▶ OO1 - CADA UM TEM A DRIZELLA QUE MERECE
Ela não tem nada de tão diferente.
É uma adolescente normal de 17 anos, talvez muito mais que "um cara normal de 22" que quebrou seu coração na tenebrosa quarta feira, 25 de Março de 2015.
Sim, Zayn Malik, isso é uma shade pra você.
Enquanto se afogava nas lembranças desse tal dia horroroso, Evermore tocava em seu fone de ouvido.
— Now I know she'll never leave me — cantarolou usando a concha ensaboada como um microfone.
Hope se assustou ao virar para trás e encontrar os olhos atentos e o sorriso mínimo no rosto de sua patroa, já é um milagre por si só Vivian estar sorrindo.
— Você não precisa lavar a louça — Vivian Coleman vestia um de seus habituais terninhos, hoje um azul Royal muito elegante — Isso é dever dos empregados.
Hope retirou os fones e secou a mão no pano de prato.
— É só uma gentileza, as meninas estão muito ocupadas — respondeu — E eu gosto de ser útil.
— Você traz luz as nossas vidas — Vivian acariciou o rosto da moça — Já é algo muito útil, principalmente porque você traz paz para o Damon — sorriu.
Hope nunca entendeu muito bem seu papel na família. Vivian é uma que é vista por muitos como uma tirana, por outros como uma megera, mas para Hope ela sempre havia sido boa e gentil.
Sem mencionar em Damon Coleman, o homem que sempre nutriu por ela um carinho genuíno, sempre ao seu lado, sempre a apoiando, foi para ele que ela sempre entregou os presentinhos de dia dos pais que fazia na escola. Uma vez, ela se lembra com clareza, ele até chorou.
Não vamos deixar de citar Sebastian Coleman, filho mais velho de Vivian, o médico nunca ficou muito em casa, mas sempre teve uma ótima relação com Hope, mesmo depois de ter ido morar na África nunca passou um dia sem lhe mandar, pelos menos uma mensagem perguntando sobre seu dia.
Eliza, a segunda esposa de Damon, lhe ama e isso é algo que não pode ser discutido, ela pode ser uma víbora com os outros, mas é doce com Hope.
Já Elizabeth, essa a odeia.
— Querida? — Vivian balançou as mãos na frente de seu rosto — Tudo bem?
— Sim, só estava pensando.
— Novidade — Vivian revirou os olhos ainda sorrindo de canto — Quando terminar com os pratos, por favor, venha ao escritório.
— Eu fiz algo?
— Alguma vez eu já lhe reclamei?
— Não senhora.
— Essa não será a primeira a vez, fique tranquila, é só um conselho que preciso lhe dar hoje porque amanhã será tarde demais.
E dito isso saiu.
Amanhã.
Amanhã.
Ele vai voltar amanhã.
Suspirou enquanto o aleatório passava para Something There, hoje é um dia nostálgico e para dias assim a playlist Disney é uma ótima pedida.
— Senhora — Hope bateu na porta já aberta.
— Sente-se querida — a mais velha apontou para a cadeira.
A loirinha suspirou e obedeceu, ela sabe exatamente o que Vivian vai lhe dizer, elas já tiveram essa conversa duas vezes.
A primeira quando ela tinha dez anos e Vivian achou que ela já tinha idade pra ter sentimentos.
A segunda quando ela tinha doze anos e já ouvia Love Of My Life com um nome em sua mente.
— Meu filho voltará pra casa amanhã — ao dizer "Meu filho" seu rosto se contorceu em uma careta, Vivian nunca se entendeu muito bem com honestidade extrema de seu filho primogênito — Justin também.
Aquele nome sempre pareceu um susto porque toda vez que pronunciado a deixa em ar e com o coração descompensado.
— Estou ciente, já estamos preparando o cardápio do almoço — tentou desconversar.
— Você sabe que não é disso que estamos tratando, meu bem.
Sei, e como sei!
— Justin é um rapaz bonito e desde que saiu daqui parece ter ficado muito mais — Hope sabia, ela o stalkeava nas redes sociais, mesmo sem coragem de o seguir.
Graças a Mestre Yoda, Justin não deixou suas redes sociais privadas.
