36. Storm

Voltando para a atualidade:
Jieun (ex de JK) conta a Jimin sobre a história que ela ouviu de Yugyeom: ambos viram uma criança sendo sequestrada de suas casas que por acaso era Jihyun (irmão mais novo de JM). Então esse capítulos será tenso... Mas tudo se resolverá. Eu acho. Hihihihi 🤭

 
A percepção de Jimin desde tenra idade era que havia quatro tipos de pessoas na sociedade. Um, a vítima. A vítima era aquela que foi prejudicada ou ferida por um crime ou por outro evento ou ação. Elas eram as que a lei deveria proteger, como seu irmão mais novo sendo tirado de sua família. Dois, o criminoso. O criminoso era quem infligia o crime contra a vítima, muito parecido com a pessoa que havia levado seu irmão. Três, o espectador. Aos olhos de Jimin, o pior crime de todos era aquele feito pelo espectador, como Yugyeom e Jungkook, que ficaram quietos quando deveriam ter falado, mesmo que isso significasse se meter em problemas. Quatro, o promotor. Esta era a pessoa que ordenava o processo judicial contra o crime.

Jimin dedicou toda a sua vida para estar ali, ele passou na prova e recebeu as maiores honras da academia. Ele tinha boas recomendações e um fogo que estava sempre a queimar. No entanto, aqui estava ele sob a estrutura de um prédio antigo, tremendo. O que ele era agora?

As linhas de vítima, espectador e promotor continuavam se confundindo e agora ele não conseguia diferenciá-los. No final, Jungkook era tudo menos um criminoso. Onde há alguma linha para começar? Ou este era o namorado nele falando, esperando uma brecha para dar a Jungkook, seu parceiro, uma tábua de salvação para e para dar a si mesmo uma misericórdia inútil. 

Para onde foi todo o seu treinamento?

O telefone de Jimin tocou novamente e ele olhou para baixo, e o nome de Hoseok apareceu. Ele o guardou. Seu telefone estava tocando por um tempo, mas ele continuou ignorando.

Sua necessidade de pensar... de se mover... tinha sido demais para ele, então ele correu. Mas agora ele parou de correr e procurou abrigo da chuva e do frio, mas não foi suficiente.

Agora que ele havia parado, apenas um sentimento permanecia. Um que queria queimá-lo de dentro para fora... não era tristeza, era raiva. Ele estava com raiva como nunca tinha estado antes. De todas as pessoas do mundo... por que tinha que ser Jungkook?

A chuva não tinha parado, era implacável e forte, e não importava se Jimin se escondia debaixo de um guarda-chuva ou teto, seus pés estavam molhados até os joelhos. Realmente, ele todo estava molhado e frio. Seus lábios tremeram e à distância, ele viu um gato escondido debaixo de uma lixeira parecendo molhado e frio... como um reflexo olhando para ele. O gato malhado laranja estava olhando para ele. Estava julgando-o? O gato tinha pena dele? Iria repreendê-lo porque ele tinha uma casa e Jungkook para onde voltar, mas em vez disso ele estava aqui... na chuva e no frio. 

Jimin se encostou na parede de tijolos, observando o bichinho o observando, mas nenhum dos dois abriu mão da segurança de seu abrigo. Ele perdeu a noção do tempo, ouvindo a chuva caindo no asfalto e observando a água correr pelas ruas vazias. Carro ocasional passava, mas no geral as ruas estavam vazias.

Jimin a ouviu antes de vê-la. Uma garotinha com o pai, vestida com botas de chuva, capas de chuva e guarda-chuvas combinando.

— Haitai! — Ela gritou quase desesperada e no começo Jimin não sabia porque ela estava gritando por aquele tipo de nome... mas ele viu o pai e a filha continuarem chamando concordantemente a mesma coisa.

Jimin olhou para onde o gato estava... a pequena bola de pêlo molhada os observava como se tentasse decidir se aceitava ou não a ajuda deles. Então, finalmente, o gato gritou, mas Jimin não conseguiu ouvi-lo a princípio. Ele viu a boca do gato se mover algumas vezes, embora ele parecesse determinado a não se mover de seu lugar... então, finalmente, a garotinha deve tê-lo ouvido porque ela ficou de joelhos.

Jimin observou a garotinha pegar seu gato debaixo da lixeira e seu pai estava lá para ajudar. Jimin os observou ir embora, o gato embalado nos braços de seu humano. Seguro e sendo levado para casa.

