24: Grande dia

Laura

Minha sogra me puxou para o camarim, onde Amanda estava nos esperando sentada, segurando um buquê de rosas com orquídeas. Dei um abraço apertado nela, evitando esmagar as flores do buquê. Ela se afastou de mim e me colocou sentada na poltrona onde estava sentada.

‐ Também estou feliz em te ver, mas temos que te arrumar.

‐ Escute a sua amiga, tire esse vestido e coloque o roupão. Não quero que ela atrapalhe a obra de arte que vou fazer no seu rosto – Disse Ellena.

‐ Espero não ter engordado, esse vestido é feito sob medida. 

Amanda apontou para a arara com três capas e algumas caixas. Foi aí que a minha ficha caiu, eu estava prestes a me casar e tudo iria mudar. Vamos começar a morar em Madrid no começo do ano, onde vamos ter que nos casar novamente para que a cidadania espanhola de Henri, venha para mim.

Ellena começou a finalizar o meu cabelo, enquanto Amanda procurava alguma coisa dentro das caixas. Fiquei olhando com curiosidade para minha amiga, até ela tirar um broche de dentro de uma caixa e entregar para minha sogra.

‐ Seu objeto emprestado. 

Os olhos da minha amiga estão marejados. Eu conhecia o broche que Ellena estava colocando no meu cabelo. Era um símbolo do mais puro e curto amor que minha amiga viveu. Seu namoro foi intenso, os dois tiveram os momentos mais românticos que eu já vi. O casamento deles seria basicamente neste mês, mas infelizmente o Aran morreu em uma das suas viagem com o time de futebol americano.

‐ Isso significa muito para mim, obrigada Amanda.

‐ Por nada, mas não esqueça de me devolver.

‐ Eu nunca esqueceria.

‐ Pronto, penteado ideal para um vestido maravilhoso – Ellena se afastou, admirando sua obra de arte no meu cabelo.

‐ Isso ficou perfeito – minha amiga dá pulinhos de alegria.

‐ Posso ver como ficou?

‐ Não – gritaram em uníssono, quando comecei a virar a poltrona.

‐ Tá bom, tá bom, não precisa agressivar! – ergui as minhas mãos em sinal de redenção.

Amanda colocou um pano em frente ao espelho. Minha mãe entrou pela porta, me entregando uma caixa de veludo. Abri a caixa e peguei o papel que estava dobrado, que dizia apenas O OBJETO NOVO. Retirei cuidadosamente o colar de diamantes vermelhos com um pingente de diamante estrela rosa. Nesse colar tem os diamantes mais raros e mais caros do mundo, andar com isso no pescoço é como se pedisse para ser assaltada.

‐ Amiga se não quiser se casar, eu me caso com o Henri – seus dedos passeiam pelas pedras.

Guardei o colar novamente na caixa. Amanda me entregou uma caixa de papelão e me empurrou para o banheiro. Retirei a tampa e olhei para o conjunto de renda branca. Revirei os olhos e vesti a lingerie, em seguida a cinta liga.

‐ Meu Deus, você está muito gostosa! – disse Amanda me dando um abraço apertado, quando saí do banheiro.

‐ Coloque o seu vestido, estamos todas ansiosas – disse a minha mãe.

Minha amiga me entregou uma das capas e eu abri. Retirei o vestido off white com detalhes em Tiffany. Minha mãe me ajudou a vestir. Senti o vestido abraçando todas as minhas curvas e modelando a minha cintura. Amanda abriu outra capa e retirou uma saia rodada, bordada em renda francesa e com muito brilho.

‐ Você vai ficar parecendo uma princesa, novamente – Ellena seguiu em direção a porta – Agora vou levar meu filho para o altar.

Acabei de me arrumar, colocando a saia e os saltos brancos. Me sentei novamente na poltrona e minha mãe fez a minha maquiagem e finalmente minha amiga me deixou olhar no espelho. Eu estava linda e realmente parecia uma princesa.

‐ Olha se não é o amor da minha vida, que terei que entregar para outro homem – Arthur apareceu na porta, quando minha mãe e Amanda saíram do camarim.

‐ O que está fazendo aqui? – dei um abraço apertado no seu corpo musculoso.

