𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 21
Cheguei no finalzinho da noite pessoal, mas o capítulo de hoje está aqui.
E eu estou oficialmente de férias, então posso me dedicar mais a vocês e a esse livro.
Tenham uma boa leitura 🖤
- HATHAWAY -
Eu estava saindo da enfermaria depois de falar com Jungkook quando esbarrei com Jeon Hojun, seus olhos são como os do filho, grandes com cor de jabuticaba, mas Jeon tinha uma postura de nobre que Jungkook ainda não tem, uma postura de alguém que deve ser respeitado, talvez Jungkook a tenha quando se tornar líder do conselho, assim como ele está destinado a ser...
Mesmo que não queira.
Fiz uma reverência simples ao vê-lo, era necessário? Não sei, mas fiz mesmo assim.
- Tori, como está Malia? - Ele me perguntou.
- Malia está se recuperando, pelo menos foi o que fiquei sabendo agora. - Falei enquanto me mexia desconfortável. - Jungkook está lá dentro com ela.
- Vante me disse. - Jeon olhava para a porta da enfermaria como se de alguma forma pudesse ver o filho através dela. - Obrigado Tori, pelo que fez por ela na arena, você é realmente médica?
Fiquei um pouco assustada por esse detalhe da minha vida ter chegado aos ouvidos do líder do conselho, demorei um bom tempo para me acostumar que o meu sonho de praticar a medicina havia acabado, então mesmo fazendo uma coisa ali e outra aqui pra ajudar as pessoas ao meu redor, me chamar de médica ainda é algo muito radical.
- Não cheguei a me formar, morri no dia da apresentação do TCC. - Respondi ao senhor Jeon, ele balançou a cabeça com uma feição que transmitia empatia, como se entendesse o que aquilo significava pra mim.
- Tenho alguns contatos no meio humano que podem garantir o seu diploma, se quiser. Pensei em convida-la pra trabalhar aqui na academia como médica quando terminar seus estudos. - Mal raciocinei o que Jeon havia dito antes de um sorriso enorme se espalhar pelo meu rosto, era a primeira vez desde que virei vampira que eu pude ter uma mínima esperança de trabalhar como médica, ele viu minha empolgação e sorriu também.
- Eu quero isso, com total certeza! - Respondi ainda sorrindo.
- Passe as informações de onde você estudava para o Vante, vou conseguir seu diploma. - Ele falou e deu alguns passos rumo a enfermaria.
- Muito obrigada, senhor. - Ele curvou a cabeça me cumprimentando e foi atrás do filho e de Malia na enfermaria.
Saí de lá e fui direto para o meu quarto, o toque de recolher já estava próximo e depois de ter sido acusada de matar Soomin só por não estar na mansão eu não quero deixar nenhuma brecha pra que isso aconteça de novo.
Os corredores da mansão estavam silenciosos, enquanto caminhava ouvindo apenas o som dos meus passos a ideia de apagar me veio a mente, eu estava empolgada para ver Jungkook no dia seguinte e passar a noite com ele como ele mesmo prometeu, então não acho errado eu querer que chegue logo o outro dia.
Eu já havia decidido que deitaria na minha cama para apagar e só acordar depois do pôr do sol quando abri a porta do quarto, dando de cara com uma cena interessante mas que eu não estava muito afim de ver.
Yeonjun e Lia estavam se beijando em cima da cama dela, os dois deitados, fui pra minha cama rindo depois que eles se assustaram e Lia jogou Yeonjun de cima da cama, o barulho dele caindo no chão me fez rir ainda mais.
- Não parem por mim, eu vou apagar. - Falei me deitando, Yeonjun se levantou e sentou na cama da Lia, me cobri com o cobertor e olhei pra ele. - Eu sabia que cedo ou tarde vocês teriam algo, terminou com Namjoon, Lia?
Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha um pouco constrangida.
- Terminei, ele levou numa boa.
Eu assenti e já estava para apagar quando Yeonjun falou comigo.
- Lia e eu já nos assumimos, o que falta pra acontecer o mesmo com você e Jungkook? - Ele perguntou com aquela cara de sapeca, inflei o peito pronta para da "a resposta" pra ele.
- Jungkook se declarou pra mim agora pouco, vamos passar a noite juntos amanhã. - Yeonjun soltou o ar que eu nem havia percebido que ele estava prendendo.
