28
Winter's pov:
Na terça-feira passo a manhã no café e agradeço silenciosamente pela cena causada por Somi não ter afetado em nada minha vida ali, tudo continua tão tranquilo e agradável como sempre. Pela tarde, Ningning me dá uma carona até o cursinho antes de ir para a faculdade. O caminho até lá é regrado a conversas triviais, mas um silêncio recai sobre o carro quando paramos em frente ao prédio da Suneung.
A tensão é palpável. Tento ao máximo me afundar no banco do carona.
Ningning olha para mim e suspira.
— Espero que as coisas estejam mesmo resolvidas por aqui... — Ela murmura algo baixinho. — Sei que me atualizou sobre a resolução de tudo, mas não consigo confiar em nada relacionado aquela tal de Somi.
Passo os dedos no assento cinza do carro, meu coração batendo forte no peito. Me sinto incomodada só de lembrar a cena do último fim de semana.
— Eu não tenho certeza de nada, Ningning — respondo. — Mas vou poder confirmar tudo hoje.
— Bom, então me mande uma mensagem caso precise de ajuda para se livrar de uma certa professora.
— Ningning, você vai acabar se prejudicando por minha causa — digo.
Ela me olha com sua nova expressão de mulher séria.
— Você acredita mesmo que a Somi será capaz de reclamar alguma coisa para mim?
— Eu não sei, só não quero que você se prejudique.
— Se ela abrir a boca para reclamar alguma coisa, eu acabo com a carreira dela, estou me segurando para não fazer isso apenas porque você pediu.
— Ningning! O que está acontecendo com você? — recrimino-a. — Você não é assim, eu quero que você pare com isso, não vale a pena. Você é uma garota muito legal para se envolver em problemas por causa de alguém como a Somi, ela não vale nenhum sentimento, lembra?
Ela sorri para mim quando nota que estou usando a sua frase preferida e segura minha mão. Ficar tanto tempo pensando em tudo me deixou ansiosa, e agradeço o fato de ter a sua companhia. Principalmente porque não sei como agirei no momento em que entrar na Suneung de novo.
— Bem, acho melhor entrar logo e evitar um atraso. Falo com você mais tarde? Caso contrário, a gente se vê em casa. — Abro a porta do carro e sorrio, tentando tranquilizá-la. — E nada de se envolver em problemas Ning Yizhuo.
— Está bem. Prometo que não vou fazer nada que posso nos prejudicar.
Assim que ela vai embora, sigo meu caminho. Ao observar o fluxo de alunos transitando por ali, meu coração se aperta. Depois das minhas aulas de matemática e inglês, terei minha tão aguardada aula de literatura coreana. Só que desta vez Jimin não vai ser minha professora. A ideia de ter outra pessoa no seu lugar é dolorosa. Eu queria ser egoísta. Queria que ela tivesse permanecido no emprego por mais essa semana, mas eu sei que isso não vai acontecer. Jimin entrou em acordo com Joohyun quando a adiantar suas férias em uma semana. Foi a forma que encontraram para que ela fosse afastada da Suneung sem maiores consequências.
E o que dizer dessa resolução? Eu realmente não tenho motivos para reclamar. Jimin não perdeu o emprego e tampouco fomos envolvidas em um escândalo. Isso significa que passar uma semana sem sua presença na Suneung é um sacrifício válido para ter sua presença em toda a minha vida.
— Oi, Minjeong.
Dando um salto por causa do susto, me viro na direção da voz.
— Yuna, você me assustou. Quando chegou?
— Acabei de chegar e vi que você estava aí perdida em pensamentos... — Ela faz uma careta. — Você já ficou sabendo da professora Yu?
Minha boca fica seca, e eu limpo a garganta.
— O quê?
— Ah, minha mãe recebeu um comunicado, parece que ela teve alguns imprevistos pessoais e vai precisar se ausentar da Suneung — Ela diz isso como uma afirmação, mas chega aos meus ouvidos como uma pergunta.
