𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 3
- HATHAWAY -
Lia e eu passamos a manhã inteira conversando.
Por causa do toque de recolher, Yeonjun precisou voltar para o Império Prateado as seis da manhã, mas mesmo que ele pudesse ficar, o garoto estava morrendo de sono.
Nossa conversa foi sobre tudo e todos, Lia me falou tantos nomes que eu não me lembro nem de metade deles, segundo ela, eram pessoas que eu precisava conhecer.
Eu descobri mais também sobre o conselho sobrenatural, o pai de Jungkook, Jeon Hojun, era o representante dos filhos de Hécate, Kim Soomin era o representante dos vampiros e Lady Lility era a representante dos demônios. Belo pseudônimo que ela escolheu pra si não?
Dei um pouco dos meus salgados para Lia, isso me fez conquistar o coração dela, como ela foi transformada recentemente, sentir o gosto dessas besteiras de novo era como o paraíso.
- Vai dar sete horas Tori. - Lia falou depois de olhar o relógio.
- Nós somos livres pra sair as quatro não é? Por que Yeonjun ainda não apareceu?
- Ele nunca acorda cedo, algo pra você aprender sobre Yeonjun. - Ela riu.
- Que horas começam as aulas? - Perguntei já me levantando pra tomar um banho.
- Oito horas, vamos nos arrumar logo, quero dar uma passada na praça de alimentação depois de repor as energias. É bom que você entende minha necessidade por comida humana.
- Eu compartilho da sua necessidade. - Respondi para Lia ao entrar no banheiro do quarto, não demorei muito para não atrasa-la.
No momento em que eu estava me vestindo e Lia estava tomando banho alguém bateu na porta.
- Entre. - Eu disse enquanto colocava o outro lado da minha bota.
- Vocês são do primeiro ano? - Uma voz masculina perguntou, olhei pra porta e encontrei um garoto novo, talvez dezessete ou dezoito anos humanos, como ele era um vampiro a fisionomia podia me enganar, ele pode ter cara de neném com cem anos nas costas.
- Somos sim, qual seu nome? - Ele soltou o ar como se estivesse aliviado e fechou a porta.
- Meu nome é Hueningkai. - Ele sacudiu a cabeça. - Não, não, é Kai, só Kai. É que eu mudei recente. - O garoto era meio atrapalhado, ele realmente tinha a idade que aparentava se ainda se confunde com seu nome de nascimento.
- É do primeiro ano também? - Perguntei e fiquei de pé.
- Sou, eu estava atrás de vampiros que fossem estudar comigo, não conheço ninguém aqui e não queria ficar só. - Ele coçou o braço nervoso, bati no espaço ao meu lado na cama.
- Sente aqui, você pode ir conosco, estou só esperando a Lia sair do banho.
- Eu já escutei!! - Ela falou do banheiro. - Tudo bom Kai? Estou saindo em instantes. - Kai sorriu e se sentou ao meu lado.
***
Depois de repor nossas energias com um bom litro de sangue, nós três fomos para a praça de alimentação, lá encontramos Yeonjun sentado com duas garotas.
- Olha quem chegou. - Ele falou ao nos enxergar. - Sentem aqui garotas, e garoto. Qual seu nome? - Ele perguntou para Kai.
- O meu é Kai, qual o seu?
- Yeonjun. Essas são Mina e Mirla, são irmãs. - Ele apontou para as duas garotas, nos sentamos na mesa junto com eles e nos apresentamos pra elas, as duas eram filhas de Hécate, o batimento cardíaco entregava.
- Vocês são do primeiro ano? - Perguntei, talvez fossem estudar conosco também.
- Não, não somos. - Mirla respondeu. - Nos somos do segundo, era pra estarmos iniciando na classe dos filhos de Hécate esse ano, mas vamos passar pela transformação semana que vem.
- As duas? - Perguntei admirada.
- Sim. - Mina confirmou. - Vamos nos mudar pra Mansão Escarlate.
E eu estava vendo de primeira mão duas filhas de Hécate que se tornariam vampiras.
Enquanto conversavamos, senti um cheiro de alfazema característico, não precisei olhar para trás pra saber que Vante e Park haviam chegado, a agitação contida dos que estavam lá entregaram isso.
Park foi até a mesa de comidas preparar um sanduíche, Vante ficou esperando ele na porta, ele quase nunca come, vive apenas a base de sangue.
E Doritos.
Quando voltou, Park deu um aceno discreto pra mim, acenei de volta e os irmãos foram embora.
- Você conhece os irmãos Veteris? - Mirla perguntou.
Baixei um pouco da manga de minha camisa pra mostrar a cicatriz da mordida.
- Vante me criou, passei dois meses aprendendo a ser uma vampira com eles antes de vir pra cá.
Mirla arregalou os olhos.
