[ b ó n u s . b ó n u s ]

A vida pode ser comparada, numa perspectiva simplória, a uma bela e jovem flor. Claro que esta flor não é especial e passa por tudo o que todas as outras flores passam. Em algum ponto da vida pequena delas (demasiado pequena) perdem-se as pétalas, que antes disso já pareciam velhinhas e amadurecidas (como uma fruta que vai de madura a podre), e depois morrem, já não são o encanto de ninguém. Se as pousarmos num cantinho, deitadas, as pétalas não caem, mas isso não pode acontecer com uma vida, ou pode? Se encostarmos um coração ao canto é até possível que ele morra mais cedo (ou se torne podre). 

A vida é mesmo como uma flor. Pum, uma pétala, lá se foi o pré escolar, já não somos bebés, já sabemos falar, andar e resmungar. Dois, outra pétala, nada mais de infância, já não somos meninos dos papás. Três, chega de adolescência, chega de lutas de armário e birras típicas. Quatro, hora de trabalhar. Cinco, hora de encontrar alguém. Seis, casar. Sete, rotina. Oito, envelhecer. Nove, morrer. 

Jeon Jungkook e Park Jimin estavam numa longa fase de um número muito bonito. Sete

Tinham passado por muito juntos e por volta dos três já estavam ao lado um do outro, como um tipo de destino inimaginável que era só deles e ninguém nunca entenderia.  

Naquele dia em especial, Jeon Jungkook acabara de alcançar uma nova conquista. Fechou a porta do quarto do filho com pressa, mas em pleno silêncio, porque demorara longos minutos a conseguir com que ele dormisse, para depois descer as escadas quase a correr, a câmara fotográfica na mão (como quase sempre), até se sentar ao lado do marido no sofá da sala. 

Park Jimin estava encolhido no canto, as pernas contra o peito. Tinha acabado de adormecer a menina e ainda era cedo, mal passava das dez da noite. Na televisão passava uma série sobre investigação criminal qualquer e mal viu o seu amor descer pelas escadas, totalmente animado, sorriu grandinho. 

''Olhe o que eu consegui!'' Exclamou o moreno, sentando-se de forma desajeitada e já mexendo na câmara para buscar o que queria. 

Os olhos de Jimin quase derramaram lágrimas quando Jungkook lhe mostrou, naquele ecrã pequenino, uma fotografia do maior com um dos seus filhos, Chul. 

''Ele deixou?'' Completamente pasmo, Jimin perguntou, desviando o olhar para as orbes escurecidas do outro. 

Jungkook acenou, sem descolar o olhar do ecrã e sorrindo por completo. 

''Ele quis.'' Explicou ele, o que era muito melhor. ''Ele me pediu antes de dormir.'' 

Jimin acenou para aquilo, chegando-se ao mais novo e abraçando-o de lado, apoiando a bochecha contra o ombro alheio, depois confessando: 

''Espero que um dia ele queira tirar uma comigo também.'' 

Sem precisar de tentar entender muito do assunto, o fotografo largou a câmara do outro lado do sofá, puxando o mais velho para cima de si e segurando-o pelas bochechas. 

''Óbvio que ele vai querer, bebê.'' 

Chul era um tópico difícil. 

No dia que o casal fora ao centro de adoção acabaram se apaixonando por um par de gémeos de forma tão rápida que foi estranho para eles quando não foram correspondidos da mesma forma. Os meninos tinham seis anos, já tinham a pequena noção de que andavam em casas do sistema, em famílias que não ficavam com eles depois de dois ou três meses, por isso era de se entender que desconfiassem daquela. 

A primeira vez que sequer se sentiram conectados com Chul, o menino, fora quando o mesmo descera as escadas e dissera aos novos pais que não gostava da cor do seu quarto (que era amarela clara). No dia a seguir puseram mãos ao trabalho, foram a uma lojinha da cidade e pintaram o quarto com a cor que o menino escolhera: verde tropa. 

As coisas pareciam mais fáceis com a menina, Yang Mi, que era mais dada à esperança de que, a cada família nova que visitava, a mesma fosse querer ficar com ela e o irmão para sempre. 

A história dos gémeos era triste, segundo contaram de volta no orfanato. Cada vez estavam mais velhos e, por isso, cada vez recebiam menos visitas. Quando andavam de família em família, o orfanato fazia de tudo para que fossem juntos, mas nenhuma família muda de ideias tão fácil quando espera apenas adotar um filho e em vez disso tem de levar dois. 

Tinham agora um novo lar, mas já lá iam quase cinco meses e o pequeno Chul ainda parecia desconfiado. Isso fazia Jimin temer que eles nunca fossem se ligar. 

