03

Karina's pov:

Perdida em pensamentos, vou até a varanda de casa e me recosto no batente da porta. Os primeiros raios de sol despontam no céu e o frio matinal me deixa ainda mais pensativa. Meus olhos se voltam para o interior da casa.

Silêncio. Minha irmã ainda deve estar dormindo.

Eu prometi a mim mesma que deixaria que ela descansasse o tempo que fosse necessário. Principalmente depois dela ter decidido ficar na minha casa desde que chegamos de viajem. Uma viajem a qual ela sempre faz questão de me acompanhar.

Ir ao Jardim Memorial de Icheon nunca fica mais fácil. Nunca parece insignificante nem sem sentido ter que pegar o avião e voar por algumas horas até lá. Uma cidade a qual eu desejei nunca ter que voltar, uma cidade onde eu tranquei alguns anos de lembranças, incluindo aquelas relacionadas aos meus pais.

Dois anos atrás, minha irmã me ligou numa quarta-feira e me perguntou se eu queria ir tomar um café com ela. Era um convite incomum. Não que eu não gostasse de café ou da minha irmã. Mas, além de viver em Icheon, assim como meus pais, ela também trabalhava lá, como administradora na agência de publicidade da família.

Então não havia nenhuma razão para vir até Seul em uma quarta-feira qualquer, mas por algum motivo isso não me acendeu nenhum sinal de alerta.

Deveria ter.

Meus pais haviam morrido durante uma viagem de negócios.

Ficamos sentadas naquele café durante duas horas, mas, quando saímos, os detalhes de como aquilo tinha acontecido ainda reverberavam na minha mente.

O mês seguinte foi péssimo, como seria de esperar. Eu estava cansada. Muito. Para piorar, minha irmã estava abalada. Como não estaria? Ela também tinha perdido os pais. Mas ainda tinha a empresa e suas responsabilidades, o que só servia para tornar tudo ainda mais aflitivo, porque era ela a frente de tudo, e aguentava bem mais firme do que eu.

Yu Yeoreum sempre foi assim.

Eu havia me mudado para Seul no ano anterior por conta do início das minhas aulas na faculdade de literatura. Mas fazia questão de visitá-la pelo menos uma vez por semana, na maioria das vezes mais, e nem nos piores dias ela deixou de me receber com um sorriso.

Foi uma das piores fases da minha vida. Eu havia perdido uma parte mim. Mas durante todo esse tempo, sempre soube que não estava sozinha. Minha irmã esteve do meu lado, impendido que eu desmoronasse.

Alguns meses depois, ela encarou o desafio de trazer os negócios da família para Seul, onde a oportunidade de crescimento era maior. Sendo sincera, não foi fácil lidar com tudo aquilo. Foi mais um reconhecimento de que a coisa certa a se fazer era tentar seguir em frente.

No fim, isso se provou verdade.

Há alguns dias, fomos até a casa dos nossos pais em Icheon para uma cerimônia de homenagem. Na época da morte deles, nós duas havíamos lidado com a perda de maneiras diferentes. Eu mergulhei nos meus livros e nos meus estudos. Minha irmã mergulhou no trabalho, tentando não se lembrar do que tinha acontecido com os nossos pais.

Hoje posso dizer que as coisas estão melhores. Mas não importa quanto tempo passe, não importa quantas vezes você lide com ela, a morte não fica mais fácil.

Meus olhos se fecham, e permito que minha mente viaje para lembranças mais agradáveis: Minjeong... repito mentalmente mordendo o interior da bochecha para não sorrir. Minjeong... um nome doce e delicado assim como ela é.

Desde a primeira vez que a vi naquele estação de trem, sua imagem permeia meus pensamentos, seu jeito tímido e discreto, a maneira como ela colocava o cabelo atrás da orelha e como ela sempre acabava olhando para minha direção, mesmo quando achava que eu não estava olhando. Me pego pensando nela em momentos aleatórios do meu dia e quando a vi no café sorri com a coincidência da situação e me senti tentada a puxar assunto. O fato é que sempre quero me aproximar quando a vejo.

Espero que ela vá mais vezes a livraria, mas com certeza a partir de agora irei àquele café todos os dias que estiver livre. Eu preciso arrumar uma maneira de me aproximar mais dela, só não sei ainda como. Acho que vou ter que convidá-la para...

