capítulo 04 | ventos de mudança


Hongjoong o segurava no lugar pela cintura, mas, embora estivesse cansado, o sono de Seonghwa não durou muito e ele acordou muito mais cedo do que o necessário, saindo de seu aperto com cuidado para não acordá-lo.

Seu corpo estava rígido. O tecido áspero do sofá arranhava sua palma enquanto ele se apoiava para levantar, deixando para trás o calor de Hongjoong. Levou um tempo até que seus olhos se ajustassem à pouca luz que passava pelas cortinas claras. O desconforto de dormir no sofá pesava em seu corpo enquanto ele se movia até a poltrona azul bebê do outro lado da sala. Seus olhos estavam pesados e a garganta seca de tanto chorar. Ainda entorpecido pelas notícias da noite anterior, tentava processar que agora tinha uma vida além da sua sob sua responsabilidade.

O pânico se agitou em seu peito, buscando uma saída. Ele sabia que precisava manter o controle. Foi até a cozinha e se obrigou a se ocupar: preparou café forte para se manter acordado e cortou algumas frutas e torradas. Quando ele terminou, o despertador de Hongjoong tocou estridente e Seonghwa foi rápido em desligá-lo antes que acordasse a criança que dormia em sua cama.

Ele levou a mão até o ombro do amigo e o chacoalhou algumas vezes até que ele acordasse, coçando e apertando os olhos inchados para afastar o sono, com o cabelo castanho claro bagunçado e caindo sobre o rosto com traços suaves com a expressão confusa ao dar de cara com o amigo.

Seonghwa sorriu, achando-o adorável.

— Precisa se arrumar, sua aula começa em...— olhou a hora no celular sobre a mesa de centro —, uma hora.

Hongjoong suspirou, mas obedeceu e se sentou.

— Você quer que eu fique? — perguntou Hongjoong no meio de um bocejo.

Havia algo a mais na pergunta, uma preocupação que Seonghwa reconheceu de longe. Ele hesitou, a resposta presa na garganta. Queria dizer que sim, queria que ele ficasse, mas ao invés disso, apenas balançou a cabeça e sorriu, como sempre fazia. Hongjoong não insistiu. Ele entendeu.

— Não se preocupa, eu preciso entrar em contato com meu estágio e a faculdade. Talvez eu consiga tirar alguns dias de licença até que Seoyun se acostume comigo cuidando dela — Seonghwa explicou com um suspiro. — Pode ir com meu carro.

Hongjoong estava sentado perto o suficiente para que seus joelhos tocassem os dele, sem que nenhum dos dois precisasse ajustar a posição. Era uma proximidade natural, o tipo de intimidade silenciosa que só vem com anos de convivência. Eles não precisavam falar para sentir que estavam ali um para o outro.

Seoyun saiu do quarto com passos curtos e sonolentos, os olhinhos ainda meio fechados enquanto esfregava as mãos pequenas sobre eles. Seus cabelos escuros estavam embaraçados, caindo sobre a testa, e o rosto inchado pelo sono carregava uma expressão de vulnerabilidade que apertou o coração dos dois adultos.

Seonghwa se aproximou e a pegou no colo.

— Bom dia, estrelinha.

Ela bocejou e direcionou os olhos para o tio.

— Bom dia — respondeu, hesitante.

Hongjoong se espreguiçou antes de levantar do sofá e parar ao lado deles, levando uma das mãos para arrumar os fios desalinhados.

— Dormiu bem, meu anjo?

Seoyun apenas acenou e deitou a cabeça no ombro de Seonghwa.

— O café ' pronto — avisou ele, levando a sobrinha até a cozinha pequena e sentando-a em uma das cadeiras.

Hongjoong se serviu com uma xícara de café antes de se juntar a ela na mesa.

— O que você quer comer, princesa?

A pergunta pareceu ajudá-la a acordar e ela olhou para Seonghwa com incerteza, como se não soubesse o que escolher, e ele se sentiu inseguro em como lidar com a situação.

— Que tal de tudo um pouco? — Hongjoong sugeriu, se sentindo mais vivo depois de alguns goles do café forte.

