Temporada 2 - Capítulo 2| "Eles sempre voltam"

Apartamento 114, 12 de fevereiro, quase 20:00 horas da noite.

A pequena garotinha colocou seus calçados rosados no pé e agarrou com força o ursinho de pelúcia. Ela seguiu até o corredor, onde percebeu que havia uma mulher. Uma mulher com muita fúria e ódio em seus olhos. Pouco a pouco, a menina tentou se distanciar e correr para o quarto mais uma vez. Entretanto, era tarde.

Aquela figura feminina de quase dois metros de altura agora parecia diferente. Suas mãos haviam se tornado garras, e seus dedos tinham longas unhas escuras. Com o passar dos instantes, enquanto a menina ainda encarava a mulher, seus olhos viraram infinitos buracos escuros e seu corpo inteiro veio a contorcer-se em um rápido movimento. Não era uma simples pessoa, era um monstro. Um daqueles monstros que te fazem querer gritar, gritar e gritar, até que consiga escapar deste pesadelo. E esse era o único desejo de Melissa naquele momento.

— NÃO! — seus cabelos foram jogados para frente, quando a jovem impulsionou seu corpo na cama.

Nada daquilo havia sido real. Era apenas um pesadelo, bastava esquecer do medo por um segundo, e logo ele iria embora. Ele sempre vai. Pelo menos, era o que Jullie dizia para Melissa desde pequena.

— O que foi que aconteceu? — a mulher escancarou a porta ao ouvir o grito da garota. — Melissa! Está tudo bem? — questionou.

— E... eu? — Melissa ainda encarava a janela do quarto que revelava o quase anoitecer do lado de fora. — Que horas são? — ela virou seu rosto, enquanto tentava respirar mais calmamente.

— O quê? Eu não sei, devem ser... — Jullie olhou para o relógio em seu pulso. — quase 20:00. Você adormeceu antes do jantar. Pode me dizer o que houve aqui? Por que gritou? — a mulher levou suas mãos até a cintura.

— Nada. Eu só tive um pesadelo. — Melissa recostou-se na cama mais uma vez.

— É. Você sempre tem. — Jullie bufou, apoiando seu braço esquerdo na porta. — Descanse, e se tornar a sonhar com coisas ruins outra vez, já sabe o que fazer. — ela fechou a porta.

— É... claro. — Melissa sussurrou, observando a mão de Jullie esgueirar-se para o outro lado da porta antes que a fechasse. Seus dedos pareciam familiares. — "Esqueça o medo, e ele vai embora". — repetiu para si mesma, voltando a fechar os olhos em seguida.

Delegacia de Rainwood, 20:10 da noite.

— Jesse? Jesse! Ah, meu Deus. — Millye jogou seu casaco no primeiro lugar vazio que encontrou, e logo depois correu até Jesse. — Eu vim assim que enviou a mensagem. Vocês estão bem? — ela virou seus olhos para Sam.

— Sim, nós estamos. — por um segundo Jesse ficou paralisada, como se não soubesse o que fazer. — Que bom que está aqui. — a garota agarrou Millye com força, deixando que seus supiros de nervosismo desabassem sobre os ombros da jovem.

— Jesse Greene? — uma voz masculina adentrou o local. — Preciso que venha comigo. — ele retornou para a sala.

— Vai dar tudo certo. — Sam sussurrou, antes que a garota deixasse os dois para trás.

O homem fechou a porta depois que Jesse havia adentrado o lugar. Ele se sentou em sua frente e colocou as mãos à vista. Seu olhar deixava claro que ele precisava saber o que de fato aconteceu. Entretanto, Jesse sabia que não poderia dizer a verdade. Pelo menos, não por inteiro.

— Então... foi você quem chamou a polícia quando encontraram o corpo? — ele cruzou os braços.

— Não. O Sam chamou. — Jesse o encarou. — A propósito, quem é você? Achei que a oficial Katy ainda estivesse no departamento. — ela interrogou.

— Me chamo Moose. Sou o novo xerife. Me lembro de você no dia do confinamento. Digamos que Katy tirou férias, e... provavelmente elas serão duradouras. — o homem suspirou. — Enfim, temos assuntos sérios para tratar agora, Jesse. Eu não quero fazer disso um interrogatório, e nem vou. Só preciso saber se faz ideia de como aquele corpo foi parar no lago. — Moose voltou a olhar para ela.

— Não. Nenhuma. Eu não tinha notícias sobre o cadáver de Maryan desde que cheguei na cidade, já que quando desembarquei o funeral já havia acontecido. Então... creio que eu não tenha nada para lhe contar. — Jesse respondeu.

— Certo, certo. E quanto ao garoto? Ele não vivia aqui antes, então imagino que não saiba do que aconteceu no ano passado. Ele sabe? — Moose perguntou, tentando tirar alguma coisa de Jesse.

— Não. Por que deveria? — Jesse indagou.

