|Relações Perigosas|(dublado)

|ATENÇÃO|

*Este capítulo é DUBLADO! Ponham seus fones de ouvido e apertem o play no vídeo acima para acompanhar a leitura!

**Não deixem de ler só por causa do som, pois este capítulo também possui ilustrações!

~|Boa áudio leitura! ~

Os ventos pareciam trazer a chuva. Quando as gotículas começaram a cair sobre o solo, o cheiro de terra molhada fez com que Elaine parasse de chorar. De alguma forma, chuva era uma das poucas coisas que a confortavam. Era como se a própria água a fizesse companhia.

Seus olhos estavam inchados, seus cabelos embaraçados, e seu corpo cheirava a doença. Apesar de tudo, nada disso parecia importar. Elaine estava anestesiada de tudo. Ela olhava num silêncio melancólico aquelas gotas caírem e escorrerem pelos vidros da janela. Não demorou muito para que seus olhos começassem a pesar. Quando quase pegou no sono, um relâmpago interrompeu o som calmante da chuva, iluminando todo o quarto por um instante com seu clarão.

Elaine se alarma. Por um momento, pareceu que uma silhueta havia aparecido na janela. "Não pode ser." pensou ela. Os remédios que lhe deram durante o coma devem ter afetado sua percepção. Devia ser um delírio de sua mente cansada. Ela vira o rosto, e fecha os olhos, tentando dormir. Já bastava de pessoas a perseguindo.

Alguns segundos se passam... Passos. Alguém se aproximando? Elaine cerra os olhos mais firmemente ainda, quase como se quisesse se esconder. Ela começa a tremer e suar frio, prevendo sua morte.

Será que conseguiria se transformar naquele estado? Seu corpo não suportaria.

E se gritasse por ajuda? Provavelmente não chegariam á tempo.

Seu coração disparava. Elaine não queria morrer, não daquele jeito. Ela se vira vagarosamente, e procura coragem para olhar quem havia invadido o seu quarto.

Achei que fosse ficar um pouco mais feliz em me vera frase aparece de repente em sua mente, enquanto sente seu rosto sendo tocado por mãos quentes.

A garota abre os olhos, pois reconhece a voz que ouviu em sua cabeça: Era a voz grave e misteriosa de alguém familiar.

— Sete! — Ela tenta imediatamente alcançá-lo, mas a dor a restringe no meio do caminho.

Vendo a dor que a garota sentia, ele prontamente a segura para que não caísse da cama.

Vamos com calma, está bem? Sete arrumava a garota nos lençóis, enquanto acariciava novamente seu rosto É cedo demais para abraços apertados.

A garota arregala os olhos ao perceber que estava se deparando pela primeira vez com a figura esguia e pálida de Sete. Ele estava algemado, com roupas sujas e esfarrapadas, e por fim, usava uma máscara de couro no rosto, que escondia completamente sua face. Tudo isso provavelmente para evitar que ele interagisse com qualquer um se de alguma forma entrassem em sua cela.

— As horas... Elas disseram que você escapou... — dizia Elaine — Mas eu não sabia que você estava tão perto!

Eu não poderia ir muito longe, acorrentado desse jeito.

-— Achei que algemas limitadoras de monção quase não fizessem efeito em telepatas.

Para os que usam a telepatia apenas para comunicação, simele contempla as próprias mãos por um instante —Mas eu posso fazer muito mais do que isso.

— Então o que—

Shhh... Raio de sol Ele repousa o indicador sobre seus lábios — Um segredo de cada vez, está bem?

Mesmo intrigada, Elaine parou por um momento para sentir o cheiro que Sete exalava. Era fétido e lembrava urina. Esgoto? Por todo aquele tempo, Sete estava escondido no subsolo?

Mesmo que a situação em que ela se encontrava não fosse das melhores, parecia que as coisas também não haviam sido nada fáceis para o Sete. Viver no meio do lixo por quatro semanas deve ter sido terrível. Era possível ver as várias feridas espalhadas pelo corpo do homem, junto com a sujeira incrustada. Mesmo enfraquecida, é possível que tenha usado a telepatia para acompanhar a localização dos guardas, e achar os lugares mais seguros. Ainda assim, se esconder por tanto tempo com toda Zênite procurando por ele, era um feito e tanto.

Depois de todo o esforço que Sete fez para sobreviver, ia ser difícil entregá-lo para a Primeira no dia seguinte. Estava na cara, que ele estivesse esperando uma oportunidade para roubar uma chave de Sétima. Sete não parecia ser uma pessoa tão ruim, já que podia tê-la matado num instante. Mas não seria seguro deixá-lo à solta após todas aquelas pessoas morrerem no dia do legado. Apesar de conhecê-lo há um bom tempo, depois do que Edward havia feito, não havia chance nenhuma de confiar numa outra pessoa, ainda mais num criminoso.