Seoyun assentiu.

— Tudo bem, então.

Seonghwa sorriu enquanto preparava o prato, cortando a banana em fatias finas e dispostas ao lado de pedaços de maçã e cubos de mamão. As torradas crocantes ganhavam uma camada generosa de geleia de morango, o vermelho brilhante contrastando com o pão dourado. O cheiro doce enchia o ar, e ele colocou o prato na frente de Seoyun com cuidado.

Sem dizer nada, Hongjoong colocou uma xícara de café na frente de Seonghwa, exatamente como ele gostava — forte, com um pouco de leite. Seonghwa ergueu os olhos, surpreso, e Hongjoong apenas deu de ombros.

— Achei que você precisaria.

Seonghwa sentiu um aperto no peito, um misto de gratidão e culpa por nunca precisar pedir nada.

O café da manhã foi silencioso. Após lavar a louça, Hongjoong se despediu de Seonghwa com um abraço rápido e de Seoyun com um afago no cabelo. Prometeu voltar no fim da tarde, depois das aulas.

— Parece que somos só nós dois pelo resto do dia, estrelinha — comentou, ajudando a sobrinha a descer da cadeira.

Seoyun não respondeu, mas deixou que ele a conduzisse até o quarto, entregando mais algumas roupas das primas de Hongjoong antes de deixá-la sozinha para se trocar.

Seonghwa suspirou profundamente, como se o ar pesado em seus pulmões pudesse aliviar a sensação esmagadora de cansaço. O dia parecia estender-se à sua frente, com uma infinidade de pendências — ligações para a faculdade, o estágio, e a necessidade de estar ali para Seoyun. Ele podia sentir a exaustão acumulando-se em seus músculos antes mesmo de começar, um peso invisível que o acompanhava desde a noite anterior.


☆彡


A solidão sempre foi algo natural para Seonghwa. Ele gostava de estar cercado pelos amigos, mas, no fim do dia, apreciava a quietude do seu próprio espaço. Esse era um dos motivos que levava ele e Hongjoong a morar em apartamentos separados no mesmo corredor: eles estavam próximos o suficiente para estar na presença um do outro sempre que necessário, mas com a liberdade que só o próprio espaço podia proporcionar.

O dia passou rápido para Seonghwa, ocupado com as pendências do estágio e da faculdade. Entre uma tarefa e outra, ele mal percebeu o tempo voar.

Ele deixou Seoyun distraída com a TV e só parou para fazer um almoço rápido para os dois, pedindo desculpas a ela por não conseguir dar mais atenção. Depois do almoço ele já podia respirar aliviado, tendo justificado suas faltas e conseguido alguns dias afastado do estágio. Ele estava ocupado com a louça da refeição quando a campainha tocou.

Secando as mãos, ele se apressou para atender, dando de cara com Yunho com as mãos cheias de sacolas que ele largou no chão para puxar Seonghwa para um abraço.

— Sinto muito, hyung.

Seonghwa relaxou no abraço e retribuiu, sentindo o alívio de tê-lo por perto. Ele podia confessar, ao menos para si mesmo, que estava inseguro em ficar sozinho com Seoyun. O medo de não conseguir prover o conforto e a segurança que ela precisava o assombrava, mas ele sabia que Yunho faria o possível para ajudar.

— Hongjoong hyung me contou tudo — disse Yunho, colocando as sacolas no chão. — Então, trouxe o que você precisava. Espero que seja o suficiente, mas se precisar de mais é só avisar.

A gratidão apertou a garganta de Seonghwa, e ele lutou para engolir o nó que se formava. Yunho pegou as sacolas do chão e as levou até a cozinha.

Não demorou para que Seoyun aparecesse na porta, apreensiva ao observar, se aproximando de Seonghwa.

Yunho colocou as compras no chão e se virou, abrindo a boca em um "O" ao notar a presença da menina que mais uma vez se escondeu atrás das pernas de Seonghwa. Com a diferença de que dessa vez ela parecia ainda mais intimidada.