Aquele era, portanto, um passo gigante. Os pequenos sabiam do trabalho do papá mais novo e sabiam que quando deixavam que o mesmo tirasse fotografias suas então elas tinham um destino. O facto de Chul querer tirar uma fotografia significava um avanço e mesmo que não tivesse acontecido consigo, Jimin não podia ficar mais feliz. 

''Acha que eles vão gostar de Hoseok?'' Jimin perguntou de repente, recordando-se de que os amigos regressavam no dia seguinte. 

Min Yoongi e Jung Hoseok viviam juntos, infelizmente para o grupo de amigos, na cidade natal do Jung, mas agora que Park Jimin tinha feito uma proposta irrecusável, os mesmos foram praticamente obrigados a regressar e começar uma vida ali. 

''Estou mais preocupado com o facto de amanhã termos a casa cheia...'' Jungkook declarou, realmente preocupado com os possíveis cenários. 

Nunca tinham tido muitas pessoas na casa, que era agora também um espaço deles, e temiam que isso pudesse assustar os pequenos. 

''A sua mãe e o seu pai sempre vem?'' 

Jungkook acenou, confirmando. 

''Não será melhor desmarcar?'' Sugeriu, afoito. ''Quer dizer, com Yoongi e Hoseok aqui, mais os meus pais, eu não sei, pode ser complicado...'' 

''Podemos perguntar.'' Sugeriu então. ''Isso é estranho?'' 

''Acho que não.'' Acabou concordando, risonho. ''Acho que estamos mostrando que a opinião deles importa.'' 

Jimin o abraçou mais, sem medo de mais nada, porque fosse o que fosse eles dariam um jeito de fazerem aquelas crianças se sentirem amadas e fariam isso juntos.

Mais cedo do que pensou que fosse ser, Jimin viu a oportunidade de falar com um dos seus pequenos. 

Era quase meia noite quando o pequeno Chul desceu pelas escadas, encontrando os pais ainda no sofá, um ainda sentado encolhido ao canto e o outro com a cabeça deitada nas pernas do anterior, completamente adormecido e quase a ressonar, recebendo carinhos distraídos nos cabelos. 

Quando Jimin o viu ali, completamente quieto os olhando quis enfartar, sem saber o que fazer, engolindo em seco e tirando o som da tv com pressa. 

''Não consegue dormir?'' Ele sussurrou, tentando sorrir enquanto se levantava sem acordar o noivo. 

A criança brincava com o cordão da calça de pijama, a cabeça baixa antes de perguntar: 

''Podemos desenhar nas paredes?'' 

Jimin chegou ao seu pé, apoiando um joelho no chão para tentar ficar da sua altura e olhá-lo de frente. Estava confuso... Será que Chul estava o confundindo? 

''Você não prefere fazer isso com Jun... Papai Jungkook? Eu não sei desenhar.'' Respondeu ele, contragosto, porque queria fazer aquilo, mas não saberia como. 

''Eu sei.'' Ele sacudiu os ombros, sem ser sapeca ou brincalhão. ''Podemos na mesma?'' 

''Agora? Está um pouco tarde...'' Tentando raciocinar, coçou os cabelos. 

Esperara por aquele momento por tanto tempo, por um mínimo sinal de que a criança gostasse de si ou quisesse passar tempo consigo, mas aquela era uma situação tão... peculiar. 

Chul o olhou, esperando a resposta final sem dizer mais nada. 

O maior se levantou, estendendo a mão para o menor e sorrindo. 

''Sabe que mais? Acho que se fizermos pouquinho barulho não tem mal.'' 

Claro que aquela era uma coisa que se ia arrepender de manhã, quando Jungkook entrasse pelo seu quarto dentro em pânico, depois de acordar sozinho no sofá. 

Tinha passado a noite a riscar as paredes com marcador, com pincéis repletos de guache branco e preto, na cabeça apenas o sentimento de que finalmente estava passando um tempo com o filho, finalmente finalmente

Jungkook entrou pelo quarto dos dois todo atarantado, pois vinha de espreitar o quarto dos filhos e Chul não estava lá. Foi de joelhos ao chão ao lado da cama, abanando o loiro pelos ombros até que acordasse e o peito quase saltando para fora de tão aflito. 

''Jimin! Jimin, Chul não está no quarto nem no banheiro! Jimin, eu-'' 

O loiro ergueu o corpo de forma rápida, apalpando a cama e suspirando aliviado. Ninguém merecia acordar assim, honestamente. 