— Vocês parecem bem próximos e... — ele rebateu.

— Não somos. — a garota respondeu, antes que ele pudesse terminar a frase. — Mais alguma coisa, xerife? — ela expressou seu descontentamento nos traços do rosto, mostrando a ele que não estava confortável com aquilo.

— Eu só gostaria de perguntar mais uma coisa. Acha que algum de seus amigos possa saber de algo? — disse Moose. — De alguma forma, aquele cadáver foi colocado no rio para que alguém o encontrasse. E muito provavelmente, esta pessoa sabia que vocês dois estariam lá. — ele concluiu.

— Não, xerife. Não faço ideia de quem tenha feito isso. Posso ir agora? — exclamou Jesse.

— Claro, claro. Então... não tem mais nada que deseja me dizer? — Moose insistiu, observando a garota se levantar.

— Nada. Só encontramos o corpo. — ela reafirmou, se aproximando da porta.

— Certo, Jesse. Então tome cuidado. — ele acompanhou ela até a saída. — E se ainda tiver dúvidas, acho melhor dizer a verdade ao garoto logo. — sussurrou.

— Por quê? — Jesse virou seu rosto para ele.

— Porque com o corpo de Maryan aqui, teremos que iniciar outra investigação. E com isso, não ficarei surpreso se aquelas coisas começarem a acontecer de novo. — ele pousou a mão sobre a fechadura da porta, se afastando dela. — Tenha uma boa noite, senhorita Greene. Cuide-se. — Moose fechou a porta.

Jesse retornou para a fileira de cadeiras anexas à parede, percebendo que os dois ainda estavam lá. A garota precisava de um tempo. Assimilar aquilo mais uma vez era bizarro, ainda mais acontecendo tão rápido.

— Você está bem? — Sam se aproximou de Jesse.

— Sim, eu só preciso descansar um pouco. — Jesse apanhou sua bolsa que estava na cadeira, começando a caminhar até a porta. — Podemos nos ver amanhã? — Jesse virou-se para os dois adolescentes, antes de passar pela porta.

— Tem certeza de que quer ir sozinha? É perigoso. — Sam sussurrou, com uma expressão de preocupação em seus olhos.

— Não se preocupe, eu vivo aqui há um tempo. — Jesse descartou a oferta.

— Acha que isso faz do caminho menos perigoso? — ele suspirou. — Anda, posso te acompanhar até sua casa e... bom, se quiser, você me conta o que está acontecendo. — o ruivo juntou suas mãos no bolso do moletom.

— Eu acho que... — Jesse sabia qual era a resposta. Apesar de estar aflita, ela não recusaria o convite. Só não queria colocar Sam na linha também. — Certo. — resmungou. — Millye, vem com a gente? — Jesse encarou a menina, que estava mexendo no celular.

— O quê? — Millye tirou sua atenção do smartphone. — Ah, eu... não. Tudo bem, podem ir sem mim. Vou encontrar o Jaremy. — ela sorriu, se aproximando deles dois. — Tomem cuidado. Nos vemos amanhã. — a de óculos se despediu, e então seguiu o caminho oposto.

A luz da lua ainda iluminava parte daquela rua escura. O tempo começou a passar rapidamente, e de repente, Millye percebeu que estava muito distante das luzes da delegacia, onde havia se separado dos outros dois. Seria só ela e aquele longo caminho até sua casa.

Seus pensamentos se perdiam e encontravam-se novamente dentro de sua cabeça, como se estivessem girando em órbita. O vento ultrapassava seu corpo enquanto era levado pelo escuro da noite, e pouco a pouco a garota começara a sentir o frio que se aproximava.

— Se Joshua estivesse aqui estaria imaginando um milhão de coisas. — Millye pensou alto.

O silêncio do anoitecer começara a lhe parecer normal. Ela ainda achava um pouco estranho pensar que todos aqueles pesadelos dos quais já havia escapado poderiam estar prestes a retornar. Imaginava que Jesse sabia de algo a mais, pelo comportamento anormal que a menina apresentou no último dia. Entretanto, ainda era muito cedo para colocá-la contra a parede.

Um barulho. O celular de Millye vibrou em seu bolso, indicando que havia um novo torpedo.

"— Está em casa? Passo aí em alguns minutos."

Seguido de dois emojis de um gato com olhos de coração. Era apenas o Jaremy. Millye tinha até esquecido do jantar do qual aceitou participar. Provavelmente seriam duas longas horas aguentando o rapaz sendo jogado aos seus braços pelo seu romance exagerado. Mas ela precisava disso. Afinal, era o que casais faziam.

Millye respondeu a mensagem dizendo onde estava, e logo em seguida insistiu que o garoto a buscasse, já que ainda demoraria a chegar em casa. Jaremy concordou.

