𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 12
Eu sei que disse pra vocês que todas as postagens seriam no domingo, mas eu não me aguento esperar kakakaka, então está aí, mais um capítulo fresquinho pra vocês 🖤
- HATHAWAY -
- Passamos muito tempo distantes depois da guerra, todos nós sabemos que o motivo disso foi nossas alianças, nós fadas estávamos trabalhando com os humanos, tenho consciência do que isso implicou para a comunidade sobrenatural, mas já fazem trezentos anos, nossa direção mudou, nossos conceitos mudaram, a única coisa que falta para nós é a reintegração no meio sobrenatural, com vocês, nossos verdadeiros irmãos, então eu estou aqui em nome de todas as fadas que estão sob a minha jurisdição pedir uma trégua de todo esse rancor que sobrou da guerra e aceitar derrubar esse muro que ainda nos separa.
O conselho e os convidados encaravam Dandara, era um pedido ousado da parte dela.
- Foram belas palavras. - Comentei com Jungkook, ele assentiu concordando mas não prestou realmente atenção no que eu falei, ele estava encarando o seu pai. - Em breve será você ali.
Dessa vez Jungkook olhou pra mim.
- Não me imagino sendo líder do conselho sobrenatural, sei que o lugar é meu por direito já que sou o filho mais velho, mas não gosto de ver isso no meu futuro. - Ele voltou os olhos para a reunião, resolvi voltar a prestar atenção também, em um outro momento eu teria essa conversa com Jungkook.
- Creio que você entende cara Dandara, o motivo de não a recebermos de braços abertos na nossa cidade, estamos isolados aqui há anos, e estamos bem por causa da administração desse conselho, colocar vocês pra dentro é quebrar anos de proteções dos nossos ancestrais. - O líder dos vampiros assumiu a palavra, Dandara permanecia com uma pose impecável, como se soubesse todos os argumentos da banca e fosse dona de todas as palavras que podiam quebra-los.
- Entendo sim, entendo que querem proteger sua amada cidade, mas devem ser lembrar que enquanto estão seguros aqui dentro, minha espécie passou três séculos se arrastando na lama e se escondendo dos humanos depois do fim da guerra.
- Se escondendo por quê? - Lilith ficou de pé erguendo a voz e assustando a todos os presentes incluindo a mim. - Vocês estavam trabalhando com os humanos, porque se esconderam deles?
- Cortamos todos os nossos laços com os humanos no momento em que eles capturaram os irmãos veteris Park e Vante para serem torturados.
O suspiro foi coletivo, o assunto da guerra é bem delicado aqui, principalmente quando os dois vampiros estão envolvidos.
Dandara e Lilith se encararam por vários minutos, a sala entrou em um silencio sepulcral, tudo estava tão tenso que mal percebi ter prendido minha respiração, não preciso dela então fiquei assim por bastante tempo, mas Jungkook começou a ficar azul por ter prendido a respiração dele também, então o sacudi pra voltar a realidade.
O senhor Jeon ficou de pé e colocou a mão no ombro de Lilith, depois de alguns segundos ela se sentou novamente com ele, Dandara permaneceu encarando o conselho.
- Se eu estivesse viva naquela época, com certeza não teria me aliado aos humanos, aquilo foi estupidez do meu antecessor, estávamos em busca de um lugar pra chamar de casa da forma errada, tentar tirar o poder de vocês foi burrice, estou aqui pra consertar isso.
- E qual é sua proposta? - Jeon devolveu.
- Construiremos casas pra nós ao sul da cidade, já que o leste é dos vampiros, o norte é dos filhos de hécate e o oeste é dos demônios, também faremos uma casa dentro da academia, para que nossos jovens tenham aulas também, minha proposta é que sejamos iguais aqui.
- Sabe que não terá lugar na direção do conselho não é? - Lilith comentou ainda sentada. - Se está pensando que vai sentar do nosso lado e reger a cidade está muito enganada, você pode até conseguir convencer o conselho a morar aqui, mas não fará parte da liderança tão cedo.
Dandara começou a andar pela sala.