— O que você está fazendo aí?

Com um pequeno sobressalto me viro e vejo minha irmã me observando. Ela está parada próxima a sala, vestindo apenas seu pijama de seda e ostentando um sorriso sonolento no rosto.

— Apenas pensando sobre algumas coisas. — Respondo sem muita firmeza.

Ela prende os longos cabelos negros no alto da cabeça e me lança um olhar terno antes de dizer:

— Venha cá, garota. Vou preparar algo para nós.

Entro e fecho a porta atrás de mim. Então vou até a cozinha e puxo uma das banquetas do balcão para me sentar. Minha irmã se move com naturalidade pela cozinha, como se morasse comigo há anos.

— E então, no que estava pensando? — Uma sombra passa por seus olhos, e ela sorri. — Ou melhor, em quem?

Dou risada e desvio o olhar.

— O que levou você a deduzir que estou pensando em alguém?

— Não? — Ela diz, dando de ombros e voltando a focar no preparo do café da manhã. — Então devo estar sonolenta e balbuciando.

— Eu duvido que isso seja verdade. — Observo enquanto ela coloca a chaleira sobre o fogão e um saquinho de chá em uma xícara. Então vai até a cafeteira e pega uma caneca para encher. - Mas talvez não esteja tão errada em seu palpite.

Yeoreum sorri com minha reposta, mas decide não comentar mais nada.

— Posso te perguntar uma coisa? -
Ela me oferece uma xícara enquanto assente. Agradeço e beberico antes de continuar. — O que achou da nossa visita à Icheon?

Minha irmã parece pensativa por um momento, então diz:

— Acho que é inevitável não recordar de velhas lembranças durante essas viagens, mas você sabe que não precisamos continuar fazendo isso se for algo que te machuque.

E mais uma vez eu percebo. Percebo o quanto minha vida seria solitária e dolorosa sem ela. Percebo que ela se tornou a pessoa mais importante a habitar meu mundo. Admiro a pessoa que Yeoreum é. A gentileza que mantém por baixo dessa mulher de pulso firme.

— Agora acho melhor você se apressar — Ela diz, colocando sua xícara dentro da pia.- Tenho que passar na empresa em uma hora então não vou poder demorar muito tempo com as compras.

Arqueio uma sobrancelha.

— Eu nem estava sabendo que íamos fazer compras. E realmente não acho que tenha necessidade disso.

— Nós vamos, sim — ela diz, passando as mãos pelos cabelos e começando a subir a escada.

— Mas porque? — Pergunto.

— Precisamos comprar uma luminária nova, já que a antiga queimou. E você precisa aprender a dar mais atenção para alguns detalhes da casa, Jimin.

Franzo o nariz.

— Acho que isso nunca vai estar na minha lista de prioridades.

Ela me olha por cima do ombro e sorri.

— Então estou fazendo um favor para sua futura esposa, ensinando você a deixar de ser tão relapsa sobre esse assunto.

Pois é, em momentos assim é quando eu realmente percebo como minha irmã é parecida com a nossa mãe.

\[...]

Na maior parte do tempo, ter a companhia de Yeoreum é maravilhoso. Levaria uma eternidade para conseguir citar todos os benefícios disso. Mas tem também as partes não tão maravilhosas. Por exemplo quando ela passa mais de vinte minutos escolhendo luminárias.

Chega a ser inusitado ver Yu Yeoreum, vestindo roupas sociais enquanto faz compras em uma loja de departamento. Mas ela não parece nenhum pouco incomodada em estar dedicando seu tempo com essa finalidade. É mais como se ela me desse a percepção de que seu início de vida não contraria a pessoa que ela veio a se tornar: uma administradora excepcionalmente eficaz.

— Por que você não leva essa? — Pergunto, apontando para uma qualquer, com pedestal. A atmosfera barulhenta da loja está começando a me sufocar.

Ela mal olha para a que sugeri.

— Nem pensar — diz, inclinando a cabeça para examinar a luminária em suas mãos. — Você acha que combina com seu edredom?

— Você sabe que eu não me importo muito com esses detalhes.

— Ah, por favor, Jimin. Será que você pode cooperar um pouco?