Jimin os viu desaparecer na rua e ficou parado. Em uma encruzilhada com sua própria realidade e sua raiva. Sua raiva era apenas a frente do que ele realmente sentia, que era confusão e mágoa. Por que todos os erros de Jungkook eram justificáveis? Por alguma razão, mesmo em sua raiva, em relação ao mundo e como as coisas pareciam injustas e sombrias... uma citação veio a ele. Algo tão bobo que ele havia lido em uma de suas aulas no ensino médio: "Sofremos mais na imaginação do que na realidade."

No entanto, tão apropriado no momento. Aqui ele estava sofrendo, por uma traição que não era uma traição. Irritado com o senso de segredo de Jungkook que havia prejudicado tanto a ele e sua família. Se ele (JM) queria ficar com raiva... se ele queria encontrar seu irmão... se ele queria ter algum senso de normalidade em sua vida... Ele tinha que cumprir suas próprias promessas. Jimin se lembrou da noite anterior que passou com Jungkook.

Ele havia prometido ao seu parceiro que não iria correr.  

Normalmente, quando a vida parecia se fechar para ele assim, Jimin escolhia um caminho... qualquer caminho e corria. Ele correria por aquele caminho e nunca olharia ao redor. E se seu mundo desabasse ao seu redor, ele pisaria no acelerador como havia feito no dia em que subiu na caminhonete de seu pai. O dia em que ele borrou as linhas de uma vítima para um criminoso. O fatídico dia em que seu pai o espancou porque ele era gay, e ele pisou no acelerador pensando que estava indo para frente, mas ele foi para trás.

Fugir, foi o que ele fez e, em alguns aspectos, seu pai estava certo. Ele era como a mãe... um corredor. E quando Jimin corria, ele corria rápido… e ele fugiu de Seonghwa, de Yoon-woo e até certo ponto de Jungkook.   

Yoon-woo o machucou, e por causa disso Jimin pensou que poderia fugir da história que ele compartilhou com seu ex… no final, isso só o levou de volta. Direto para o funeral de Seonghwa, seu primeiro amor. Porque Jimin acreditou em todas as promessas quebradas de Seonghwa e acreditou que Yoon-woo não iria machucá-lo, intencionalmente ou não.

Todo esse tempo ele pensou em seguir em frente... mas na realidade, ele pisou no acelerador que o levou em uma trajetória de uma pista para seu passado.

Mas Jungkook disse a ele naquele dia, que se ele (JM) não estava pronto, então ele deveria ter ficado parado. Ficar parado também era uma opção. Uma opção que ele nunca teria imaginado até conhecer Jungkook. Porque seus próprios métodos confusos não funcionaram. Porque apesar de tudo, Jimin nunca chegou ao destino que queria. Então agora ele tentaria o caminho de Jungkook e pararia.

Porque ele precisava de respostas e não podia mais correr. Ele estava cansado de ser como sua mãe, uma corredora. Ele não era como Seonghwa, um mentiroso. Ele não era como Yoon-woo, infiel. Ele não era como seu pai, perdido em desespero. Ele era sua própria pessoa e era uma questão de tempo para ele agir como tal.

— Não importa. — Jimin disse e tocou o lugar onde ele tatuou a palavra Nevermind em seu corpo.

As pernas de Jimin se dobraram e ele deslizou naquela parede de tijolos, o corpo exausto, mas sua mente alta com sua epifania recém-descoberta. Ele verificou seu telefone, estava quase descarregado, mas o suficiente para verificar a hora e ver todas as ligações perdidas de Hoseok, Taehyung e até Yoongi. Então, assim como Haitai, o gato malhado laranja, Jimin ligou de volta. 

— Onde você está? — Hoseok perguntou no primeiro toque.

— Hyung? — A voz de Jimin falhou e ele tentou novamente. — Pode vir me buscar?

— Sim. — Hoseok disse. Eu estarei aí, me diga onde você está.

Então, Jimin esperou.

Ele não sabia por quanto tempo esperou ali. Aconchegado em si mesmo, seus olhos bem fechados porque ele estava tão cansado e com frio e ele nem sabia se queria chorar. Ele havia perdido todas as suas lágrimas?