Yunho, com sua camisa azul clara desabotoada e os cabelos castanhos escuros bagunçados, sempre transmitia uma calma que contrastava com sua altura imponente. Ele ajeitou os óculos redondos com um sorriso caloroso, abaixando-se até ficar na altura dos olhos de Seoyun, como se quisesse dizer a ela que estava tudo bem.

— Oi, linda. Como é o seu nome?

Seoyun olhou para o tio, que acenou com a cabeça, tranquilizando-a.

Ela então desviou o olhar para Yunho, hesitante, antes de sussurrar:

— Seoyun.

— Seoyun? — repetiu Yunho, sorrindo. — Que nome bonito!

Seoyun apertava as mãos nas laterais da calça de Seonghwa, seus olhos grandes e cautelosos observando Yunho com desconfiança. Apesar da segurança que o tio transmitia, ela hesitava a cada movimento, como se não tivesse certeza de que poderia confiar.

Yunho sorriu e estendeu a mão para ela.

— Tem um filme bem legal passando na TV agora, quer assistir comigo?

Ela olhou para Seonghwa mais uma vez e ele deu mais um aceno de cabeça, encorajando-a. Seoyun ficou pensativa antes de encarar o tio.

— Você também vem, tio Hwa?

— Claro, estrelinha.

Mesmo parecendo mais confiante depois da confirmação de Seonghwa, ela ainda hesitou um pouco antes de segurar a mão de Yunho, que quase derreteu com o contato.

Seonghwa se lembrava de quando conheceu Yunho, um calouro perdido no campus de jornalismo, pedindo socorro com os olhos, quase o matando sufocado com um abraço aliviado quando Seonghwa se ofereceu para ajudá-lo. Desde então, os dois se tornaram amigos quase imediatamente, ficando mais próximos quando começaram a estagiar no mesmo lugar. Assim, a dupla inseparável Seonghwa e Hongjoong se tornou um trio que nunca mais se desfez e apenas aumentou nos anos seguintes, com a inclusão de seu caçula, Jongho.

Seonghwa olhou para as sacolas no chão e as ignorou, decidindo que podia cuidar delas mais tarde, antes de fazer o jantar ou quando Seoyun dormisse. Por enquanto, sua sobrinha precisava dele e ela era a prioridade.

Yunho a guiou até a sala e os três se sentaram, Seoyun no meio dos dois enquanto Yunho procurava pelo canal que queria e Seonghwa percebeu a forma como ela ainda estava tensa, como parecia ficar sempre que tinha uma pessoa que não estava confortável de ter por perto.

Seonghwa precisou se concentrar para controlar a raiva que queria sair, sabendo que ela não precisava lidar com nada disso naquele momento.

Quando Hongjoong os encontrou quase na hora do jantar, Yunho já tinha conquistado minimamente a confiança de Seoyun com sorrisos doces e palavras amigáveis e os quatro jantaram enquanto conversavam com a menina, conhecendo-a melhor e fazendo o possível para deixá-la mais confortável.


☆彡


Quatro dias se passaram e Seonghwa começou a perceber cada vez mais sinais de quão afetada Seoyun foi pelo pai abusivo.

Na primeira noite, ela dormiu sem problemas, talvez por causa do cansaço e do dia agitado pela perda da mãe. Mas logo os pesadelos começaram a se tornar uma ocorrência comum e Seonghwa frequentemente acordava com o corpo pequeno tremendo em seus braços ou com os gritos apavorados. Ele tentava acalmá-la até que voltasse a dormir, mas quase sempre sem sucesso. Em muitas dessas manhãs, os dois permaneciam acordados até depois do sol nascer, quando Hongjoong aparecia para ajudar no que pudesse.

Com o passar dos dias, uma rotina provisória se formou. Yunho fez mais duas visitas breves, que, embora rápidas, ajudaram a tirar Seonghwa da solidão de seus próprios pensamentos.

Eventualmente, ele precisou dar os primeiros passos para chegar a uma rotina que os servisse e o primeiro deles era descobrir como conciliar seu estágio com a faculdade e as necessidades de uma criança.

