|A cerimônia| (dublado)
Este capítulo é DUBLADO!
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Elisa apareceu na vida de Elaine e Edward sem aviso. Entrou para o exército, quando venceu uma partida de xadrez contra a Sétima Hora, uma telepata. Com isso, a garota foi uma das poucas ao entrar na guarda, sem ter que subir de cargo, foi direto para o grupo de estrategistas do governo. Apesar disso, sua função e talento não refletiam em sua aparência, muito menos em sua personalidade. Elisa era gentil, meiga e delicada. Praticamente uma lady. Extremamente empática, atraía muitos ao seu redor. Ficou um ano no palácio, até ser atribuída ao pelotão de Edward e Elaine, que já eram bem próximos. Os três formaram uma espécie de laço, após trabalharem juntos no desastre de Eurtan. Edward e Elisa sempre foram bons amigos, mas a notícia do casamento já foi algo inesperado. Como Elaine não havia percebido que eles estavam nesse nível de intimidade? Até então, a guardiã era a melhor amiga do rapaz. Amiga, confidente, alguém importante, ao menos.
Enquanto Elaine estava próxima de sua ascensão, seu mundo estava ruindo. Era tarde demais para desistir, a cerimônia estava prestes a começar. Desde o começo, ela já tinha em mente que seus sentimentos não deviam importar. O que importava era Edward, independente do que ele sentisse por Elaine. Mas, era inevitável. Sofrer por ele era inevitável. Era para ela ser o escudo, a ferramenta que Edward pudesse usar. Mas, ela esperava que fossem só os dois. Só os dois e o mundo. Não a tal "Elisa" no grupo. Era porque ela era inteligente? Sofisticada? É claro. Óbvio que Edward escolheria alguém como ela. Existem pessoas que atraem os outros, outras não. Simples assim. Não importava o quanto Elaine se esforçasse para ser mais simpática e extrovertida, as pessoas nunca vinham. Era como se ela tivesse uma barreira em torno de si própria, que a mantinha numa solidão contínua. Era desconfortável. Desconfortável estar em torno de gente. O fato de ter que dar uma boa impressão para tantas pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, era aterrorizante. Por isso, estava bom daquele jeito. Ela e Edward. Sozinhos. Claro que Edward não era introvertido, mas fazia o tipo discreto. Seu jeito, gentil e confiável, fazia com que as pessoas se aproximassem dele, fazendo-o até popular. Juntando as peças, fazia todo o sentido, ele e Elisa. Duas estrelas de Zênite, inteligentes, bonitos e populares. Passou pela cabeça de Elaine que, talvez fosse melhor para a colônia, se Elisa fosse guardiã no lugar dela. Mas, ela não podia recuar agora. Edward acreditava nela. Ele via coisas que nem ela enxergava em si mesma.
Desde quando foram designados a estar juntos, Elaine com escudo, e Edward com a espada, os dois foram destaque no exército por muito tempo. Porém, não era fácil o quanto aparentava. Edward mal falava no início, e ela sempre foi insegura demais. Mas, com o tempo, a dupla se tornou inseparável. O espadachim era muito veloz e preciso, mas não enxergava caminhos alternativos, caso os planos dessem errado. Já Elaine, era engenhosa, usava o que estivesse no seu poder para contornar suas fraquezas físicas. Sim, a futura guardiã era fraca. E isso a incomodava, a ponto de fazê-la se oferecer para todo tipo de experimentação farmacêutica oferecida pelo governo. Tomou adrenalina, doses de testosterona, e mesmo assim sua aptidão não se equiparava aos outros homens da classe dos escudeiros. Eram poucas as mulheres que entravam nessa partição, e essas, tinham bem mais força física. Era estranho uma garota tão franzina, estar na classe mais bruta do exército. No entanto, os superiores estavam desesperados por peões, ainda por cima, alguém com uma monção tão intrigante quanto ela. Elaine não compreendia as dimensões de seus próprios poderes. Tudo o que sabia, era que ao ficar em perigo, o mundo ruía ao redor. Mas, nem sempre funcionava. Os capitães achavam aquilo fascinante, e constantemente, a colocavam nas linhas de frente, para pôr os dons da garota à prova. Talvez, esse foi o motivo de ter sido transformada em escudeira, para que os superiores a estudassem à vontade. Se não fosse por Edward, com seu senso incontrolável de justiça, ainda estaria sendo forçada a arriscar sua pele.