A chuva abafou o som da arma de sua mente, mas não fez nada para obscurecer as imagens dos mortos em sua memória... das pessoas que ele tinha ferido involuntária e voluntariamente. E ele acordou quando um par de mãos sacudiu seu ombro. Ele não sabia que tinha cochilado. Na frente dele estavam Hoseok e Yoongi. Hoseok mais próximo a ele molhado também, mas aliviado ao vê-lo. Yoongi estava segurando um guarda-chuva, mas mesmo assim Jimin conseguia distinguir suas feições e ele também tinha um olhar cheio de preocupação.

Foi como um soco ver o quanto ele os havia preocupado. Como ele podia ser tão insensível? Primeiro Jungkook não atendeu o telefone quando Jimin precisou dele... ele estava com tanto medo de nunca mais vê-lo. E agora, ele tinha feito a mesma coisa com seus amigos. Ele sabia o que significava ver uma pessoa e depois nunca mais vê-la. Nunca saber o que aconteceu com elas... Esse era o sentimento com o qual Jimin vivia desde que Jihyun foi tirado de sua família. E de uma maneira estranha, ele transferiu esse sentimento para seus amigos. 

— Me desculpe. — O pedido de desculpas de Jimin estava em seus lábios olhando para eles, frios demais para se mover.

— Você está machucado? — Yoongi perguntou.

Jimin balançou a cabeça.

— Vamos. — Hoseok disse envolvendo sua jaqueta ao redor do corpo muito menor de Jimin. — Você está se afogando nessas roupas.

— Você pode me levar para casa? — Jimin perguntou.

— Você provavelmente precisa ser visto por um médico. — Disse Hoseok.

— Eu só quero ir para casa. — Jimin deu um gemido patético. — Por favor.

— Tudo bem, dragão. — A voz de Yoongi era suave e carinhosa e Jimin quase chorou com sua gentileza. — Nós vamos te levar para casa.

— Obrigado. — Jimin murmurou de novo e de novo porque eles não sabiam o quão bom era a ideia de ser levado de volta para seu apartamento.

Foi uma pequena luta para entrar no carro, mas Hoseok conseguiu agarrá-lo facilmente. No carro, ele se inclinou no ombro de Hoseok no banco de trás enquanto Yoongi dirigia. A cidade passou por eles, o passeio foi tranquilo, e a chuva batendo no pára-brisa foi sua companheira monótona. Para surpresa de Jimin, Taehyung estava esperando por eles no saguão.

— Vou pegar daqui. — Taehyung disse pegando Jimin que não protestou por um momento.

— Aqui, pegue a mochila dele. — Yoongi disse e Jimin se sentiu mal por ter esquecido isso.

— Obrigado. — Jimin disse... eles não sabiam o quão grato ele estava e ele estremeceu debaixo da jaqueta de Hoseok.

— Vamos Jiminie — Taehyung falou empurrando Jimin pelo elevador deixando Hoseok e Yoongi para trás no saguão.

— Eu deveria ter oferecido chá a eles. — Jimin disse esquecendo suas maneiras.

— Você não tem chá em sua casa. — Taehyung repreendeu.

— Me desculpe. — Jimin se desculpou enquanto estremecia. —Vou comprar alguns chá.

— Isso seria bom. — Taehyung disse caminhando pelo corredor e entrando no apartamento de Jimin. — Vamos tirar essas roupas.

— Sim. — Jimin assentiu enquanto Taehyung o deixava no banheiro apenas para voltar alguns minutos depois com um novo par de roupas sob as instruções de Jimin.

— Você precisa de ajuda? — Taehyung perguntou. — Para tirar algumas de suas roupas?

— Não. — Jimin recusou, sentindo-se um pouco envergonhado com isso. — Eu consigo, obrigado.

Felizmente, Taehyung não pareceu ofendido quando lhe deu um aceno sério e o deixou sozinho no banheiro. Ele começou a desabotoar os botões com dedos desajeitados, frios e rígidos. Ele fez isso funcionar. E pensar que vinte e quatro horas atrás, ele esteve aqui com Jungkook. Jungkook que o segurou e o embalou.

Jimin se despiu completamente e entrou no chuveiro. Ele abriu a torneira e a água espirrou nele... estava frio, mas não tão frio quanto a chuva lá fora... Ele nem se mexeu com isso. Ele quase gemeu quando a água ficou quente e queimou seu corpo. Ele estremeceu embaixo da água, mas se acostumou rapidamente. Ele fechou os olhos e os rostos dos mortos dançaram atrás de suas pálpebras novamente.