Ele marcou uma reunião com Taehyung e o nervosismo o consumia por dentro enquanto ele e Seoyun se arrumavam para enfrentar a decisão.

Seonghwa não podia negar o medo de perder a pouca estabilidade que tinha e podia oferecer a Seoyun. Ele sabia que seu salário não era muito, mas bastava para que ele pudesse evitar mexer nas economias para sustentar os dois.

Seonghwa não queria que Seoyun ouvisse essa conversa, não queria que ela achasse que a conclusão, fosse qual fosse, era culpa dela, mas tanto Hongjoong quanto Yunho estavam ocupados e ele duvidava que ela fosse aceitar bem ficar longe dele com estranhos enquanto ainda estava lutando para se acostumar com os dois. Sua última opção era torcer para que Yunho estivesse na emissora para que ele pudesse pelo menos ficar de olho em sua sobrinha enquanto ele conversava com Taehyung.

O caminho para a emissora foi curto. Seonghwa monitorava o tempo todo qualquer sinal de desconforto da menina. Ao chegar, viu o lugar como sempre: movimentado e cheio de vida. Pegou Seoyun no colo.

O corredor da emissora estava repleto de vozes, telefones incessantes e passos apressados que ecoavam nas paredes coloridas. Para Seonghwa, aquele ambiente sempre fora vibrante e acolhedor, mas ele sentia a tensão na pequena figura em seus braços. Seoyun parecia sufocada pela movimentação ao redor, afundando o rosto em seu pescoço e apertando-o com força, como se temesse que o turbilhão de sons pudesse alcançar os piores pesadelos que ela ainda carregava.

Seonghwa cumprimentou rapidamente um ou outro colega, tentando ignorar os olhares curiosos, até encontrar Yunho, que imediatamente foi ao encontro deles ao perceber sua presença.

— Oi, hyung — cumprimentou ele antes de lançar um sorriso tenso mal-disfarçado na direção de Seoyun.

Ele sabia o que eles tinham ido fazer ali e sabia o quão importante aquela reunião era.

— Oi, Yun — respondeu, acariciando em círculos as costas de Seoyun para confortá-la. — O Tae hyung ' aí, não '?

— ' sim. Veio resolver as coisas com ele, não é?

— Sim.

Yunho abriu a boca e acenou em entendimento.

— Quer que eu fique com Seoyun enquanto vocês conversam? — ofereceu.

Seonghwa concordou com a cabeça e aproximou-se do ouvido de Seoyun.

— Você pode ficar aqui com Yunho um pouquinho, estrelinha? Eu só preciso resolver algumas coisas e já volto.

A hesitação estava explícita na expressão de Seoyun e ele quase jogou tudo para o alto para ficar ao lado dela, mas ela assentiu eventualmente e ele se afastou, prometendo voltar logo.

Seonghwa passou pelas mesas espalhadas, onde seus colegas se ocupavam com seus afazeres, até a sala com porta de vidro, por onde viu Taehyung sorrir para ele antes de se levantar de sua mesa para cumprimentá-lo na entrada. Antes de entrar na sala, Seonghwa respirou fundo, tentando controlar a ansiedade.

Seonghwa fingiu não ver os tremores em suas mãos ao empurrar a maçaneta.

— Bom te ver, Seonghwa.

Ele sorriu de volta.

— Bom te ver também, hyung.

Taehyung o guiou até a mesa e gesticulou para que ele se sentasse.

Seonghwa sentou-se, suas mãos escondidas sob as coxas para conter o tremor dos dedos. O peito subia e descia em respirações curtas, e ele podia sentir a umidade fria de suas palmas.

Taehyung lançou um olhar consolador para ele.

— Não precisa ficar nervoso, nós queremos manter você — garantiu ele. — Vamos conversar e ver como a gente pode fazer isso acontecer, tudo bem?

Ao ouvir as palavras de Taehyung, um peso pareceu finalmente se dissipar dos ombros de Seonghwa. Ele respirou fundo, permitindo-se sentir uma fagulha de esperança lhe aquecer o peito. Talvez ele ainda pudesse dar a Seoyun uma vida melhor, pensou, e isso já era o suficiente para que seu coração batesse mais leve.


