capítulo 09 | o sorriso vindo da alma

Seonghwa olhou para o relógio sobre sua mesa e se espreguiçou antes de se levantar de sua escrivaninha com o trabalho programado para o dia majoritariamente concluído e com tempo sobrando para tomar um banho antes de buscar Seoyun na escola.

A essa altura, ele já conhecia o caminho para a escola de cor. O trajeto transcorreu sem percalços. Ao chegar, acenou para a recepcionista e seguiu diretamente para a sala de Seoyun. Taeyeon o recebeu com um sorriso.

— Seoyun — ela chamou e Seoyun se afastou de onde as outras crianças estavam reunidas. — Vão com cuidado.

Seonghwa pegou a bolsa de Seoyun e a mão dela antes de se despedir.

— Eu 'tava pensando em ir no parque hoje, estrelinha, o que você acha? — perguntou enquanto eles iam avançando até a saída, cumprimentando alguns pais que encontraram no caminho.

Embora ele ainda não tivesse visto Seoyun abrir um sorriso completo, seus sorrisos pequenos vinham se tornando mais comuns e Seonghwa estava feliz por isso.

— E tomar sorvete?

Seonghwa sorriu satisfeito.

— E tomar sorvete!

Com um novo destino em mente, Seonghwa a colocou no carro com cinto e entrou no lugar do motorista, levando-os até o parque próximo ao prédio deles. Ao descer do carro, Seoyun segurou a mão do tio. O gesto inesperado arrancou um sorriso dele.

O céu se tingia de dourado, laranja e rosa com o sol descendo no horizonte, enquanto as sombras se alongavam e o crepúsculo banhava o parque em tons suaves. A luz do sol poente criou contrastes intensos entre áreas iluminadas e sombreadas, destacando a textura das folhas, a relva e os caminhos do parque.

O balanço das árvores criava um murmúrio constante. Ele se misturava às vozes das crianças brincando ao longe e às conversas de pequenos grupos espalhados pelo gramado e pelos bancos, a vida latejando como um coração bombeando sangue pelo espaço aberto. O cheiro de grama recém-cortada, o perfume doce das flores e o odor terroso da terra úmida após um dia quente se misturava com o cheiro de pipoca, Tteokbokki [1] e Bungeoppang [2] dos vendedores ambulantes, lembrando-o dos dias em que passeava com Hongjoong e Siyeon ao seu lado durante a juventude.

Enquanto caminhavam pelo parque de mãos dadas, Seonghwa notou como Seoyun parecia mais relaxada do que de costume. Ele a guiou até o carrinho de sorvete mais próximo.

Seonghwa a guiou até o carrinho de sorvete mais próximo e comprou um para cada: de morango para ele e de chocolate para Seoyun antes de levá-la para sentar em um dos bancos de frente para o parquinho onde crianças brincavam sob a supervisão dos pais e familiares. Ele a ajudou a abrir o sorvete antes de começar a comer o seu.

Seonghwa abriu a boca para conversar com ela quando um grupo de três crianças, duas meninas e um menino, se aproximou dos dois e ele direcionou sua atenção a elas.

— Você quer brincar? — perguntou uma das meninas, a que parecia mais velha e tinha cabelos na altura das costas.

Seoyun olhou para o tio, que acenou com a cabeça com um sorriso encorajador. Ainda hesitante, ela respondeu:

— Pode ser.

Levantou-se devagar, lançando um último olhar para o tio, como se pedisse apoio silencioso.

— Pode ir, estrelinha. Eu vou ficar aqui e você pode voltar quando quiser que eu vou ficar esperando, ' bom? — garantiu Seonghwa, deixando um afago carinhoso no cabelo dela. — Se divirta, meu bem, você merece.

Seoyun ainda parecia hesitante, mas seguiu o trio até o parquinho enquanto Seonghwa ficou para trás com um sorriso no rosto, observando as crianças brincando enquanto tomava seu sorvete.