Ele abriu os olhos e se forçou a pensar em algo diferente. Qualquer coisa... e a memória desta manhã invadiu sua mente. A risada de Jungkook em seu ouvido o acalmou. O lindo rosto de Jungkook pela manhã, se aquecendo ao sol da manhã, com os lábios entreabertos, cabelo bagunçado e respirando suavemente. Jimin lembrou da maneira como Jungkook ria torcendo o nariz como um coelho, e como ele parecia orgulhoso toda vez que fazia Jimin rir. Ele imaginou Jungkook cozinhando em sua cozinha sem saber o quão sexy e fofo ele era, um buffet completo com granulado em cima. Aquele era Jungkook... aquele era quem Jungkook era para ele.

Quando saiu do banho, estava um pouco frio. Jimin vestiu as roupas largas que ele tanto gostava, e parecia que Taehyung tinha entrado e levado suas roupas molhadas embora.

Timidamente, Jimin saiu do banheiro, sem ousar se olhar no espelho embaçado. Ele caminhou pelo corredor e viu Taehyung em seu telefone na sala. O patologista estava curvado no sofá com o cobertor amarelo brilhante de Jimin.

— Ei. — Jimin disse. — Tae eu quero dizer que eu...

— Jiminie. — Taehyung olhou para cima guardando seu telefone. — Você é meu amigo e eu estava preocupado. Eu sei que você faria o mesmo por mim.

Jimin assentiu e olhou para baixo. Sim, ele teria feito o mesmo por Taehyung... O garoto era a pessoa mais gentil que ele conheceu, e por causa disso ele não podia deixar de morder o lábio inferior e tentar controlar suas emoções o melhor que podia.

— Como você faz isso? — Jimin finalmente perguntou porque ele precisava saber.

— Faz o que?

— Olha para cadáveres o dia todo e ainda é você?

— É difícil. — Taehyung respondeu com uma voz suave mas séria. — Mas eu tenho amigos e tenho Tannie. Tannie ajuda muito.

Jimin olhou para ele, estudando seu rosto, tentando encontrar uma mentira, não que Jimin fosse muito bom em detectar mentiras de pessoas em quem confiava, ou zombaria. No entanto, ele não achou desonestidade em Taehyung... ele nunca achou. Taehyung sempre foi tão sincero com ele a ponto de envergonhá-lo às vezes. 

— Yoongi me contou o que você viu hoje. — Taehyung explicou gentilmente. — Eu nunca vi ninguém morrer antes. Eu lido com os mortos e posso garantir que não é assustador. É difícil, mas não assustador.

Jimin caminhou até ele, mas não se sentou, e em vez disso olhou para seu rosto honesto. Como ele seria capaz de explicar o olhar no rosto de Hongsik antes de puxar o gatilho? No homem que ele atirou no veículo em movimento e o motorista que Jungkook atirou com precisão mortal? Com as palavras moribundas de Danwo?!

— Faço isso porque ajuda as pessoas e gosto de ajudar os outros. É assim que olho para cadáveres o dia todo e ainda sou eu.

Claro, seus rostos ainda dançam ao redor dele, Jimin sabia que eles ficariam para sempre gravados em sua mente... Taehyung estava certo. Ele precisava se concentrar em seus amigos e seu animal de estimação adotado, não oficial, Tannie. Jimin fechou os olhos e se obrigou a focar nos olhos de Jungkook e no cheiro de sua colônia. 

— O que eu fiz para merecer você? — Jimin abriu os olhos e se concentrou no rosto honesto de seu amigo em busca de respostas porque na verdade ele não entendia.

— Porque quando eu te conheci eu sabia que você era especial. — Taehyung disse estendendo a mão e Jimin a pegou, e o patologista o puxou para o sofá. — Eu sabia que você era alguém que iria longe e tinha um grande coração e muita sabedoria. Você realmente não sabe o quão bonita você é e eu não quero dizer isso de uma maneira estranha.

— Pare de ser tão brega. — Jimin se aconchegou nele de alguma forma se encaixando no sofá, deitando e compartilhando um cobertor.

— Nunca. — Taehyung riu. — Eu acho que alguém como você está constantemente tentando alcançar o céu, mas o que você não descobriu é que você é o dono do céu.