Agora ela só deveria esperar mais alguns minutos até que os faróis do carro iluminassem seus óculos. Millye só devia ficar calma, mas seu peito dizia o contrário. Não havia mais ninguém naquela rua, e nas outras esquinas também não. A jovem de quase dezoito anos era a única garota que ousava andar desacompanhada à noite naquela cidade. E talvez Jesse estivesse na mesma situação, se não fosse pela insistência de Sam.

Quatro minutos se passaram. Nenhum sinal do Fitzgerald. E de repente a garota começou a pensar que algo havia acontecido. Começando a ficar preocupada, resolveu ligar para o namorado, se é que poderia chamá-lo assim.

— Onde você está? Está ficando frio. — Millye tentou usar suas mangas curtas para cobrir o restante do braço.

— Chegando. O GPS diz que estarei em seus braços em mais ou menos quatro minutos, gatinha. — a voz melosa de Jaremy terminou a frase com aquele apelido genérico.

— Certo. Só... venha logo, por favor. — Millye teclou o botão que dizia "desligar".

E o silêncio voltou a agarrá-la naquele momento. As folhas das árvores do outro lado da rua movimentavam-se pouco a pouco, enquanto alguma criança se balançava em um brinquedo longe dali. Millye conseguiu identificar o barulho das correntes sendo arrastadas no metal. Ou talvez fosse apenas o vento.

Outra vez o telefone voltou a tocar. A Campbell estava tão concentrada no barulho do balanço e no remexer das árvores que acabou sendo pega de surpresa. Um suspiro de espanto, e logo havia passado. Devia ser o Jaremy desta vez.

— O que foi agora, Jaremy? — Millye perguntou logo, antes que ele pudesse dizer algo.

— Eu não me chamo Jaremy. — respondeu.

— O quê? Quem é? — Millye tentou identificar o número, mas era descrito como "Desconhecido".

— Um velho amigo. — aquelas três palavras soaram como uma ameaça ao passarem pela cabeça da garota. E realmente eram.

— O que foi que disse? — Millye sentiu um rápido arrepio percorrer seu pescoço.

— Você me ouviu bem. Não ouviu? — a respiração pesada dele continuava invadindo o ouvido de Millye, sendo a única coisa que ela ouvia ali. O barulho do balanço havia parado e, de repente, a dança estranha das árvores também.

Era somente ela, com alguém que segurava seu desespero do outro lado da linha. Sem que percebesse, seu peito começara a palpitar. Suas mãos tremiam e o vento voltou a tocar a nuca da garota, levantando seus cabelos levemente. Ela precisava sair dali.

Millye encerrou a chamada no mesmo momento, começando a se movimentar pela calçada. Não importava mais quem havia feito aquela ligação, tudo o que ela queria era sair dali. Talvez Jaremy estivesse chegando, e talvez não. Mas ela sabia que ficar parada não era a melhor escolha.

A garota reposicionou seus óculos no rosto enquanto virava seu corpo para trás, certificando-se de que não havia ninguém lá. Caso houvesse, ela nunca saberia. Millye estava tão nervosa que sua visão embaçada a impedia de perceber qualquer coisa que se escondesse na penumbra do outro lado da rua. Ela apertou o passo, começando a andar mais rápido quando ouviu um barulho vindo daquela direção.

E ela não parou. Seja lá quem fosse, parecia estar se aproximando. Ótima hora para que isso acontecesse. Se Millye fosse pega de surpresa naquele exato momento, muito provavelmente ninguém a ouviria gritar, nem mesmo uma criança se balançando em um brinquedo qualquer ali perto. A única luminosidade vinha dos dois postes na rua, enquanto a escuridão cercava o restante da praça ao seu lado. Não importa. Ela só não poderia parar de andar.

Millye já sentia sua garganta se fechando, cada vez que respirava o ar gelado da noite podia imaginar uma faca atravessando sua pele. E então a garota mudou de direção, entrando na primeira rua que havia encontrado. Por "sorte", muito mais escura que a anterior. Ela não podia enxergar nada. Ela não pôde enxergar nada. Quando alguém tomou seus corpo, envolvendo-o em braços maiores que os dela, Millye teve certeza de que não estava segura.

— SOCORRO! — sua garganta pareceu ter expelido aquele grito de forma automática, já que ela mal conseguiria formular qualquer coisa naquele instante.

— Millye! O que houve? Você está bem? — e no segundo em que aquela voz diferente  percorreu o mesmo caminho dos arrepios que tomavam seu corpo, ela soube que não estava em apuros.

— Jaremy? DROGA, JAREMY! — Millye se afastou. — Eu achei que... achei... — ela respirava ofegante, sem conseguir dizer.

— Achou o quê? Santo Deus, Campbell. Parece que viu um fantasma. — Jaremy voltou a tocá-la, na intenção de fazê-la se sentir mais calma.

— Foi quase isso. — Millye retirou seus óculos, passando o tecido da camiseta sobre as lentes. — Como chegou tão rápido? Achei que tinha dito que demoraria mais alguns minutos. — Millye voltou a olhar para ele.