Quando Seoyun retornou, ela tinha no rosto um sorriso maior do que todos que ele já viu ela oferecer, fazendo planos para as próximas vezes, e Seonghwa fez uma nota mental para levá-la ao parque com mais frequência, se isso a ajudasse a baixar mais a guarda e fazer amigos.


☆彡


As consultas de Seoyun com a psicóloga que Yeosang indicou trouxe mudanças visíveis nas poucas sessões que tiveram. Ela falava mais, comia a quantidade que se sentia confortável comendo e os pesadelos diminuíram consideravelmente. Os avanços fizeram com que ele caísse no poço fundo dos próprios pensamentos.

Seonghwa sabia que tinha questões que precisava enfrentar, mas nunca acreditou que fosse necessário. Enterrara problemas, inseguranças e traumas tão fundo que quase esquecera que existiam — até ser confrontado pela responsabilidade de cuidar de alguém que dependia totalmente dele. Agora, cada ferida que ele apenas cobriu com band-aids reabriu desde a perda da irmã, exigindo atenção urgente.

O medo de se envolver romanticamente fazia com que os poucos relacionamentos que ele tentava cultivar não durassem mais do que alguns meses. Uma voz ecoava no fundo de sua mente, sussurrando que ele não tinha nada de bom a oferecer. Estranhamente, essa voz soava como a de sua mãe, com o mesmo tom ríspido e cheio de desprezo que ela usou no dia que o expulsou de casa depois de pegá-lo aos beijos com um amigo da mesma idade. Os olhos parecidos com os dele transbordando com o desgosto quando ele contou que não queria assumir a empresa da família. Olhos que se fecharam quando o pai o pegou pelo pescoço e jogou longe por ser uma vergonha, arrastando-o até a porta de entrada e dizendo para que ele nunca voltasse.

Chaewon não estava em casa quando aconteceu, mas ela também não o procurou depois que ele finalmente se estabeleceu na casa de sua tia. Ele não lembrava a última vez que tinha visto a irmã antes de ter que vê-la em um caixão e agora ele não tinha como saber se essa sequer era a vontade dela.

O silêncio da sala era quebrado apenas pelo som suave da respiração de Seoyun, que dormia profundamente em seu colo. A luz fraca do abajur desenhava sombras suaves na parede, enquanto Seonghwa passava os dedos pelos cabelos da sobrinha, buscando uma calma que ele mesmo não sentia. Sua mente, porém, insistia em trazer lembranças antigas, como fantasmas que se recusavam a descansar.

A lembrança do desprezo nos olhos de sua mãe e da violência do pai sempre o acompanhou, mas agora parecia mais pesada. Era como se cada momento difícil de sua vida retornasse, exigindo atenção. Quando Seoyun se mexeu em seu colo, ele despertou, encarando a tela do celular com um suspiro. Talvez fosse hora de lidar com tudo aquilo de verdade.


you

Sangie?

Tá acordado?

Sangie 🌹

Oi, hyung

Tô sim.

Tudo bem?

you

Tem como você me arrumar algum psicólogo de confiança?

Eu acho que chegou o momento de eu procurar ajuda

Sangie 🌹

Claro que tem, hyung

(xx) xxxx-xxxx

you

Obrigado, Sangie

Você é um anjo ❤️

Sangie 🌹

Tudo por você, hyungie


Seonghwa sorriu, fazendo uma nota mental para comprar algo de agradecimento para Yeosang que estava lhe ajudando pela segunda vez sem pedir nada em troca. Ele abraçou Seoyun com cuidado antes de se levantar do sofá e seguir até o quarto que dividiam, segurando-a contra o próprio corpo enquanto se deitava. Seoyun afundou o rosto no pescoço do tio e ele deixou um beijo na testa dela antes de começar a perseguir o próprio sono, cansado demais para se importar com qualquer outra coisa além do conforto da criança em seus braços.