— Eu nem sei o que isso significa. — Jimin murmurou quando o sono finalmente começou a dominá-lo.

— Está tudo bem. — Taehyung sussurrou. — Eu vou dizer para você.

Jimin queria discutir, mas adormeceu antes que pudesse. Então era isso que significava ficar parado? Esperar que outros venham ajudá-lo... permitir que outros estejam lá para ele... Jimin poderia se acostumar com isso.

Foi uma presença que o acordou pela manhã. Não era iminente ou uma má presença, mas era intensa e essa intensidade só podia pertencer a uma pessoa. Jimin abriu os olhos e torceu a cabeça para longe do peito de Taehyung enquanto eles de alguma forma compartilhavam este pequeno espaço apertado com membros emaranhados e o cobertor.

Jimin olhou e viu os olhos cor de café de Jungkook, havia a mesma galáxia em que Jimin poderia se perder. O homem estava sentado na mesa de café, pernas separadas e cotovelos nos joelhos, mãos penduradas preguiçosamente, e Jimin viu que ele ainda estava usando a pulseira do hospital. Ele tinha sua língua pressionada firmemente contra sua bochecha enquanto olhava com uma expressão estóica para os dois.

— Tae. — Jimin sacudiu Taehyung olhando para longe da intensidade de Jungkook e ganhando tempo para colocar suas emoções em ordem.

Taehyung se inclinou para ele, ainda agarrado ao sono e o coração de Jimin amoleceu. Ele o sacudiu novamente e os olhos de Taehyung despertaram, primeiro confusos e depois preocupados.

— Você está bem? — Taehyung perguntou: — Eu apertei você?

— Jungkook está aqui. — Jimin disse em vez disso e inclinou a cabeça para o homem ainda sentado na mesa de café os observando. 

— Kookie? — Taehyung perguntou com um guincho e rapidamente saiu de cima de Jimin como se ele tivesse se queimado. — Não é o que você pensa.

— E o que eu estou pensando? — Jungkook perguntou com um tom baixo que enviou arrepios de culpa na espinha de Jimin.

Uma onda de raiva o encheu. Como Jungkook se atreve a insinuar algo tão doloroso. Quão pouco Jungkook confiava nele?

— Que horas são? — Jimin perguntou em vez disso, suas entranhas fervendo, mas ele se obrigou a procurar o telefone de Taehyung. O smartphone estava quase ao lado dele, ainda quente de onde Taehyung tinha dormido sobre ele. — Porra, são seis!

Jimin se soltou do cobertor não encontrando os olhos de Jungkook.

— É bom ver que você saiu do hospital. — Taehyung disse e Jimin sabia que ele estava falando com Jungkook. — Eu vou indo. — Taehyung disse se levantando também quando ele não recebeu uma resposta. — Eu vou levar isso. — Ele disse pegando o telefone de volta. — Me ligue se você precisar de algo.

— Eu vou. — Jimin afirmou e antes que Taehyung pudesse fazer qualquer coisa ele o abraçou com força.

Taehyung ficou tenso com o contato próximo, mas Jimin não se importava em mostrar esse tipo de afeto para Taehyung, Hoseok e Jin. Eles foram tão bons para ele quando ele deixou Jungkook. Eles o ajudaram a se curar e o esperaram pacientemente. Jungkook estava errado por ter tratado Taehyung com tanto desdém... Taehyung não era Yugyeom e Jimin com certeza era Jieun. O corpo de Taehyung relaxou como se sentisse a agitação de Jimin e o abraçou de volta com a mesma força.
(Sem hipocrisia Jimin, tu também pensou que Jungkook poderia agir como Yoon-woo)

— Ligue se precisar de mim. — Ele sussurrou em seu ouvido.

— Você também. — Jimin sussurrou de volta e relutantemente o soltou.

A verdade era que ele não queria ficar sozinho com Jungkook, mas isso era seu velho hábito. Chega de correr.

— Até mais tarde Kook! — Taehyung acenou, e houve um período de silêncio constrangedor enquanto Taehyung manobrava ao redor do apartamento procurando por seus sapatos, colocando-os e acenando para eles novamente. A porta se fechou com um baque suave que de alguma forma soou muito mais alto. No entanto, deixou Jungkook e Jimin dentro.

— Você tem o dia de folga. — Jungkook disse antes que Jimin pudesse inventar uma desculpa para correr. — Eu também.