Elaine olhou seu parceiro com carinho. Tantos anos, e agora, estavam ali. Juntos. Mesmo que quisesse o melhor para a colônia, já havia encontrado seu lugar no mundo: Com ele. Não precisava mais ser importante, necessária ou relevante. Ser o apoio que ele precisava, já era o suficiente. Só Edward se importou com ela, em toda a sua vida. Ele a defendeu, acreditou nas capacidades dela. E agora, era a hora de retribuir o favor.
Mesmo com a garganta amarga e o coração apertado em relação ao casamento de Edward, não mudava o fato de que eles eram irmãos de batalha, e que agora, estariam juntos como guardiões. Ela tenta abrir um sorriso para o seu parceiro, conivente. Talvez, tivesse feito isso, para que ela mesma tentasse enterrar seus sentimentos nas profundezas de seu coração.
Então, a porta se abriu, tinindo. Um longo corredor os esperava, que ligava à uma enorme porta, feita inteiramente de ouro. As paredes eram rubras, de um mármore jamais visto, até então. Estátuas de Éden ornamentavam o teto. Um passo após o outro, Elaine admirava a beleza e magnitude do local. A entrada para a cúpula do evento estava cada vez mais próxima. O coração dela disparava, sua respiração ficou ofegante. Dois guardas se mantinham, um de cada lado da porta, esperando os guardiões estarem prontos para serem anunciados.
Edward e Elisa cruzam cálidos olhares, e dão as mãos. Essa visão atravessa como uma flecha no coração de Elaine, que estremece. O pensamento "Apenas amigos" ecoou nos cantos mais sombrios da mente de Elaine. Algo que já deveria estar claro. Mas não estava. Elaine recua. O pior estava por vir. Passo a passo, a garota estava querendo fugir do inescapável. Edward e Elisa se beijam, apaixonadamente. Elaine queria vomitar, desmaiar, morrer. Mas, precisava manter a compostura. Precisava observar a perda do amor da sua vida, calada. Como a boa parceira que era. O casal se separa, e um maldito anel é posto no anelar de Elisa. "Devia ter sido eu", pensou a futura guardiã. Um súbito pensamento assustou-a, que iria jurar amar e proteger toda a colônia em instantes. Ela busca, com dificuldade, reunir a calma, que ainda restava em seu ser.
Elaine caminha lentamente, e se posiciona, ao lado de seu amado. Tocam as trombetas. As respirações ficaram ofegantes, ao que Elisa se retira.
— Muito bem Elaine. Você consegue!
As portas finalmente se abrem. O brilho do hall cerimonial os cega, enquanto seus nomes são anunciados pelo porta voz, o cerimonialista.
Elaine contemplou seus arredores. O hall, em si, se assemelhava a um anfiteatro coberto. Porém, encantava os olhares com suas paredes translúcidas, feitas de cristal mágico. Elas revelavam milhares de cardumes com peixes brilhantes. Um aquário gigante. Nas confortáveis e estofadas arquibancadas, se sentava, nada menos do que a nata da sociedade sideriana. Capitães, conselheiros, reverendos, os familiarcados de Eurtan, até celebridades de Caldrath. Todos, com os olhares, cobriam os guardiões. Por se tratar de um ritual sagrado, foi decretado que a cerimônia seria privada, sem câmeras, gravações, nem nada do tipo. Aquele era um evento único, memorável para quem estava o presenciando. Como sempre dizia Nona, nos ensaios da cerimônia, há semanas: "Jornalistas são sempre muito barulhentos." E ainda disse que, numa dessas cerimônias, um dos câmeras havia tropeçado num cabo de força e ido escadaria abaixo, até dar de cara com a Primeira. Desde então, nada de mídia. Reuniões, festas e comitês seriam feitos após o ritual, justamente para isso.
De acordo com o ensaio, Edward e Elaine começam a caminhar em direção ao centro. Um carpete aveludado cobria as escadarias, que levavam ao palco central. Lá estava o porta-voz, em frente ao seu palanque, esperando pelos dois, enquanto o hino de Sidéria era tocado pela orquestra. Atrás do Sábio, havia uma banca, com o próprio conselho das doze — governantes da colônia — testemunhando tudo.
Havia algo, porém, que chamava mais atenção do que as doze mães reunidas. Um pouco adiante do conselho, elevado, um trono vazio. Feito de ouro e prata, cravejado em joias, nos mais finos detalhes.
— Será que...? — comentou Elaine, para seu parceiro, ao ver que ele também havia notado. — Ela não vem, mesmo?
Edward não demonstra qualquer resposta em seu rosto, e logo, volta os olhares para o público.
Enviada pelo próprio Criador, seus dons proféticos sagrados guiavam o curso do futuro da colônia, desde o princípio. A sacerdotisa Éden não aparecia, em público, desde o atentado em Eurtan.