- Entendo que precisa de algum tempo para... - Ela parou. - Adaptação. - A fada voltou a andar e parou bem na frente da banca. - Mas não precisaremos lidar com isso agora, ainda estarei a frente de meu povo e isso pra mim basta.
- Isso é loucura. - Lilith murmurou, ela não estava nem um pouco satisfeita com a vinda das fadas para a cidade, Soomin e Jeon estavam ouvindo a tudo com calma, talvez cogitando a ideia de Dandara e as fadas morarem aqui, mas Lilith deixava bem claro que aquela ideia a enojava.
- Nós vamos analisar sua petição Dandara. - O vampiro ficou de pé. - Você pode ir, iremos nos reunir agora, deixou o documento escrito para a nossa secretária? - Dandara levantou um dedo pedindo pra esperar e depois tirou uma pasta de sua bolsa, a vampira que entrou com o pai de Jungkook no elevador se levantou e pegou a pasta da mão dela.
- Agradeço por terem me escutado, espero que sejamos aceitos. - Ela se despediu.
- Tenha uma boa noite Dandara. - O senhor Jeon a dispensou e ela foi escoltada pra fora da sala.
Assim que a fada saiu Lilith se levantou.
- Não estão realmente pensando em deixar essas fadas morarem aqui, estão? - Ela perguntou para os outros dois lideres do conselho.
- Nós podemos mante-los em um período de testes, dois meses no máximo, se não causarem nenhum problema a gente estende o tempo. - Um dos membros se pronunciou, era um demônio que eu nunca havia visto no campus.
- Uma moradia provisória? Eu concordo com ele, a ameaça de serem expulsos a qualquer momento os manteria no lugar. - Soomin completou.
- Vocês que sabem, meu voto é não, mas não mando no conselho sozinha. - Lilith voltou a se sentar.
- O que diz Jeon? - Soomin se dirigiu ao pai de Jungkook, ele deu de ombros.
- Podemos dar uma chance, mas com limites, a proposta de Jerônimo foi sensata.
Soomin ficou de pé.
- Amigos membros do conselho, peço que fiquem de pé aqueles que concordam com a vinda das fadas para a nossa cidade.
Pelo menos dois terços do conselho ficaram de pé, parece que as fadas realmente morariam conosco.
- Estão cavando sua própria cova. - Lilith se levantou e saiu, Jungkook me sacudiu.
- Vamos com ela, esse pessoal vai embora ao mesmo tempo e não terá lugar pra nós no elevador. - Assenti e nós seguimos Lilith.
Depois de sairmos da sede do conselho com o cu trancado nós dois nos sentamos na fonte da academia, ainda estávamos invisíveis então Jungkook manteve a barreira de som para não assustarmos ninguém.
- Temos que tomar cuidado com o nosso trabalho sobre a guerra, as fadas estarão aqui. - Comentei com ele.
- Temos que tomar cuidado com tudo Tori, tudo aqui vai mudar, tenho certeza que diversos dos moradores não enxergarão mais a cidade como um lugar seguro, a vinda das fadas vai dar o que falar, nós precisamos tomar cuidado tanto com elas, por estarem aqui, quanto pelos outros que mudarão por causa delas.
- Agora você está falando como um futuro líder do conselho. - Ele deu um meio sorriso mais triste do que agradecido.
- Eu sei que seria um bom líder, mas não quero passar o resto da vida preso atrás de uma mesa resolvendo burocracias entende? Eu quero praticar atividades físicas, cantar, construir uma casa foda na cidade e morar com uma garota legal, ter uns trezentos filhos... Sei lá...
Jungkook ficou olhando pra frente, acompanhando o movimento das pessoas na academia.
Observando-o um pouco eu percebi que por trás do papel de "filho do líder" que as pessoas colocam nele, Jungkook era apenas um jovem comum.
Um jovem com poderes, okay, mas ainda sim um jovem comum.
- Eu tinha vontade de ter filhos, mas tive que tirar essa ideia da mente porque sabe... Eu morri.
- Você poderá ter alguém lhe chamando de criadora um dia, assim como você chama o Vante. - Ele brincou.
Ah Vante...
Eu queria muito um replay mas estava evitando parecer desesperada por sexo.
Ou por ele.