Jimin olhou para ele e foi para o banheiro. Ele ainda estava com raiva de Jungkook por causa de Taehyung. Ele trancou a porta e se encostou no balcão, se preparando, controlando seu temperamento e a raiva, mágoa e confusão. Não mais correr era bastante difícil. Ele rapidamente se limpou e voltou para fora vendo que seu namorado não tinha se movido da mesa e estava vigiando a porta do banheiro o tempo todo. Jimin ignorou a intensidade de seus olhos o melhor que pôde.

— Você foi liberado do hospital tão cedo? — Jimin perguntou afundando de volta no sofá segurando o cobertor sobre ele.

Jungkook ainda tinha bandagens em volta dele, e Jimin tinha a sensação de que o outro havia saído cedo. De qualquer forma, era bom ter seu cobertor amarelo em volta dos ombros, parecia um escudo para o que estava por vir.

— Você já comeu? — Jungkook perguntou e Jimin percebeu que ele estava se contendo para não dizer o que realmente queria dizer.

— Por que eu tenho o dia de folga? — Ele respondeu com uma pergunta.

— Você dormiu bem? — Jungkook perguntou novamente.

— Você não deveria estar descansando? — Jimin perguntou, novamente sem responder

Jungkook estalou e desviou o olhar, sua mão em punho batendo em seu próprio joelho em frustração. Jimin o observava com leve curiosidade, ele nunca tinha visto Jungkook bravo antes... não mesmo.

— Você pode apenas falar comigo? — Jungkook disse depois de uma pausa grávida... a tensão aumentou, mas Jimin se recusou a dizer qualquer coisa.

Como Jungkook ousa dizer isso? Era incrível que ele tivesse coragem de dizer isso. Realmente, era Jungkook com todos os segredos e não o contrário. Jimin foi transparente desde o início. Não era culpa dele que os outros tentassem colocar uma tela em branco nele ou compará-lo com os outros quando deveriam estar olhando para ele.

— O que você quer que eu diga? — Jimin respirou fundo e finalmente se obrigou a falar. Suas palavras foram tensas e os olhos intensos de Jungkook se voltaram para ele.

— Eu não sei Jimin. — As palavras de Jungkook foram igualmente tensas. — Que tal me explicar por que você correu para os braços de outro homem quando você deveria ter indo até mim?

— É com isso que você está preocupado? — Jimin soltou uma zombaria virando o rosto, ele podia sentir a raiva em suas bochechas, queimando-as.

— Nós fizemos amor naquele sofá. — Jungkook declarou e Jimin definitivamente podia ouvir o domínio e autoridade em seu comportamento... tudo isso mascarando suas inseguranças.

— Eu não sou Jieun.

— Eu não estou dizendo que você é.

— Você tem certeza sobre isso? — Jimin se virou para ele, realmente perguntando porque Jungkook trouxe isso à tona, então agora eles iriam falar sobre isso. — Tem certeza que o bebê não é seu?

— Jimin, já falamos sobre isso antes. — Agora foi a vez de Jungkook zombar e virar o rosto.

— Mas você tem certeza?

— Claro que tenho! — Jungkook disparou.

Jimin olhou para ele e apertou a mandíbula.

— Por que você saiu do hospital? — Jimin perguntou. — Você ainda está todo enfaixado.

— Eu acordei e quando perguntei sobre você, — Jungkook disse depois de outra longa pausa, — minha mãe disse que você saiu do hospital e que Hoseok saiu procurando por você. Que não voltaram mais. Eu estava preocupado, então eu me examinei. Yoongi disse que você estava aqui e quando eu entrei eu vi vocês dois...

— Dormindo? — Jimin perguntou com todo o absurdo que a voz poderia reunir. — Porra? O que você viu exatamente?

— Não fale assim... — Jungkook franziu a testa para ele e todas as suas belas feições escureceram.

— De que outra forma eu deveria dizer isso? — Jimin desafiou. — É isso que você está insinuando, não é?

— Eu vi meu namorado se confortando nos braços de outro homem. — Jungkook disse e Jimin pôde ouvir que ele estava tentando controlar seu próprio temperamento.

Jimin começou a assentir a cada palavra que passava, começou como uma pedra macia que rapidamente se transformou em uma combinação de balançar e balançar a cabeça. O temperamento autocontrolado de Jungkook só parecia deixar o temperamento de Jimin mais aguçado.

