Temporada 1 - Capítulo 11| "Na cena do crime"
Rainwood High School, 30 de outubro, 07:28 da manhã.
Mais uma manhã chuvosa se manifestava na cidadezinha. Era só questão de tempo até que alguém sentisse o cheiro da carne se decompondo em algum lugar daquelas paredes. Na ala leste da escola, os alunos que haviam utilizado a porta dos fundos já teriam percebido o enorme traço sangrento que percorria aquele corredor. Alguns se afastaram, em razão do cheiro ruim. Outros insistiram em procurar o fim daquele rastro para saber o que de fato havia lá, como se o sangue no chão fosse um caminho que indicava o paradeiro de um tesouro perdido.
Atrasada, a aluna nova de intercâmbio adentrou o banheiro feminino com pressa. Ela se dirigiu até o primeiro espelho, mas antes que lavasse seu rosto com água, sentiu um odor terrível que vinha de uma das cabines ao lado. Pior do que o cheiro que infestava o lado de fora. Com medo, a garota caminhou até lá e escancarou a porta de uma vez.
Incrédula, perguntava-se então quem poderia ter feito algo daquele tipo. O cadáver da srta. Meyers havia sido pregado na parede de azulejos, provavelmente com a ajuda de uma furadeira. No chão, o rastro de sangue se encerrava perto de seus pés. A aluna encontrara o fim da linha avermelhada, e concluiu que de jeito nenhum ela levava a um tesouro escondido.
Do lado oposto da escola, Jesse, Millye e Claire caminhavam pelo corredor com seus olhos cansados, semicerrados, sem sequer imaginar o que poderia ter acontecido naquele banheiro.
— Riley me ligou hoje mais cedo. Eu não faço ideia de como ela conseguiu o meu número, mas disse que foi atacada por alguém ontem à noite. — Jesse explicava, com certa angústia.
— O quê? Isso é... sério? — Claire arregalou as pálpebras. — Pelo menos agora ela vai acreditar.
— Exato, ela acredita agora. Mencionou ter acertado uma facada no braço do mascarado, e também disse que o "expulsou" antes que pudesse ver seu rosto. — Jesse acrescentou. — Apesar disso, ela não quer mais ter contato com nenhum de nós. A polícia garantiu a ela que iriam averiguar o caso, e ela prefere esperar até que tudo isso acabe. Não podemos contar com a ajuda dela. — terminou.
— E nem da polícia. Sendo assim, aquele anuário dizia a verdade. Seja lá quem estiver nos perseguindo, ainda tem muito a ver com Jacob Woods e com a Riley. — exclamou Millye. — Só preciso pensar em como encaixar Zoe, Jaremy ou outra pessoa nesse perfil.
— Está dizendo que Jaremy e Zoe podem estar trabalhando juntos? Como uma dupla assassina? — Jesse segurou seus cadernos com mais força ao sentir um embrulho no estômago.
— Exato. Se não for isso, então a Zoe fez tudo sozinha. Só preciso de mais provas. — a de óculos respondeu.
— Isso é... insano. Mas boa sorte, Millye. — Claire afirmou com a cabeça, se afastando das outras devagar. — Nos vemos na aula de biologia. Vou até a biblioteca procurar algum romance que me tire desse inferno!
Jesse e Millye abanaram para a garota, continuando a caminhar sozinhas. Mas antes que as duas chegassem ao fim do corredor, ouviram o barulho da sirene da polícia na porta principal.
— Que droga está acontecendo? — Millye se virou, estranhando o grupo de oficiais que adentrava o lugar.
— Eu não sei. Mas é algo ruim. — Jesse franziu o cenho, apertando com força seus punhos.
— ATENÇÃO, ESTUDANTES DA RAINWOOD HIGH! — a oficial Katy declarou, com a ajuda de um megafone. — ESTA ESCOLA ESTÁ OFICIALMENTE EM CONFINAMENTO! E AS PORTAS SOMENTE SERÃO ABERTAS NOVAMENTE QUANDO DECLARARMOS O FIM DESTA OPERAÇÃO!
Junto da oficial, Moose — o novo xerife, que assumira o cargo de Mayson — traçava uma faixa amarela do lado de dentro da porta principal. Em poucos segundos os policiais haviam tomado conta dos corredores e obrigado a maioria dos alunos a se manterem no ginásio, sendo este o local mais seguro pra que ficassem até que a investigação tivesse fim.