— Só quero te pedir uma única coisa e você sabe que eu não sou de lhe impor regras — pausa dramática — Fique longe do meu neto — "Isso é um pedido ou uma regra?" Hope perguntou em pensamento.
— Como quiser — ela se levantou — Ainda tem algo mais a tratar?
— Não, meu bem, pode se retirar.
— Obrigada — engolindo o nó formado em sua garganta ela rumou de volta a cozinha.
Hope podia se enganar o quanto quisesse, mas ela nunca seria parte da família, nem dessa, nem de nenhuma.
Mais rápido que o desejado logo a noite caiu, a parte do dia em que Hope não decidia se amava ou odiava.
A parte boa: Se trancar no quarto por horas e de preferência sozinha.
A parte horrível: Ajudar a servir o jantar quando Elizabeth Coleman está à mesa.
— Olha só se não é a órfã mais amada da mansão — Elizabeth alfinetou enquanto Hope servia o suco.
— Elizabeth — Eliza estreitou os olhos na direção da garota.
— Por que todo mundo protege a Gata Borralheira? — Liz revirou os olhos.
— Por que você sempre tem que ser tão inconveniente? — Vivian questionou a neta.
— Porque vocês são todos um bando de hipócritas — arqueou a sobrancelha antes de começar — Meu pai deixou essa daí me criar como filha — apontou para a madrasta — Mentindo que ela era minha mãe, ele nunca me contou sobre o acidente que matou a minha mãe, a culpa foi dele e eu tenho certeza. A senhora se arrepende de alguma coisa? Acho que não, a senhora não tem sentimentos por nada e nem por ninguém e o projeto de Cinderela aí se culpa pela morte da mamãe, mas a verdade é mesmo essa — se levantou e olhou nos olhos da loira — Você matou sua mãe e eles só te protegem porque mataram a minha.
— Já chega! — Damon vociferou batendo as mãos na mesa.
— Estou mentindo? — Liz perguntou ao pai, mas ainda continuou olhando para a outra garota — Vai chorar por que ouviu a verdade Melina?
— Você pode ir para o seu quarto Hope — Eliza olhou para garota com compaixão e ela se retirou.
A confusão de formou na mesa de jantar e ela correu para fora da casa grande, correu até o quintal e sentada no balanço tapou os ouvidos tentando abafar o mundo ao seu redor.
Por que tudo sempre tinha que ser assim com ela?
Ela não podia responder a ninguém naquela casa porque ela mora sua vida inteira de favor.
Sempre foi assim recebendo as migalhas.
Mary a adotou quando ela ainda era um bebê por pena e sempre que podia lhe jogava na cara isso, que a criou porque foi quase obrigada pela patroa, nem sempre Mary agia assim, é verdade, só era cruel quando se irritava na casa grande e descontava as coisas nas costas da mais nova.
Hope nunca soube o que é ter realmente uma família, um pai que lhe dê atenção, uma mãe que lhe proteja, um irmão que lhe ame, uma avó que faça aquelas "coisas de vó" que todo mundo costuma sempre falar.
Nunca conseguiu se enturmar em lugar algum, nunca conseguiu achar um espaço nas conversas, ela não tem como contar histórias sobre família, não tem experiências com festas ou com qualquer coisa fora desses portões.
Até mesmo seus dois melhores amigos ela fez aqui dentro da casa: Hope conheceu Katherine Morgan Price, a sobrinha de Eliza, quando ainda eram crianças e Kate não conseguia ter proximidade com a prima Elizabeth, ao contrário de seu irmão gêmeo – Mike –, Kate nunca conseguiu suportar o gênio forte da Coleman mais nova.
Seu segundo amigo é Merlin, sim o nome dele é mesmo Merlin, ele trabalha duas vezes por semana na Mansão limpando a piscina, é um rapaz vistoso, mas que nunca passou no status de melhor amigo.
Uma menção honrosa para B.Bunny, o cachorro com nome de um personagem coelho e Velma, a hamster que ganhou de Damon em seu aniversário de dezessete anos.
Listando seus quatro amigos, ela não se sente mais tão sozinha, mas mesmo assim um vazio lhe atormenta.
— Posso sentar? — ela levantou a cabeça para encarar um par de olhos azuis preocupados.
Ela queria ter coragem de afasta-lo, ele é o motivo real do ódio de Elizabeth por ela, mas existe essa conexão estranha, essa ligação que nenhum dos dois consegue entender.