— Olhe para mim, — Jimin disse na voz mais controlada que podia no momento, embora tudo o que ele queria fazer era jogar as mãos para cima e arranhar o rosto e os olhos de Jungkook... para causar-lhe a mesma dor que ele sentia no momento. — Eu também fui traído, lembra disso?

— Você e Yoon-woo são...

— Nós somos o quê? — Jimin perguntou: — Pelo menos meu ex não está carregando um filho que pode ou não ser meu.

— É o filho de Yugyeom!

— É você que diz! — Jimin rosnou e seu corpo tremeu de raiva.

— Eu pensei que você tinha dito que isso não te incomodava. — Jungkook disse com autocontrole, mas Jimin ainda podia ouvir a raiva em sua voz.

— Eu pensei que não. — Jimin concordou. — Até que eu a vi toda grávida.

— Como isso muda alguma coisa?

— E se os papéis fossem invertidos? — Jimin perguntou tentando fazer o outro ver o seu lado das coisas, entendê-lo, isso era tudo que ele precisava, compreensão e segurança. — Você não questionaria isso nem por um momento.

— Eu não iria. — Jungkook disse. — Eu teria acreditado em você.

— Oh. — Jimin soltou uma risada sem humor. — Como você acredita em mim quando eu digo que eu não trairia você.

A boca de Jungkook caiu. Jimin o observou sem prazer em como a boca de Jungkook se abria e fechava em busca de uma resposta... uma desculpa ou talvez uma justificativa. Então sua boca finalmente se fechou e seus lábios formaram uma linha fina. Seus olhos nublaram com as emoções que Jimin não teve energia para identificar até que finalmente, Jungkook viu a realização do que ele estava dizendo.

Quando Jimin viu o pedido de desculpas nos cantos dos olhos de Jungkook e sua boca pronta para lhe falar, ele desviou o olhar. Ele não queria ouvir. Se Jungkook fosse se desculpar, Jimin preferiria ouvir o pedido de desculpas que deveria ter recebido dezessete anos atrás... no sequestro de seu irmão... e por que ele não denunciou.

Ele entendia que Jungkook era jovem e estava sob pressão e dor com a perda de sua casa e de seu pai. Ele entendia tudo isso, ele não era um simplório ou indiferente. Mas ele ainda queria ouvir por que Jungkook nunca fez uma declaração oficial quando se tornou promotor… ou por que ele não reabriu o caso de Jihyun. Ou falou com alguém sobre isso... esse era o pedido de desculpas que Jimin precisava de seu namorado.

— Jimin eu...

— Eles não lhe contaram por que eu saí? — Jimin perguntou bruscamente, interrompendo-o imediatamente porque neste momento ele só precisava ouvir o lado de Jungkook da história ou então ele nunca seria capaz de superar isso.

— Não. — Jungkook disse. — Jieun tentou me parar, mas eu não a escutei. Eu só queria te encontrar.

Jimin apertou a mandíbula novamente e assentiu. Seu corpo tinha parado de tremer... se alguma coisa ele estava tão rígido quanto uma rocha. Jungkook nem tinha parado para Jieun... ele tinha mantido seu lado da promessa também... ter Jimin como sua prioridade.

Mais uma vez, Jimin queria saber por que o destino era tão cruel. Por que o destino estava provocando ele com Jungkook?

— Jungkook. — Jimin suspirou sentindo-se cansado e fechou os olhos.

Ele podia sentir os olhos de Jungkook sobre ele, ele ouviu suas roupas esvoaçando e então ele sentiu o outro sentar ao lado dele.

— Sinto muito que minhas inseguranças tenham me vencido. — Jungkook falou e fechou os olhos com força tentando controlar suas lágrimas, mas elas caíram por suas bochechas mesmo assim. — Por favor, me diga o que aconteceu.

— Eu não quero te dizer. — Jimin soltou um soluço. Era o soluço que ele estava segurando desde o momento em que ouviu a história, e ele rasgou de seu coração e arranhou seu caminho até a garganta e pelos lábios. Jungkook o abraçou no mesmo segundo e os soluços de Jimin ficaram mais altos porque ele não queria perdê-lo. Ele não queria perder Jungkook. No entanto, seus braços se agarraram ao corpo de Jungkook como uma tábua de salvação.