— Ah... o GPS deve ter errado. — Jaremy respondeu. — Então vamos? Deixei o carro aqui perto. — o rapaz estendeu a mão.

— Cla... claro. Vamos. — Millye começou a caminhar com ele, apesar de não conseguir deixar de olhar para trás a cada dois passos. Ela sabia que havia alguém naquela rua antes de Jaremy chegar. Não era só sua imaginação.

Casa de Jenny Hopps, 20:30 da noite.

Claire jogava uma pequena bola de plástico contra a parede do quarto, tentando fazer com que o tempo passasse mais rápido enquanto Jenny esboçava alguma coisa em seu rosto.

— É estranho. Não acha? — Claire questionou, sem parar de jogar o objeto.

— O quê? — Jenny virou-se para ela, em seguida voltando a traçar linhas sobre a bochecha.

— Deve ser a primeira vez que nos reunimos depois da escola sem... sem ela. — Claire engoliu em seco.

— É. É como se faltasse algo. — Jenny suspirou.

— Lembra do primeiro dia de aula no primeiro ano? — Claire apanhou a bola de plástico, mas ainda continuava encarando a parede. — Entramos de mãos dadas. Prometemos que estaríamos juntas até o fim. — ela tentou sorrir, mas não sabia como.

A menina desviou seu olhar para a penteadeira de Jenny, que ficava perto da cama. Em cima dela, havia uma fotografia das três amigas juntas, com a seguinte mensagem na parte inferior: "Sentimos sua falta", provavelmente colocada lá pra que Jenny pudesse, todas as noites, se lembrar de como as coisas eram antes disso. Se lembrar de como eram felizes quando Suzen ainda estava viva.

— Como eu poderia esquecer? — Jenny respondeu, depois de alguns segundos em silêncio. — Suzen estava tão feliz por estarmos a menos de mil dias da formatura. Lembra disso? Ela disse que passaria em um piscar de olhos, e... — Jenny soltou um suspiro. — realmente foi. — terminou.

— Queria que ela estivesse aqui. — Claire caminhou até a janela, observando as árvores do outro lado da rua.

Jenny a acompanhou até lá, podendo perceber o quão linda estava a lua naquela noite. De forma alguma aquele enorme círculo de luminosidade se assemelharia à energia contagiante que Suzen McLane espalhava ao estar perto delas. Suzen ficou por muito pouco tempo naquele lugar. Agora, seriam apenas as duas meninas, e não mais três. Como se um laço tivesse sido quebrado, deixando um enorme vão. E este vão duraria para sempre. Suzen era luz em um pesadelo de terror. E as duas nunca aceitariam o fato desta luz ter se apagado tão rápido, quando elas mais precisavam ser guiadas no escuro.

— Quer saber de uma coisa? — Jenny segurou a mão de Claire. — Precisamos continuar. Já passou. Aquele pesadelo acabou, e... e... infelizmente ele tirou a Suzen de nós. Mas não podemos fazer nada! — Jenny voltou a caminhar pelo quarto.

— Do que está falando? Faz menos de quatro meses que ela se foi, Jenny. Acha que devemos esquecê-la? — Claire cruzou os braços. — Porque eu tenho certeza de que somos as únicas que ainda pensam nela além da própria família. Acha que aquele funeral improvisado nas férias de inverno foi o suficiente para ela? Droga! — Claire sentou-se na cama.

— Não é o que estou dizendo. Mas... Suzen iria querer nos ver felizes. Não acha? Precisamos seguir em frente. "Se estiver passando pelo inferno, prossiga", não é isso o que dizem? — Jenny apoiou suas mãos sobre a cintura. — Olha, por que não falamos com a Melissa amanhã? Eu gostei dela. Acho que seria uma ótima Bad Girl. — Jenny sorriu.

— O quê? Jenny, não. Você só pode estar brincando comigo. E a Suzen? — gritou ela. — Não vamos substituí-la como se fosse um simples objeto. Não é esse o significado de "seguir em frente". Além disso, não estamos passando pelo inferno. Já saímos dele, mas... deixamos Suzen para trás. — Claire explicou.

— Não vamos substituí-la, Claire! Mas não podemos ficar andando sozinhas como se fôssemos duas amebas. Só estou dizendo para darmos uma chance para Melissa. Talvez, conhecer alguém novo ajude com isso. Não acha? Precisamos sair da nossa bolha. — disse Jenny. — E além disso, as Bad Girls voltariam com... — antes que terminasse a frase com outro pedido estúpido, a loira foi forçada a se calar.

— DANEM-SE AS BAD GIRLS! VOCÊ É LOUCA, JENNY? — Claire respirou fundo após terminar, percebendo que havia se exaltado. — Suzen era nossa amiga. Eu entendo que queira seguir em frente, e entendo que talvez precisemos conhecer pessoas novas. Mas comparar isso com a droga de um nome que você mesma inventou na quinta série é ridículo! Não precisamos encontrar ninguém para substituir o posto de terceira garota para andar pelo corredor. Não percebe? Isso é estúpido. Estamos no terceiro ano, Hopps. — ela se calou.