Analiso-a enquanto ela me acompanha pelos corredores. Parece que realmente acredita que essa seja a verdade.
Respirando fundo, puxo a alça da minha mochila sob o ombro e tento manter a naturalidade.
— Espero que consigamos manter o ritmo de estudo apesar de tudo... — murmuro.
— Você tem razão! Eu realmente vou sentir falta das aulas dela, mas ao menos todo o assunto... — Yuna começa a tagarelar, mas eu não consigo mais prestar atenção.
Minha tarde no cursinho se torna entediante, mal aguento as duas primeiras aulas. Yuna e eu passamos a segunda aula inteira trocando bilhetes, porque minha amiga ficou sabendo sobre o "pedido de demissão" de Somi e queria muito debater sobre os motivos disso.
Não conto a verdade a ela, claro.
Sinto como se estivesse flutuando enquanto vou para a aula de literatura coreana.
Quando entro na sala de aula, escuto todos sussurrando. Eu não tenho certeza se é porque Jimin está ausente ou o motivo por trás disso, mas continuam sussurrando. Han está sentada no seu lugar, e quando me vê abre um pequeno sorriso.
Seus lábios se curvam um pouco. De modo singelo, pequeno, mas o suficiente para mim.
— Oi — cumprimento e me sento ao lado dele.
— Oi, Minjeong. — Ele faz uma pausa. — Eu imagino que você já saiba da novidade, mas parece que teremos um professor substituto hoje. — Ele pigarreia e chega mais perto de mim. — Só espero que não seja tedioso como o professor Park.
— Acho que todos na Suneung já sabem que a professora Yu vai se ausentar na última semana de aula.
— Sim. A administração enviou um comunicado oficial — Ele diz, parecendo chateado. — Não imaginei que fosse sentir falta dela pegando no meu pé, mas já estou com saudades.
Não quero, mas acabo sorrindo.
— Se fizer você se sentir melhor, podemos pedir para o novo professor cuidar dessa questão — brinco, finamente me sentindo relaxada quanto a essa aula.
Han cruza os braços e sorri.
— Tenho certeza de que não vai ser a mesma coisa — Ele diz, com convicção na voz. — Só me resta guardar as boas lembranças comigo.
Minutos depois, quem entra na sala não é a mulher gentil e sorridente que deu aulas para mim nas últimas semanas em que estive aqui e sim um homem, professor, levando em conta que ele usa roupas sociais e carrega algumas pastas em mãos. Ele é bonito e tem olhos de gato, rasgados e de um tom castanho que nunca vi antes. Ele vai para a frente da sala e se apresenta como Hwang Hyujin.
O professor Hwang fica responsável pela revisão de todo o conteúdo aplicado por Jimin. Soube que ele é um excelente profissional, então está mais que qualificado para esse trabalho. Mas não consigo pensar em nada, só em Jimin e no quanto gostaria que fosse ela na frente da sala.
Quando a última aula termina, saio e sinto o frio do início de noite no rosto enquanto caminho pela calçada movimentada. Hoje Ningning ficou presa na faculdade, então significa que vou para casa a pé. O lado bom é que posso aproveitar um tempo com meus pensamentos. O tempo está incrivelmente frio no meio do outono. A previsão é de que as duas próximas semanas sejam um bom descanso antes que o inverno comece de verdade.
Acabo refletindo sobre meus devaneios e minhas esperanças. Na maioria das vezes, fico pensando os motivos pelos quais Jimin e eu podemos finalmente relaxar. Porque daqui á alguns dias, eu não terei mais nenhuma ligação com a Suneung e finalmente poderemos nos amar sem restrições.
Enquanto passo pela praça próxima ao cursinho, paro assim que olho para a área do estacionamento. Primeiro vejo sua moto. Então a vejo. Meu coração erra uma batida, mas depois encontra seu ritmo.