Abro a boca para argumentar, mas acabo dando de ombros. Essa é outra coisa que eu aprendi nesses anos de convívio com minha irmã. É preciso escolher o tipo de discussão em que se vai entrar.

— Acho melhor agilizarmos as coisas por aqui - anuncio. — Não quero que se atrase para seus compromissos. Além disso, marquei de encontrar Giselle na livraria dela.

Mas Yeoreum não me responde, pois parece estar focada em olhar algo no seu celular.

— Algum problema? — Pergunto, olhando para o celular em sua mão.

— Apenas minha assistente repassando minha agenda — ela diz, levantando a cabeça e guardando o celular na bolsa. — Tenho uma reunião com a diretoria em uma hora, provavelmente para falar dos nossos cronogramas para os próximos meses.

— Está vendo — Digo, cruzando os braços na frente do corpo. — É por isso que não podemos passar toda a manhã dentro de uma loja.

Minha irmã abre a boca para falar, mas então apenas sorri.

Parece que ganhei essa.

Saímos da loja e vamos pegar seu carro no estacionamento. Minutos depois estamos atravessando a avenida principal em Apgujeong, indo em direção a Silent BookShop. Aceno para minha irmã quando saio do carro, já virando para a porta de entrada.

Lá dentro começo a procurar minha melhor amiga, com a mente indo em várias direções diferentes, ainda que nenhuma delas seja no material de trabalho que preciso preparar até segunda-feira.

Uma mulher aparece ao meu lado e passa o braço pelos meus ombros. Seu longo cabelo escuro está solto e realça sua pele. O casaco de lã que ela usa parece bem caro, como se tivesse saído de uma loja conceituada.

— Está procurando por alguém, moça? Talvez eu possa te fazer companhia.

Sorrio e enfim me viro para Giselle, que já está vendo alguma coisa no celular, acostumada demais à nossa rotina para perder tempo esperando uma reação minha.

Conheço Uchinaga Aeri desde que ingressei na Yonsei University, mas não somos apenas velhas colegas de faculdade. Giselle é minha amiga de verdade, e uma das melhores pessoas que eu poderia querer manter por perto. Meio esquentada, mas sempre a primeira a oferecer um abraço quando alguém sai de uma reunião de trabalho com os nervos a flor da pele.

- Não vi sua moto lá fora - ela diz, erguendo os olhos da tela. - Então já estava me preparando para ligar para você e perguntar se iria se atrasar.

— Minha irmã me deu uma carona até aqui — Digo enquanto caminhamos até uma das mesas reservadas para leitura.

— Isso significa que ela ainda não superou o último passeio que fez com você por Seul?

Dou uma risada baixa.

— Muito provavelmente ela nunca vai superar.

— Bom, mas agora que você chegou... — Aeri comenta. Viro a cabeça na direção que ela indicou e vejo Somi, uma amiga de trabalho. Ela parece sentir nossos olhares. Seu rosto se acende. - E lá vamos nós - Minha amiga acrescenta enquanto caminhamos na direção dela.

— Ei, juntem-se a mim! — Somi diz, apontando para as cadeiras vazias em sua mesa. — Sei que vocês tem uma agenda apertada, mas estou de volta a Seul e não podia deixar de fazer uma visita.

Ela faz o convite a nós duas, mas sem tirar os olhos de mim, e me dou conta de que é a primeira vez que nos falamos desde que ela saiu de férias a cerca de um mês.

Giselle e eu nos sentamos.

Dez minutos depois, já estou sentindo um clima esquisito no ar. Apesar das várias tentativas de mantermos uma conversa casual entre nós três, Somi sempre dá um jeito de direcionar a conversa para algum flerte atrevido. Ela sempre foi assim, mesmo quando estávamos envolvidas. Não que eu esperasse que isso fosse ser diferente agora. Acho que é uma coisa da personalidade dela, afinal ela parece funcionar bem assim.

Mas, agora que ela está de volta, sei exatamente o que quer. E isso não vai acontecer. Nossa história já teve um fechamento. E não estou interessada em reviver o passado.

Confiro as horas no meu relógio de pulso e me recosto na cadeira. Somi tagarela sobre seu tio, que está agenciando um importante trabalho literário. Olho para Aeri, que parece ter se forçado a abraçar a situação assim como eu. Ela abre um sorriso tímido e discreto.