— Acabou de me chamar pelo sobrenome. Sério, Claire? — Jenny arqueou a sobrancelha. — Eu nunca quis que Suzen fosse como um objeto. Nenhuma de nós. Essa droga de "grupo" só existe porque nos sentíamos bem com isso. Era algo nosso. — falou ela.

— Exato, Jenny. Era algo nosso. E agora Suzen se foi, e não vamos encontrar outra garota para isso. — Claire agarrou sua mochila. — Se mesmo assim quiser seguir com isso, é sua escolha. Boa sorte com a Melissa. — a garota caminhou até a porta.

— Onde diabos está indo? — Jenny perguntou. — CLAIRE! — exclamou em voz alta, ao perceber que a menina havia aberto a porta do quarto.

— Preciso descansar. Nos vemos amanhã, eu acho. — o último suspiro que Jenny ouviu vindo da garota de cabelos dourados continha nervosismo. E então ela desapareceu no corredor.

Perto da rua Sayfield, quase 20:50 da noite.

Finalmente as estrelas haviam abraçado a cidade. Os pingos esbranquiçados manchavam o céu escuro com uma beleza encantadora, beleza esta que Jesse não conseguia parar de apreciar. A menina tentara observar o restante da rua ao seu lado, e percebera que nada mais havia lá, além dela mesma e do garoto que caminhava ao seu lado.

Depois de alguns minutos andando, Jesse já havia revelado grande parte da real história de Rainwood. Algo lhe dizia que era isso que devia fazer, e se o xerife Moose estivesse correto, Sam acabaria sabendo de tudo da pior forma, o que aconteceria em breve. Afinal, não havia como o ruivo deixar que aquele cadáver passasse despercebido por seus olhos.

— Então levaram o corpo de Zoe embora, e por fim... o Seth. — Jesse tirou seus olhos do céu pincelado. — E foi a última vez que o vi. — talvez estivesse mentindo, se sua afirmação considerasse os pesadelos e rápidos vultos em que a garota o encontrava diariamente.

— Jesse, eu... eu nem sei o que dizer. Deve ter sido horrível. — Sam pesou seus ombros ao falar, demonstrando o quão desconfortável aquela conversa o havia deixado. — Bom, isso explica a sua preocupação o dia todo. Mas Seth está preso, não está? Então como o incidente do corpo ocorreu? — o ruivo questionou.

— Esse é o problema de um mistério, Sam. Quanto mais rápido você pensa ter descoberto tudo, mais fácil percebe que ainda está longe. — Jesse suspirou, ao aproximar-se da porta.

— Certo. Acho que devo parar com as piadas sobre filmes de terror. — o ruivo sorriu, ao esconder seus braços no bolso do moletom. — Nos vemos amanhã? Foi um longo dia. Precisa descansar um pouco. — um segundo sorriso formou-se entre seus lábios, desta vez mais sutil.

— Acredite, você fez dele um pouco menos pior. — Jesse cruzou seus braços, encarando a face do rapaz.

E as estrelas ainda estavam lá, como se estivessem apreciando o momento daqueles dois adolescentes. O vento carregava os arbustos para lá e para cá, como se dançasse naquela noite. Jesse só tinha olhos para aquele par de círculos castanhos que se fixavam nela da mesma forma. Não havia outro jeito: eles sempre se encontravam.

— Você também. — Sam respondeu, depois de um curto tempo em silêncio na frente dela. — Até mais, Jesse. — e por mais que seu coração pulsasse peito à fora como uma bomba, o ruivo não se aproximou. Simplesmente escondeu o sorriso que tinha no rosto e deu meia volta.

Jesse acenou com seus dedos, vendo-o se distanciar rapidamente. Depois daquilo, não o veria por no mínimo dez horas. Era estranhamente nova a sensação que o garoto havia provocado nela, como se deixasse um vazio assim que partiu. E era totalmente desnecessária tal preocupação, já que se veriam na manhã seguinte.

O importante é que tudo havia acabado bem. Jesse sabia que precisava pensar em outra coisa agora, e que um banho relaxante talvez a ajudasse a esquecer aquela carne apodrecendo na água do lago.

— Onde estava, mocinha? — Madison se aproximou, com o telefone em mãos. — Achei que tivéssemos combinado 20:00 horas. Não me ouviu, Jesse Greene? — ela largou o aparelho na estante.

— Mãe, tá tudo bem. Eu só me atrasei um pouco.— Jesse passou por ela, caminhando direto até as escadas.

— Sabe que voltei por algum motivo, Jesse. Não quero que arrisque nem mesmo um minuto sozinha nesta cidade. — Madison observou o lado de fora da casa, antes de trancar a porta de vez.