Ginásio da Rainwood High, 08:25 da manhã.
— É inacreditável! — Jesse andava de um lado para o outro. — Não acredito que encontraram outro corpo. Com esse são quatro. As pessoas estão sendo abatidas e não há a porcaria de um padrão. E situações assim deveriam ter um padrão...
— Desculpem a demora, por sorte me deixaram entrar. — Seth se aproximou deles, sentando-se em um dos lugares da arquibancada. — Já falaram mais alguma coisa? Sobre como ela foi morta, talvez? — o menino colocou sua mochila sobre os pés.
— Só disseram que a srta. Meyers foi encontrada no banheiro feminino. Havia um rastro de sangue no chão, e... — Josh tentou erguer o celular. — Droga. Não tem muito sinal por aqui.
— Pessoal, eu acho que acabamos de receber uma atualização do nosso velho amigo. — Millye abriu o novo torpedo no seu celular, aproximando-se do Evans em seguida.
— O quê? O que ele quer agora? — Seth se aproximou, da mesma forma que os outros dois.
"— Na maioria dos filmes de terror, os primeiros a morrer são aqueles que perambulam sozinhos pela floresta."
- Um velho amigo
— Quê? Do que ele está falando? — Jesse perguntou, encarando os outros três.
— Está brincando com as regras do terror outra vez. Nosso amigo provavelmente está nos observando nesse exato momento... — Josh espremeu os olhos, relendo aquela mensagem.
— Droga. Então ele está na escola. Está aqui! — Millye observava ao redor, podendo enxergar a centena de outros alunos que andavam pelo ginásio.
— Espera. Quem está faltando? — Jesse passou seus olhos pelos outros três amigos. — Jaremy, Zoe e...
— A Claire. Droga! Ela disse que estaria na biblioteca. E se o assassino estiver na escola, então... — Millye suspirou. — então ela corre perigo.
— Jaremy e Zoe também. Não? E não podemos esquecer que Jenny ainda está no hospital. — Seth falou.
— A não ser que um deles esteja por baixo da máscara. — Millye cruzou os braços. — Me desculpem, mas eu não vou fechar os meus olhos para o que já está muito claro aqui.
— Então precisamos tirar a Claire lá de fora antes que Jaremy, Zoe ou seja lá quem for esse maluco, a encontre. — Josh se levantou. — Eu faço isso.
— Eu vou com o Josh. Fiquem aqui dentro, e... — Jesse pretendia seguir o garoto quando Seth segurou o braço dela.
— Não! Não podem ir até lá. É perigoso demais. — Seth insistiu, fitando-a apressadamente.
— Não se preocupa, Seth. Voltaremos logo. Josh estará comigo e prometo ligar caso aconteça algo. Tomem cuidado e fiquem aqui dentro. — a garota soltou a mão de Seth, caminhando até a saída dos fundos, da qual os policiais monitores não tinham visão.
— Eles voltarão logo. Vai dar tudo certo. — Millye se sentou ao lado dele.
Os alunos no ginásio pareciam inquietos e ansiosos. A maioria ali não sabia ao certo o que havia acontecido, e muito menos estavam interessados em descobrir quem era o maníaco mascarado. Só queriam ir para casa e encontrar suas famílias. Mas Seth e Millye, enquanto observavam a multidão, sabiam muito bem que não estavam seguros. E que em algum lugar daquela escola, neste mesmo momento, havia um sujeito carregando uma faca à procura de qualquer um que caminhasse sozinho.
Escadaria do corredor principal, 08:36 da manhã.
— Tem certeza de que a Claire está na biblioteca? — Josh perguntou, eufórico, enquanto os dois caminhavam.
— Foi o que ela disse quando nos despedimos. — Greene respondeu.
— Certo, então é pra lá que nós vamos. Só precisamos descer até o lado leste da escola e... — o garoto parou de falar ao ouvir um barulho. Pareciam passos. — Ouviu isso?
— É um dos policiais. Se nos pegarem aqui não vamos conseguir encontrar a Claire, e duvido que façam isso por nós. Vem, Josh! — Jesse puxou o menino para trás da parede, se abaixando em seguida.
— O que fazemos? — Josh perguntou, enquanto observava o homem fardado se aproximando.
— Não tem saída, Josh. A outra escada está bloqueada também. Precisamos passar por ele. — a garota tentou pensar em uma solução o mais rápido possível.