Retribuo, mas uma coisa fica bem clara: Está na hora de encerramos esse encontro.

Anúncio a Somi que já deu nossa hora. Ela ainda insiste, perguntando se não podemos estender nosso tempo. Mas dou a desculpa de que Giselle e eu temos um compromisso em alguns minutos, o que não é uma mentira já que ambas precisamos voltar para os nossos respectivos trabalhos. No fim, nos despedimos, e Somi vai embora.

Pego meu celular para conferir qual material preciso selecionar na livraria. Mas Giselle já está seguindo para um dos corredores, então faço o mesmo. Saio e vou para perto dela, imaginando que ela vá me auxiliar com algumas recomendações. Em vez disso, ela está parada, olhando para a estante na outra extremidade da área.

Seguindo seu olhar, um movimento chama minha atenção e vejo Minjeong parada ali. Seus cabelos negros estão presos em um coque estilo samurai que deixa algumas mechas caírem, e ela veste um short preto e um suéter largo. Seu corpo pequeno está inclinado para frente enquanto ela se concentra em ler a capa de um livro.

— Ah, então aquela é a garota da qual me falou — Aeri diz, sorrindo. — Eu observei como você pareceu bem interessada na última vez que ela esteve aqui, sabe?

Sorrio.

— Não comece — Digo, observando a maneira concentrada como Minjeong olha para a capa do livro que tem em mãos. E antes que eu consiga me impedir caminho em sua direção, assustando-a ao me ver ali parada.

— Caramba, que susto! — Ela coloca a mão no peito e, ao perceber quem sou, sorri inclinando a cabeça para o lado. — Você por aqui?

— Oi — Ergo a mão acenando para ela, que acena de volta. — Pois é. Como você pode ver eu realmente estou com muito tempo livre ultimamente.

Posso sentir Giselle pairando ao meu lado e dou espaço para ela.

— Me chamo Aeri — Ela diz, adiantando-se para apertar a mão de Minjeong. — É um prazer conhecer você.

Minjeong retribui o gesto.

— É um prazer conhecer você também. Confesso que estou encatada com o espaço que você montou aqui. Nunca tinha conhecido uma livraria como essa.

Giselle sorri.

— Aposto que sei quem te convidou para vir aqui — Ela diz, chamando sua atenção. — Jimin faz tanto marketing do meu negócio que as vezes duvido se sou realmente a dona.

— Ah, claro — Minjeong concorda, sorrindo. — Sempre que nos encontrávamos, ela não falava sobre outra coisa. Então não resisti em vir conferir.

— Uma coisa que precisa saber sobre a Jimin — minha amiga diz baixinho, como se estivesse contando um segredo. — Ela é péssima em ler a atmosfera.

— É mesmo? — Digo, dando um leve tapa no seu braço.

Giselle faz uma falsa careta de dor, e Minjeong ri, revelando um sorriso que eu ainda não tinha notado. Provavelmente porque ela não é o tipo de garota que distribui sorrisos a troco de nada.

— Talvez possamos conversar sobre isso depois. — Lanço um olhar desafiador para ela, mas um sorriso se insinua em meus lábios.

Aeri não responde. Apenas sorri, acenando para Minjeong antes de se afastar em direção ao seu escritório. Bom, o que posso dizer? Minha amiga sabe muito bem como ler a atmosfera.

— E então, estou vendo que realmente vai vir mais vezes aqui.

— O que posso fazer se você tinha razão sobre a coleção de arte gráfica. — Ela me dá um sorriso tímido e noto seu rosto ficar levemente rosado. Ela é realmente encantadora, principalmente quando cora.

— Eu disse que você ia gostar daqui. — Dou mais um passo me aproximando um pouco. — O que você está vendo? — Aponto para o livro em suas mãos. É um exemplar sobre conceitos de captação, finalização e tratamento de imagens... elementos necessários para quem é ou está se formando na área gráfica.

— Gostei bastante do Artbook, então fiquei interessada em saber mais sobre os processos por trás do resultado final — ela diz enquanto coloca o livro de volta na prateleira.

— De onde surgiu todo esse seu interesse por arte gráfica, afinal?

— Nos cursos que fiz quando morava no exterior — ela responde.

Olho para Minjeong tentando conter a surpresa quando ela me olha de volta e sorri.