Jimin está recostada em sua moto enquanto olha alguma coisa no celular. Acredito que veio direto de casa, considerando que não havia comentado sobre nenhum compromisso. Não imaginei que fosse encontrá-la por aqui já que não recebi nenhuma mensagem sua me avisando sobre isso.
Olho para a rua para ver se outras pessoas as estão observando. Algumas simplesmente a ignoram, mas outras olham em sua direção. É claro que elas fazem isso.
Se Jimin andasse por aí vestida com roupas rasgadas e com os cabelos desgrenhados ela já chamaria a atenção de todos, imagina o que acontece quando essa mulher anda por aí usando uma jaqueta cara, calças pretas e coturnos que valem mais do que toda a mobília existente na minha casa. As pessoas olham para ela sem nenhum pudor, cochichando e dando risadinhas enquanto passam.
Em poucos segundos, estou de pé ao seu lado.
— Oi — sussurro, sem saber ao certo o que dizer.
Ela parece surpresa quando olha para mim, mas logo abre um sorriso perfeito.
— Oi — sussurra, guardando o celular.
— O que faz aqui a essa hora? — Pergunto.
— Bem, eu não tinha muito o que fazer em casa... — Ela passa a mão na nuca. — Então achei que seria interessante vir pegar você depois da aula. Como não podia me aproximar da Suneung, resolvi te esperar aqui já que você sempre faz esse caminho quando volta para casa sozinha.
Yu Jimin é mesmo uma grande candidata a namorada perfeita, ela faz isso sem esforço algum. Não conheço outra mulher tão paciente e prestativa, ela quase nunca reclama e sempre está disposta a percorrer quilômetros para me ajudar. Mesmo quando seu rosto demonstra cansaço, ela ainda mantém o sorriso de sempre e isso faz com que eu me apaixone por ela um pouco mais a cada dia. Por mais que eu acredite que ela já chegou a todos os espaços do meu coração, há sempre um pouco mais para ela preencher. E ela vem fazendo isso com maestria.
Ouço uma gracinha direcionada a ela e olho feio para o garoto que fez dela seu objeto de adoração. Jimin parece não notar ou finge e, quando penso em falar algo, ela me puxa pela cintura, beijando meu pescoço.
— Esses idiotas... — resmungo.
— Eu já disse que adoro você furiosa? — Suas mãos sobem por minhas costas e tento conter um sorriso bobo.
— Não me deixe furiosa, professora Yu, posso colocar você em problemas — digo enquanto ela deixa beijos por todas as partes do meu pescoço. — Isso quase aconteceu uma vez, da próxima você pode não ter tanta sorte.
— Não se preocupe, posso cuidar disso para ficar com você. — Ela sabe que é capaz de me causar um ataque cardíaco ou de me levar às nuvens apenas com seus beijos e suas palavras. E ela usa seus artifícios ao máximo.
— Você não tem jeito — murmuro.
— Sabe por que essas pessoas estão olhando na minha direção, Minjeong? — Jimin pergunta.
— Porque estão interessadas em você e não estou gostando. — respondo, revirando os olhos.
— Claro que não... Não é isso.
Arqueio uma sobrancelha.
— O que poderia ser então?
— Na verdade, elas estão com inveja. — Jimin diz, puxando-me mais para perto. — Elas estão me vendo aqui com você e sabem que nunca vão conseguir namorar uma garota incrível dessas, por isso estão olhando.
Minha nossa... Fico em silêncio causando um acesso de riso em Jimin, que parece se divertir com minha reação.
— Convencida, não é nada disso. — Desvio o olhar e tento não ficar vermelha, mas sei que é quase impossível. — Elas estão apenas de olho em você. Agora vamos porque já ficamos tempo demais aqui.
Jimin me ajuda com o capacete enquanto continua falando sobre sua teoria distorcida sobre chamar atenção, finjo não a ouvir.