- Até que enfim, então está tudo bem no paraíso, agora você pode apagar Tori, Lia e eu temos coisas a fazer. - Lia deu um tapa nele e eu virei para o outro lado.
Então fechei os olhos e apaguei.
***
Levantei do meu sono com uma bagunça acontecendo na mansão, vampiros andavam pra lá e pra cá falando coisas demais ao mesmo tempo que, mesmo com minha audição, não consegui entender nem meia palavra.
Levantei da cama e olhei ao redor, Lia não estava lá e Yeonjun provavelmente foi para o dormitório antes do toque de recolher no dia anterior.
Meu celular estava tocando a cada segundo com novas mensagens, quando olhei o grupo da Aliança me assustei um pouco com as mãos de duzentas mensagens, abri e fui passando sem realmente lê-las, até que uma delas me chamou atenção.
"Foi algo na enfermaria"
Vesti qualquer coisa e saí do quarto, algo havia acontecido pra ter causado aquela movimentação toda no dormitório, quando eu estava chegando na recepção enxerguei Haechan, corri até ele e o parei sem nem o cumprimentar.
- O que está acontecendo? Não consegui acompanhar as mensagens do grupo. - Ele olhou pra mim por alguns segundos e então segurou meu pulso, me puxando pra fora.
- Ninguém sabe o que está acontecendo, provavelmente alguma coisa com Malia na enfermaria, mas Jungkook não responde as mensagens pra nos dar notícias.
- Por que acha que foi algo com Malia? Pode ser algo besta, por que esse alvoroço todo? - Perguntei assustada, tentando acreditar que tudo estava bem e que era exagero de todos.
- Tori! - Haechan me segurou, fazendo com que eu encarasse diretamente seus olhos. - A enfermaria está vazia, com um rastro de sangue no chão e o conselho fechou as fronteiras.
- O que? - Me soltei de Haechan e o encarei perplexa.
- Ninguém mais entra ou sai da academia, seja lá o que aconteceu, não foi algo besta. - Ele me encarou por mais alguns segundos e depois saiu, precisei apenas de três segundos pra raciocinar antes de correr para o únivo lugar que eu sabia que me daria respostas.
Corri para a enfermaria
Quando cheguei lá eu dei de cara com uma cena de assassinato, literalmente.
Havia sangue na maca aonde Malia estava, ele pingava e se acumulava na poça enorme do chão, era possível ver marcas de mãos, provavelmente da pessoa que perdeu aquele sangue todo.
Se tem uma coisa que aprendi na faculdade é que ninguém sobrevive ao perder tanto sangue assim, a menos que tenha tido transfusões seguidas.
Após meu susto ao ver tanto sangue no chão passar, principalmente porque meus instintos vampíricos eram ativados por causa disso, percebi que aquele sangue lá no chão não me incomodava tanto quanto o sangue de Malia me afetou na arena, o dela é O-, esse no chão não é.
Foi aí que a compreensão me atingiu como uma bigorna de cinco toneladas, tanto que eu cambaleei perdendo o sentido das minhas pernas, senti um aperto no peito tão grande que era como se eu ainda estivesse viva e meu coração ainda batesse. Saí da enfermaria as pressas tentando não acreditar no que se formava cada vez mais em minha mente.
No meio do campus da academia estava Lillith, se preparando para um discurso, discursos esses que estavam se tornando cada vez mais frequentes naquele lugar, parei ao lado de Yeonjun estática, aquilo não podia estar acontecendo, não podia.
- Alunos e funcionários da academia Luminus, é com grande pesar que suspendemos os jogos escolares desse ano, nosso campus sofreu um novo ataque e nós não podemos deixar isso de lado, por enquanto os irmãos Veteris e eu estaremos a frente do conselho enquanto respeitamos o luto da família Jeon, ninguém sai do campus além do conselho e ninguém entra além do conselho e da garota que Vante está trazendo agora para auxiliar nas investigações, estamos lidando com um caso sério aqui e precisamos da compreensão de vocês, obrigada.
A bagunça voltou assim que Lillith parou de falar e saiu de lá, tão rápida que nem minha visão pôde acompanha-la, enxerguei Malia de longe, ela estava sentada perto da academia, parecia estar chorando.
Fui até ela sentindo minhas lágrimas começarem a cair também, meu cérebro já tinha processado e compreendido o que havia acontecido, mas eu me recusava a acreditar. Quando cheguei perto, Malia olhou pra cima por alguns segundos, depois voltou a encarar o chão, enxugando os olhos com a manga da camisa.