‐ Vim te levar até o altar para eu tornar a senhora Alstyn – falou como se fosse óbvio.

‐ Não foi dessa vez que me tornei uma Torres.

‐ Não me lembre dessa tristeza, já estou me torturando te levando no altar – disse brincando – Agora vamos, tenho que te entregar para aquele engomadinho de olhos verdes.

‐ Não fala assim dele.

‐ Para deixar você mais feliz, o Gustavo foi preso, mas não sei a sentença do juiz. Todas as armas que estavam no porão foram apreendidas – ele deu um beijo na minha testa – Você pode ir para a sua lua de mel, sem medo.

‐ Muito obrigada, Arthur!

‐ Agora vamos?

Ele dobrou o braço e eu uni nossos braços. Ele abriu a porta e seguimos pelo caminho de pequenas pedras, que o meu véu as puxavam. Paramos em frente a porta dupla e eu conseguia escutar as pessoas cochichando. O crepúsculo já tinha cobrindo todo o céu de São Paulo. Inspirei fundo, fazendo os meus seios empurrarem o tecido de renda francesa.

‐ Pronta para a sua nova vida? – seu sorriso é contagiante. 

‐ Sim.

O violinista é o pianista, começaram a tocar Perfect e as portas se separaram lentamente, me dando visão panorâmica de todos os convidados e do meu noivo. Quando todos se levantaram, meu coração disparou ao ver meu pai em meio aos convidados. Senti os meus lábios se repuxarem em um enorme sorriso, que refletiu no meu pai. Henri está com seu sorriso convencido que tanto amo. Seus olhos verdes estão mais intensos e seus músculos estão marcados no terno azul Tiffany.

‐ O engomadinho está até que elegante – Arthur sussurrou no meu ouvido.

Respirei fundo e demos o primeiro passo dois holofotes brancos se acenderam. A cada dois passos, dois holofotes se acendiam, um de cada lado. O sorriso de Henri se expandiu quando os dois últimos holofotes se acenderam  e ele veio ao meu encontro.

‐ Cuide bem dessa mulher – Arthur me dá um beijo na minha testa e me entrega para Henri.

‐ Vou fazer isso.

Henri apertou a mão do Arthur e deu um beijo na bochecha. Subimos na nave e todos os convidados se sentaram. O cerimonialista começou seu discurso e chamou Amanda para subir e falar algumas palavras.

‐ Boa noite, a todos! – todos os convidados responderam – Eu não conheço muito o Henri como queria, mas eu conheço a minha amiga e só eu sei o que é escutar essa menina falando e suspirando por esse homem que morava a 7681 km – todos riram – Eu vivi um amor intenso, então sei que o que esses dois estão vivendo agora é sei que será para sempre – ela limpou as lágrimas que ameaçavam escorrer – Estou feliz por você amiga, e por você também Henri.

Soltei a mão do meu noivo e abracei Amanda, com força. Ela deu um abraço também no Henri, ameaçando ele. Dei uma risada e o cerimonialista voltou para e a música I Surrender na versão em piano e as minhas primas entraram segurando uma almofada em formato de tulipa. Henri se abaixou e deu um sorriso para Yasmin, que estendeu a almofada com a aliança apoiada. Ele pegou o anel de ouro rosa 18k com diamantes lapidados brilhantes.

‐ Laura meu amor, minha vida. Você foi uma das poucas pessoas que estiveram comigo nos meus movimentos mais difíceis. Eu queria que você tivesse corpo e alma ao meu lado, mas infelizmente tinha uma distância muito grande entre nós, mas mesmo assim , você conseguiu me mudar para melhor e fazer com que eu enxergasse o amor de outra visão. Quando o Léo – seu amigo, deu um grito em meio aos convidados –  me disse que você estava nos Estados Unidos, fiquei torcendo para que você fosse até o meu restaurante e você foi. Eu sabia que te amava, mas passar alguns dias com você não foi o suficiente para mim, mas me fez enxergar o tanto que eu te amo e quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Laura, quero seu marido, sua amante, seu ficante, seu namorado, seu melhor amigo. Eu prometo te apoiar, cuidar e proteger – ele se ajoelhou – Laura Souza, futura esposa, quer ser a senhora Alstyn?