☆彡


Seonghwa caminhou de volta à mesa de Yunho, onde Seoyun se distraía desenhando. Sorriu com os porta-retratos na mesa do amigo, reconhecendo os pais dele, que ele encontrou uma vez ou duas nos anos de amizade, e um com o grupo de amigos sorrindo: Hongjoong e Seonghwa, um em cada ponta, e Yunho e Jongho no meio como se fossem os filhos. Ele riu ao lembrar de quando a foto foi tirada no aniversário dele no ano anterior.

Sua risada chamou a atenção dos dois e Yunho o encarou, afastando a cadeira da mesa perguntando com o olhar o que aconteceu.

— Tudo certo. Eu vou estagiar online, pelo menos até Seoyun começar e se acostumar com a escola ou eu arrumar uma solução mais definitiva.

Yunho suspirou aliviado.

— Que bom, hyung. Eu vou ajudar no que eu puder — prometeu antes de lançar um olhar rápido para seu relógio de pulso. — Querem almoçar comigo?

Seonghwa levou uma das mãos para o cabelo de Seoyun, chamando a atenção dela.

— Claro. Vamos almoçar com o Yunho antes de ir fazer compras, estrelinha.

Após concordarem com o almoço, os três se dirigiram à praça de alimentação alguns andares abaixo.


☆彡


A cada nova loja, Seoyun parecia se encolher um pouco mais, seus olhos curiosos desviando rapidamente de qualquer estímulo colorido. Ela mantinha as mãozinhas firmemente segurando a barra da blusa de Seonghwa, os dedos pequenos quase desaparecendo no tecido, como se aquilo pudesse mantê-la longe de qualquer ameaça invisível. A forma como ela se encolhia e tentava se fazer menor, nunca pedia nada e nunca aceitava o que Seonghwa oferecia o fez ficar cada vez mais consciente do desconforto dela.

Ela nunca pedia brinquedos ao passar pelas vitrines nem opinava quando ele pedia que escolhesse algo. Sempre que insistia, ela parecia quase culpada, assustada. Seonghwa então passou a escolher por ela, optando pelo que achava que a agradaria, ou, ao menos, o que não provocasse nela nenhuma reação desconfortável.

Ele não sabia tudo o que Seoyun tinha passado ou visto, mas já percebia alguns sinais.

Seoyun sempre se assustava quando ele ou os amigos faziam movimentos bruscos e repentinos, ou quando tinha que ficar no meio de muitas pessoas, e, claro, ela praticamente não dormia até estar exausta demais para ficar acordada e sempre acordava sobressaltada ou gritando com pesadelos.

Ele reconhecia os sinais de trauma: também passou por eles nos meses após ser expulso pelos pais, e em tudo que veio depois. Nenhuma dessas cicatrizes emocionais desapareceu. E Seoyun era jovem demais para carregar tantas.

Seonghwa se apressou com as compras, o coração pesado ao ver sua sobrinha desconfortável e retraída daquela forma. Ele se esforçou para equilibrar várias sacolas em um braço enquanto segurava Seoyun no colo com o outro. Ela estava encolhida, com o rostinho escondido em seu peito, os olhos grandes e assustados observando os estranhos que passavam. O estacionamento estava pouco movimentado, exceto por alguns carros estacionados desordenadamente.

— Vamos, estrelinha — murmurou, tentando transmitir uma confiança que ele não sentia.

Com um último olhar para a loja que eles acabavam de deixar, ele ajustou o peso das sacolas e se dirigiu para o carro, colocando-a cuidadosamente sentada no banco de trás. Eles estavam prontos para voltar para casa, mas a ansiedade que pulsava em seu peito parecia quase tão pesada quanto as sacolas que carregava.

Quando chegaram, Hongjoong já estava na cozinha preparando um lanche simples para eles e Seoyun olhou para o tio, os olhos mostrando um pouco de curiosidade.

— Como ele entrou, tio? — perguntou, depois de alguns momentos de hesitação.