— Eu não estava sozinha. — Jesse rebateu.

— E quem era o garoto? — Madison a encarou, antes que sumisse nos degraus.

— Garoto? Como sabe que era um garoto? — Jesse franziu a sobrancelha.

— Eu o vi. Aliás, acho que combina com você. — Madison sorriu. — Traga-o para jantar qualquer dia desses. — a mulher se encaminhou até a cozinha.

— O quê? Mãe! — Jesse gritou. — Ele é só um amigo.

— Como quiser chamar, querida! — a voz adocicada veio do outro cômodo, acompanhada de um riso sincero.

Jesse ignorou a fala de sua mãe e seguiu caminho até o andar de cima. A garota jogou suas roupas no chão do banheiro e deixou que a água morna levasse embora a sensação ruim que pousava em seu ombro. Depois de alguns minutos, a menina pôde finalmente deitar seu corpo sobre a cama. Mal teve tempo de checar o celular, ou pensar mais uma vez sobre o acontecido. Talvez Jesse quisesse descobrir para onde os policiais haviam levado o corpo de Maryan, mas não tinha tempo pra isso. E conforme sentia suas pálpebras cansando-se de encarar o teto, ela despencou em um sono profundo. Amanhã seria um dia melhor.

Rainwood High School, 13 de fevereiro, 07:30 da manhã.

Os corredores se iluminaram no momento em que um dos funcionários acionou as lâmpadas. E de repente os adolescentes invadiram o prédio, ansiosos para o sinal que indicaria o intervalo. Era um dia frio acompanhado de uma chuva fraca, diferente do anterior. Não era surpresa que o clima em Rainwood oscilava estranhamente da noite pro dia, e uma manhã chuvosa, apesar de muito comum, geralmente indicava boas energias, segundo as crenças dos moradores mais antigos. Mas talvez aquela manhã estivesse ali para mudar este padrão.

Melissa escorou sua cabeça em cima da mochila, escondendo o rosto atrás do tecido. A biblioteca era um lugar silencioso naquele horário, e os poucos que ali estavam procuravam o mesmo.

— A aula já vai começar, novata. — Millye largou seu caderno de atividades sobre a mesa, fazendo com que a loira se assustasse com o barulho.

— Droga. Será que não se pode ter um segundo de paz neste lugar? — Melissa ajeitou seu cabelo, tentando esconder as olheiras antes que a de óculos percebesse. — Como foi o encontro com o galã? — a garota tentou prestar atenção em Millye, por mais cansada que estivesse.

— Eu... não sei. Às vezes acho que estamos indo rápido demais. — Millye se sentou. — Eu gosto do Jaremy, mas é como se algo ainda me fizesse desacreditar dele. — ela começava a se lembrar da noite anterior. — Como se... como... — Millye percebeu que a outra havia fechado os olhos. — Você está me ouvindo? Não parece ter dormido bem.

— Desculpe. Na verdade, nem um pouco. Desde que voltamos para aquele apartamento, alguma coisa não me deixa ter uma boa noite de sono. E só estamos lá há pouco menos de três dias. — Melissa bufou, largando seu corpo sobre a mesa novamente.

— Do que está falando? Insônia, ou algo do tipo? — disse Millye.

— Não. Bem, mais ou menos. Meus pesadelos não me deixam em paz. Basta fechar minhas pálpebras que começo a pensar em coisas estranhas naquele lugar. — Melissa respondeu. — Enfim, esquece.

— Não, não! Isso é interessante. Disse que já moraram naquele lugar antes, não? Então talvez... talvez não sejam apenas pesadelos. Talvez sejam lembranças. — Millye respondeu.

— Não faz o menor sentido. Não lembro de ter visto nenhuma mulher estranha com dedos largos quando eu era pequena. Digo... o que diabos é isso?! Eu não me chamo Coraline Jones. — a loira explicou, com um riso completando sua fala.

— Pesadelos não nos mostram aquilo que queremos ver. De forma resumida, geralmente as coisas acontecem de um jeito potencializado. — Millye explicou.

— O quê? — Melissa retrucou, sem entender.

— De forma exagerada. Um monstro pode significar algo não resolvido quando você era pequena, ou... enfim. Não sou uma especialista, mas posso dizer que faz sentido. Já que você era criança quando vivia lá, talvez sua mente esteja tentando falar a língua da Melissa de seis anos de idade. — disse Millye.

— Droga, garota. Como sabe que eu tinha seis anos de idade? — perguntou Melissa.

— Foi só um palpite. Enfim, eu posso tentar pes... — Millye percebeu a aproximação de duas garotas, e abruptamente interrompeu sua própria fala.

— Melissa Morris? Precisa vir conosco. — Jenny apoiou-se sobre o ombro de Claire enquanto encarava as duas na mesa.

— Como é que é? — Melissa respondeu.

— Bom, então... nos vemos depois. — Millye apanhou seus materiais da mesa e em seguida deixou a biblioteca, seguindo pelo corredor.