‐ Sim, sim.

Ele segurou a minha mão esquerda e deslizou a aliança no meu dedo anelar, depositando um beijo em cima. Ele se levantou e deu um beijo na minha testa.

‐ Eu te amo! Senhora Alstyn.

Me abaixei perto da Rosie e dei um beijo na bochecha. Peguei a aliança de ouro rosa 18k. Os elos arrojados e alternados, apresentam a letra T traçada em impressionantes pavé de diamantes lapidados brilhantes. Meu sorriso cresceu quando vi que eram alianças da Tiffany & Co.

‐ Henrique, Henri, meu raio de sol. Eu estava passando por um momento muito difícil quando nos conhecemos através daquele aplicativo de amigos. Cada dia que eu conversava com você meu coração disparava e quando por algum motivo não conversamos, eram os piores dias da minha vida. Ficar sem nenhuma notícia sua por mais de um ano, foi como se faltasse uma coisa na minha vida e dando te encontrei nos Estados Unidos, foi como se tudo tivesse sido completado. O sexo – suas bochechas ficaram coradas – se tornou uma coisa mais do que trocas de fluindo e atração física, foi uma coisa além, foi uma troca de amor e promessas para o futuro – segurei a sua mão esquerda e coloquei a aliança na ponta do seu dedo anelar – Eu prometo confiar em você, prometo estar ao seus lado em todos os momento, prometo te seguir e apoiar nas suas escolhas. Henri, meu amor, luz no meu caminho, você aceita se casar comigo?

‐ Hoje é sempre, minha pimentinha.

Deslizei a aliança no seu dedo e dei um beijo em cima. 

‐ Com as trocas de aliança, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar o noivo.

Juntei nossos lábios, em um beijo intenso e apaixonado. Os holofotes fazem movimentos circulares, fazendo as luzes coloridas cortarem o crepúsculo. Henri encostou a testa na minha.

‐ Te amo, senhor Alstyn.

—————☆☆—————

Henri me guia pela pista de dança, enquanto Someone You Loved tocava nas caixas de som. Leo arrumava seu equipamento, preparando para colocar todo mundo para dançar. O coração de Henri batia tranquilamente em seu peito.

‐ Nunca pensei que casar, me deixaria tão tranquilo – ele me aproximou, com um puxão.

‐ Eu estaria preocupada se você estivesse nervoso.

‐ Só fiquei nervoso perto de você duas vezes. Quando te encontrei pessoalmente e quando tô te pedi em casamento. 

A música se encerrou e todos bateram palma. Henri me guia em meio aos nossos convidados, cumprimentando todos. Saímos do salão de festa e seguimos pelo jardim até um quiosque iluminado. Consegui ver a figura de um homem, mas não consegui identificar.

‐ Quem é ele, Henri? – apontei para a silhueta do homem, quando paramos de andar.

‐ Seu pai. Ele queria conversar com você – ele uniu nossos lábios para me impedir de protestar, mas eu não tinha nada para protestar – Acredito que seria bom você conversar com ele.

‐ Obrigado!

Dei  um selinho rápido em seus lábios, que abriu um sorriso largo. Henri voltou para a festa e eu segui para o quiosque. Fazia muitos anos que o meu saiu de casa e a partir daí nossa relação se tornou inexistente, as poucas interações eram para me dar presente de Natal e de aniversário.

‐ Fique feliz com sua presença na cerimônia.

Ele se virou e aquele brilho que o seu olhar carregava, era o mesmo de quando tinha oito anos. Lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas e meu pai me puxou para um abraço apertado e cheio de carinho.

‐ Sinto muito por não estar com você por todos esses anos. Eu sei que errei quando tentei ocupar o meu lugar com dinheiro – senti seu corpo tremer – Perdi as datas importantes para você, sinto muito, filha.

‐ Não vou dizer que não te odiei, porque eu te odeie com todas as minhas forças. Queria que você estivesse nos meus aniversário ou que me levasse para passar fim de semana com o senhor, em qualquer lugar – meu sorriso cresceu ao me lembrar do meu marido – Mas o amor da minha vida, me fez perceber que guardar rancor das pessoas só me prejudica – me afastei do meu pai e encarei os seus olhos marejados.

