X | Jane Doe
[...] 'E sempre tratarás o desconhecido como teu semelhante', profetizou. 'Mas, sempre temeis o desconhecido, pois aquele que carregas uma lança em mãos, também traz sangue nelas', advertiu o onipotente. Ele sabia que mesmo aqueles que possuíam carne da sua própria carne não mereciam confiança, e ele estava certo. Sempre houve um traidor sentado à mesa; Sempre houve um desconhecido sentado à mesa."
[...]
— Parece piada. — diz Sana. seguindo o rastro da mais velha para dentro do prédio — Jane Doe? Eu não sei o que me surpreende mais, ela ter esse nome ou nunca ter passado por nossas cabeças que o assassino era uma mulher.
— Minatozaki, sem mais reclamações por hoje, está bem?
— Não estou reclamando, estou apenas surpresa com toda essa situação.
Tzuyu revira os olhos, tomando a frente da situação e informando ao síndico do pequeno prédio que elas precisavam subir até o apartamento de Jane Doe. Elas podiam quase se sentir dentro de um filme de ação, a qual a caça pelo assassino vira um grande enigma policial. As detetives supostamente nunca deveriam pisar naquele local, visto que a forma como conseguiram aquele endereço era completamente ilegal. Mas lá estava a suspeita principal, uma mulher chamada Jane Doe, como nos filmes, a única a ter acesso a 'Bíblia dos Pecados' de J.R. Watson. Foram quarenta e sete empréstimos em um ano, o que certamente era incomum até para duas detetives. Agora as duas mulheres estavam paradas em frente a porta de alguém que poderia ser o assassino que tanto buscaram. Batidas e mais batidas, ninguém estava em casa. A mais nova se mostrava impaciente, andando de um lado para o outro no estreito corredor.
— Vamos invadir, qual é! — dizia.
— Minatozaki, será que você ainda não entendeu que não deveríamos estar aqui? O que vamos explicar para a Soyeon se invadirmos o apartamento de uma cidadã sem um mandato?
— Sei lá, podemos pensar em alguma coisa.
— "Ah, Jeon, a Minatozaki teve um presságio que o assassino morava lá e então invadimos o local sem mais nem menos". — debochou — Ela não pode nem sonhar que solicitamos os serviços da I.C.S, pelo menos por agora.
A de cabelos curtos bufa, se encostando na parede enquanto observava a mais velha insistindo em bater. Naquele momento, alguém adentrou o corredor, carregando algumas sacolas em mãos. A silhueta feminina estava vestindo um moletom folgado, utilizando a touca juntamente a um boné. Ela para no corredor ao ver as detetives em sua porta e claro, as mulheres percebem a presença da senhorita. Não podiam ver seu rosto devido a distância e porque a jovem usava uma máscara que cobria sua boca e seu nariz. Mas lá estava ela, a dona do apartamento e a possível serial killer.
— Você é Jane Doe? — pergunta Tzuyu.
A mais nova podia ser lenta para entender algumas coisas, mas tinha bons reflexos. Quando Jane Doe saca sua arma e atira na direção da Detetive mais velha, Sana salta na direção dela, derrubando-o no chão, entretanto, salvando-a de ser atingida pelo disparo. A suspeita corre de volta por onde entrou, despertando ainda mais desconfiança. Minatozaki se levanta rápido, se colocando a correr atrás dela enquanto deixa Tzuyu a comer poeira.
Fora uma perseguição cinematográfica, com saltos por janelas e telhados. Sana estava em seu encalço, certa de que pegaria a assassina desta vez. A chuva recomeçou naquela tarde, dificultando a corrida para ambas. Chou permaneceu atrás, um tanto cansada para tamanho esforço. "Estou ficando velha", pensou em certo momento. Enquanto isso, Sana desviou de mais um tiro, jogando-se atrás de uma viga de concreto. A mulher misteriosa continuava sua fuga, entrando em um beco estreito e pouco movimentado. Quando Minatozaki adentrou o mesmo lugar, não avistara uma alma sequer. Ela saca sua pistola, procurando cuidadosamente pela donzela encapuzada.
— Vamos, saia de onde está se escondendo! — gritou.
Estava próxima de uma van estacionada quando sentiu alguém surgir atrás de si, dando uma coronhada em sua cabeça. Sana deixa sua arma cair, indo ao chão junto com ela. Certa que não morreria naquele dia, ela agarra as pernas da suspeita e ambas iniciam uma luta corpo a corpo, disparando socos e chutes com muita violência. Minatozaki tentava de todas as formas arrancar sua máscara para ver seu rosto, mas a mulher sempre arrumava uma forma de impedi-la. Em algum momento daquela briga, a detetive estava machucada demais para continuar. A suspeita tinha muito mais força que ela. Jane Doe se coloca em pé, pegando sua arma e levando até a cabeça de Minatozaki Sana.
— Atire, vamos! — dizia a de cabelos curtos.
Por alguma razão, Jane Doe não atirou. Ela passa sua mão no rosto da detetive, dando-lhe um nocaute em seguida, levando-a ao chão. A mulher guarda sua arma e corre para longe, não sendo mais vista quando Tzuyu chega ao beco e encontra Minatozaki desacordada. A assassina poupou sua vida e não, ela não pode entender o porquê quando acordou.
— Ela estava com o revólver na minha testa, eu senti o gosto da morte. — disse a mais nova, enquanto Tzuyu segurava uma compressa com gelo em sua cabeça — Mas no final, ela não atirou.
— Você viu o rosto dela, Minatozaki?
— Não consegui, mas algo no olhar dela... Eu não sei, não me pareceu estranho.
— Você acha que ela te conhece?
— Não tenho certeza.
— Por alguma razão, ela não queria matar você, mas atirou em minha direção.