— Ele mora no apartamento da frente, estrelinha, e tem a chave do meu apartamento assim como eu tenho do dele.

A conversa chamou a atenção de Hongjoong que se virou para eles.

— Que bom que chegaram! Comprou tudo que precisava?

Seonghwa assentiu com a cabeça, colocando Seoyun no chão.

— Fica aqui com ele um pouco, meu bem. Eu vou buscar as sacolas.

Hongjoong a encorajou estendendo a mão na direção dela e Seoyun foi até ele, que a recebeu com um sorriso e um afago carinhoso no cabelo dela, perguntando como foram as compras.

Seonghwa não ficou para ouvir a resposta.


☆彡


Eles comeram tranquilos, o cheiro de queijo derretido pairando na cozinha, e Seoyun foi assistir televisão quando acabou de comer. Seonghwa contou a Hongjoong o que ficou decidido e guardou as compras enquanto falava.

Ele suspirou quando terminou e Hongjoong foi fazer companhia para Seoyun quando o celular dele tocou com o nome de Jongho no visor.

Hyung.

Seonghwa sorriu levemente ao escutar a voz do caçula do grupo.

Hongjoong hyung me contou tudo, eu sinto muito por não estar por perto quando aconteceu.

Na noite em que descobriu sobre Chaewon, Seonghwa pediu que Hongjoong contasse a Yunho e Jongho para que ele não tivesse que reviver a dor ao contar tudo de novo. Ele queria que os amigos soubessem e os queria por perto, só não queria ser a pessoa que contou para eles.

— Não se preocupe com isso, Jongie, nenhum de nós tinha como saber.

Ainda assim, eu queria poder dar um apoio melhor. Como Seoyun ' se adaptando?

— Devagar. Ela ainda ' bem fechada e calada, mas a gente vai chegar lá — respondeu com um suspiro.

Eu vou voltar mais cedo, hyung, vou ajudar minha mãe e voltar antes do programado.

— Não precisa fazer isso, Jongho, sua mãe esperou sua visita por meses.

Preciso sim. Você faria o mesmo ou até mais por qualquer um de nós. Ela me encorajou a voltar mais cedo, disse que eu deveria dar todo apoio que vocês precisarem. Eu faria isso mesmo que ela não me pedisse.

Seonghwa se lembrava da senhora Choi da vez que foram passar uma semana na casa deles no interior. Era uma mulher pequena e com marcas de expressão que indicava o quanto ela sorriu ao longo da vida. Os dois eram tão parecidos quanto era possível.

— Obrigado, Jongie.

Não por isso, hyung. Eu vou visitar assim que estiver de volta em Seoul.

Jongho se despediu com a promessa de entrar em contato em breve e ele respondeu com um sorriso.

Quando estava pronto para encerrar o dia e se recolher, Seonghwa recebeu uma mensagem em seu celular.


Siyeon 💞

Sinto muito por tudo que aconteceu, primo.

Espero que Seoyun esteja bem na medida do possível.

Eu não queria ser a pessoa a dizer isso, mas acho que você deve saber e duvido que qualquer outra pessoa tenha se dado ao trabalho de avisar.

O velório de Chaewon é daqui a dois dias.


Seonghwa sentiu o estômago apertar ao ler a mensagem, a realidade da perda pesando sobre ele mais uma vez, e ele estava começando a duvidar de seu direito a ter uma noite — ou uma vida, nesse ritmo — minimamente tranquila.

───── continua...

Notas da autora

Oi, oi, estrelinhas. Como estão??? Espero que bem.

E um grande Feliz Natal!!!! Eu sei que normalmente eu posto mais cedo que isso, mas eu não estava em casa e estava sem meu notebook, então eu só consegui postar depois que cheguei em casa.

Mais um capítulo postado e cheio de momentos entre nossos protegidos.

Aqui nós temos a primeira interação com nosso ursinho cantante Jongho. 

Espero que estejam gostando até aqui, meus amores.

Se cuidem, bebam água e até a semana que vem ❤️❤️❤️.

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