Os dois desfilavam (como ensaiado) por um caminho traçado de flores. Eles acenavam e cumprimentavam, quem conseguiam alcançar. As pessoas gritavam, clamavam o nome de seus campeões. O clamor era tanto, que chegara ao ponto de tentarem arrancar partes das vestimentas dos dois. A comoção era generalizada. Não era de se esperar menos, já que se passara um ano inteiro de luto na colônia. Guardiões novos e brilhantes eram o colírio de que Sidéria precisava.
Ao alcançar o fim do percurso, estavam perante o palanque do porta-voz, e de duas pequenas fontes de água. Uma de mármore branco, que jorrava água alaranjada coberta de névoa, e a outra, negra, jorrava água, refletindo um céu estrelado. Estes, eram os chamados elixires sagrados, que ao serem bebidos, concedem os poderes permanentes de guardiões do crepúsculo e da aurora.
Os dois se posicionaram, de frente para às suas respectivas fontes, e fizeram o cumprimento de Sidéria. Todos fazem um silêncio de expectativa, ao compasso que miravam o trono. Uma luz faiscante surge, e descende sobre o trono, como um cometa. Dele surge, ninguém menos do que Éden, a iluminada.
Todos da plateia se assombram com a presença, absoluta e súbita, da donzela. Até os guardiões — que nunca a viram, nem mesmo uma vez — se viram para o alto, para espiar a mulher a quem estavam servindo todos esses anos.
Era magnífica. Uma mulher pálida, com os cabelos longos, que tocavam o chão, brancos como a neve. Seus profundos olhos azuis se destacavam, dentro daquela branquitude toda. Um olhar cálido e suave, que se mostrava um adereço, ainda mais, precioso que sua enorme coroa dourada.
Todas as doze Horas se prostram debaixo de seu trono, e Éden às corresponde, com um sorriso complacente. Ela abre seus braços para o público, e o porta-voz anuncia:
— Saúdem, meus amados, Santa Éden!— Toda a plateia bateu palmas, em comemoração e regozijo.
Elaine se vira para a frente, arrepiada, no aspecto que havia visto. Era mesmo... uma deusa. Tanto falavam em Caldrath, que ela poderia ser até mesmo uma entidade, um espírito de luz. Mas ela estava ali, em carne e osso , exatamente tudo o que diziam nas lendas e orações.
A Primeira Hora, na parte central da banca — a única vestida de branco, dentre o conselho — com seu olhar estoico, tomou o seu microfone, que descansava na mesa à sua direita, e declarou:
— Boa noite a todos. Caros juízes, reverendos, acadêmicos, magos e integrantes da corte de Sidéria. — Ela cobre o público com um olhar neutro.— Estou honrada em dar início a esta cerimônia tão memorável. Assim como minhas onze companheiras, que se se esforçaram tanto para sair de seus postos hoje. Falo por elas, quando digo que a presença de nossa santíssima nos aquece e alegra os corações. Isso é tudo. — Ela faz o sinal com a mão, para que o porta- voz prossiga.
— Amados siderianos. Hoje, nos despedimos, ao mesmo tempo que saudamos. Choramos, ao mesmo tempo que comemoramos. A passagem de uma era para a outra! — Palmas acompanham a fala do senhor.
Após isso, telões mágicos mostraram os falecidos guardiões, Cordélia e Cornelius, em seus tempos de glória. O anfiteatro entra em clima de luto, e faz o cumprimento sideriano, em respeito aos heróis.
Em meio às longas solenidades, Edward dá um sorriso discreto para Elaine, que respondeu com carinho. Aquele sorriso. Lhe deleitava tanto. Era quase como se tivesse alguma chance com ele. Uma esperança pura e gentil, que lhe preencheu por completo. Se ela pudesse estar ao lado dele, lutando, vendo aquele sorriso, destinado a ela, todos os dias, já era o suficiente. Aquele futuro como guardiã era maravilhoso. Estar com ele era maravilhoso. E ele a havia escolhido para estar ao seu lado, tanto quanto Elisa. E isso, era o que importava. Elaine estufou o peito, e olhou para o público com confiança, assim como Edward estava fazendo.
A Segunda Hora, vice no conselho, desce de seu lugar, graciosamente, indo em direção ao palanque. Com seu aspecto fantasmagórico, cabelos longos e bata conservadora, fez com que o público a seguisse, silenciosamente, com os olhos. Primeira nunca foi de falar mais do que o necessário. Evitava, ao máximo, abrir a boca mais do que três minutos, quem dera dar discursos motivacionais. Toda a politicagem e baboseiras com a imprensa, foram passadas como função para a Segunda, seu braço direito, que aceitava essa missão com honra. Ela chega ao palanque, tomando o lugar do porta-voz por alguns minutos.