- Parece assustador, passar dois meses sozinha com eles.
- Parece é um sonho. - Mina rebateu. - Quem não queria ficar sozinha com aqueles vampiros? Puta merda, se eu tivesse a chance... - Ela deixou a frase no ar, eu ri internamente, pelo menos tive o privilégio de ver Park Jimin sem camisa.
Nos despedimos das irmãs e nós quatro fomos juntos até a Academia procurar nossa sala, nos informaram na recepção que ela ficava no primeiro andar, quando encontramos a massa de novatos andando pelos corredores nós só o seguimos.
Depois disso encontrar a sala foi fácil.
Nos sentamos no fundo da sala, eu estava na cadeira atrás de Yeonjun e Lia do lado dele, com Kai atrás dela. Yeonjun fez sinal para que eu chegasse perto.
- Vou apresentar os que eu conheço pra você. - Ele disse e depois pensou um pouco. - Pra você e pra todos os vanpiros enxeridos desta sala que estão escutando nossa conversa. - Lia começou a rir e alguns se mexeram inquietos em sua cadeira.
- Manda a ver. - Falei já esperando as apresentações.
- Aquele ali na frente você já conhece, Jeon Jungkook, filho do lider do conselho. - Assenti olhando para Jungkook, ele era um colírio para os olhos. - Do lado temos o melhor amigo dele, Jung Hoseok. Eu só sei isso mesmo, que ele é amigo do Jungkook. - Olhei Hoseok por um tempo e voltei a prestar atenção em Yeonjun. - No extremo esquerdo da sala, Choi Soobin, conheci ele quando cheguei, muito gente boa.
- Agora me apresente alguém que não tenha um batimento cardíaco. - Ele acenou.
- Duas cadeiras na minha frente, o nome dele é Yoongi, meu colega de quarto, ele é ranzinza. - Ri com a descrição que Yeonjun deu para o demônio. - Atrás de Jungkook, aquela é Lisa, nascida Lalisa. A vampira mais atraente dessa sala, e relaxe que não estou incluindo você e Lia nessa conta. - Ele riu. - Lisa eu sei que está me ouvindo, passa no meu quarto. - Lisa deu um meio sorriso e virou o dedo do meio pra trás, Yeonjun sorriu satisfeito e os vampiros bisbilhoteiros que estavam escutando nossa conversa riram.
- É engraçado a cara dos outros sem entender o motivo de todos estarem rindo. - Kai comentou.
- Essa é sempre a graça da classe dos novatos. - Uma garota de aparentemente 14 anos humanos entrou na sala. - Vocês descobrem que vampiros podem escutar tudo e ficam zoando com a cara dos outros por causa disso, mas essa é a primeira vez que vejo um demônio participando da piada.
Todos se viraram pra frente pra encarar a garota.
- Não me julguem pela aparência, sou mais velha que todos vocês, só fui transformada cedo. - Ela colocou um livro enorme na mesa e se sentou. - Meu nome é Faith, sou a professora de história de vocês.
Chamei Lia bem baixo.
- Quantos anos será que ela tem? - Lia olhou pra mim e cochichou.
- Eu não seei!! - Depois olhou pra frente.
- Pessoal, eu vou avisar logo que, qualquer coisa que vocês falarem uns com os outros, eu vou escutar. Poupem meus ouvidos por favor, obrigada.
Me arrumei na cadeira e peguei meu caderno na bolsa, os outros fizeram o mesmo.
- A minha pergunta agora vai para os vampiros, quem aqui foi transformado a, no máximo, um ano? - Todos os vampiros da sala levantaram a mão, inclusive eu. - Agora vou perguntar outra coisa, quem aqui conhece o vampiro que o transformou? - Os números distribuíram drasticamente, apenas eu, Lia e mais três vampitos levantaram a mão. A professora acenou pra todos abaixarem. - Bem o que eu imaginei. Vamos começar a aula com a história dos vampiros.
- Não sabemos ao certo em que momento da história nós passamos a existir, não vamos nos aprofundar nisso porque é assunto do segundo ano, o que eu quero falar é sobre o que nós vampiros podemos fazer e o que passamos.
Ela apontou o livro que havia trazido.
- Aqui nesse livro está registrado todas as coisas que vocês são capazes de fazer, as quatro espécies conhecidas. - Me perguntei internamente que espécie seria essa que está faltando. - Na seção dos vampiros nós temos como introdução o sofrimento da transformação. - Alguns se mexeram inquietos. - É ruim lembrar não é? Depois da transformação vem a sede de sangue, o novo vampiro precisa beber sangue em até duas horas depois do fim da transformação, se não ele morre.
Lembrei das palavras de Vante pra mim.
- Você. - A professora apontou para Lia. - Quem lhe transformou? - Escutei Lia engolir em seco.
- Minha irmã biológica, ela da aula no terceiro ano. - A professora acenou.