☆彡


Depois do primeiro encontro com os oito rapazes e Seoyun, o grupo rapidamente se tornou inseparável. Era comum ver duplas, trios ou quartetos pelo campus, no refeitório ou nos corredores. Estar todos juntos, no entanto, era raro — coordenar os horários de oito pessoas já era difícil; com uma criança, tornava-se quase impossível. Eles, porém, faziam o que dava.

Seonghwa assistiu a parte mais recente do grupo se apegando a Seoyun tanto quanto seus próprios amigos se apagaram quando a conheceram. Wooyoung sempre encontrava com ele na hora de ir buscar Seoyun na escola quando podia, perturbando seu juízo até que Seonghwa concordasse em levá-lo junto, às vezes parando os três no parque para que ela brincasse com outras crianças enquanto os dois adultos conversavam e se conheciam melhor. Seonghwa logo percebeu que Wooyoung era impossível de não amar, com seu sorriso constante e gestos carinhosos, algo a que ele precisou se acostumar rapidamente.

Mingi tinha se dado espetacularmente bem com Yunho, quase como se eles se conhecessem a vida toda, e costumava visitá-los quando Yunho passava em seu apartamento para fazer companhia a Seoyun enquanto ele estava ocupado com o estágio. Seonghwa adorava a forma como ele conversava com ela, deixando-a confortável mesmo que ela tenha se sentido intimidada por ele no começo.

Yeosang era o mais interessante de se observar na presença de Seoyun, ele era calado na maioria das vezes, mas quando estava com ela falava com mais frequência, fazendo as perguntas certas para fazê-la conversar, ajudando Seonghwa a fazer com que ela pedisse o que precisava e se expressasse mais.

Foram necessárias semanas para arranjar um dia em que todos estivessem livres para sair e eles conseguissem se encontrar. O lugar, no entanto, foi uma unanimidade depois que Seoyun comentou com Wooyoung e Seonghwa que nunca tinha ido a um parque de diversões, fazendo com que os dois se desdobrassem para marcar um dia para levá-la e o grupo inteiro acabou se envolvendo.

Após um longo dia planejando, finalmente chegou a hora de sair. Seonghwa se apressava para terminar de agasalhar Seoyun para aguentar o frio do começo da noite que tendia a aumentar conforme o tempo passava quando o barulho da porta de entrada soou e Hongjoong os encontrou na sala.

— Hwa, ' pronto? — perguntou Hongjoong, notando os pés descalços e a roupa que com certeza não seria o suficiente para aguentar o frio de inverno. — Cara, vai terminar de se arrumar, eu termino com ela.

Seonghwa olhou para Seoyun para confirmar se ela estava confortável com isso e se afastou quando ela deu um aceno de cabeça.

— Obrigado — disse ele, dando uma corridinha até o próprio quarto para pegar um sobretudo bege que cobria desde os ombros, escondidos pela blusa gola alta, até o joelho, deixando-o aberto para exibir a calça jeans de lavagem clara e o coturno cor de areia que ele calçou apressado.

Quando ele voltou para a sala, Seoyun estava vestindo uma blusa de lã branca que o capuz imitava orelhas de coelho e Seonghwa tinha a sensação de que nunca viu algo tão fofo na vida e ele podia jurar que Hongjoong tinha coração nos olhos enquanto tirava fotos dela.

— É isso, eu vou roubar sua sobrinha e você não pode fazer nada para evitar, Seonghwa — disse ele, guardando o celular no bolso do casaco xadrez grosso.

Seonghwa revirou os olhos, pegando a carteira e as chaves do carro e do apartamento na mesa de centro antes de alcançá-los perto da porta, guardando o próprio celular no bolso de trás da calça.

— Sonha que é de graça — retrucou. — Agasalhada o suficiente, estrelinha?

— Acho que sim.

Hongjoong abriu a porta para os dois e Seonghwa ofereceu uma das mãos para a sobrinha, que a segurou enquanto ele trancava a porta.

— Se ficar com frio, com fome ou qualquer coisa, estrelinha, me avisa, ' bom?