— Em nosso trecentésimo sexto ano nesta colônia espacial, nunca enfrentamos tempos tão sombrios. — afirmou, com sua voz soprosa e marcante — Ao chegarmos aqui, quando ainda era muito menina, vi os mandamentos que Deus havia nos deixado, no pó da terra, avisando sobre o caos que haveria dentro de nossos corações. — Ela caminhou, e deslizou a mão sobre a coluna de mármore. — Isso se confirmou, quando vários anos depois, testemunhamos trabalhadores honrados se entregarem aos ideais distorcidos de uma seita maligna, causando o desastre de Eurtan. Nem a luz mais brilhante, naquele dia fatídico, pôde descontaminar a mente daqueles que pertenciam à revolta. Perdemos nossos heróis. Perdemos nossos Anjos de Guerra. Mas hoje, meus caros, proponho um recomeço.
A plateia, calada, sabia o que precisava fazer. Muitos, simpatizavam com as atitudes dos revoltosos no passado. Eram pessoas comuns, mas de paixão incontestável. Difícil, era não admirar sua bravura. Amavam a colônia, porém eram todos destinados a um fim cruel. Em troca da fama e do propósito, que a causa rebelde trazia, vinha a destruição e a discórdia. Todas aquelas pessoas, bem intencionadas, não se deram conta que estavam servindo as forças do mal, até descobrirem o verdadeiro significado de ser um integrante da Axia. A destruição total de Eurtan — a quinta camada — e seus familiarcados. Mas, era tarde demais. Cordélia e Cornelius estavam mortos, e cinco territórios dos doze, praticamente destruídos.
Começar era, praticamente, abraçar novamente o sistema. Acolher guardiões novos, como se nada tivesse acontecido. Aceitar o sistema falho de Eurtan — e a complacência das horas — que isolava os Eurtanos do resto da colônia, fazendo-os viver como camponeses, trabalhando nas plantações de açúcar e criando gado até morrerem. Fingir que estava tudo bem. Sorrir. Colocar toda a fé no governo das Horas, e acreditar que elas conseguirão fazer com que a colônia se unifique, e alcance a tão sonhada paz absoluta. Voltar para casa. Devolver a cor daquele planeta morto. Isso, era o que a Segunda queria dizer com aquela única palavra: Recomeço. Quase como se ela estivesse dando um aviso para aquela plateia, composta pelos mais influentes da colônia :
"Chega de gracinhas, desta vez."
Que poder. Que poder tinha o discurso de uma Hora. Muitos dos convidados começaram a chorar. Muita gente ali tinha parte nisso. Mas, não foram presos, por seu alto escalão ou falta de provas. O arrependimento ali era evidente. Aquele clima mórbido sufocava Elaine, de mil maneiras diferentes. O silêncio domina. Até que alguém, no meio do público, grita:
— Avante , guardiões!
Essa frase encheu a plateia de esperança. Sim, os novos guardiões. A luz no fim do túnel. Aquela frase começou a ser repetida, até formarem um grande clamor. O público grita, bate palmas, se emociona.
"Como eles podem confiar tanto na gente?", pensou Elaine. "Eles nem, ao menos, nos conhecem." Era a única saída, esperar o melhor. Mas, Elaine sentia o peso da colônia em seus ombros. Pensava que os guardiões auxiliavam os planos das Horas. Mas, agora sentia que devia fazer tudo sozinha.
Agitada, ouve seu nome ser chamado pelo porta-voz. Seus pensamentos são esvaziados, ela responde prontamente, com um cumprimento. Era chegada a hora. A garota pega a taça cerimonial, e a levanta ao público.
A plateia delira. E Elaine dá um sorrisinho falso, como sempre faz, e acena. "Como o humor dessa gente muda tão rápido?" pensou, incomodada. Ela vira a cabeça, por um segundo, e repara que seu amado também batia palmas para ela. Num instante, a multidão se dissolve, e passam a existir apenas os dois ali.
As coisas ficam em câmera lenta. É verdade. Ela nunca esteve sozinha. Edward estava ao seu lado, muito mais focado e determinado que ela, uma garota cujo propósito se resumia a, apenas, ver a felicidade de alguém. Alguém que tinha o sonho mais bonito de todos: Salvar o mundo.
— É agora! É o seu momento Elaine!
