dourado e delicadamente ela coloca a franja loura atrás da orelha, sorrio admirado com tamanha elegância, sua altura aliada ao coque no alto da sua cabeça lhe deixa super elegante e bonita.

Me aproximo rapidamente e só sou notado quando Louise enfim termina de digitar e se vira para mim com sua cadeira giratória, não consigo definir sua expressão, seus lábio não sorriem mas tremem visivelmente, está tensa, percebo sorrindo levemente para a tranquilizar.

— Oi — Digo me sentando na cadeira da frente da sua mesa.

E bastou ela ver que eu não estou chateado para que ela abrisse um largo sorriso de orelha a orelha, nem mesmo cheguei a ficar chateado com Louise sobre aquela história do manuscrito, apenas fiquei encucado e confuso sobre isso tudo, mas agora, vendo-a aqui, não tardei a entender. Não demorou portanto para que já estivéssemos brincando e rindo como antes, olho para a hora no meu celular e me levanto me despedindo.

— Nem acredito que vai embora justamente com o Editor que eu escolhi para você. — Fala ela e eu rio.

— Te agradeço muito por isso. — Digo quando a loira me abraça.

— Me agradeça me contando os detalhes da sua lua de mel. — Retruca me fazendo revirar os olhos.

Ela volta a se sentar e eu me viro para ir, paro porém com algo na mente e me volto para ela, falando sem rancor:

— Desde que te conheci soube que não estava onde queria estar, você não concerta o que foi criado, você cria.

Quando saio da Editora sou recebido por uma leve brisa de uma brilhante manhã, consigo ver Dante dentro do carro com seu belíssimo óculos preto, ele olha na minha direção e o bocejo que o editor estava prestes a dar se transforma em um sorriso. Sempre me pergunto sobre essa reação que notava nos meus avós e recentemente em Dante, demorei a perceber, que a minha era a mais exagerada, embora, não veja realmente como um exagero pois só demostro o que sinto e nada além disso. É incrível ver esse exato momento que prova ser meu esse sorriso.

Meu namorado então me surpreende ainda mais saindo do carro e, elegantemente, da a volta nele para abrir a porta para mim, rio escondendo os olhos com a mão para ocultar meu rubor e baixando a palma entro no carro sob o olhar divertido do ser que continua em pé do meu lado.

— Disse que te mimaria. — Diz como se estivesse ganhando um desafio.

Estreito os olhos sorrindo de lado e passando a mão na sua que repousa no meu banco ao lado da minha cabeça o imploro sutilmente:

— Pare de ser tão fofo.

— Nunca. — Ele responde apertando de leve o meu nariz antes de dar a volta e entrar no carro.

A viagem demorou um pouco mais do que o esperado, coisa que foi difícil de perceber, coloquei algumas músicas para tocar uma atrás da outra no celular e cantamos juntos até as nossas vozes enroucarem, tentei é claro, manter a atenção do portador das nossas vidas concentrada na estrada. Foram as minhas melhores duas horas pois Dante me contou mais da sua infância e apesar da tristeza que o abateu quando me falou das coisas que sofreu com o seu pai voltou rapidamente a ficar feliz ao me falar dos seus avós, eles foram sua salvação em um período em que ele não suportava ficar em casa, e dormia na casa deles por vários dias. Assim que chegamos na cidade começou a tocar asleep e nos calamos em uma concordância mútua, casas começaram a aparecer e eu ansiava por ver a nossa pela janela, a música ao contrário de encher o carro de tristeza, meio que elevou meu espírito para como seria a minha vida daqui a diante, a maldição de Ondina ainda está comigo mas isso não vai definir a minha vida, viver dói para todos, a diferença é que em mim a dor é física.

Entorpecido por meus devaneios só percebo que chegamos quando sinto o carro parar com suavidade, tiro minha testa da janela, Dante sai do carro a passos apressados e mais uma vez abre a porta para mim, sorrio agradecendo com um beijo em sua bochecha.

Ela é de um azul morno e calmo com flores e folhas ao seu redor, meu corvo me olha, consigo sentir suas íris negras como carvão em mim e sei que um sorriso de orelha a orelha adorna meus lábios. Dante pega em minha mão e eu a aperto com uma firmeza decidida quando sou guiado para fora da calçada, uma bela trilha de paralelepípedos nos guia para ela, e eu sinto, por baixo dos meus pés, a vida do lugar me invadir.

Talvez fosse o amor que eu sinto por Dante se manifestando quando senti uma onda de calor vinda da sua palma que segura a minha percorrer o meu corpo, isso me fez não ter nenhuma dúvida de que serei feliz, não sei explicar mas sei que serei livre; que sou amado e quero estar com ele. Que os problemas da nossa vida juntos venham, estaremos esperando ansiosamente para combate-los assim mesmo, juntos.

Minha próxima história será de amor, do amor de um escritor pela pessoa que ele criou.

***End***

**Ler foi uma de minhas paixões desde que comecei a "virar gente", a minha segunda está sendo escrever. Ler alimenta a nossa imaginação nos levando para lugares inimagináveis, e poder colocar em algum lugar as idéias malucas que temos é de igual, se não de maior, satisfação**

*Obrigada por chegar até aqui, obrigada por votar, obrigada por comentar.*

*A história vai passar por um processo de revisão então se após um tempo passar por aqui verá que ela irá apresentar algumas alterações*

**Até mais...(^^)**

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