Seoyun assentiu e os dois a guiaram até o carro no estacionamento do prédio. Hongjoong foi no banco de trás porque ele gostava de usar esse tempo para passar mais tempo com ela e Seonghwa entrou no banco do motorista, começando a sair com o carro.

O caminho até o parque não foi longo e, quando eles chegaram, o resto do grupo já os esperava na entrada de pedestres do estacionamento que dava para a bilheteria. Seoyun pareceu hesitante por conta do fluxo de pessoas e Seonghwa ofereceu sua mão para ela mais uma vez, segurando-a até se aproximar do grupo que os esperava.

Todos se cumprimentaram antes de ir em direção à bilheteria, onde compraram os ingressos sem fila porque a noite estava apenas começando.

Depois de comprar o ingresso e entrar, Seonghwa ficou imediatamente encantado com a explosão de cores e luzes neon tanto da decoração como dos próprios brinquedos e ele tomou o cuidado de segurar a mão de Seoyun mais forte para que ela não se perdesse entre as pessoas que passavam por eles. A música de fundo se misturava com a conversa e risada dos grupos, assim como os ruídos das máquinas e os anúncios do alto-falante. A mistura de aromas doces — algodão-doce, pipoca amanteigada e churros — se unia ao salgado dos cachorros-quentes e batatas fritas, preenchendo o ar com a essência do parque.

Seonghwa não se lembrava a última vez que esteve em um lugar como aquele, cheio de magia e nostalgia, e não resistiu ao impulso de olhar para a sobrinha que absorvia cada detalhe com os olhos ávidos enquanto eles avançavam em grupo até um dos cantos mais quietos para decidir como se dividiriam.

Com Yunho e Mingi respectivamente no começo e no final da fila, usando seu tamanho como vantagem para manter o fluxo de pessoas afastado de Seoyun e permitindo que ela observasse as coisas com mais calma, eles pararam próximos aos carrinhos de comida, onde o grupo se juntou para conversar melhor.

Seonghwa, atento a todas as reações de sua sobrinha, percebeu imediatamente quando algo prendeu a atenção de Seoyun e, seguindo o olhar dela, viu como ela encarava o carrossel próximo a eles com os olhos cheios de interesse. E ele não foi o único a perceber porque no minuto seguinte Hongjoong estava se abaixando na frente dela e apoiando um dos joelhos no chão.

— Você quer ir, pequena? Eu posso te levar — ofereceu ele, esticando a mão direita na frente dela.

Seoyun olhou para o tio, que acenou com a cabeça, e aceitou a mão de Hongjoong, que abriu um sorriso largo antes de se levantar e guiá-la até a fila do carrossel e o grupo se moveu junto para ficar mais próximo, a maioria com sorrisos no rosto vendo Seoyun animada para alguma coisa.

Seonghwa observava de longe enquanto ela seguia Hongjoong até a fila, usando as pernas pequenas para acompanhar as dele — que também não eram tão grandes assim — enquanto as orelhas de coelho do capuz pulavam com o movimento, levando toda a cena para outro nível de fofura, que fez com que ele escondesse o rosto no ombro mais próximo antes que ele fizesse algo vergonhoso como gritar para todo mundo que a coisa fofa indo na direção do carrossel era sua sobrinha. Só então ele parou para reparar de quem era o ombro que ele usou como apoio e ele tentou não deixar muito na cara o quanto gostou quando San enlaçou sua cintura em resposta à proximidade não planejada.

— Ela é definitivamente a criança mais fofa nesse lugar e ninguém pode me convencer do contrário — falou San e, se a posição em que eles se encontravam o afetava de alguma forma, ele não deu sinal nenhum. — Você ' fazendo bem para ela, fico feliz de ver ela melhorando tanto.

Seonghwa sorriu, ficando mais confortável no abraço antes de voltar a atenção para Seoyun e Hongjoong, que conversavam na fila enquanto o carrossel finalizava a volta antes da vez deles.