- Tori. - Ela me cumprimentou e voltou a chorar, sentei do seu lado e passei a mão em suas costas quando um soluço involuntário saiu de minha garganta, a única palavra que mal saiu da minha boca foi:
- Como? - Malia soluçava demais, e o próprio desespero dela me fez derramar em lágrimas.
- Eu acordei lá na enfermaria, ele estava lá, então alguém entrou. - Ela voltou a soluçar e passou as mãos nos cabelos tentando se acalmar o suficiente pra me dizer o que havia acontecido. - Eu não reconheci, estava de capuz e máscara, só vi o momento que chegou por trás de Jungkook e... - Ela parou e fechou os olhos, eu podia ouvir claramente o barulho dela engolindo o choro. - Aí fez um corte na garganta dele com uma estaca, deixou a estaca nele e foi embora.
Meu choro se misturou ao de Malia, ele não podia estar morto, podia? Jungkook é praticamente humano, tão frágil...
- Eu não devia ter deixado ele sozinho, eu devia estar lá na enfermaria Malia, com ele e com você, talvez eu pudesse ter estancado o sangramento, talvez... Talvez ele pudesse ter tido uma chance. - Ela segurou minhas mãos, eu falava aquilo enquanto mais e mais lágrimas escorriam por meu rosto, eu estava desolada.
- Eu só consegui gritar, Tori. - Ela disse olhando pra mim, dessa vez mais preocupada comigo do que com seu próprio luto. - Alguns segundos Vante apareceu e o levou, acredito que ele tenha tentado salvar Jungkook com sangue igual você fez comigo, eu tive esperança, mas depois ele falou pra o senhor Jeon que ele não havia resistido.
Outro soluço saiu rasgando pela minha garganta, Malia me abraçou e nós choramos juntas, foi o momento mais longo da minha vida.
Não sei se passamos minutos ou horas assim, mas quando eu derramei a última lágrima, uma fúria imensa me preencheu, então eu peguei o celular e convoquei toda a aliança para uma reunião de emergência.
Eu ia arrancar a cabeça do filho da puta que matou Jungkook com minhas próprias mãos, logo depois de o torturar por semanas, nem que eu seja expulsa deste lugar por causa disso.
***
A mesinha de sempre estava lá, no meio da sala na cabana, eu me sentei nela enquanto esperava os membros da Aliança chegarem, um por um. Dessa vez a mesma leveza de antes, as conversas, as brincadeiras, elas não estavam lá, os garotos apenas chegaram e se sentaram cada um em um lugar enquanto esperavam eu falar alguma coisa, o clima da sala estava tenso, como se todos os móveis soubessem que ele não estava mais vivo, o ar estava pesado, como se soubesse que havia perdido o seu mestre.
Depois que todos estavam lá eu olhei para a mesinha aonde eu estava, a mesinha que Yeonjun usou pra dar nossa primeira missão, a mesinha na qual Jungkook e eu guiamos esses garotos pra que conseguissemos pegar o grimório e a estaca sem problemas.
Era pra Jungkook estar ali do meu lado, falando com eles junto comigo, mas ele não estava.
Ele estava morto, e eu ainda não tinha conseguido engolir.
- Acredito que todos já sabem o que aconteceu, se não sabem, a mera ausência de Jeon Jungkook nessa reunião já deve ter dado a entender. - Eu mesma não reconheci minha voz, eu não era mais eu, era apenas uma vampira que perdeu alguém e queria vingança.
Lisa era a que estava mais distante, a garota estava deitada no peito de Haechan, seus olhos vermelhos por causa do choro, eu a entendia, eu estava assim há algumas horas.
- Não conseguimos analisar a estaca direito por causa dos jogos e do que aconteceu com Malia em seguida, eu preciso de vocês agora, de todos, tudo o que conseguirem absorver da biblioteca da academia sobre símbolos demoníacos vocês vão absorver, provavelmente a estaca usada em Jungkook e da mesma de Soomin, só isso nos liga ao assassino e é isso que vamos usar.
Todos acenaram concordando e nós começamos a trabalhar, todos os dias enterrávamos nossa cara nos livros, nas bibliotecas de todos os quatro andares que nos eram permitidos usar, fiquei sabendo depois de alguns dias que Vante havia voltado para o campus e que havia trazido Izzie junto com ele, eles estavam com a investigação deles.