‐ O Henrique parece ser uma pessoa muito boa e que faz você feliz.

Ele encarava algo atrás de mim e quando a brisa soprou, consegui sentir o cheiro de carvalho e couro. Abri um sorriso largo e me virei, chamando o meu noivo. Eu queria apresentar eles do modo certo, mesmo sabendo que o meu pai havia conversado com ela, já que abotoaduras que Henri usou foi a mesma que o meu bisavô, meu avô e o meu pai usaram no casamento. 

‐ Você devia aprender a ficar longe de mim – dei um beijo suave nos lábios de Henri.

‐ Já fiquei muito tempo longe de você, mas também não quis atrapalhar a conversa de vocês – ele passou a braço em torno da minha cintura.

— Pai, esse é o meu noivo, Henri. Meu amor, esse é o meu pai, Roger.

‐ Tive a honra de conhecer ele antes da cerimônia.

Ele trocaram um aperto de mão e voltamos para o salão. Meu pai se sentou em uma mesa com a minha avó. A dona Jasmim adorou apertar as bochechas de Henri, que a levou para o meio da pista. Minha avó parecia uma repórter fazendo uma entrevista com Henri.

‐ Vou perder o meu marido e ganhar um avô – soltei um suspiro dramático.

‐ Não duvido nada – olho indignada para a minha prima – Não me olhe assim, olha lá a vovó aproveitando.

‐ Meu Deus! – exclamou minha tia rindo.

Olhei para a pista de dança, vendo minha vó se agarrando em Henri. Meu marido me olhou implorando por socorro e eu comecei a rir sem parar, vendo suas carretas.

‐ Vai salvar seu homem, mulher – minha tia me empurrou da cadeira e eu fui até o meu marido.

‐ Vovó, eu vou precisar do meu marido para a gente tirar algumas fotos.

Dona Jasmim me olhou incrédula e se afastou, mas antes apertou a bunda do Henri. Carla e Mike param ao meu lado e nos três olhos para a expressão surpresa que meu marido carregava em seu rosto. Leona e Amanda vieram até nós, segurando as mãos de Cal, que está feliz com o pinto no lixo.

‐ É impressão minha, ou a sua avó apertou a bunda do Henri? – perguntou Leona.

‐ Meu amor, temos que tirar umas fotos, antes do jantar.

Henri me puxou para longe dos nossos amigos e seu rosto estava vermelho. Paramos em frente ao bolo de sete andares, todo decorado com flores de açúcar, arabescos em açúcar e no topo tem uma miniatura minha e de Henri. Me posicionei em frente a Henri e ele colocou a cabeça na volta do meu pescoço. Os fotógrafos começaram a tirar fotos de nós.

‐ Eu não acredito que fui apalpado pela avó da minha esposa.

Ficamos um de frente para o outro e os flash começaram. Henri não aguentou sustentar mais o meu olhar e juntou nossos lábios, sua língua invadiu minha boca, me fazendo gemer. Os flash não paravam nem por um segundo.

‐ Estou com um enorme apetite – mordi o lábio inferior de Henri e ele encostou a testa na minha.

‐ Vamos comer, pimentinha.

Ele segurou a minha mão e me guiou em meio a multidão. Henri entregou um prato e fomos para o buffet. Eu já conhecia o restaurante que Henri contratou para fazer a comida do jantar e eu sabia que a comida era maravilhosa.

Eu escolhi comer pato ao molho de laranja com batata assada e Henri preferiu comer fatti de cordeiro com coalhada. Nos sentamos em uma mesa exclusiva para nós dois e começamos a degustar as especiarias nos nossos pratos. Leo deixou a música Lucky, enquanto servia a sua comida. Todos estavam conversando e comendo.

‐  É tudo do agrado, casal? – o chef de cozinha do Plaza.

‐ Está tudo maravilhoso, Christian! ‐ disse Henri, levando um pedaço de batata na boca.

‐ Nunca comi um pato tão gostoso! 

‐ Que bom que está gostando. Tenha um bom apetite.

Ele se retirou. Voltamos a comer em silêncio e a mão de Henri permanecia em volta da minha cintura, me mantendo perto dele.

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