- E você? - Ela apontou pra mim. - Também disse que conhecia o vampiro que lhe transformou, quem foi?
Muitos naquela academia já sabiam dessa informação, mas depois de hoje, se alguém não souber será um milagre.
- Vante, irmão do vampiro Park. - A sala teve a decência de não cochichar nada a respeito, mas todos olharam pra mim.
- Interessante. - A professora falou. - Enfim, quem tem o privilégio de ser guiado pelo vampiro que lhe criou raramente tem feridas psicológicas causadas pela transformação. Muitos descobrem sozinhos como sobreviver, incluindo matar humanos no processo, o que eu sei ser o caso de alguns aqui. Foi o meu caso também.
- Vamos pra uma aula prática sobre a capacidade dos vampiros. A garota que foi transformada pela irmã e a vampira do Vante, venham aqui. - Lia e eu nos levantamos e andamos até a frente da sala. - Chamei vocês porque, acredito eu, que tenham um controle melhor dos seus poderes já que foram instruídas por vampiros mais experientes.
Ela virou pra turma.
- Os olhos dos vampiros brilham quando eles estão com raiva, com fome ou excitados. - A classe riu. - Vou fazer uma demonstração da fome. - A professora pegou um copo de dentro do armário da sala e colocou perto de nosso rosto, meus olhos brilharam ao sentir o cheiro, era sangue com certeza, mas algo estava diferente pra me afetar tanto.
- Podem ver os olhos delas, estão brilhando. - E era verdade, pude ver o auto controle de Lia pra não pular no copo de sangue.
- O que tem aí dentro professora? Esse sangue não está normal. - Os olhos de muitos na sala brilharam também, o cheiro estava muito forte.
- Qual o seu nome?
- Tori. - Falei.
- Então Tori, aqui temos um alto nível de hemoglobina, pra atiçar os sentidos de vocês. - Ela afastou o copo de nós e o guardou, meus olhos voltaram ao normal.
Podem sentar garotas, agora nós vamos falar sobre os demônios.
Lia e eu nos sentamos e eu pude ver a professora olhar para Yeonjun.
- O demônio engraçadinho na frente de Tori, qual seu nome?
- Yeonjun, professora.
- Pois bem, vou chamar você daqui a pouco pra demonstração.
Ela mudou a página do livro.
- Os demônios não são criados, como os vampiros, alguns estudos mais aprofundados dizem que eles nascem em outra dimensão e acabam parando na nossa e assumindo uma forma humana. A partir do momento que um demônio assume uma forma humana, ele perde as memórias da sua forma original, com excessão do seu nome, o mesmo acontece quando ele deixa a forma humana.
- A idade de um demônio pode ser contada de duas formas, ele pode lhe falar a idade que escolheu para seu corpo humano ou o tempo desde a primeira lembrança que ele tem. Yeonjun, pode dizer pra nós sua idade? De acordo com esses termos.
- Eu escolhi um corpo de vinte anos professora, mas minha memória mais antiga é de aproximadamente 45 anos.
Eu não sabia que Yeonjun era tão velho.
- Os demônios tem um corpo muito forte, mais forte até que o dos vampiros. Tori você pode voltar aqui? Yeonjun, venha também. - Nós dois fomos até a frente da sala, eu pela segunda vez.
Quando virei pra olhar pra sala eu levei um mini susto com dois olhos enormes olhando pra mim, olhos cor de jabuticaba. Eu estava de frente para a cadeira de Jeon Jungkook.
Garoto curioso, eu hein!
- Aqui. - A professora puxou sua mesa de ferro pro centro da sala como se ela fosse feita de papel. - Teremos uma queda de braço ao vivo agora, vampira contra demônio, façam suas apostas.
Yeonjun apoiou seu braço na mesa e me encarou com um sorriso sacana.
- Se prepare pra perder, vampira. - Revirei os olhos e segurei a mão dele, apoiando meu braço também.
- Palhaço! - Eu sabia que iria perder, demônios são mais fortes que vampiros.
Quando a professora deu o sinal Yeonjun colocou toda a sua força contra meu braço, eu consegui sustentar, pelo menos no começo, mas por mais que eu conseguisse impedir que Yeonjun derrubasse meu braço, eu não tinha força suficiente pra empurrar o dele de volta, depois de um tempo ele me venceu pelo cansaço.
- Essa é a prova de que os demônios são mais fortes que os vampiros, com o passar dos anos os vampiros vão ficando mais fortes, com a experiência, os demônios também, mas os demônios são naturalmente mais fortes e mais resistentes.
Yeonjun fez um movimento pra voltar pra sua cadeira mas a professora fez um sinal com a mão.
- Ainda vou precisar de vocês. - Então ela olhou pro lado. - Vocês afundaram a mesa. - A professora colocou a mesa no lugar e bateu em baixo pra remodelar o ferro, depois voltou a se dirigir a turma.