- Nós vamos ficar aqui sentados até o efeito da poção passar? - Perguntei depois de um tempo em silêncio.
- Na verdade, estou com vontade de ir pro meu quarto dormir, não dormi nada durante o dia por causa da ansiedade com a reunião. - Fiquei de pé.
- Não seja por isso, eu te deixo no Castelo Estelar, não preciso dormir de qualquer jeito então espero que você durma por mim. - Jungkook riu e ficou de pé.
- Sabe, você é uma boa amiga Tori, nos aproximamos tanto a ponto de invadirmos uma reunião do conselho juntos...
- Que bom que sou uma boa amiga pra você, é um ótimo amigo pra mim também Jungkook.
Nos olhamos por alguns segundos, Jungkook mantinha um sorriso genuíno no rosto e eu só conseguia pensar no quanto que aquela pintinha que ele tem debaixo da boca combinava com o seu rosto, ou o quanto seus olhos grandes de jabuticaba refletiam aquele sorriso.
Jeon Jungkook era simplesmente lindo.
Como eu não dei indício nenhum de que ia me mexer, Jungkook entrelaçou nossos braços e me puxou, saímos andando juntos até o Castelo Estelar, parei na recepção.
- Quer que eu te deixe no quarto também? - Ele voltou a sorrir.
- Melhor não, vai por mim. - Um vento passou por nós e bagunçou meu cabelo, era o jeito de JK dar oi ou se despedir.
- Sério? Nem um abraço? Se somos amigos já está na hora de parar de usar o vento pra me cumprimentar. - Ainda sorrindo ele voltou pra perto de mim e me abraçou, tirando meus pés do chão por alguns segundos, depois de me soltar Jungkook ainda me olhou por um tempo.
- Seus olhos eram de que cor? Antes de ser vampira? - Me admirei com a pergunta repentina, mas respondi mesmo assim.
- Eram azuis. - Ele assentiu.
- Estou tentando imaginar você de olhos azuis, mas sinceramente? O vermelho lhe cai bem, independente disso, fica linda de todo jeito. - Jungkook virou de costas e saiu andando. - Boa noite Tori.
Ele saiu andando, com as mãos nos bolsos, pleno, super pleno, como se não tivesse falado nada de mais.
Palavras são importantes sabe? Elas podem te deixar feliz como: Você acabou de ganhar um milhão de dólares ou podem te deixar triste como: Alguém atropelou o seu gato.
Mas será que Jeon Jungkook sabe disso? Aquele garoto não pode simplesmente dizer: "Você fica linda de todo o jeito" e sair andando. Puta que pariu Jeon Jungkook, suas palavras me afetam porra.
Eu ia falar isso pra ele? É óbvio que não, primeiro porque eu não tinha motivos pra falar que as palavras de JK me afetam, segundo que quem tem que me afetar agora é o Vante, eu transei com ele pô, ele tem a obrigação de me afetar, terceiro que em teoria Jeon Jungkook é apenas meu amigo e suas palavras não me afetam de jeito nenhum
Mas... Então... Só na teoria mesmo.
Maldito dia em que eu parei pra observar aquelas coxas gostosas na piscina.
É tesão Tori, só tesão, vai passar... Beleza, mas quando?
Sacudi a cabeça pra parar de pensar merda e fui pro meu dormitório, é nesses momentos que eu sinto falta da minha vida como humana, alguns casos clínicos tomariam toda a minha atenção e eu poderia descansar dessas nóias de não saber o que estou sentindo.
Poxa, eu não tenho mais 15 anos, será que virar vampira me fez voltar a ser uma adolescente idiota?
Maldito Jeon Jungkook.
E maldito Vante também que me transformou nessa espécie com sentimentos confusos.
***
- Como foi lá? - Fui no quarto dos irmãos veteris depois que o efeito da poção passou, eu queria falar com o Vante, mas ele não estava, então me sentei na cama dele enquanto Park me preparava um pouco de café, coisa que descobri que ele é viciado.
- Foi aprovado, a maioria votou para as fadas virem pra cá. - Park me deu minha xícara e se sentou ao meu lado.
- Eles devem convocar a cidade pra avisar qualquer dia desses, isso aqui vai virar uma bagunça.