Se ele falasse as palavras em voz alta... exigiria que Jungkook lhe contasse sobre Jihyun, então ele sabia que isso quebraria o vínculo deles. Sua própria autoconsciência não perdoaria Jungkook. Ele não queria causar dor a Jungkook fazendo-o se sentir culpado... e as linhas borradas basicamente desapareceram... e a ordem mundial das coisas de Jimin estava desmoronando.

— Não chore. — Jungkook disse palavras doces em seu ouvido e o embalou em seus braços. 

Jimin chorou mais.

Ele começou a entrar em pânico quando Jungkook o soltou, mas o homem estava apenas o movendo para melhor segurá-lo, e Jimin se sentiu tão seguro em seus braços. Ele estava com medo... muito assustado. Mas ele prometeu ao namorado que não iria correr.

Se eles terminassem, não seria porque Jimin tinha fugido. Porque Jimin não mentiu, trapaceou ou chafurdou em sua própria miséria. Ele deu grandes respirações profundas... uma de cada vez. Como costumava fazer antes, quando as coisas ficavam demais.

E ele se concentrou no cheiro de Jungkook, absorvendo tudo... o homem não cheirava a colônia, mas cheirava bem. Seu próprio almíscar natural e era doce e Jimin se concentrou nele. Em seus braços ao redor dele. E o mundo estava menos sombrio porque Jungkook estava lá com ele.

— Hey-hey. —  Jungkook ainda o balançava e o embalava. Perfeito, sempre perfeito. — Estou aqui.

— Por favor, não vá. — Jimin conseguiu dizer, finalmente, sentindo-se muito melhor depois do ataque de choro.

Sua cabeça doía e seu corpo parecia que tinha malhado. Ele sentiu como se estivesse esmagado e ele estava tão, tão drenado de energia, e ele estava feliz por Jungkook estar segurando ele... porque ele teria desmoronado.

— Eu não vou. — Jungkook assegurou. — Eu prometo que não vou.

— Não me prometa nada. — Jimin disse. — Por favor, não.

— Eu prometo que não vou te prometer nada. — Jungkook disse com uma pequena risada e Jimin ecoou porque ele era muito teimoso.

— Me desculpe por ter surtado assim. — Jimin disse relaxando nele, seu rosto no bíceps de seu namorado e feliz que o outro não tinha soltado a pressão de seus braços ao redor dele.

— Fale comigo. — Jungkook implorou. — Por favor, me diga o que aconteceu. Está me deixando louco.

Jimin respirou fundo, fechando os olhos, sentindo seu corpo cansado tentando fazê-lo adormecer. Mas ele precisava comer... ele sabia que parte de sua ruptura emocional tinha sido por causa da falta de comida.

— Você pode me fazer algo para comer? — Jimin perguntou.

— Qualquer coisa que você quiser, Pêssego. — Jungkook beijou sua cabeça repetidamente.

— Mas depois, — Jimin disse. — eu quero ficar assim por mais um pouco.

Jungkook o soltou e a mente de Jimin começou a entrar em pânico, mas esse sentimento foi rapidamente deixado de lado quando Jungkook o carregou no estilo de noiva. Ele o levou para sua cama e subiu bem ao lado dele debaixo do edredom... seu cobertor amarelo foi deixado para trás no sofá e Jimin estava meio preocupado em dizer ao outro para ir buscá-lo.

Jimin observou o rosto de Jungkook, de alguma forma mais bonito do que o que sua mente havia compilado. Podia encará-lo e tentar memorizar sua beleza, mas sabia que falharia a cada vez. Ele sabia que tinha que lhe dizer alguma coisa. Ele tinha que ser forte. Ele tinha que acreditar que poderia sobreviver a isso com Jungkook... ele não podia culpá-lo por algo que aconteceu muitos anos atrás. O que ele podia fazer era pedir ajuda... pedir a Jungkook para ajudá-lo a encontrar seu irmão.

— Jieun me contou uma história sobre Yugyeom e você. — Jimin começou...
  
  
 
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Então, o que vocês acharam desse capítulo???  Tenso. Doloroso.

Eu sofri para traduzir este capítulo porque a mentalidade e as emoções de JM eram intensas e dolorosas... Espero que vocês tenham gostado e possam ver o quão complexo e grande o coração de Jimin é.

Obrigado por ler e comentar...

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