Elaine esperava que ao menos, se satisfizesse a vontade das Horas, entregando Sete, conseguiria melhorar a situação dele quando fosse preso novamente.

Sete se estica em direção a garota, que permanecia deitada — Agora vamos falar do que importa, raio de sol: Você. Como se sente?

— Dói um pouco, mas tô bem... A Primeira disse que vai me ajudar a ficar cem por cento, então logo vou voltar pro meu posto.

Não consigo acreditar que aquelas vadias ainda querem fazer você lutar
ele se senta na cama da garota, confortando-a.

Elaine fica pensativa. Sete estava realmente preocupado com seu bem estar? O que ele estava fazendo ali, afinal? Provavelmente estava tentando extrair informações.

Ela desconversa.- Sete... Você não está com fome? Deve estar, já que você não está mais sob o efeito do selo. Come alguma coisa, ganhei vários chocolates de presente!

-Isso seria adorável. Mas como pode ver, essa coisa no meu rosto não sai. Tem um fecho na parte de trás,que libera a minha boca. Mas eu não consigo alcançar por causa dessas algemas.

Sete vira-se para ela, revelando a complexa forma que aquele acessório havia sido produzido. Ao tatear o tecido e as amarras, a garota se choca ao chegar à conclusão de que a máscara estava costurada na própria pele de Sete. Zênite sempre foi muito ética em relação aos prisioneiros, e em todo o período de exército, Elaine nunca havia testemunhado um tratamento tão cruel. O fato das cordas vocais de Sete terem sido enfeitiçadas era ruim, porém justificável dependendo do que ele houvesse feito. Mas aquela máscara... não passava de tortura. Era possível enxergar os rasgos na parte da boca que ele fizera para se alimentar durante seu tempo nos esgotos. A máscara parecia ser tão dura e apertada... Era improvável que ele tenha conseguido comer o suficiente usando aquilo.

Naquela hora, Elaine sentiu que precisava livrá-lo daquele tormento. A garota investiga ao redor, e percebe que no criado mudo juntamente com o correio, havia um abridor de cartas. Com ele, a guardiã vai cuidadosamente desfazendo os pontos da máscara um a um. Apesar da peça estar presa em sua carne, Sete não parecia estar sentindo dor alguma. Analisando o estágio de cicatrização da ferida, aquele procedimento deveria ter sido feito há muito tempo atrás. A medida que o tecido ia se soltando, revelavam-se os fios de cabelo do homem que eram de um vermelho intenso, cor de sangue. Elaine nunca havia visto cabelos daquele tom antes; não naturais ao menos. Ela imaginava que por estar na prisão por tanto tempo, os cabelos de Sete estariam embaraçados e quebradiços, mas não. De alguma forma, eles ainda estavam sedosos e de aparência saudável. Algo ali não se encaixava.

-Pronto, acabei.- Elaine estica um pouco o pescoço em direção a ele, curiosa.

Sete começa a puxar o adereço de sua face. Lentamente, o couro vai deslizando por sua pele, libertando seu rosto. Ele dá um grande suspiro de alívio ao retirá-la completamente. Logo em seguida, levanta a cabeça para o alto, tocando seu rosto que há muito não sentia. Após alguns segundos, Sete puxa seus cabelos para trás e vagarosamente se vira para a garota, sorrindo.

"Olá, raio de sol."

Surpreendentemente, Sete , o prisioneiro que apodrecia na prisão revelava ser um jovem, de uns vinte e tantos anos, belíssimo. Elaine jamais imaginara que se tratava de um rapaz da mesma idade que ela. Muito menos que ele fosse tão... Atraente. Ela ficou extasiada no primeiro momento em que viu o rosto dele. Nunca vira um homem tão bonito assim. A voz que ecoava na mente da garota ao comunicar-se com ele mudou automaticamente para um tom mais jovial; condizente com sua aparência.

-Surpresa?- perguntou ele, com uma voz profunda e aveludada; apesar de seus lábios não se moverem.

A garota não conseguiu respondê-lo.

Aquele rapaz... Quem era ele afinal? Perguntou-se Elaine, enquanto admirava o rosto estonteante do fugitivo. Aquilo não fazia sentido. O prisioneiro que ela conhecia não era assim. O Sete deveria ser um detento que estava há anos na prisão. Sem gênero, sem idade, apenas... o Sete. Em todo o tempo que conversaram, nunca chegaram ao tema de aparências ou nada parecido. E agora aquele homem estava ali, com um rosto, com personalidade.