— Já sei. — Josh se levantou. — Você encontra a Claire, eu distraio ele.
— O quê? O que você vai... Josh! — a menina se assustou ao vê-lo se atirar, literalmente, na frente do oficial.
Josh improvisou o que parecia, ou pelo menos deveria parecer, um desmaio ou queda de pressão. Enquanto o garoto deixou seu corpo despencar na frente do policial, Jesse passou sem que ele percebesse e seguiu em direção à escadaria do outro lado.
— Garoto?! Garoto, você está bem? — o policial se abaixou, checando o pulso dele. — Droga. Temos um desmaio aqui! — ele gritou para os outros dois homens que estavam ali perto.
Ginásio da escola, 08:43 da manhã.
— Eu não consigo ficar aqui, Millye. Jesse corre perigo lá fora! — Seth passou a mão sobre a cabeça.
— Não podemos ir até lá. Se Zoe e Jaremy estiverem... — ela dizia.
- Estiverem o quê, Millye? — Zoe se aproximou. - Há algo que eu deva saber?
— Zoe? — Millye se virou. — Fico surpresa que tenha finalmente aparecido. Onde andou nos últimos dias? — Millye ajeitou seus óculos e se aproximou da outra.
— Por que te interessa tanto, quatro olhos? — Zoe fixou seus olhos nos da outra.
— Provavelmente porque estamos sendo perseguidos por um maníaco com uma faca. Mas eu vou deixar você tentar adivinhar sozinha. — Millye revirou os olhos. — E você é a única pessoa aqui que não deu as caras nos últimos dias, e até onde eu me lembro, não acreditava nisso quando a Maryan morreu.
— Está dizendo que eu sou uma suspeita, não é? E quanto à garota que chegou na cidade justamente na semana dos assassinatos? Ou as suas acusações são seletivas, Millye? — Zoe sorriu, sarcasticamente.
— Espera. O que sabe sobre a Jesse? — Seth se levantou.
— Eu vi vocês dois conversando na frente da delegacia, Seth. Não ferra. É ridículo que tenham descartado a possibilidade de ser ela só porque disse ter recebido um bilhete estranho. Isso é estúpido! — Zoe cruzou os braços.
— É muito menos patético você ser enquadrada como uma das suspeitas por não estar aqui durante os assassinatos, do que Jesse por ter feito o contrário. — Millye copiou a ação da outra, cruzando seus braços também.
— Acha que sou eu? Então prove. Até lá, é melhor me deixar em paz. — Zoe se virou, começando a caminhar para longe.
— Eu não preciso provar porra nenhuma! — Millye gritou, adquirindo certa vermelhidão. — Você é uma pessoa desprezível, arrogante e... e... deve ser por isso que não deu certo com ninguém. Você é a merda de um parasita, Zoe Marra! Assusta todos ao seu redor. É por isso que eu acho que facilmente vestiria uma máscara negra e rasgaria os corpos dos seus colegas de aula.
No momento em que Millye disse aquilo, as pessoas ao redor deles pararam de conversar. Os cochichos cessaram e cada um daqueles olhos arregalados voltou-se para as duas meninas. Zoe deu meia volta e começou a andar na direção da Campbell, enquanto um círculo humano se formava em volta.
— O que foi que você disse? — Zoe se aproximou em passos lentos. — É melhor cuidar da droga da sua vida, sua vadia. — Zoe golpeou o rosto da outra com a mão, fazendo com que um pequeno corte se formasse nos lábios dela.
— Sem chance. Você... você não fez isso. — Millye se recuperou brevemente. — VOCÊ NÃO FEZ ISSO! — a garota empurrou Zoe com as mãos, derrubando ela no chão e podendo ouvir o barulho no momento em que sua cabeça se chocou contra a madeira.
Seth foi o primeiro a tentar separá-las, mas era impossível. Millye depositava todo o ódio e rancor guardado naquela briga. Enquanto a de baixo tentava se defender, um coro de vozes ganhava força ao redor das duas: "Briga! Briga! Briga!". Os estudantes eufóricos esperavam ver mais sangue, apesar do quão doentio isso parecesse ser.
Biblioteca da escola, no andar de baixo, 08:59 da manhã.