''Você está doido?!'' Exclamou ele, fechando os olhos em alivio ao sentir Chul dormindo do seu lado.  Tentou sussurrar por esse motivo, mas parecia tudo gritado. 

Depois de perceber, Jungkook desfaleceu no tapete do quarto, deitando-se, a respiração a mil. Tinha corrido pela casa toda duas vezes, procurando o menino por todo o canto, até no quintal, mas não tinha pensado naquela situação e, mesmo depois disso, agora só podia e só sabia sentir-se eternamente grato e feliz. 

''Jun...'' O loiro chamou-o com calma agora, sem se levantar mais. ''Você viu... as paredes?'' 

''Sim, foi...'' Parecendo perceber o tom culpado do maior, ergueu o tronco e olhou-o de esguelha. ''Foram vocês?'' 

Tímido, mas sorridente, Jimin acenou com a cabeça duas vezes. 

As paredes estavam uma palhaçada, para que conste, mas eram a palhaçada que fazia o menino sentir-se em casa por isso iam deixá-las assim até que ele não as quisesse mais. 

Mais tarde naquela manhã Jungkook e Jimin debatiam-se mentalmente sobre como deviam abordar o assunto. Não temiam grande coisa, porque se os gémeos não quisessem receber visitas naquele dia então eles teriam de lidar com isso e cancelar. Não ficariam chateados caso acontecesse.

No entanto, apesar de tudo isso, pareciam nervosos, enfiando o pequeno almoço na frente das crianças e procurando uma oportunidade, olhando um ao outro, numa disputa mental sobre quem devia abordar o assunto.

"Os avós vem hoje." Jungkook disse de repente, porque isso era costume.

Eles conheciam os pais de Jungkook, não iam muito à bola com eles, mas era normal. Se ainda não se tinham adaptado aos pais, com quem estavam todos os dias, imagine com os avós que viam de duas em duas semanas.

"Eles vão trazer bolo?" Perguntou Yang Mi, recordada da última vez que os mesmos estiveram ali e tinham trazido a sobremesa.

"Eu acho que não." Jimin tentou ajudar. "Mas eu tenho uns amigos que podem trazer..."

"Se vocês quiserem!" Jungkook alertou logo, fazendo a mais nova rir.

"Desde que tragam bolo..." Yang Mi aceitou de primeira, marota, e então os olhares caíram sobre o irmão.

"Você se importa, Chul?"

Acanhado, o garoto negou levemente, enfiando comida na boca e mastigando olhando o prato.

O mais velho de todos apressou-se a mandar mensagem aos amigos, dizendo-lhe que não entrariam se não trouxessem pelo menos um bolo para a sobremesa.

"Ok, eu preciso de ir à academia." Jimin disse baixinho, apenas para Jungkook, junto do balcão e o mesmo passou a olhá-lo de lado, julgando claramente.

"É domingo." Respondeu automaticamente, totalmente programado porque a conversa era a mesma todas as semanas.

"Por quanto mais tempo, senhor..." Murmurou o loiro, aproximando-se lentamente e abraçando-o por trás. "Vou demorar uma hora no máximo."

"E me deixar sozinho com as pestes?" Ele respondeu mais alto, querendo provocar os mais novos, de costas para eles.

Jimin então se virou para elas, sorrindo e perguntando:

"Vocês querem vir?"

"Sim!" Yang Mi exclamou logo de seguida, animada por ir.

Desde que sabia que o pai tinha uma academia de dança totalmente sua que sonhava em dançar lá, o que ela poderia fazer assim que fizesse sete anos. Entretanto, até lá, Jimin mostrara-lhe o seu lugarzinho na garagem da casa e os dois passavam lá a manhã de sábado, dançando.

''Legal.'' Jungkook se fingiu. ''Eu e Chul vamos brincar sem vocês.'' 

Infelizmente para Jungkook, quando Jimin saiu com a filha dos dois, ele percebeu (algo que já sabia) que ainda nenhum dos dois tinha entendido com o que Chul realmente gostava de brincar. Não é que ele fosse muito quieto, às vezes brincava a corridas e escondidas com a irmã e, quando iam ao parque, ele passava por todos os brinquedos. Mas, em casa, não o viam brincar muito e quando viam era com coisas simples, como desenhar com os marcadores ou mexer em alguns dos carrinhos que tinha no quarto. 

Quando Jungkook chegou à cozinha, sugeriu a primeira coisa que veio em sua cabeça: 

''Campeão, você sabe jogar futebol?'' 

Os olhos do menino iluminaram-se por um segundo enquanto acenava. Orgulhoso por ter acertado à primeira, Jungkook se chegou à porta para o jardim de trás. 

