25 | O despertar


(Jay Green)

Quando minhas pálpebras se abrem a luz intimidante do ambiente sega-me fazendo com que eu pisque várias vezes para me abtuar, permaneço porém estagnado enquanto tento recordar como controlar meus próprios membros. O teto é branco, coberto por lâmpadas embutidas nele, e não estranho ve-lo novamente.

Me pergunto apenas porque diabos querem que acordemos em um hospital pensando termos morrido, não é uma sensação agradável acredite, eu sei. As vezes em que desperto em ambientes assim só não é maior das que quase morri por quase dormir enquanto ficava deitado no sofá.

Pois é, a morte parece estar de braços abertos para mim, contudo, não a amo o bastante.

Amor, franzo o senho enquanto tento olhar para baixo, especificamente para o meu lado onde sinto minha mão ser apertada com firmeza, eu sinto então uma onda de amor correm pelo meu corpo. Sorrio dentro da máscara de oxigênio, contendo a minha vontade de despertar Dante que repousa sua face em meu colo, ergo apenas debilmente a palma adentrando-a em seus cabelos negros e macios.

Ao ver seus olhos vermelhos meu coração falha em uma batida, pois eu causei isso a ele. A firmeza com que meu pulso é segurado torna, no entanto, impossível que eu consiga impedir.

Isso me lembra a raposa do pequeno príncipe, antes que você conheça verdadeiramente uma pessoa ela será apenas mais uma no mundo igual a outras mil, porém, quando se é cativado por ela, laços se criam. Dante não vai se afastar de mim, já desisti de pensar nisso, além do mais, eu também não quero isso.

Por não ter tirado as íris ainda um pouco desfocadas da face do editor consigo captar o momento exato em que suas finas orbes pretas acinzentadas são descobertas pelas pálpebras, ele fica parado por alguns segundos como se temesse erguer o olhar e quando o faz levanta praticamente de um salto.

Sorrio sem conseguir me conter ao sentir seus dedos tocarem gentilmente a minha bochecha.

— Você acordou... — Dante murmura abrindo um sorriso, concordo com a cabeça sem conseguir dizer nada e arregalo repentinamente os olhos ao me ver ser envolvido com firmeza pelos braços do meu namorado.

Ele esconde o rosto na curvatura do meu pescoço e consigo ouvir um soluço abafado, levo minha mão novamente para os fios dele e fechando os olhos peço em um sussurro rouco:

Raven, por favor me desculpe por ter te preocupado...

Dante então me encara com as íris ainda úmidas e contornando as minhas sombrancelhas com o polegar, nega com a cabeça franzindo o senho.

— Não é culpa sua meu anjo, eu é que fui descuidado. — Retruca.

Suspiro como se dissesse: "me diz que você não acha realmente isso".

— Esse tipo de coisa acontece de tempos em tempos e por qualquer coisa, meu amor, eu moro com uma futura médica que é mais cuidadosa do que uma babá, e mesmo assim não da para controlar tudo. — Explico vendo-o ficar sem graça. — Além do mais, você já cuida muito bem de mim não vê como estou mimado?

Ele ri e a partir daí as coisas ficam exatamente iguais a antes que eu desmaia-se, nunca senti tanta vontade de falar, contudo, sinto minha garganta começar a arranhar e o ar na máscara um pouco claustrofóbico, a tiro pedindo ao editor um pouco de água.

— É verdade! Tenho que avisar a médica e a sua irmã que acordou, ela quer muito te ver. — Lembra me fazendo rir enquanto sai voado pela porta.

Bocejo passeando as orbes ao redor, tem uma dúzia de cartões sobre a escrivaninha e pela caligrafia infantil adivinho serem dos filhos do senhor Morales, meu padeiro e criador das minhas rosquinhas favoritas, além de um buquê de rosas brancas, estico o braço para procurar um cartão, nada, franzo o senho, e quanto tento toca-las solto um: "aí!", Confuso ao sentir meu dedo ser espetado por um espinho.

