30
Karina's pov:
Depois de uma semana de estudos e revisões, o dia do exame nacional finalmente chega. Minjeong insiste dizendo que eu não preciso trazê-la ao local da prova, mas faço questão de acompanha-la nesse momento. Estaciono minha moto do outro lado da rua e espero enquanto ela salta. É meio da manhã, com o começo do dia fazendo a cidade ganhar vida. A rua está cheia de estudantes diante de nós, mas o trânsito está relativamente leve.
Eu me sinto estranhamente nervosa, parada na frente do prédio da Yonsei University, lembrando de quando fui eu a entrar ali para prestar o vestibular. Minjeong por outro lado tem se mostrado bem confiante quanto a isso.
— Você não esqueceu nada? — Pergunto. Conferimos tudo antes de sair de casa, mas não custa garantir.
— Não, está tudo aqui — ela assegura.
— Me ligue quando terminar — Digo, olhando o movimento na calçada.
— Claro. — Ela responde, entregando-me o capacete. — Não pretendo privar você da visão de sua amada namorada completamente exausta depois de horas de prova.
Sorrindo, levo a mão até debaixo do seu queixo e tomo seus lábios com um beijo.
— Eu preciso ir, Jimin — Ela sussurra, se afastando.
— A culpa não é minha se você é irresistível. — Brinco.
Minjeong abre um sorriso travesso, então se inclina, depositando um último beijo em meus lábios antes de se afastar.
Observo ela atravessar os portões da Yonsei, então torno a colocar meu capacete e sigo o curto trajeto até a KM Media Group. Agora que estou de férias da Suneung, decidi dar um pouco mais de atenção às minhas responsabilidades com a empresa da família. Depois de deixar minha moto no estacionamento, entro no elevador e vou até o andar onde ficam os escritórios da diretoria.
Jisu, uma das recepcionistas que eu mais gosto, acena para mim.
— Yeoreum está em reunião, mas acredito que logo ela vai ser finalizada. — Ela diz quando me aproximo do balcão.
— Minha irmã não está dando muito trabalho, né? — Pergunto. Yeoreum é uma excelente pessoa, mas sei muito bem como ela é pulso firme quando o assunto é a empresa da família. Acho que compartilhamos dessa particularidade em especial.
Jisu sorri.
— Pergunte isso ao pessoal que trabalha diretamente com ela. Acredito que eles vão saber te responder melhor essa questão.
— Bom, então acho que vou precisar vir mais vezes a empresa agora que estou com tempo livre. — Digo, sorrindo.
Ela mantém a expressão leve e balança a cabeça.
— Você pode esperar sua irmã no escritório dela.
— Tudo bem, eu estou indo, mas já prevejo que vou ouvir por ter faltado a mais uma reunião da diretoria.
— Acho que você está certa, sabe, Jimin — diz uma voz atrás de mim. Eu me viro e vejo a minha irmã parada ali. — Você tem sido bem relapsa nos últimos meses, e eu não estou te julgando porque sei que tem outras responsabilidades. Nós duas seguimos caminhos diferentes, mas agora que está aqui faço questão de te inteirar sobre algumas coisas. — Ela vai até Jisu e lhe entrega uma pasta de documentos. — Peça ao Mark para assinar isso para mim e depois leve para o meu escritório.
Ela assente com a cabeça e então se retira, deixando-me a sós com Yeoreum.
— Então, como estão as coisas entre você e Minjeong?
— Muito bem — respondo. — Acabei de deixar ela na Yonsei para prestar o vestibular.
— Nossa, já estamos nessa época do ano? Não consegui ter muito tempo livre para ver você desde a última vez que nos encontramos... — As palavras dela morrem, e sinto-me incomodada. Ela parece estar mais cansada do que deixa transparecer.
— Quando foi a última vez que você tirou férias?
O cansaço na expressão do seu rosto aumenta, e ela passa a mão nos cabelos.
— Você sabe que não tenho muita disponibilidade para isso, Jimin.
Fico ainda mais incomodada ao ver o quanto a minha irmã está sobrecarregada com o trabalho. Será que ela está lidando com mais responsabilidades do que gosta de compartilhar? Por que eu nunca dediquei um tempo para olhar atentamente para ela? Talvez seja porque os irmãos mais novos costumam esquecer que os irmãos mais velhos são humanos também. Talvez seja porque a gente presuma que eles sabem tudo, por causa dos sorrisos forçados que dão para nós.