- Eu vou é aproveitar esse tempo de paz que nos resta. - Falei tomando mais um gole de café.
- Aproveitar como? - Park perguntou.
- Não sei. - Coloquei a xícara na estante e me joguei pra trás. - Sair pra caminhar, pular na fonte, andar pelo campus.
- Sabe do que você precisa? - Park fez o mesmo que eu e logo estava deitado ao meu lado. - Você precisa de amigos.
O encarei indignada, como ele ousa?
- Seu vampiro chato, eu tenho amigos, vocês que não se importam o suficiente com minha vida pra saber disso. - Fiz bico e cruzei os braços, sim, eu era dramática.
Park riu.
- Você tem Vante e eu, mas não pode contar com nós dois porque somos praticamente família. - Puta incesto então hein? - Fora a gente você tem aquele demônio estranho..
- Não fale mal do Yeonjun! - Devolvi.
- Não estou falando mal, ele realmente é estranho. Enfim, você tem a Lia e o Jungkook, agora me diga, quem mais?
- Eu tenho...
Parei pra pensar, quanto mais tempo eu demorava mais o sorriso de Park abria, não é possível que eu tenha tão poucos amigos assim, é?
- Eu sou amiga do Kai! - Falei feliz comigo mesma enquanto me lembrava do vampiro.
- Sério? - Park falou divertido. - E conversam sobre o que?
- Nós, nós... - Desisti ao olhar pra cara dele. - Argh! Nós não precisamos conversar pra sermos amigos!
Park saiu da cama.
- Vai enganar outro Tori. - Ele pegou sua xícara e colocou mais café, eu me sentei.
- Viu? É por isso que gosto de conversar com o Vante, ele não fica me enchendo o saco.
- Eu gosto de conversar com você, e ficar enchendo seu saco, é minha melhor diversão, Taehyung não tem isso, ele só te escuta e comenta o que você fala, mas esse vínculo... - Ele apontou para nós dois. - Você não tem com ele. Acredite, é mais amiga minha do que do meu irmão.
Por mais que eu quisesse negar, Park estava certo, Vante e eu não tínhamos um vínculo, e até o pouco contato que eu tinha com Park era maior que o dele.
- Não acabou de dizer, Park Jimin, que não somos amigos, somos família? - Usei suas próprias palavras contra ele só porque gosto de pirraça-lo também.
- Sim, Victória, e se você usar meu nome de novo sem motivos eu vou dar uns tapas nessa sua bunda, me respeita garota!
Levantei da cama
- Estamos quites, você usou meu nome também, tá afim de apanhar? - Estralei meus dedos e encarei Park divertida.
- Mas que abusada! - Park largou seu café e veio pro meu rumo, saí do quarto o mais rápido que pude rindo enquanto Park tentava me chutar.
Quando pisei do lado de fora ele fechou a porta
- Vai amolar seus amigos imaginários Tori! - Ele gritou de dentro rindo.
- Idiota! - Saí andando e tirei meu celular do bolso.
Eu não iria admitir para Park, mas eu realmente estava precisando de novos amigos, e quem melhor pra me arranjar alguns do que o cara que fala com todo mundo?
Disquei o número de Yeonjun, ele atendeu no primeiro toque.
- Espero que seja importante, estou saindo pra correr com os caras.
- Preciso de amigos Junnie. - Falei com voz de choro.
- Vai ter uma festa clandestina no próximo final de semana em uma cabana na floresta atrás do Império Prateado, se conseguir convencer Lia a ir você pode ir junto e levar seu bichinho de estimação.
- Meu... Bichinho? - Perguntei sem entender.
- É, Jeon Jungkook... Quer saber? Dane-se, leva quem você quiser, é só todo mundo ficar de bico fechado, e eu não quero os irmãos na festa, primeiro que eles não devem curtir essas coisas e segundo que o pessoal vai ficar um pouco travado se os verem lá.
- Mas e meus amigos novos? - Perguntei.
- Eu te apresento pro povo Tori, mas convence Lia a ir, agora eu vou sair, beijo.
Yeonjun desligou a chamada e eu voltei pro meu quarto pra tentar fazer Lia ir pra essa festa.
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