— Foi um esforço em conjunto, você e os outros me ajudaram muito que eu não sei o que teria sido de mim sem vocês. Sem eles — disse, olhando especificamente para Jongho e Yunho que estavam assistindo Seoyun e Hongjoong com olhares tão cheios de carinho quanto Seonghwa. — Os três fizeram tanto por mim, por nós, que eu nem sei como agradecer.

Sentiu mais do que viu o olhar de San sobre si, com a cabeça ainda apoiada em seu ombro e o braço firme ao redor de sua cintura.

— Eles sabem. Você não precisa agradecer porque eles sabem — San respondeu, puxando-o mais para perto. — Eu vi como eles ficam perto de você, hyung, não só Seoyun, você cuida de todos ao seu redor, inclusive eu.

— E você deixaria tudo mais fácil se se cuidasse melhor — provocou Seonghwa, fingindo revirar os olhos.

— Eu sei, isso tem sido um trabalho em processo — San retrucou, sem dar muita atenção —, mas o que importa é que eles sabem que você é grato sem você precisar dizer nada e, a essa altura, eles também se importam com Seoyun o suficiente para fazer por ela e não só por você — concluiu, apontando com a cabeça para onde Seoyun e Hongjoong entravam no carrossel, o último ajudando ela a subir em um dos cavalos.

— Você tem razão. Obrigado.

San negou com a cabeça.

— Não por isso, nunca por isso.

Seonghwa sorriu e continuou observando a sobrinha e o melhor amigo no brinquedo que começou a girar, assustando Seoyun de leve que segurou o braço de Hongjoong, que estava em pé ao lado do cavalo que ela escolheu, até se acostumar, quando um sorriso começou a despontar em seu rosto até estar grande o suficiente para iluminar o rosto inteiro e Seonghwa prendeu a respiração ao ver o sorriso da sobrinha, o primeiro tão grande e iluminado.

Hongjoong olhou na direção deles e sorriu tão largo quanto.

Hyung, hyung, ela ' sorrindo! — falou Jongho, olhando para Seonghwa. — Ela ' sorrindo mesmo!

— Eu sei! — respondeu ele, se afastando do abraço de San para receber um de Jongho e Yunho, rindo com pura alegria. — Ela gostou.

Seonghwa sentiu como se os últimos meses passassem em sua mente como um filme, desde a primeira vez que a viu, até a primeira noite, os pesadelos, quando ela conheceu seus amigos, quando se apegou a eles. Tudo. E se sentiu subitamente emocionado ao contemplar pela primeira vez a caminhada que fizeram.

Yunho, Jongho e Seonghwa ainda estavam abraçados quando a volta acabou e Hongjoong a ajudou a descer do cavalo antes de levá-la para se juntar ao grupo.

Nada o preparou, no entanto, para o momento em que, quando eles estavam próximos o suficiente para isso, Seoyun correu e enlaçou a cintura do tio em um abraço apertado com um sorriso enorme, maior do que qualquer um que Seonghwa já a viu exibir, e ele sentiu seu peito aquecer enquanto olhava para os amigos, as expressões variando entre surpresa, carinho, orgulho e até amor.

— Obrigada por ter cuidado de mim como a mamãe disse que o anjo faria, tio Hwa.

Seonghwa sentiu seus olhos lacrimejarem e ele a pegou colo, retribuindo o abraço com força e deixando um beijo na testa dela.

— E eu sempre vou cuidar, estrelinha.


☆彡


San estava de pé entre Wooyoung e Yeosang, com Mingi ao lado. Eles deram espaço para Seonghwa, Hongjoong, Yunho e Jongho aproveitarem o momento com Seoyun. Se algum deles tinha lágrimas nos olhos, San não comentaria. Ele entendia. Ele viu a forma que aqueles quatro cuidavam dela, como estavam dispostos a fazer tudo e mais um pouco por ela, assim como viu no rosto de cada um deles que aquele momento fez tudo valer a pena.