— Agora entendo porque ganhou tanta popularidade na Suneung — digo e, quando ela me olha confusa, continuo: — É sério, Jimin, as pessoas não estão acostumadas a ignorar esse tipo de mulher.
Ela dá uma risada arrogante e deliciosa que me contagia.
— E que tipo de mulher eu sou, Minjeong?
— O tipo convencida que sabe muito bem que deixa as pessoas loucas.
Ouço mais daquela risada debochada e quando ela aproxima sua boca da minha todo o ciúme se desfaz e tudo o que resta é o calor da sua pele em
contato com a minha.
— Obrigada, meu amor, vou me lembrar disso.
\[...]
Após voltarmos, Jimin para a moto em frente a minha casa e ficamos mais um tempinho na entrada, abraçadas. Fica cada vez mais difícil me separar dela hoje à noite sabendo que ela está a poucos metros de distância. Minha vontade é simplesmente ignorar minhas obrigações e ir dormir na sua cama. Mas amanhã tenho o dia cheio com os preparativos para a chegada da minha mãe. Depois que ela voltar para Icheon, nada mais vai nos deter. Bem, exceto o fato de que ainda tenho meus últimos dias como aluna da Suneung. Mas sempre existem meios de dar um jeito nisso.
Coloco as mãos por dentro da parte de trás da camisa dela para aquecê-las. Ela começa a se contorcer, tentando fugir de mim.
— Suas mãos estão um gelo! — Diz, rindo.
Eu a aperto com mais firmeza ainda.
— Eu sei. É por isso que você precisa ficar parada, para elas se aquecerem. — Esfregoas em sua pele, tentando impedir que as imagens de amanhã tomem conta dos meus pensamentos. Mas são uma distração e tanto, então tiro as mãos da camisa dela e a abraço. — Quer ouvir primeiro a boa notícia ou a má? — pergunto para ela.
Ela me lança um olhar sério.
— Não me diga que teve problemas no cursinho?
Sorrio e balanço a cabeça.
— Não, correu tudo bem por lá. Na verdade, minha mãe chega amanhã de viagem, então vou precisar passar o dia com ela. A notícia ruim é que não vou poder ficar na sua casa, como gostaria.
— Isso não é uma notícia ruim. Não me dê um susto desses — Ela diz.
— Só achei que você ainda tivesse um pouco apreensiva quanto a ter que conhecer minha mãe.
Sei o que sente em relação a tudo isso.
Jimin olha para mim e sorri.
— Na verdade, estou ansiosa para saber das histórias vergonhosas que ela tem para compartilhar sobre você — ela brinca e finalmente volto a sorrir.
— Não comece, Jimin. Você sabe muito bem que eu vou morrer de vergonha se algo assim acontecer.
Ela dá uma risada, mas então parece lembrar de algo porque sua expressão fica mais séria.
— Tem certeza que ela não achou um problema eu ser alguns anos mais velha que você? — Pergunta.
— Ela não se incomodou com isso — digo. — Minha mãe só é muito protetora em relação a mim. — Tento fazê-la parar de pensar nisso dando um beijo em sua orelha.
— Eu fico realmente feliz que você tenha uma relação saudável com sua mãe. Não consigo imaginar como foi sua vida antes dela.
Eu me afasto e olho para ela.
— Não foi exatamente feliz, mas ao menos eu tinha um lugar para ficar — digo com desdém e rezo para que ela não perceba o quanto isso me incomoda.
Eu não fiquei no orfanato tanto quanto as outras crianças e por muito tempo eu também não consegui entender os motivos que fazem com que uma mãe abandone seu bebê sozinho e indefeso, incapaz de pedir para que ela fique. Mas a verdade é que essa decisão não é tão fácil para alguns, como foi para a mulher que me colocou no mundo.
Sinto uma espécie de incômodo no peito ao lembrar de quando descobri a verdade, como se eu pudesse voltar a sentir a tristeza que devo ter sentido todas as vezes que fiquei sozinha naquele lugar chorando. E antes que eu perceba, estou sendo amparada por Jimin.