— Por que o senhor gosta de mim?
— Não sei explicar Pequena — sentou no outro balanço — Você é fácil de se amar, Brooke era apegada a você também.
Hope não pode deixar de notar que essa é a primeira vez que ele cita o nome da primeira esposa em uma conversa com ela.
— Sabia que ela lhe amamentou ainda no hospital? — Hope não sabia disso — Elizabeth sempre foi um pouquinho complicada, ela não queria mamar de jeito nenhum, já você aceitou o leite dela de primeira.
— Ela era bonita?
— Quem? Elizabeth?
— Não, sua esposa.
— Oh, sim, a mulher mais bonita que eu já conheci — os olhos dele ainda brilhavam — Ela tinha uma personalidade parecida com a sua, era meiga e fazia todos ao redor dela se apaixonarem por aqueles olhos castanhos brilhantes, ela era brilhante como uma estrela.
— Por que sua mãe não gostava dela?
— Porque eu casei com uma professora de subúrbio que eu havia acabado de conhecer em Las Vegas, ela achou precipitado e ela queria me casar com outro tipo de mulher.
— Uma rica.
— Uma rica — afirmou.
— Tio Sebastian sempre me contou como a Senhora Brooke era acolhedora e carinhosa — aproveitou para continuar falando dela, ela tinha curiosidade para saber mais sobre Brooke, era uma curiosidade que nem ela entendia.
— Tenho certeza que Sebastian lhe contou sobre ela — havia mágoa na voz de Damon — Eles ficaram muito apegados, até demais para o meu gosto. Eles tinham coisas em comum demais e isso era horrível pra mim.
— Posso perguntar o porquê?
— Eu e Brooke éramos muito diferentes, nos entendíamos bem em muitas coisas, mas na conversa ela era muito mais conversar com ele do que comigo e isso me irritava.
— Sentia ciúmes?
— Demais e isso me leva a lembranças que prefiro esquecer — ele se incomodou com os rumos da conversa.
— Sinto muito por me intrometer na sua vida.
— De alguma maneira sinto que você precisa saber mais dela, eu posso te mostrar algumas fotos que escondi de Eliza. Você quer?
— Seria uma honra.
— Vou arrumá-las e lhe entrego, você pode ficar com elas — ele tirou a carteira do bolso e tirou um papel todo dobrado — Comigo eu só tenho essa e ela já está muito danificada.
Hope desdobrou a foto e o que encontrou fez com que seu coração disparasse dentro do peito, ela nunca havia visto uma foto de Brooke, Mary contou que Eliza e Vivian queimaram todas as que encontraram.
Brooke era realmente tudo o que Sebastian, Damon e Mary lhe contaram.
Linda como um anjo, como Sebastian costumava dizer.
Brilhante como uma estrela, como Damon acabara de descrever.
E então ela se perguntou se ela era realmente tão boa quanto Mary lhe contou, esperou que sim.
— Eu gostaria que você tivesse realmente conhecido ela — Damon lamentou.
— Sinto como se tivesse conhecido, é loucura né? Deve ser impressão por causa das coisas que já ouvi.
— Tenho certeza que vocês iriam se dar bem.
Eles não sabiam, mas lá da janela de seu quarto Elizabeth os assistia conversar e dentro de seu coração ela desejou que seu pai, pelo menos uma vez olhasse para ela do jeito que olha para Hope, com orgulho.
— Lizzie, posso entrar?
— Não tô afim de discutir com você hoje, Madrasta.
Eliza foi até ela sem responder e eu ao se aproximar da janela contemplou a visão que Elizabeth tinha do jardim.
— Por que ele não me ama? — Liz perguntou a madrasta.
— Ele ama, assim como eu também — e dito isso acolheu a enteada em um abraço.
Pela primeira vez em anos Elizabeth se permitiu ser abraçada por ela e pela primeira vez em dias se permitiu chorar.
Elizabeth e Hope têm muito mais em comum do que elas realmente conseguem enxergar.
Ambas têm seus corações partidos e um desejo enorme de realmente ser parte de algo.
***
Mil anos depois estou começando a postar o livro rsrsrs
O que acharam do primeiro capítulo?
Ansiosos pra conhecer Justin?
XOXO, Lady Allen.
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