— Enfim. — Jenny ignorou a despedida de Millye. — Como estão sendo seus primeiros dias na Rainwood High? — ela se sentou à frente da novata.

— Péssimos. Vocês devem ser Jennifer e Claire, certo? — Melissa virou seus olhos para a garota que ainda estava em pé.

— Me chame de Jenny, por favor. E sim, somos nós. — Jenny estendeu sua mão. — Então... como já deve ter percebido, isso é uma escola. Ensino médio. E se quiser sobreviver a ele, é melhor ter amigos. — ela explicou.

— Droga. Então era verdade: vocês realmente parecem ter sido todos tirados de um filme adolescente. — Melissa suspirou, ajeitando uma das mechas do cabelo.

— Ah... — Jenny ergueu suas sobrancelhas, fixando seus olhos na garota enquanto a julgava. — Gostei de você. — um sorriso tomou espaço em seu rosto.

— Certo. — Claire interrompeu. — Eu vou ao banheiro, volto logo. Jenny, não a assuste, por favor. — a garota deixou as outras duas.

Melissa a viu saindo pela porta e logo percebeu que precisaria aguentar a voz irritante de Jennifer Hopps pelo resto da manhã inteira. Morris sabia quem era ela: uma daquelas meninas emocionalmente instáveis que se encontra em toda escola. Mas parte dela acreditava que Jenny poderia estar certa.

Enquanto isso, na entrada principal do prédio, aqueles que haviam se atrasado para o início do primeiro período corriam para desviar dos pingos de chuva. Jesse retirou o capuz assim que ultrapassou a porta transparente, deixando para trás sua respiração ofegante.

Antes que pudesse aproximar-se de seu armário, ela ouviu o celular tocando. Talvez fosse o Sam lhe convidando para um jantar. Talvez o Josh com alguma teoria estranha, ou um aviso de Jenny sobre o baile de boas-vindas. Mas não era. A mensagem vinha de um número desconhecido, o mesmo que havia enviado os últimos torpedos.

Àquela altura da competição, Jesse já podia imaginar o que estava prestes a acontecer, e não só ela. Millye também havia recebido mensagens, mas era pouco provável que as duas contassem algo para o restante do grupo. Entretanto, aquela mensagem parecia obrigá-la a fazer algo a respeito.

"— Hora de agarrar suas peças e jogar."

- F.

— Já chega. — Jesse murmurou, desbloqueando a tela do celular e digitando algo em seguida.

— Me diga quem você é agora. — ela retirou seus dedos rapidamente, esperando pelo o que ele diria em seguida.

— Sou a pessoa que você imagina que eu seja. — respondeu.

— Quem? — Jesse rebateu.

— Me encontre e verá. — um emoji sorridente acompanhava o último torpedo.

Não era possível que houvesse outra pessoa que sabia daquilo tudo além dos que estavam presentes naquela noite. Então Jesse só tinha duas alternativas: descobrir quem estava a ameaçando com aquelas mensagens idiotas, ou começar a suspeitar silenciosamente de seus próprios amigos.

— Josh! — Jesse exclamou, ao se aproximar do garoto. — O que você tem no primeiro período? — perguntou.

— Bom dia pra você também. — o menino fechou a porta do armário. — Química, eu acho. Por quê? — Josh ajeitou seu cabelo, jogando a alça da mochila sobre o ombro em seguida.

— Certo. Não vai se importar de perder a aula da professora nova. Vai? Porque preciso da sua ajuda. — ela segurou a mão dele.

— Eu acho que... — Josh estranhou a forma como Jesse agia naquela manhã. — acho que não tenho escolha. Mas aonde estamos indo? — questionou.

— Penitenciária de Rainwood. Preciso ter certeza de que Seth está lá. — Jesse ultrapassou a porta, cobrindo sua cabeça com o casaco.

— Caramba! E por que diabos ele não estaria? — Josh arregalou os olhos.

— Explico depois! — Jesse começou a correr em direção ao carro, esperando que ele a seguisse.

Em poucos instantes os dois haviam sumido em meio à chuva, saindo às pressas e deixando a iluminada escola de Rainwood para trás. Perto do corredor principal, alguém havia percebido a saída repentina de Josh e Jesse.

— Onde eles estão indo? — Sam voltou seus olhos para Millye, enquanto ela guardava aquela pilha de livros novos no armário.

— Não faço ideia. Mas é melhor ficarmos de fora. — a garota fechou a porta. — Nos vemos no intervalo, Sam. — Millye tentou ser simpática, deixando-o sozinho em seguida.

Enquanto isso, uma conversa inacabável ainda rolava na biblioteca. Melissa não aguentava mais ouvir Jenny falando sobre cada detalhe do que planejava para o baile de boas-vindas. Foi então que, repentinamente, Claire se aproximou.

— Jenny, precisa vir comigo. — a garota gritou.