Claire havia se escondido atrás da bancada quando ouviu os alarmes. Não tinha mais ninguém lá além dela, mas a garota insistia em ficar abaixada enquanto esperava tudo aquilo acabar. Por mais bobo que parecesse, o medo e a insegurança lhe impediam de sair sozinha de lá e correr o risco de ser pega por algum maníaco. Talvez fosse em razão de ter encontrado o rosto da melhor amiga desfeito em carne e ossos quebrados, ou de saber que a outra garota pudesse nunca deixar aquela cama de hospital.
De repente, o silêncio ao redor dela foi quebrado pelo som do celular.
— Alô? — Claire voltou a respirar normalmente depois de um pequeno susto.
— Claire? Sou eu, a Jesse! Onde você está? — a voz ofegante da Greene era perceptível do outro lado da linha, ela parecia estar andando rápido.
— Graças a Deus. Eu estou na biblioteca, não sei o que está acontecendo na escola, mas... eu fiquei com medo de subir as escadas. Eu acho que tem alguém aqui, Jesse. — Claire tentou enxergar algo através dos livros.
— Calma. Fica abaixada. Eu sei que está com medo, mas vou chegar aí em alguns minutos. Ok? Vai dar tudo certo, Claire. De jeito algum você vai se machucar. Eu não vou deixar. — a chamada se encerrou.
Em algum corredor do lado leste, 09:02 da manhã.
Jesse ainda corria contra o tempo, tentando encontrar a biblioteca antes que Claire fosse a próxima vítima de um jogo que mexia com a sua cabeça o tempo inteiro.
— Jesse? — uma voz masculina chamou a atenção da garota. — O que faz aqui?
— Ah, Jaremy. Eu meio que estudo aqui agora. — ela sorriu brevemente, se aproximando do rapaz.
— Certo. Não deveria estar no ginásio? — ele perguntou. — Achei que todos estivessem lá.
— Você também deveria. Não? — Jesse cruzou os braços, começando a estranhar a presença do garoto.
— Sim, mas... — o Fitzgerald engoliu em seco. — eu cheguei atrasado. Decidi ficar no banheiro enquanto esperava os...
— Eu entendi. — Jesse respondeu antes que ele terminasse de se explicar. — Pode me dizer onde fica a biblioteca? Esse prédio é enorme, então... eu não consigo encontrar.
— Siga a escada à direita e vai chegar no andar debaixo desse, no bloco inferior. A biblioteca fica perto da porta dos fundos. Mas cuidado, os policiais estão lá por conta do rastro de sangue. — Jaremy explicou.
— Como sabe disso? Você disse que estava no banheiro. — Jesse arqueou a sobrancelha.
— Sim, e estava. No banheiro do bloco inferior. — Jaremy riu, e logo depois percebeu que Jesse fixava seu olhar no braço do menino. — Algum problema?
— Não, é só que... Riley Belmont foi atacada ontem à noite, e ela disse ter feito um ferimento no braço do assassino. Esse corte parece bem recente. — a menina tentou sorrir, disfarçando o medo que lhe tomava conta.
— Eu não faço ideia de quem seja Riley Belmont, mas lhe garanto que consegui esse corte ajudando meu pai na marcenaria. Ei, Jesse. — Jaremy esboçou um sorriso bobo em seu rosto, agarrando os braços da garota rapidamente enquanto aproximava seu corpo do dela. — Não acha que eu estou fazendo isso, acha? — o rapaz colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.
— Eu não... não disse isso. — Jesse tentou se soltar, mas o garoto pareceu segurá-la com mais força.
— Ótimo. — ele a encarou de cima a baixo. — Porque eu sou definitivamente inocente. Sabe disso, não sabe? — Jaremy voltou a grudar seu corpo ao dela.
— Eu preciso ir agora, Jaremy. Me solta. — Greene começou a sentir desconforto quando as mãos do rapaz se aproximaram demais.
— Calma. Pra que a pressa? Só estamos conversando. Não precisa... — o rapaz tentou falar, mas a menina foi mais rápida.
— EU DISSE PRA ME SOLTAR! — Jesse empurrou o corpo dele contra a parede e em seguida começou a descer as escadas o mais rápido possível.
Biblioteca da escola, quase 09:10 da manhã.
Claire precisava deixar aquele lugar. A menina já havia aceitado que Jesse não chegaria a tempo, então precisaria encontrar os outros alunos antes que fosse atacada.
— Certo, Claire. — ela disse a si mesma. — Você consegue. Só precisa cruzar a porta, correr até a escada, passar pelo segundo andar e chegar ao ginásio. Isso... eu consigo. — começou a fazer uma contagem regressiva.