— Sabe — disse Wooyoung, a voz embargada, chamando a atenção de San —, quando você falou sobre apresentar essas pessoas 'pra nós porque achava que nós iríamos nos dar bem, eu não imaginei que a gente viria parar aqui. Eles são... incríveis, eu não sei o que faria no lugar deles.

San voltou a olhar para onde Seonghwa e os demais assistiam Seoyun falava sobre o carrossel com entusiasmo, os gestos das mãos acompanhando cada palavra como se ela estivesse recriando o passeio.

— Eu também não, eles são pessoas extraordinárias. Merecem viver cercados de felicidade, do tipo que lutaram tanto para alcançar.

Wooyoung olhou para ele.

— Eu vi vocês dois abraçados. — San não precisou pensar muito para saber sobre o que ele estava falando. — Vocês ficariam bem juntos.

— Eu só... não sei se agora é o momento certo. Ele passou por tanta coisa, e eles finalmente estão respirando. Quem sou eu pra mexer nisso? — confessou.

— Seonghwa hyung não parece ser do tipo que te deixaria no escuro, acho que se você tentasse e ele achasse que agora não é o momento, ele te falaria. Não sei o que você pensa, mas acho que vale o risco. Eles valem o risco.

San sabia que ele tinha razão. O que ele sentia por Seonghwa não era algo passageiro; era como uma chama que queimava lentamente, mas que ele temia deixar escapar. Ele já imaginara tantas vezes como seria estar ao lado dele, mas o medo de complicar a nova vida que Seonghwa e os outros estavam construindo o paralisava. San desviou o olhar, os dedos tamborilando contra a perna enquanto tentava ignorar o calor que subia pelo rosto.

— Eu sei — murmurou, sem coragem de encará-lo.

Wooyoung passou um braço por seus ombros.

— Ótimo, eu vou ajudar.

San olhou para ele, arqueando uma sobrancelha.

— Como?

— Você vai ver — respondeu ele dando de ombros e se afastando com um sorriso que San sabia que prometia problemas.


☆彡


Wooyoung trabalhava rápido e San não sabia se devia degolar o amigo ou agradecê-lo com uma carta formal porque menos de 30 minutos depois ele e Seonghwa se encontravam sozinhos entre várias pessoas desconhecidas enquanto os outros estavam espalhados pelo parque, aproveitando brinquedos diferentes, e até Seoyun ele conseguiu convencer a ir com ele e Hongjoong no carrinho bate-bate.

O problema, no entanto, era que San não sabia o que fazer.

Ele tinha Seonghwa ao seu lado, lindo como sempre, observando as pessoas e os brinquedos enquanto andavam juntos, mas não sabia como se aproximar. Ele nem sabia de onde tinha tirado coragem para abraçá-lo enquanto observavam Seoyun no carrossel. Seonghwa não recuou. San não sabia se aquilo era um sinal ou apenas um gesto casual, mas o calor do corpo dele contra o seu fez com que seu coração acelerasse, sem que ele soubesse o que fazer com a ansiedade crescente em seu peito.

Foi quando, passando por uma das áreas de comida, algo chamou a atenção de Seonghwa e San seguiu o olhar, dando de cara com uma barraca de Tanghulu [3] , e sorriu porque estava claro o que ele queria. No tempo que passou a conviver com eles, ficou óbvio o amor quase palpável de Seonghwa por morangos e os que estavam expostos na barraca pareciam atrativos até para San.

Ele sorriu, achando-o tão fofo quanto a sobrinha, e o pegou pela mão, guiando-o até a barraca.

— Sannie, não precisa — Seonghwa tentou falar ao perceber para onde San o estava levando.

— Seus olhos estão brilhando enquanto olha para os morangos, hyung, você merece — respondeu San antes de parar na frente da barraca, onde sua presença chamou a atenção da senhora, que sorriu ao se virar para os dois.

— O que vão querer, meus queridos?

— Dois tanghulu, um de morango e um de uva — San pediu, já tirando a carteira do bolso para pagar.

— Aqui.