Elaine chegou a conclusão que nunca o enxergou como uma pessoa, de fato. Por isso o choque. Sete nunca passou de uma porta com uma voz; a cela 708. Ao se perder em devaneios, a garota começou a recapitular todos os momentos em que passou com aquele rapaz sem perceber. Todas aquelas confissões íntimas... Estavam sendo ouvidas por alguém, estavam sendo ouvidas por ele, o telepata mais perigoso da colônia.

Sete olhava a reação da garota com certo interesse, mesmo que uma atitude dessas vinda dela fosse bastante previsível.

-Você não me imaginava desse jeito. Acertei?- Ele ri com deleite.

Elaine responde com uma gargalhada meio desengonçada. Era o momento em que ela devia desdenhar dele ou fazer alguma observação irônica. Mas as palavras simplesmente não se formavam. Sete agora não era uma porta, e sim uma pessoa. E se tinha algo que Elaine não era boa, era falar com pessoas. De todos os medos em ter seu quarto invadido por um telepata psicótico, ser vista como uma completa idiota era que Elaine mais temia naquele momento.

-É um prazer conhecê-la também. - Afirma, em resposta ao aparente estado catatônico da garota. Ele se levanta indo em direção ao lavabo no lado oposto da sala. - Você não se incomoda se eu usar a pia para me lavar não é? Eu devo estar com um cheiro horrível.

Elaine faz um simples não com a cabeça, um pouco sem reação. A garota o seguiu com os olhos, enquanto Sete se despia até chegar na região no banheiro. " Que exibido." pensou ela. No entanto, não teria o porquê se incomodar com aquilo. Ela já tinha visto muitos homens nus no exército, já que os chuveiros sempre foram mistos. Mas por algum motivo, aquela cena acabou deixando seu rosto um tanto corado.

A luz da lua banhava a pele pálida do rapaz que ficava ainda mais branca, e seus cabelos lisos deslizavam pelos seus ombros como uma cascata. Apesar de um pouco magro e sujo, ele estava longe de ter o corpo de um prisioneiro. Como ele conseguiu se manter tão saudável na prisão por tantos anos, era o que deixava Elaine mais intrigada. Tinha alguma coisa errada naquele homem, isso era fato.

Sete se vira para ela, sorrindo outra vez.

-Eu achei que eu era o mudo por aqui.- transmite Sete, irônico.

A garota se intriga. -Como assim? Você tá pelado. - Ao se tocar da situação absurda que estava passando, Elaine desvia o olhar.-Quer que eu tipo... dê uma nota, ou algo assim?

-Não vou mentir, seria divertido.

-Tá bem. Nove? - Respondeu Elaine, prontamente.

-Nove...-Ele dá um sorrisinho debochado. -Você leva as brincadeiras bem a sério por aqui, não é?

Ao ouvir isso, a garota coloca a palma da mão na testa e se encolhe, percebendo o que tinha feito. No que ela estava pensando afinal? Sete já estava se sentindo em casa e mostrava ser uma pessoa extremamente complexa de se lidar. Para Elaine, provavelmente seria melhor se ele continuasse como uma cela enferrujada.

-Os palacianos são inacreditáveis. Até a saboneteira deles é de ouro.-O rapaz coloca o rosto pra fora do banheiro, olhando para Elaine. -A propósito, em uns seis ou sete segundos uma enfermeira vai entrar para checar se você está bem. Estou contando com você para ganhar o prêmio de melhor atriz, certo?

Elaine se desespera. A garota prontamente se vira para o lado, puxando os lençóis até o topo da cabeça. Como ele podia ser tão casual sobre uma coisa dessas? Talvez porque tenha feito isso por um mês, ou talvez um vida inteira. A porta se abre. E ao olhar disfarçadamente, parecia realmente ser uma enfermeira no quarto. O medo de aquela mulher resolver entrar no banheiro era mortal. Tantas coisas podiam dar errado naquele momento... Felizmente, a enfermeira não ficou por muito tempo dentro do quarto. Como ele havia dito, ela só estava checando. Ao ouvir o clique da porta se fechando, Sete sai do banheiro no mesmo momento. Elaine suspirava de alívio.

-Eu esperava uma performance melhor, mas até que serviu.-O homem enrolava uma toalha em sua cintura.

-Você é maluco. - respondeu a garota, saindo dos lençóis.- Pelo o que eu vi na prisão, você parecia ser do tipo calmo.

-Eu era mais paciente sim.-Ele perambula pelo quarto, abrindo as caixas de presente e analisando uma a uma. -Quer dizer, eu não tinha muita alternativa, já que a única coisa que eu conseguia mover eram meus pés.