— Você vai tirar alguns dias de folga, Yeoreum. — Anuncio.
— O quê? Como assim, tirar alguns dias de folga?
— É exatamente o que acabei de falar. — Dou um passo para me explicar melhor e coloco a mão no seu ombro. — Como você sabe, tenho bastante tempo livre pelo próximo mês. Então vou disponibilizar uma parte dele para te auxiliar com as questões da empresa e você vai aproveitar a oportunidade para encontrar um tempo para relaxar.
— Jimin... — ela começa, mas eu balanço a cabeça.
— Nem tente, Yeoreum. Durante o último mês, durante todos esses anos... Você assumiu mais responsabilidades do que eu julgaria ser capaz. Isso é algo admirável, mas você também precisa lembrar de parar e respirar um pouco.
— Essa é a questão, Jimin. Durante muito tempo, eu achei que focar na minha vida profissional era a melhor forma de esquecer todas as minhas questões emocionais. E mesmo que hoje, eu tenha conseguido equilibrar um pouco as coisas, ainda... — Ela respira fundo e fecha os olhos. — Eu ainda sou uma pessoa que não consegue ficar longe do trabalho.
— Você não vai ficar longe do trabalho, Yeoreum. Eu só vou te ajudar a não se sobrecarregar com ele.
Quando ela abre os olhos, sinto que eu estou me olhando no espelho.
— Você faria isso por mim? — Pergunta ela, como se eu a tivesse surpreendido.
— Ah, Yeoreum. — Eu a puxo para um abraço apertado. — Eu faria qualquer coisa por você.
Ela respira fundo e solta o ar devagar.
— Então tudo bem — ela sussurra.
— Ótimo — respondo. — E aproveitando que estou aqui, vou fazer um jantar lá em casa hoje caso queira aparecer por lá com Jackson.
— Você está falando sério?
— Sim. Vai ser bom descontrair um pouco em família — acrescento. — Então trate de encontrar um tempo para isso.
Ela dá uma risada baixa.
— Bom, não é como se eu tivesse outra opção — responde.
\[...]
À noite, eu estou em pé perto do balcão na minha cozinha, finalizando uma massa enquanto observo a cena à minha frente.
Minha irmã de fato conseguiu vir para o jantar, ela e o namorado estão conversando na sala. Jackson sorri quando Yeoreum comenta algo sobre o vinho que está tomando e tenho certeza de que ele seria capaz de ir ao melhor vinhedo do mundo só para fazê-la sorrir. Sempre que estão juntos, eles se comunicam de uma forma que eu conheço bem, posso apostar que um diálogo inteiro acontece sem que eles precisem abrir a boca, a maneira como ele olha para ela e o jeito que ela sorri me faz acreditar que eles são mesmo o tipo de casal que causa inveja em todos por sua conexão.
E tem Minjeong... Ela está apoiada no sofá, com o celular na mão, os cabelos crescidos, detrás da orelha, a covinha iluminando seu sorriso adorável enquanto escuta atentamente o que minha irmã e o namorado tem a compartilhar. Me sinto a mulher mais sortuda do mundo por ter sido a sua escolhida, e essa noite estamos comemorando com as pessoas que amamos.
A campainha toca e Minjeong vai até a porta atender.
— Caraca! — Ouço a voz de Ningning antes mesmo de vê-la. — Winter, sua namorada vive bem, hein? — Ela dá um abraço em Minjeong e entra acompanhada de Giselle.
— E aqui esta nossa anfitriã — Minha amiga vem até mim depois de cumprimentar as outras pessoas. — Fico feliz em ver que você é Minjeong estão bem depois de tudo. — diz, puxando-me para um abraço apertado.
A sala está bem animada, uma animação que só uma única pessoa consegue. E essa pessoa é Ning Yizhuo...
— Eu não aceitaria menos do que isso, Giselle — digo, sorrindo.
— Isso é o que o verdadeiro amor faz — ela diz como se para ela fosse simples dedicar sua vida inteira por alguns minutos com a pessoa amada.