Levo o dedo machucado a boca para limpar o sangue e sinto um arrepio correr pela minha espinha, buquês de flores não vem com espinhos.

— Seu irresponsável! — Nancy entra já dizendo, sua voz sem nenhum resíduo de raiva, apenas de uma indignada preocupação. Uma mulher jovem e loira entra depois dela com Dante ao seu lado, com quem parece falar algo importante. — Teve muita sorte dessa vez Jay, tem que parar de agir como criança para tentar chegar nos trinta.

Sorrio culpado e estendo a mão para ela, a chamando, Nancy pega nela limpando uma lágrima fujona com a outra e me abraça pelo pescoço. Ela é sempre assim, tentando parecer uma pedra por fora mesmo que no fundo queira um abraço apertado.

Quando sou enfim liberto minha palma continua enlaçada a dela, dando-me uma intensa sensação de tranquilidade e calma, como se tudo estivesse certo assim, e sei que está. A doutora se identifica como Emily e Dante vem para o outro lado de Nancy tocando seu ombro quando ela começa a narrar o meu quadro, um maldito vírus de resfriado que não foi embora devido as bruscas mudanças climáticas acabou infectando o meu pulmão, temeram que fosse tuberculose por causa do estágio da infecção, mas foi apenas a fragilidade só meu sistema imunológico mesmo.

— O seu tratamento vai ser a base de vitaminas e repouso absoluto. — Continua ela com um sorriso de quem da uma boa notícia. — Precisa de apenas mais um dia aqui para o monitoramento, vamos te ajudar a elevar as suas plaquetas e... A fraqueza muscular deve durar ainda alguns dias, vai ter que ter muito cuidado.

Nancy então se volta para mim tirando minha atenção da médica para dizer:

— Dante e eu conversamos, não tenho tido muito tempo para você então seria bom você ficar na casa dele até se recuperar, o hospital fica mais próximo dele.

— Mas... — Gaguejo tossindo. — Dante trabalha, e eu já incomodei demais...

O editor se inclina para baixo me dando uma garrafa com canudinho e sorrindo fala, baixo:

— Não se preocupe, deixa a gente cuidar de você.

Coro, não pelo o que ele falou mas como falou, como se fosse realmente um desejo dele fazer isso. Prendo o canudo nos lábios quase suspirando ao sentir a água morna passar pela minha garganta e concordo com a cabeça apenas erguendo o olhar para ver o sorriso cúmplice que minha irmã e o meu namorado trocam, por quanto tempo dormi?

— Assim é injusto eu não tenho nenhum aliado. — Comento colocando a garrafa agora meio vazia no criado mudo.

— Somos seus aliados Jay, não podemos fazer nada se você não gosta do que faz bem para você. — Nancy retruca de forma condescendente.

Dou língua para ela me voltando para Dante com um bocejo.

— E os meus avós? — Pergunto.

— Descansando, passaram a noite no hospital. — Ele responde, mordo o lábio concordando.

— Tenho que me retirar, mas volto mais tarde, enquanto isso, acho que deveria descansar um pouco. Dizem que dormir acelera a recuperação. — Emily fala atraindo a nossa atenção.

Nancy me dá um beijo na testa dizendo que tem que ir e sai sendo seguida pela médica, ajeito-me na cama e sorrio ao sentir a palma do editor tocar o meu rosto.

— Vou falar com os seus avós. — Murmura beijando o canto da minha boca, balanço a cabeça positivamente, ele sorri. — Fica bom.

— Vou tentar. — Sussurro de volta passando o polegar pela sua sombrancelha, Dante me entrega minha máscara respiratória e sai após ma ajudar a po-la.

— Vou tentar. — Repito enquanto o sono começa a me carregar.

***Obrigada por ler até aqui, não se esqueça de votar e comentários são sempre bem vindos(^^)***

*Incentiva muito na continuação da história... Até o próximo Sábado*

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