𝐏𝐑𝐈𝐌𝐎 𝐀𝐓𝐓𝐎
PRIMEIRO ATO
EGOÍSMO, UM ATO tão simples é considerado egoísta quando suas necessidades e desejos se sobrepõem a alguém e o clã Volturi foi o exemplo perfeito, nenhum dos reis mudou suas expressões sombrias de desinteresse quando Rosalie Hale caiu de joelhos no chão sendo apoiada por seu marido que manteve seu controle sobre ela tentando ajudá-la. As lágrimas nunca cairiam, mas a dor seria eterna, o clã olímpico recusou-se a aceitar a ideia de que Meredith havia partido e desta vez para sempre.
— Lamentamos muito por este infeliz acontecimento, Carlisle, meu amigo. — o rei de cabelos escuros se desculpou com uma tristeza fingida que se revelou verossímil quando ele se aproveitou da vulnerabilidade dos outros.
No entanto, Carlisle e sua família permaneceram em silêncio, ele calmamente esfregou suavemente o braço de Esme ao lado do corpo dela, na tentativa de confortá-la.
— Como permitiram que isso acontecesse?! — pergunta Rosalie Hale animada, dando um passo à frente, sendo parada por Emmett para detê-la e impedi-la de se aproximar do rei, que dirigiu um olhar de soslaio para a mulher.
O rei parou por um momento e se dirigiu ao casal, juntando as mãos antes de se virar com a intenção de caminhar até seu trono.
— A pequena Meredith saía de seu quarto à noite, perambulando pelo castelo sem nenhuma companhia. — disse ele, parecia ter sido praticado há muito tempo pela maneira monótona com que sua voz confessava o crime. — Quando Demetri chegou já era tarde demais.
Rosalie apertou os olhos com força, incapaz de acreditar que esse era o fim de sua pequena Meredith, sua vida não deveria terminar daquele jeito, ela tinha que voltar para eles, Rosalie havia imaginado que se encontrasse em todo o caminho até Volterra, Meredith teria que aparecer pelas enormes portas e teria que correr em direção a ela, então a abraçaria, ela finalmente a teria em seus braços depois de todo esse tempo, mas a realidade tinha sido um veneno amargo que deslizou por sua garganta como se fosse água.
— Fique tranquila, pois o guarda foi punido por sua culpa. — comentou o rei antes de chamar a atenção de Rosalie.
Um chapéu feito à mão, ela mesma havia tricotado aquele chapeuzinho branco com um patinho amarelo, com as mãos trêmulas Rosalie pegou, seu aroma ainda estava impregnado nele como se o tivesse usado naquele mesmo dia.
— Onde está? — Esme pergunta com a voz trêmula. — E-eu acho que o certo seria...
Então Aro rapidamente foi até Esme assustando-a, Carlisle instintivamente apertou ainda mais sua esposa, ele temia que se a soltasse ela cairia no chão e não conseguiria se levantar, mas o rei nem prestou atenção, ele suspirou como se estivesse segurando o ar todo esse tempo, como se estivesse aliviado por outra pessoa ter tomado a iniciativa de falar.
— Não acreditei que fosse apropriado que vocês, como membros de sua família, assumissem essa responsabilidade. Porque... — comentou olhando para Carlisle. — A menininha estava... Irreconhecível, Carlisle... — confessou com pesar, e mesmo por mais baixo ou silencioso que tentasse ser, todos o ouviram e as expressões eram os mesmos.
— Eu entendo... — Carlisle comentou com um nó na garganta. Ele olhou para sua família, nenhum deles foi capaz de responder a pergunta silenciosa que Carlisle se fez, então desistiram. — S-seria melhor ir embora...
Aro acenou com a cabeça sutilmente, mantendo a formalidade em todos os momentos.
— Lamento que tenhamos que nos encontrar depois de tanto tempo nessas circunstâncias... — comentou o rei, balançando a cabeça.
Carlisle só conseguiu acenar com a cabeça, Aro voltou para seu trono com seus irmãos que permaneceram em silêncio todo esse tempo, eles ouviram ao longe enquanto as portas se fechavam e pareciam relaxados por não ter que lidar com aquela situação por mais um momento. Os passos recuaram, os gritos distorceram-se até se transformarem em soluços tão silenciosos que eram fáceis de ignorar.
Os reis do clã eram homens implacáveis, todos sabiam disso, ninguém queria estar do lado errado, sempre à sombra da sua bondade e generosidade, incapazes de desafiá-los, sempre firmes e seguros, orgulhosos, cruéis, coroados invictos em as batalhas e guerras que eles lideraram. Jane e Alec se entreolharam pelo canto dos olhos, compartilhando mil palavras em um silêncio que só eles entendiam e no final toda aquela tensão que se acumulou no trono se dissipou como neblina.
Então as enormes portas viraram, uma doce risada infantil os fez sentar em seus assentos inconscientemente, Demetri e Felix entraram na grande sala com Meredith nos ombros de Felix e Demetri ao lado dele tinha uma pilha de bichinhos de pelúcia nos braços.
— Ah finalmente vocês chegaram! — Aro exclama emocionado, com a mesma emoção com que Meredith reagiu quando Demetri e Felix a convidaram para ir à feira em uma cidade distante de Volterra.