— Eu não estive em nenhum curso no exterior, você sabe, não é?

Dou de ombros e ela se inclina um pouco mais para perto de mim para pegar outro livro na prateleira.

— Se não foi no exterior, então onde foi? — Pergunto sem querer que o nosso assunto morra aqui. É a primeira vez que tenho a oportunidade de falar com ela sobre algo que não esteja relacionado a conversas triviais e não quero desperdiçar isso.

— No orfanato — ela diz ainda inclinada, está tão próxima que eu quase posso sentir o calor que emana da sua pele.

— Então você ajudava em projetos sociais? — Pergunto quando ela se vira para mim.

— Não exatamente.

Faço uma careta sem compreender o que ela quer dizer, ela parece entender a minha confusão e continua:

— Eu cresci em um orfanato, sempre estive do lado que se beneficiava com projetos sociais, e certa vez eu pude notar como algumas pessoas se sentiam melhor, mais felizes e à vontade quando recebiam a visita de artistas para momentos de criação livre, então eu passei a adquirir interesse por tudo relacionado a essa área.

— Você cresceu em um orfanato? — Me odeio no momento em que termino de perguntar, porque soa como se ela houvesse me falado algo ruim quando na verdade isso faz com que seu sorriso se torne ainda mais sincero e bonito.

— De tudo o que falei isso foi a única coisa que ouviu? — Minjeong pergunta e não parece ofendida, apenas curiosa.

— Não... Na verdade eu... Me desculpe, eu... — Passo a mão nos cabelos, me sentindo envergonhada.

— Não se preocupe. — Ela sorri ainda mais e me surpreendo com o quanto ela é mais bonita assim de perto, seus olhos castanhos parecem brilhar com a luz iluminando-os, e sua boca... Eu tenho para mim que é a mais bela que já vi na vida e tudo o que desejo nesse momento é vê-la sorrir.

Minjeong é tão linda, e eu me sinto tão privilegiada por poder observar isso.

— Sim — ela responde e eu já não compreendo o que está dizendo, mesmo assim ela continua: — Eu cresci em um orfanato. E acredite, fazer cafés não é meu único dom.

— Disso eu não tenho dúvidas — digo e ela volta a olhar para mim, seu sorriso se desfaz enquanto permanecemos em silêncio, paradas tão próximas, e observando a maneira com que a presença de uma afeta a outra, até que ela quebra o contato desviando o olhar.

— Acho que é melhor eu ir. Vou pegar o turno da tarde hoje no café.

Penso em apenas me despedir, mas a verdade é que estou tendo nesse momento a oportunidade que busquei desde a primeira vez que a vi, então eu deixo de pensar muito sobre tudo e me permito ser apenas uma pessoa livre e deslumbrada, conversando com a mais linda das garotas que já viu na vida.

— Estava imaginando se você tem planos para sábado à noite? — Encosto o ombro na estante ao meu lado e olho na direção dela. Tento ficar normal, mas por dentro estou gritando de entusiasmo.

Minjeong fica em silêncio por alguns instantes, então me surpreende, dizendo:

— Vai mesmo me obrigar a admitir que não tenho absolutamente nada para
fazer aqui?

Sorrio.

— Ótimo! Isso significa que você está livre para ir ao 19th.

— O que é o 19th? — Ela pergunta.

— Um... bar? — Respondo, sorrindo. — Fica localizado em uma ótima região de Seul e tenho certeza de que você vai gostar. — Inclino-me na sua direção. — Então, o que me diz?

Por um segundo, acho que Minjeong está corando, mas então ela sorri e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Realmente adorável.

— Deixe-me ver seu celular. — Ela pede.

Arqueio uma sobrancelha, mas entrego o aparelho. Ela desliza a tela e começa a digitar.

— O que você está fazendo?

— Adicionando meu contato para você me mandar uma mensagem confirmando a hora e onde devemos nos encontrar. E agora estou decorando seu número para que não tenha nenhuma vantagem aqui.

Dou uma risada diante do atrevimento dela.

— Ah, você tem um bom ponto.

Ela apenas sorri e me devolve meu celular antes de se despedir.

Observo até ela sumir de vista, então caminho em direção ao escritório de Giselle, onde ela provavelmente vai me encher de perguntas assim que eu atravessar a porta.

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