— Vocês duas tem mais em comum do que pensam — Ningning diz atraindo a nossa atenção.
Arqueio uma sobrancelha.
— Como assim, Ningning? — Pergunto.
— Simples, vocês agem como se fossem as últimas românticas da terra. Aeri faz questão de me mostrar isso todos os dias. Já eu acho que mudaria algumas coisas, acrescentaria mais sexo selvagem ou um triângulo amoroso com uma mulher gostosa.
Nós caímos na risada e Ningning consegue destruir o clima romântico que Jackson teve tanto trabalho para construir.
— Acho que vou ajudar Jimin na cozinha — ele diz levantando-se e se esticando. — Aposto que tem muito mais romance lá do que nessa conversa de vocês.
— Romance em uma cozinha? — Yeoreum pergunta incrédula.
— Claro, querida, já viu como eu fico quando faço isso? — Ele pergunta. — Se ter alguém cozinhando para você não for a coisa mais romântica da história do romantismo eu não sei mais o que é.
E assim vamos para a cozinha enquanto Ningning e minha irmã lideram a conversa na sala, arrancando risadas de Minjeong e Giselle. Sinto uma nova fase se formando e consigo até mesmo ver um futuro onde a vida seguiu seu curso natural, pessoas formando famílias, construindo uma vida juntas e felizes.
Um momento depois estamos na sala de jantar e a conversa continua a fluir naturalmente. Ningning continua falando sobre o quanto tem aprendido sobre romantismo desde que conheceu a mim e a Giselle. Jackson tenta não ouvir, mas é algo quase impossível e, quando ela nota que ele está tentando passar despercebido, decide fazer algo.
— E aí, Jackson, fala sério se você não é mesmo outro romântico dramático?
— Oi? — Ele olha para Yeoreum como se implorasse por socorro, mas tudo o que ela consegue fazer é rir.
— Ah, qual é... Pode falar, vamos, admita! — Ningning o instiga e vejo pela primeira vez Jackson corar. — Qual é o problema em admitir que é um homem que gosta de romantismo?
— Eu acho que vou ver se a sobremesa está pronta. — Jackson aponta para a cozinha. — Continuo achando que ficar na cozinha é bem mais tranquilo do que isso aqui.
Ele sai da sala de jantar sem responder e caímos na risada junto com Ningning.
— Alguém quer musse de morango? — Pergunto, me levantando. — Garanto que é a melhor receita do mundo.
Todas elas aceitam, afinal de contas se existe no mundo algo melhor do que uma sobremesa com frutas tenho certeza de que a humanidade desconhece.
Quando o jantar chega ao fim, minha irmã e o namorado anunciam que já deu a hora deles e depois de agradecer pela noite vão embora. Minjeong e Ningning se encarregam de limpar a cozinha, e eu aproveito a oportunidade para conversar um pouco com Aeri. Não tivemos nenhum tempo livre nas últimas semanas para fazer isso, mas nada nos impede agora.
— Você conseguiu finalizar seu projeto da pós como gostaria?
Giselle não responde de imediato, fazendo eu me sentir culpada por ao menos perguntar. Talvez ela ainda não tivesse parado para pensar sobre o assunto.
— Depende — Ela responde finalmente. — Você sente que manda bem na sua área de atuação?
Sorrio.
— Quem decide essa questão é o grupo educacional para o qual trabalho, mas com base na minha taxa de aprovação, eu posso te garantir que sei o que estou fazendo.
Aeri revira os olhos, mas está sorrindo.
— Alguém já te disse que você consegue ser bem convencida quando quer?
Meu sorriso se alarga.
— Há alguns dias quando fui pegar Minjeong depois do cursinho, ela fez questão de deixar isso bem claro.
— Ah... entendi — ela diz. — Então quando você foi “pegar a Minjeong”, ela finalmente percebeu com que tipo de pessoa estava lidando.
Balanço a cabeça ao perceber para qual rumo ela levou minha frase. Adoro minha melhor amiga. O que é um pouco chato, entretanto, é o fato de que tudo que acontece entre mim e Minjeong, e entre ela e Ningning... todas nós ficamos sabendo. Esse é o lado ruim de namorar melhores amigas: não existe nenhum segredo entre elas.