— O quê? Estamos ocupadas aqui. Será que podemos... — antes que terminasse, Claire a cortou.

— Agora, Jenny! — insistiu.

As duas saíram da biblioteca, deixando a novata sozinha lá. Poucos segundos depois, Claire apresentou à Jenny a mensagem que havia recebido há poucos minutos. A mensagem era a mesma que Jesse recebeu. Entretanto, na parte inferior do torpedo, havia uma inicial diferente: "T".

— Quê? Quem enviou isso, Claire? — Jenny perguntou, olhando rapidamente para os lados. — Eu acho que recebi também.

E ela estava certa. Jenny havia recebido uma mensagem com o mesmo conteúdo, mas desta vez, vinha de alguém que se intitulava como "Z". Aquela frase por si só já era suspeita o suficiente para as duas, tanto que nem se importaram com a inicial do remetente.

— Temos que fazer alguma coisa. Nós duas sabemos de quem veio esta coisa, Jenny. E se não mostrarmos isto para o restante do... — Claire estava eufórica, mas foi obrigada a parar de falar quando percebeu Melissa se aproximando.

— Precisamos conversar. — a loira exclamou.

— O quê? Me desculpe, mas estamos com problemas aqui. Volte outra hora. — Claire ignorou qualquer que fosse a proposta da garota nova, voltando a olhar para Jenny.

— Não! Nós realmente precisamos conversar. — Melissa insistiu pela atenção das duas.

— Por quê? — Claire finalmente tornou a olhar para ela.

— Porque eu recebi... — ela gaguejou. — a mesma mensagem. — Melissa mordeu o lábio inferior, revelando seu nervosismo interno.

[Música: What Would You Say to the Dark - Becky Shaheen]

A garota entregou o celular nas mãos de Claire, que pôde enxergar o torpedo idêntico ao que ela e a melhor amiga haviam recebido. Desta vez, a inicial de envio era "D".

— Como... como isso é possível? — disse a Jensen.

— Como o quê é possível? Será que podem me dizer o que está acontecendo aqui? — Melissa cruzou os braços.

— É... é mais complicado do que parece. — Claire guardou o celular.

— Acha que ele está nos vendo? — Jenny interrompeu-a, rapidamente olhando para os lados. Os corredores estavam vazios.

— Já chega. Vamos voltar para a sala de aula, e no intervalo conversaremos com o restante. Melissa, vem com a gente. — Claire começou a caminhar.

Estranhamente, antes que a garota da boina chegasse ao final do corredor, percebeu uma escuridão repentina invadindo seus olhos. As luzes daquele bloco da escola foram apagadas. Claire ficou paralisada, e o barulho de seus sapatos que se chocavam contra o chão foi interrompido. Ela virou seu rosto, podendo enxergar Jenny e Melissa paradas no mesmo lugar. A chuva lá fora começava aumentar, e talvez a falta de energia fosse apenas resultado dos trovões. O estranho era que o restante da escola ainda parecia ter luminosidade.

Claire voltou rapidamente para perto das outras duas, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, seu celular voltou a tocar. E ela já sabia de quem seria a mensagem.

"— Sim, eu estou."

Aquilo respondia a pergunta de Jenny. Havia de fato alguém na escola naquele instante, e ele ou ela sabia exatamente onde as três garotas estavam. Podia sentir o cheiro de medo de Claire e Jenny, e a fragrância da dúvida vindo da novata.

E novamente, um segundo barulho assustou as três meninas. Desta vez não se tratava de um torpedo. Eram passos, e eles vinham do andar de cima, exatamente onde ficava a sala de música. Claire passava parte de seu tempo lá, e sabia que o lugar estaria fechado a esta hora. Então de quem eram aqueles passos?

— O que nós vamos fazer, Claire? — Jenny perguntou, começando a ficar eufórica.

— Que droga está acontecendo aqui? Isso só pode ser brincadeira. — Melissa disse.

— Eu prometo que vamos explicar tudo depois, Melissa. Mas agora precisamos ir para a sala de aula. Os outros corredores devem ter energia, e estaremos seguras. — Claire insistia na mesma ideia.

— Seguras de quê? — Melissa exclamou. — Eu não vou a lugar algum enquanto... — seu coração acelerou quando ela percebeu o que havia acontecido, e foi forçada a ficar em silêncio.

Um grito feminino veio do andar de cima. Seja lá quem fosse, precisava de ajuda. A escola inteira deveria ter ouvido aquela voz amargurada, que mais se assemelhava a um pedido de socorro.

Rapidamente Jenny entendeu o que de fato estava acontecendo ali. Ela sentia como se soubesse que algo ruim se aproximava. E não foi só aquele grito que a deixou deste jeito. As mensagens provavam que o cartão entregue na Summer Coffee, no ano passado, não vinha de algum fã. Tudo estava conectado. E em breve as respostas começariam a aparecer novamente. Com um pouco de azar, os corpos também.

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