- Filhos de Hécate, os humanos da sociedade sobrenatural. - Ela folheou o livro. - São os únicos aqui com um batimento cardíaco, os mais fracos fisicamente se compararmos com os vampiros e demônios, mas os mais fortes em magia, o que exige um controle mental absurdo.
- Todos eles tem um elemento nuclear que controla 80% de toda a sua capacidade, esse elemento se torna mais forte apartir dos 16 anos, normalmente os pais dos adolescentes costumam ensinar os filhos a como dominar esse elemento. - Ela olhou para a sala inteira e depois se deteu na fila da frente.
- Jungkook, pode fazer o favor aqui? - Jeon Jungkook se levantou da cadeira e ficou parado do meu lado. - Qual o seu elemento nuclear?
- Ar, professora.
- Ótimo, nós temos nossas três espécies representadas aqui na frente, não vou colocar Jungkook pra uma queda de braço com eles porque seria injusto e perigoso para os ossos do garoto. - A classe riu.
- Tori e Yeonjun, estendam suas mãos pra frente, até que estejam com as palmas de vocês dois encostadas.
Virei de frente para Yeonjun e juntamos nossas mãos da forma que a professora falou.
- Não importa o que aconteça, vocês vão usar toda a força que tem para que continuem se tocando, suas mãos não podem desgrudar. - Acenamos e ela se virou para Jungkook. - Vá lá e use sua força pra separar os dois.
Jungkook veio pra perto de nós e segurou meu braço com uma mão e o de Yeonjun com outro, fazendo força para lados oposto e tentando nos separar inutilmente. Yeonjun e eu nem precisamos fazer força pra manter nossas mãos juntas.
- Não adianta professora, não tenho força pra isso.
- Venha pro meu lado Jeon. Você disse que seu elemento é o ar. - Ele acenou. - Agora use seu elemento pra separar os dois.
Jungkook olhou para nossas mãos e ficou parado, logo depois eu senti a sala ficando mais quente.
- Esquentou o ar. - A professora falou. - Esperto, o ar quente é mais pesado.
Uma corrente pesada de ar quente passou por mim e se chocou contra minhas mãos e as de Yeonjun, entrando por dentro de nossas palmas e fazendo pressão pra fora, quanto mais os segundos passavam mais nós precisávamos forçar pra nossas mãos continuarem unidas.
Jungkook cerrou os olhos em uma concentração absurda, a pressão do vento duplicou de intensidade. Quando percebi que eu não ia mais dar conta parei de fazer força, a pressão arremessou Yeonjun e eu para os cantos da sala, minhas costas e cabeça bateram com força na parede e Yeonjun caiu do outro lado.
- Ai merda! - Jungkook xingou enquanto vinha pra perto de mim.
- Irado! - Yeonjun se levantou, rindo.
Eu estava com uma dor de cabeça absurda, Jungkook me estendeu a mão e ajudou a me levantar.
- Você está bem? Me desculpa. - Ele falou preocupado.
- Estou bem. - Coloquei a mão na cabeça. - Só uma concussão de leve. - Jungkook sorriu um pouco e eu senti uma brisa fria balançar meus cabelos, olhei pra ele sem entender.
- Estavam bagunçados. - Jungkook virou e olhou pra professora. - Posso sentar?
- Pode sim, Yeonjun, Tori, tudo bem? - Nós acenamos e voltamos para o nosso lugar. - Essa foi uma demonstração do quanto os poderes dos filhos de Hécate podem ser fatais, nunca os subestimem.
Sentei na minha cadeira e olhei pra frente, Jungkook ainda olhava para mim, depois desviou os olhos pra minha mesa.
Olhei pra baixo pra onde ele estava olhando e vi minha caneta se mexer, depois ela por si só escreveu no meu caderno.
"Me desculpa mesmo, você bateu forte na parede, fiquei preocupado."
Murmurei um "tudo bem" de longe, Jungkook assentiu e voltou a prestar atenção na professora.
- Professora! - A vampira Lisa chamou. - a senhora falou sobre quatro espécies que estão registradas nesse livro, mas nós só somos três, qual é a outra?
A professora Faith sorriu.
- Que bom que perguntou, acredito que essa também seja a dúvida de muitos aqui. Vou usar isso pra ter certeza que vocês irão estudar, quero todos na biblioteca hoje procurando esse livro pra aprender tudo que cada espécie é capaz de fazer, inclusive a que não falamos, na próxima aula nós vamos discutir isso por alto e depois estudar a história politica dos sobrenaturais.
Quando a professora parou de falar o sinal tocou.
- Vocês tem trinta minutos de intervalo, depois o professor de humanidades assume a sala de vocês, até a proxima aula novatos.
Então ela pegou o livro e saiu.
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