— Foi por pouco aquele disparo, não? Você teve sorte que eu não estava distraída.
Elas riem.
— Obrigada, Minatozaki. — agradece a mais velha, afastando a compressa de seu rosto todo machucado — Você salvou a minha vida.
— Você faria o mesmo por mim, não faria?
— Faria até mais.
Elas estavam sentadas na escadaria do prédio àquela altura. Sana tinha suas roupas ensopadas pela chuva e manchadas do próprio sangue. Se parecia mais com um desastre do que com uma detetive da D.I.C, na verdade. Chou não se importou com isso. Deixou a compressa sob seu colo e enfiou os dedos no cabelo da mais nova, sem desgrudar os olhos de sua boca. Aquele machucado no canto dos lábios, aquilo a deixava ainda mais sensual. A de cabelos compridos subiu seu olhar, pedindo permissão para beijá-la. Minatozaki parece confirmar seu desejo ao morder o lábio inferior, molhando-o para o que viria a acontecer. Suas respirações se misturaram naquele segundo, tornando-se uma única: quente, rápida e bagunçada. Quando Tzuyu prova dos seus lábios, pode sentir o gosto férrico do sangue de Sana, mas não, aquilo não importava. A mais nova fecha seus olhos, abrindo espaço para a língua de Chou, que entra em contato com a sua no mesmo instante.
Aquele beijo parecia não ter fim, havia um anseio incontrolável de ambas as partes. Ele se tornava melhor a cada segundo, sendo um dos melhores que elas já haviam saboreado. Quando seus pulmões já estavam vazios, entrando em colapso pela falta de ar, Sana é a primeira a desgrudar dos lábios de Chou, puxando uma respiração profunda.
— Minatozaki.
— Chou.
Um sorriso se formou no canto de seus lábios, provando a elas o quanto aquilo foi bom. Tzuyu estava tão grata por Sana ter salvado sua vida ou nunca teria a oportunidade de lhe dar aquele beijo, que se mostrou melhor do que ela tinha em seus pensamentos. Mas não era hora para ter uma conversa sobre aquilo, por mais que precisassem falar. O apartamento continuava fechado e Jane Doe era uma fugitiva da polícia. De volta ao quarto andar, o 418 era um mistério. O que ela escondia atrás daquela porta? A mais nova parecia tentada a saber.
— Minatozaki, precisamos ir embora. — Chou disse, depois de um tempo.
— Nós precisamos entrar, Tzuyu, você sabe disso.
— Não podemos.
Uma pequena conversa pareceu o suficiente para convencer a de cabelos curtos o quanto seria errado invadir aquele apartamento. Tzuyu começa a andar de volta para as escadas quando de repente ouve um estrondo. "Ela não fez isso...", pensa, virando-se e vendo que Sana fez exatamente o que ela temia.
— MINATOZAKI, O QUE EU DISSE?
— Ao menos que você venha aqui e conserte a porta, eu vou entrar.
— Engraçadinha.
Chou dá meia volta, seguindo-a para dentro do apartamento da suspeita. O lugar era simplesmente bizarro. Havia muita poeira e teias de aranha por toda parte, sendo completamente ausente da luz que vinha de fora. As janelas eram tampadas com grandes estacas de madeira. No canto, uma estante só de livros religiosos espalhados pela mesa de centro, páginas copiadas do livro principal, que pertencia a biblioteca municipal. Minatozaki começa a vasculhar canto por canto, encontrando crucifixos e outros símbolos religiosos por toda a casa.
— TZUYU! — ela grita ao entrar no banheiro da casa.
A mais velha corre em direção ao cômodo, sendo surpreendida por um varal de fotografias das cenas dos crimes. Polaroids do corpo de Lalisa Manoban e Larrissa Ayumi estavam por toda parte, e até as mesmas fotografias encontradas de Kang Seulgi. Sana estava agachada, a olhar para dentro da banheira. Haviam mais fotos agora, mas desta vez, eram das próprias detetives.
— Isso foi de ontem, não foi? — pergunta Chou — Nós estávamos nas escadas do hospital quando...
— Quando aquela fotógrafa apareceu. — completa Minatozaki — Era ela, era a maldita assassina.
— Você chegou a ver o rosto dela quando a empurrou?
— Eu estava muito alterada, nem reparei nisso para falar a verdade.
— Mas é um começo, certo? Temos que trazer a perícia até aqui.
[...]
O apartamento virou uma espécie de cena do crime, sendo trancado para análise policial. Jeon Soyeon ficou furiosa ao saber como as detetives chegaram até ali, precisando lhes dar uma advertência por isso. Mas ela estava orgulhosa, não podia esconder. Fora tudo muito rápido e genial, estavam interditando o local onde a assassina se escondia. Ela não poderia voltar, ao menos que quisesse ser pega desta vez.
— Ainda não encontramos digitais em lugar algum. — comenta Minnie — Parece estranho já que aqui é a casa dela.
— Continue procurando. — ordena Minatozaki, tendo sua confirmação quando Nicha acenou com a cabeça.
— O que faremos agora? — Tzuyu pergunta, certamente esperando por uma resposta quanto aquelas fotografias suspeitas.
— A grande Detetive Chou me perguntando o que fazer? Uau.
— Só queria saber se estava pensando o mesmo que eu.
— Precisamos saber quem é a loira da fotografia. — diz Sana, segurando a polaroid onde uma linda jovem de cabelos loiros que andava distraída pela rua.
— E isto. — Tzuyu aponta para um estranho objeto na segunda fotografia — Alguma ideia do que possa ser?
— Não, mas sei de um lugar onde pode ter sido feito.
[...]
Dêem uma olhada no capítulo anterior, ele estava com algumas falhas, mas já arrumei.
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