Nós estávamos com a nossa.
Dois dias depois do assassinato eu fui na casa dos irmãos veteris, eu estava triste, eu não me conformava com o que havia acontecido, então fui vê-los.
Foi Park que atendeu, Vante ainda não havia voltado com a Izzie nesse dia, desta vez Park não tinha feito café. Eu entrei e o abracei, então pela única vez depois que jurei vingança eu me permiti chorar novamente.
- Por que vocês não fizeram nada? Vocês são os vampiros mais impressionantes daqui, por que não o salvaram? - Eu perguntei ainda chorando, eles tinham como cura-lo, eu fiz com Malia.
- Nós tentamos, querida. - Park falou enquanto alisava minhas costas. - Derramamos sangue na jugular dele, mas não fechou a tempo, ele não resistiu. - Park respirou fundo, o que mostrava o quanto ele estava estafado mentalmente, já que não precisamos respirar. - Me perdoe.
Eu apenas movi a cabeça pra cima e pra baixo, sem falar nada.
Dormi na casa de Park e Vante aquele dia, se é que posso chamar de dormir, eu apaguei na verdade. Park perguntou se eu queria ficar por lá e eu aceitei, eu estava me sentindo sozinha, precisava de colo, precisava de alguém que me garantisse que tudo iria ficar bem, então me aconcheguei no peito da Park naquele dia e apaguei na cama, ele não se moveu do lugar até que eu voltasse a consciência de novo.
E ele permaneceu o tempo todo acordado, cuidando de mim.
Dez dias se passaram desde a morte de Jungkook, as aulas ainda aconteciam normalmente, mas os jogos pararam. Eu via a cabelos coloridos andando pra lá e pra cá, ela estava dormindo na mansão, mas passava a noite toda na casa dos irmãos, tirando o momento em que eles tinham aula. Eu gostaria de saber como estava a investigação do conselho, mas precisava focar na minha.
Nos reuníamos sempre, pouco antes do toque de recolher, pra juntar nossos conhecimentos, ainda não havíamos chegado a lugar nenhum, a única coisa que tínhamos certeza é que aquele símbolo era algo antigo e poderoso, e não era desta dimensão.
Kai descobriu lendo que outras espécies já conseguiram objetos demoníacos quando descobriam o nome verdadeiro de um demônio e o invocavam para fazer a sua vontade, vampiros eram pouco prováveis de terem cometido o assassinato, pra que usar uma estaca que lhe machuca?
Mas os outros... Podia ser qualquer um.
Hoseok estava presente nas reuniões apenas de corpo, ele não havia tido nenhum progresso nas pesquisas, ter perdido o melhor amigo havia fodido com ele, e eu entendia.
Eu entendia bem.
Enquanto conversavam sobre o que tinham descoberto lendo, eu me afastei um pouco pra me recompor, nos últimos dias eu estava sentindo uma dor de cabeça absurda, desde alguns dias depois do assassinato de Jungkook na verdade, com o passar do tempo a dor diminuia, mas as vezes dava uma pontada tão forte que eu precisava me apoiar em algum lugar para não cair.
Essa foi uma dessas vezes.
Eu estava apagando muito mais de que antes ultimamente, eu não queria ter que ficar pensando em nada ao deitar na minha cama ao nascer do sol, não queria assistir filmes, não tinha com quem conversar, eu apenas apagava.
Antes eu apagava e só tomava consciência quando voltava de novo, mas agora é como se eu tivesse sonhos, ou tavez os sonhos sejam a coisa mais próxima para explicar o que estava acontecendo comigo.
Eu sempre via a mesma sala branca, ela tinha um quadro da Monalisa pendurado na parede, eu sentia chero de sangue A+, o sangue de Jungkook, então eu "acordava" com a imagem do chão da enfermaria.
Aquilo estava me deixando louca, é como se o assassinato de Jungkook estivesse me alucinando, os demônios daquele dia, demônios realmente do mal, daqueles que a gente tem medo na infância, estivessem me perseguindo, por isso eu precisava matar aquele filho da puta.
Eu precisava de justiça para Soomin, justiça para Jungkook, descanso para a alma deles e descanso para a minha alma.
E eu iria conseguir isso.
Mais cedo ou mais tarde.
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Não esqueçam das teorias!! 🖤
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