Após abrir algumas das dezenas de caixas espalhadas pelo quarto e degustar algumas guloseimas, acabou encontrando alguns presentes que seriam para o guardião do crepúsculo. Provavelmente foram parar ali por engano, já que depois da traição de Edward, essas caixas ficaram sem destino. Sete ficou aparentemente fascinado pelos trajes dados pela corte, e começou a vesti-los sem ao menos perguntar primeiro. Das roupas presenteadas, ele escolheu o exato oposto do que Edward escolheria: Um belíssimo terno de cetim, florido dos pés a cabeça. Sete vestiu o paletó com todo o cuidado do mundo, como se não quisesse de forma alguma danificá-lo; abotoando os fechos um a um lentamente, para ter certeza que não havia estourado nenhum botão. Dobrou as mangas do terno cuidadosamente para ajustá-las ao seu tamanho, já que Edward era um pouco maior que ele. E estava pronto.

Elaine observava boquiaberta tamanho requinte apenas para vestir um terno. Sete pegou uma pequena caixa com um laço e colocou delicadamente no colo de Elaine.

-Abra, é um presente do Arquimedes. Um artista famoso. Você me disse que gostava de arte, não é?-Elaine concordou com a cabeça. -Quem sabe isso não te anime?

Elaine desembrulhou o pequeno presente com curiosidade. E para a surpresa dela, eram brincos. Brincos grandes e geométricos feitos de obsidiana. Pelo jeito, a elite artística de Caldrath não se importava o suficiente para saber que Elaine tinha a orelha furada apenas de um lado. Sete tenta disfarçar sua expressão cômica, ao perceber a gafe e o claro desapontamento de Elaine.

-Tudo bem, péssima idéia.-Ele tira as jóias das mãos de Elaine. -Se serve de consolo, sempre achei o Arquimedes péssimo, também.

Elaine ri timidamente, concordando com ele. - Tudo bem, esses brincos são chiques demais pra alguém como eu, de qualquer jeito. -Ela dá de ombros.- Inclusive, acho que esses brincos ficariam bem melhores em você, sabia?

Sete se surpreende com a afirmação, e os experimenta. -Se é o que você acha.-Ele sorri. -Obrigado, raio de sol.

Os dois se olham por um instante. Elaine finalmente se deu conta que estava fazendo um amigo. Um amigo de verdade. Ela sente intimidade o suficiente para passar as mãos pelos cabelos vermelhos de Sete, penteando-os. Prisioneiro, homem, criminoso. Tenaz o suficiente para sobreviver no saneamento por dias, inteligente para calcular a posição dos guardas, mas que ao mesmo tempo conhecia a elite e entendia de etiqueta. Quantas faces Sete tinha afinal? Elaine se perdia em pensamentos enquanto trançava os longos cabelos do garoto, calada.

-Você é uma graça, sabia? Adorei o penteado . Agora posso fugir dos guardas sem o cabelo no rosto." Elaine ri em resposta a afirmação de Sete. -Mas me diga...- O rapaz vira-se para ela, encarando-a nos olhos com seu sorriso misterioso.

-Você acha mesmo que eu não sei que você está planejando me entregar?

Um silêncio fantasmagórico toma o lugar.

Elaine arregala os olhos e fica petrificada. O olhar de Sete a penetra como mil agulhas em conjunto. Sua respiração acelera. Claro, ele era um telepata. Um telepata perigoso. E mesmo assim a guardiã pensou que poderia capturá-lo com um plano infantil daqueles. Com as mãos trêmulas, a garota observa o rapaz se levantando e caminhando calmamente em direção à janela. A verdade é que ele nunca a havia visto como uma ameaça.

-Você realmente não está pronta para ser a guardiã da aurora, não é?- Ele transmite sua mensagem com aquele mesmo sorriso diabólico no rosto.

-Sete...! Espera!-diz Elaine, esticando sua mão em direção ao rapaz.

-Eu não sou mais o Sete. Meu nome é Abel.

E desaparece se atirando pela sacada.

Agradeço pela sua colaboração em ter chegado até aqui! Estamos no capítulo 6, e eu não poderia estar mais feliz! Graças a esse time incrível, essa audio novela foi possível! Espero que tenham gostado!

Thiago Lopes- Narração

Anderson Rebouças- Sete

Direção de áudio - Guzd

Em especial, queria fazer uma homenagem especial ao GuzD, que madrugou pra mixar tudo e deixar o áudio tão incrível. Obrigada, do fundo do meu coração. ♥️

|Ilustrações por Anna Neves|

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