— Eu sei que você não gosta muito de conversar sobre esse assunto, mas sinto muito que tenha passado por isso. — Ela envolve seus braços a minha volta e deito a cabeça em seu peito, sentindo-me protegida enquanto relembro.
— Eu disse para você que nunca tive interesse em encontrar meus pais biológicos, mas isso não é bem uma verdade — Respiro fundo e ainda posso sentir a angústia exatamente como no dia em que tudo aconteceu. — Por muito tempo, esse foi o meu principal objetivo de vida. As coisas só mudaram quando descobri que a razão do meu abandono não era por um motivo nobre como nos livros, e simplesmente porque a mulher que me colocou no mundo não queria uma filha atrapalhando sua vida.
Jimin acaricia meus braços e beija o topo da minha cabeça.
— No dia em que a irmã responsável pelo orfanato me contou a verdade, eu senti como se merecesse ficar sozinha para sempre — sussurro, sentindo minha voz embargar com as lembranças. — Eu só consegui acreditar outra vez na felicidade quando conheci Taeyeon. Naquele dia, quando ela me levou para conhecer sua casa, eu senti algo novo. Eu só conseguia pensar que ali dentro eu sempre estaria protegida do mundo, que ninguém nunca mais me machucaria.
Jimin tira alguns fios de cabelo da minha testa e ergue meu rosto com seus dedos.
— Ninguém nunca mais vai te machucar, Minjeong. Nunca mais.
Estico minha mão e acaricio seu rosto.
— Nem nos meus mais loucos sonhos poderia existir uma mulher como você.
Ela se inclina, deixa um beijo casto em minha testa e me abraça. Mesmo uns bons centímetros mais alta sua força é na medida certa para me fazer sentir protegida e não intimidada.
— Você está proibida de pensar em problemas pelas próximas 24 horas. — Ela diz e beija a ponta do meu nariz.
— Vinte e uma — corrijo.
Jimin está tentando parecer séria, mas noto o canto de sua boca se elevar em um sorriso. Entrelaçamos nossas mãos, eu me permitido aproveitar o momento.
— Preste muita atenção no que vou dizer — sussurro. Continuo olhando bem em seus olhos. Ela fica escutando. Gosta quando tento intimidá-la. — Não quero que mude absolutamente nada na sua forma de agir amanhã. Quero que seja a Jimin de sempre, porque isso já é suficiente para impressionar minha mãe. Está entendendo?
Ela sorri e assente com a cabeça.
— Estou as ordens para o que for preciso.
— Ótimo. Minha mãe deve chegar amanhã pela tarde, então vamos jantar juntas. Se estiver bom para você, quero que me encontre aqui por volta das 19hrs.
Ela assente novamente e pela expressão em seus olhos, vejo que está se divertindo. Ela sorri para mim tentando dizer que está tudo bem e está mesmo. Apesar de tudo sinto-me leve e estranhamente feliz.
— Jimin?
— Hã?
Minhas mãos continuam entrelaçadas às dela e me aproximo mais. Olhando para ela, respiro devagar enquanto nossos olhares se encontram.
Roço os lábios nos dela e sussurro:
— Obrigada por ter vindo falar comigo na estação de trem.
Então, ela me beija. Um beijo lento, gentil, mas repleto de amor.
Ela nem precisa dizer, pois sinto o nosso amor. Sinto passar por todo o meu corpo enquanto seus lábios cobrem os meus.
Apesar de todas as questões, o jeito como nos amamos é simples.
Quando nos afastamos, hesito por um instante e lentamente, solto suas mãos e me afasto, em seguida caminho para minha casa. Quando chego à porta, me viro. Jimin ainda está encostada na sua moto, sorrindo para mim. E nesse momento eu tenho ainda mais certeza de que encontrei meu lugar de paz.
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