Três, dois, um, e... pronto. Claire começou a correr em meio às prateleiras repletas de livros. Cada passo que dava parecia ser uma chance a menos que o assassino tinha de encontrá-la. Não conseguia olhar para o lado, e só quando atravessou a porta da biblioteca pôde se sentir pelo menos um pouco segura de novo. Claire olhou para os lados e seguiu caminhando até a escada. Colocou seus pés sobre o primeiro degrau, iniciando a subida. O que ela não sabia é que havia alguém no topo.
E quando se está sozinho em um labirinto assustador, fugindo de seja lá qual for o monstro que o persegue, não importa o quanto corra ou o quão rápido o faça, ele sempre vai encontrá-lo. Naquele momento, o monstro havia encontrado Claire.
— NÃO! — ela tentou virar seu corpo e começar a descer os degraus novamente, mas era tarde demais.
O mascarado agarrou o pescoço da menina, jogando ela contra a parede em um movimento rápido. Logo depois, quando a enxergou caída no chão, ele voltou a arrastá-la para cima.
— POR FAVOR! Por... fa... favor. — Claire tentou dizer, com dificuldade para respirar. Sua cabeça sangrava em razão da forte batida.
Por mais que ela tentasse, nunca teria força suficiente para escapar das garras dele. Por último, ele ergueu o corpo da menina e a jogou lá embaixo, de uma altura de mais ou menos quatro metros e meio. Claire acabou no chão, quase inconsciente, enquanto sua cabeça ainda sangrava. E em poucos segundos a sombra negra do assassino havia ido embora.
No mesmo momento, Jesse encontrou o corredor em que a garota havia sido atacada, podendo enxergar seu corpo no chão. Por uma diferença de, talvez, menos de cinco segundos, ela não pôde vislumbrar a figura fugindo para o topo da escadaria.
— CLAIRE! — Greene jogou seu corpo no mesmo chão que agora era manchado pelo vermelho que escorria por debaixo da boina.
Ao apalpar o pulso da outra, pôde perceber que seu coração ainda batia. Claire não estava morta. Mas seus olhos, vidrados no vazio daquele corredor, aparentemente garantiam que ela enxergou a própria morte.
Ginásio da Rainwood High, 09:16 da manhã.
As autoridades tinham finalmente conseguido separar a briga. A multidão agora havia se distanciado, e enquanto Millye segurava um saco com gelo perto da sua cabeça, percebeu que estava sozinha ali.
— Eu trouxe mais gelo, caso precise. — Hastings se sentou ao lado da garota e entregou outro pacote. — Então... você me pareceu decepcionada com aquela garota. Há algo em especial que eu não saiba?
— Obrigada. — agradeceu Millye, apanhando o recipiente com gelo. — Não gosto de falar sobre isso, Seth. Ela é só alguém que eu não gostaria de ter conhecido.
— Sabiam que a enfermeira do colégio é muito legal? Eu tive que fingir estar passando mal pra Jesse conseguir fugir, então fui levado até a enfermaria. Enfim... o que foi que houve com vocês? — a voz de Joshua invadiu o ambiente repentinamente e veio com aquela explicação em prontidão.
— Longa história. — Millye riu da expressão do menino, e logo depois sentiu um incômodo em seus ouvidos. — Que droga é essa? Tem... tem alguém gritando?
Seus sorrisos se desmancharam. Imediatamente, os três viraram-se para a multidão reunida no pavilhão e perceberam que também estavam em choque. O silêncio completou o espaço que faltava.
— Puta merda. Essa... essa voz é da Jesse. — Seth virou-se para eles dois, com os lábios trêmulos.
Os três se levantaram rapidamente. Puderam ver os policiais se aproximando da porta. Um deles saiu correndo em direção à escadaria que levava ao bloco inferior. Não podia ser uma boa notícia.
E aquele grito não chegava ao fim. Pouco a pouco, os alunos puderam perceber que se tratava de um pedido de socorro. Seth correu até a porta do ginásio e deu de cara com o xerife Moose, trazendo os outros alunos curiosos para dentro do lugar.
Pânico. Essa era a única palavra que poderia definir o final daquele confinamento durante a manhã. De repente, o grupo de oficiais corria em desespero sentido ao local de origem daquela voz feminina eufórica. A multidão começava a se formar novamente e ninguém tinha ideia do que estava acontecendo lá fora.
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