San pagou e agradeceu antes de pegar a mão de Seonghwa mais uma vez, levando-o até uma área com alguns bancos e eles se sentaram.

— Obrigado — disse Seonghwa, erguendo o palito com os morangos, antes de dar a primeira mordida, o som da crosta de açúcar quebrando engolido pelos barulhos do parque. — Hmmm.

San sorriu, mas havia algo mais nos olhos de Seonghwa, algo tão simples e puro que fez o peito de San apertar de uma forma desconfortável. Era o tipo de felicidade tranquila que ele não sabia se merecia.

— O que foi? — Seonghwa perguntou, os olhos grandes encarando San enquanto ele mastigava.

— Nada, você só é... muito fofo, hyung.

— Obrigado, eu acho.

Os dois continuaram comendo e San sabia que tinha um olhar bobo no rosto enquanto ele falava.

Hyung — chamou quando Seonghwa acabou com o último morango.

— Oi? — respondeu, com as bochechas cheias como a de um esquilo.

— Eu vou falar, mas isso não precisa significar nada — San começou, desviando o olhar de Seonghwa para a roda gigante próxima. — Eu... acho que gosto de você, hyung, mais do que eu acho que deveria, principalmente nesse momento, mas eu gosto.

O arquejo surpreso de Seonghwa soou, mas San ainda não olhou para ele, temendo a reação.

— Ei — Seonghwa falou antes de San sentir a mão dele em seu queixo, fazendo com que ele o olhasse. — Eu também, San. Eu também gosto de você.

San, então, virou todo o corpo na direção dele.

— E eu posso beijar você?

Seonghwa sorriu, usando a mão que ainda segurava o queixo dele para trazê-lo para mais perto, lhe deixando um beijo no canto dos lábios.

— Pode, San.

Ele tentou se afastar, mas San foi mais rápido. Com a mão firme na nuca de Seonghwa, ele o puxou para mais perto, selando seus lábios em um beijo suave, que logo evoluiu para algo mais profundo. A outra mão de San encontrou a cintura de Seonghwa, pressionando-o ainda mais contra seu corpo, enquanto o beijo se intensificava.

— Nossa! — San exclamou, assim que os dois se separaram.

— "Nossa!" apoiado — Seonghwa concordou, tentando recuperar a própria respiração. — Bem que Hongjoong diz que os fofinhos são pura fachada.

San se afundou o rosto corado no pescoço dele, envergonhado.

Hyuuung — reclamou, fazendo Seonghwa rir. — O que a gente faz?

— A gente acha os outros, come, brinca um pouco, talvez troque mais alguns beijos, não necessariamente nessa ordem.

San quem riu dessa vez antes de deixar um beijo na bochecha dele.

— Eu gosto desse plano.

───── continua...

Notas da autora

[1] Tteokbokki é um prato de rua coreano popular, composto principalmente por bolinhos de arroz (tteok) e molho picante (gochujang). É conhecido por seu sabor picante e textura mastigável.

[2] Bungeoppang é um bolinho doce coreano em forma de peixe, recheado com pasta de feijão vermelho doce. É um lanche típico do inverno.

[3] Tanghulu é uma iguaria tradicional chinesa, que se tornou popular também em outras partes da Ásia, incluindo a Coreia. É uma sobremesa feita mergulhando frutas em um xarope de açúcar e deixando-as endurecer até formarem uma camada crocante de açúcar em torno da fruta.


Oi, oi, estrelinhas.

Eu AMO esse capítulo, é simplesmente o meu favorito e o que eu mais amei escrever. O clima aqui é bem mais de boas, os menino estão mais próximos, a Yun tá mais leve e nós temos o primeiro beijo dos nossos sanhwa (🤭).

Enfim, eu adoro tudo que envolve esse capítulo.

Em breve as coisas não vão estar tão calmas, então eu recomendo que aproveitem a paz enquanto ela tá durando 🫠.

Por hoje é isso, meus amores.

Se cuidem, bebam água e até a semana que vem ❤️❤️❤️

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