Estava tudo tão claro. Com o coração disparado, abre os lábios para selar seu destino tão esperado. Mesmo com medo, devia ser forte por aqueles que amava. Edward acreditava nela, a colônia acreditava. Então essa posição, o cargo de guardiã da aurora, era algo tão seu, que ninguém jamais poderia tirá-lo dela. Cheia de vontade, com a mão sobre a fonte, começa a fazer seu juramento.
Eu, Elaine de Caldrath
Juro lutar pela Colônia
Amá-la e protegê-la
Até o fim de meus dias
Curar e proteger os que precisam
E, com estas mãos,
jamais ferir ou pôr uma vida em risco
Coloco minha vida nessa taça
E bebo da esperança
Sidéria! Avante!
Elaine então, enche a taça com o elixir sagrado, e bebe na presença de Éden, das Doze Horas e de toda a corte real, legitimando seu posto como guardiã da aurora. Em uma fração de segundo, sente seu corpo vibrar, sendo preenchido por uma energia magnífica. Todo o cosmos parecia tomar seu espírito, coração e mente. Sentiu a mais pura luz ser uma só consigo mesma. Quando se deu conta, todos batiam palmas para ela, inclusive Edward, o que encheu seu coração de orgulho. Ela se sentia poderosa, mais madura. Pronta para enfrentar o mundo junto com Edward, para sempre.
Dançarinas apareceram vestidas de raios de sol, cumprimentando a nova guardiã. Acrobatas entravam junto com a fanfarra e os músicos ditavam o compasso. Elaine ria e batia palmas para aqueles que a reverenciavam. Apesar de tímida, aquela situação lhe dava uma confiança que surgia do desconhecido. Lidar com uma multidão que a adorava era fácil e prazeroso. Será que os dias seriam sempre assim? Elaine estava ansiosa para descobrir que mais surpresas e luxos a aguardavam. Ao final, uma nova coroa, representando a transição para guardiã, foi colocada pela própria Éden, na cabeça de Elaine.
Após alguns instantes, o porta-voz interrompeu a festa com o agitar de seu báculo. Mais uma deixa. Edward deu um passo à frente. A cerimônia precisava continuar. Edward, com um sorriso gentil no rosto, levantou sua taça para o público, que já comemorava. Com a taça na mão, Edward recitou:
Eu, Edward de Dustrain
Juro lutar pela Colônia
Guerrear e combater o mal
Até o fim de meus dias
Subjugar e punir os injustos
E com a sabedoria que me for dada
Matar somente quando necessário
Coloco minha vida nessa taça
E bebo da justiça
Sidéria! Avante!
Elaine estava extasiada. Seus olhos brilhavam. O modo como ele havia falado, cada uma daquelas palavras, passava uma confiança tão grande. Era inspirador. Enquanto ouvia-o dizer seu juramento, ela sussurrava " Eu te amo" repetidas vezes, quase como um mantra, enquanto segurava as mãos contra o peito. Sete anos de treinamento. Sete anos sofrendo humilhações. Sete anos para subirem juntos, e completarem a promessa que haviam feito. Elaine estava perto da linha de chegada. A ansiedade estava a matando. Queria logo pular em cima dele, e lhe dar o beijo que estava guardando desde que o conheceu, mesmo que não fosse mais possível.
" Crash!"
Um som estridente de vidro ressoa no hall, interrompendo todo e qualquer pensamento.
Elaine se vira, alarmada, em direção a Edward. Tudo parece estar em câmera lenta. As horas e Éden se levantaram para ver o que havia acontecido. O público se choca.
Edward... Edward está... intacto? Mas a taça.... Está quebrada.
Não pode ser. Edward, o futuro guardião, quebrou a própria taça?
Pedaços da vidraria se estilhaçaram aos pés de Elaine, que olhava os cacos. Atônita.
—Eddy...? — Elaine caminhava em direção ao amado, estendendo a mão em sua direção. Em resposta, um olhar frio.
A Terceira Hora, a mais imponente, grita:
— Edward, o que significa isso? Pare o que está fazendo, nesse instante!
— Eddy, se tem algo errado, nos diga!— Elaine tenta se conectar com seu parceiro, que não responde.
Edward, observado por todos no hall, caminha calmamente até o centro. Um silêncio apreensivo toma conta da cerimônia. Tudo o que se pode ouvir são os passos do rapaz, ecoando nas paredes de vidro.
" Senhoras e Senhores, anuncio um fim à era das Horas!"
E o anfiteatro, uma vez tão eufórico, se silencia.
Olá a todos! Que honra vê-los aqui de novo! Espero que apreciem esse throwback dublado!
Plot Twist? Haha. Talvez nem tanto, vocês já tinham idéia disso ou não? Continuem comigo, vou lhes mostrar do que o Edward é capaz...
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