— Vamos — diz Ningning, enquanto faz Giselle se levantar do sofá. — Obrigada pelo jantar, Jimin. Espero que você e Minjeong consigam se programar para sair com a gente no próximo fim de semana.
Não sou de recusar convites para sair.
— Claro, me avisem sobre o que decidirem — digo.
Depois que as garotas vão embora, Minjeong vem para a sala de estar e se senta no sofá, cruzando as pernas sob o corpo enquanto se aconchega a mim. Coloco o braço ao redor dela e a puxo para perto.
— Estou cansada — ela diz. — Eu realmente gostei da sua ideia de se reunir com todo mundo, mas agora acho que só quero deitar na cama e esquecer do vestibular.
— Eu tenho certeza que você se saiu muito bem hoje — digo, beijando o topo da sua cabeça. — Agora, que tal se a gente subir e eu fizer uma massagem em você?
Ela abre um enorme sorriso.
— Tão romântica. Você está indo pelo caminho certo.
— Eu sei — digo, sorrindo.
Minjeong balança a cabeça, mas segura meu rosto e me beija. Não importa quantas vezes façamos isso, continuo achando infinitamente incrível.
— É melhor eu subir — ela diz finalmente. — Preciso ir até Yonsei amanhã. Ningning comentou sobre um evento que está acontecendo no campus e fez questão que eu vá apreciar. Diz ela que é uma certeza que vou ser aprovada no vestibular, então vai ser ótimo já conhecer a faculdade na qual vou ingressar.
— Espere. Antes de você ir... quais são seus planos para amanhã à noite?
Ela revira os olhos.
— Você sabe que eu não tenho nada em mente, Jimin.
— Ótimo. Vai acontecer outra noite de apresentações no 19th. Te pego às 20h?
Ela se anima e sorri.
— Está querendo um encontro de verdade comigo, é?
Assinto com a cabeça.
— Bem, você é péssima com essas coisas. Às vezes, as garotas preferem que a namorada pergunte se ela quer sair, e não que ela simplesmente diga quando é o encontro.
Ela está tentando dar uma de difícil, o que é inútil, pois já é minha. Entro na brincadeira mesmo assim. Eu me ajoelho diante dela e olho em seus olhos.
— Kim Minjeong, você me dá a honra de sair comigo no domingo à noite?
Ela se recosta no sofá e desvia o olhar.
— Não sei, estou meio ocupada — ela diz. — Vou ver minha agenda e depois aviso.
Minjeong tenta parecer entediada, mas um sorriso irrompe em seu rosto. Ela se inclina para a frente e me abraça; eu perco o equilíbrio, e nós duas caímos no chão. Eu a rolo para que fique de barriga para cima e ela olha para mim, rindo.
— Está bem. Pode me buscar às 20h.
Afasto o cabelo de seus olhos e passo o dedo em sua bochecha.
— Eu realmente não me canso de admirar você, porque as vezes me pergunto se não estou apenas vivendo um sonho. — Minha mão está por baixo das suas costas, enquanto a puxo para mais perto, sentindo seu corpo contra o meu. Beijo a ponta do seu nariz. — Mas você tem razão sobre uma coisa, eu também não seria capaz de criar algo tão bonito.
Ela abre um sorriso, deslizando a mão por meu rosto antes de me puxar para um beijo.
— Você é mesmo muito boa com as palavras, Jimin. E eu sou completamente fascinada por isso.
— Eu te amo, Minjeong.
— Diz de novo — ela pede.
— Eu. — Beijo os lábios dela. — Te. — Beijo-os novamente. — Amo.
— Também amo você.
Acomodo meu corpo em cima do dela, e entrelaçamos os dedos enquanto nossos lábios se encontram.
Quando me afasto dela, sinto-me extremamente orgulhosa por seu sorriso. Ela sai de baixo de mim e senta sobre os joelhos enquanto deito de costas para baixo e continuo no chão.
— Eu vou subir agora — ela avisa, e se levanta. — Você vem me fazer companhia?
Minjeong fica parada, olhando para mim. A força da minha alma me leva até ela e eu a abraço.
— Você nem precisava perguntar — digo.
Ela sorri, mas não sai dos meus braços.
— Mais uma vez? — Ela pede.
— Eu te amo, Minjeong.
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É isso, galera, próximo capítulo é o último. ^^
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