— Demeti comprou muitos bichos de pelúcia para mim! — exclamou a menina emocionada, erguendo os braços.
— Que bom que você se divertiu, bambina, mas sua hora de dormir já passou. — apontou o rei com calma, olhando para a garotinha de olhos azuis a sua frente.
— Não! Ainda não é domingo. — exclama a menina quando Félix a baixa dos ombros até o chão e ela cruza os braços. — Mamãe está esperando por mim, e devo estar pronta!
O rei abriu a boca fingindo ter se lembrado do assunto e acenou com a cabeça concordando. Um mês se passou desde seu "desaparecimento", mês em que o líder do clã decidiu mudar para sempre o rumo de seus destinos, o mês de maio ficaria marcado na história de Volterra.
Aro se virou e olhou para Caius que cansado se levantou do trono e se dirigiu à garota e Felix impulsivamente deu um passo à frente. Eles sabiam que Caius, apesar de começar a tolerar a menina, ainda tinha um problema com seu controle, é claro que eles se recusaram a deixar a menina pagar por isso.
Caius olhou para os dois guardas com as sobrancelhas levantadas antes de garantir que estava bem, então eles recuaram, Meredith ainda segurando nas mãos o dinossauro de pelúcia roxo que Demetri havia ganhado para ela em um jogo de bola.
— Meredith. — ele chamou, agachando-se até ficar na altura dela. A menina relaxou instintivamente os braços cruzados sabendo que quando ele falava e pedia algo era melhor fazê-lo sabendo como era fácil ficar de mau humor. — Sua hora de dormir já passou, amanhã será outro dia.
— Eu estou esperando minha mãe... — Meredith respondeu fazendo beicinho e voz baixa, brincando com a etiqueta do bichinho de pelúcia nas mãos.
— Sua mãe não virá hoje. Então faça o que lhe é pedido e vá dormir. — pediu ele, encontrando a calma e a paciência de Deus sabendo onde não gritar com ela. — Agora.
A garotinha suspirou, sabendo que não valia a pena apelar para ficar acordada ainda mais, ela sabia que nem ficar com os olhos lacrimejantes ou fazer beicinho ajudaria Caius, ela poderia convencer a todos, menos a ele.
— Ok. — ela aceitou e o rei loiro assentiu com a cabeça. — Você poderia me ler uma história?
— Não. Vá dormir
— Caius, irmão... — Aro repreendeu de seu trono com uma voz gélida, quando Caius se virou para ver Meredith, a garotinha estava desanimada abraçando o dinossauro de pelúcia em seus braços.
O rei beliscou a ponta do nariz e balançou a cabeça várias vezes.
— Só uma. — divertiu-se, resignando-se e Meredith imediatamente se recompôs em sua postura com um enorme sorriso. — Vamos.
Meredith sorriu ainda mais e caminhou em direção a ele, mas então ela parou em sua caminhada e correu de volta sob o olhar atento dos presentes. Caius também se virou para ver o que estava fazendo, mas Meredith se aproximou de seus irmãos e balançou a cabeça.
— Boa noite, Awo. — ela se despediu, deixando um pequeno beijo em sua bochecha. O rei pôde sentir agora em sua bochecha a doçura do doce que havia comido antes de chegar ao castelo. Então ela rapidamente se virou para Marcus e repetiu a ação. — Boa noite, Macus.
— Bons sonhos... — o rei comentou com um pequeno sorriso, então Meredith vai até Alec que não hesita em tomá-la nos braços para que ela possa alcançá-lo facilmente.
— Boa noite, Alec.
— Boa noite, descanse, amor. — disse o gêmeo antes de aproximá-la de Jane que se recusou a pegá-la no colo, mas graças a Alec ela conseguiu se aproximar de sua bochecha para deixar um beijo curto e cheio de saliva em sua pele pálida.
— Boa noite, Jane! — ela se despede e Jane balança a cabeça.
— Boa noite, fera.
A menina sorri e é deixada no chão mais uma vez para correr de volta até a entrada onde Caius e Demetri a esperam. As portas se fecham mais uma vez.
— Isso me faz sentir um pouco culpado... — confessa o rei de cabelos escuros, olhando para o local por onde Meredith havia saído por apenas alguns segundos.
A culpa veio disfarçada, e a partir daí, toda vez que Meredith perguntava por sua mãe, os Volturi disfarçavam a ausência com presentes ou distrações para fazê-la esquecer suas perguntas. Como eles poderiam olhar nos olhos dela e mentir para ela? Com a promessa de que um dia se reuniria com sua família, sabendo que esse dia nunca chegaria.
— Por que você quer ficar com a garota, Aro? — Marcus questionou sem olhar para ele, ainda conseguia ouvir os passos apressados de Meredith ao chegar em Caius.
Mas Aro não disse nada, seu olhar determinado ainda focado naquelas portas duplas que haviam se fechado. Com um sorriso vitorioso, o rei era conhecido por sempre conseguir o que queria e o poder era o que ele mais almejava, por isso seu clã era o maior e mais poderoso, talvez ele não pudesse ter Alice e Edward Cullen mas agora ele tinha uma arma mais poderosa.
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