''Quer jogar?'' 

O encanto desapareceu e, de forma tão acanhada, Chul negou com a cabeça sem nem olhar o pai. Bom, aquilo era uma derrota... Será que ele gostava de futebol, mas não queria jogar com Jungkook? Porque... não gostava dele? 

''Porque não?'' Jungkook perguntou, mas não achou que fosse obter resposta, normalmente não tinha. 

Chul desceu as mãos da mesa para o colo, olhando as mesmas, o que era um hábito dele quando se sentia desconfortável e, mesmo assim, daquela única vez, ele respondeu: 

''Tenho medo.'' 

Jungkook fechou a porta para o jardim, levemente chocado e totalmente preocupado. Caminhou até se sentar do lado do menino e o estudou por um tempo. O que podia fazer um garotinho ter medo de jogar futebol? 

''Você quer me contar alguma coisa?'' 

Ver uma criança engolir em seco, depois de mostrar ter cicatrizes da vida, era doloroso. Jungkook sabia que não vinha dali uma história boa, depois de tudo. 

''Já joguei futebol com outros pais e ralei o joelho.'' Contou o pequeno, sem olhar outra coisa que não as mãos. Jungkook estava prestes a dizer-lhe que ele não se magoaria na grama do lado de fora, mas Chul seguiu em frente. ''Mandaram eu embora.'' 

Jungkook arregalou o olhar, sem acreditar no que ouvia. Poderia alguém recusar adotar uma criança porque ela ralou o joelho? 

''Chul.'' Ele o chamou com calma, sem querer adiar ou fazer parecer que estava considerando alguma coisa. ''Um joelho ralado não faria eu ou papai Jimin te mandar embora, porque nada vai nos fazer te mandar embora. Você é um rapaz inteligente e eu tenho a certeza que você consegue entender isso, certo? Você e Yang Mi nunca mais irão conhecer outra família, vocês nunca mais terão de mudar de cidade ou de escola. Você acredita em mim?'' 

Antes que notasse, o Jeon já tinha a mão nos cabelinhos do mais novo, tentando confortá-lo. 

Chul não disse nada, mas não foi um recuo. Saltou para o chão, um pequeno pulo, e sem fazer muito alarido abraçou o tronco do maior, que ficou pasmo com o gesto mas retribuiu de imediato.

''Chul, você está em casa agora.'' 

Quando Jimin regressou a casa, quase uma hora e meia depois (mas em sua defesa não era culpa sua a demora), encontrou os outros dois no quintal, uma baliza improvisada contra a cerca com duas cadeiras da mesa do lanche. Tinha a mão dada à filha e os dois pararam na porta, olhando aquilo admirados. 

Jungkook estava abanando a t-shirt contra a barriga, cheio de calor por que estava um dia de sol e Chul estava esperando que ele chutasse a bola e falhasse o gol de propósito. 

Yang Mi soltou a mão do pai segundos depois, correndo pelo gramado e ficando entre os dois. 

''Eu também posso?!'' Perguntou com a voz esganiçada, cheia de emoção e alegria. 

Jungkook estufou as mãos na cintura, olhando Jimin com o olhar cerrado, porque a luz do sol batia-lhe na face. 

''Você acha que você e papai Jimin conseguem ganhar de nós?'' 

A menina olhou Jimin, esperando uma resposta que o mesmo deu, tirando os óculos de sol e o casaco, mostrando que iria em frente com aquilo. 

''Você vai se arrepender disso!'' Jimin exclamou, completamente mentindo, afinal sabia que tinha zero chances, mal sabia chutar uma bola na direção certa, coitado. 

Era óbvio que aquilo não era o que eles deviam estar fazendo. Era quase hora de almoço, em breve seus convidados chegariam, e eles nem tinham tirado o almoço para descongelar. No entanto, estavam jogando em família e isso compensaria o almoço mal feito e apressado. 

Quando Hoseok e Yoongi se juntaram também não perguntaram pelo almoço, o que não foi muito inteligente, e logo se juntaram às equipas. 

Quando foram a ver eram duas da tarde e mandaram vir Mc'Donalds. 

Os amigos tinham muita conversa para pôr em dia, mas só puderam fazer isso quando as crianças se prenderam com os avós a um filme que dava na TV .

"É óbvio o que ele está fazendo." Yoongi disse, acerca da história do dia anterior com as paredes.

Jimin e Jungkook entreolharam-se, sem saber o que ele queria dizer.

"Eu acho que é um mecanismo." Hoseok tentou explicar depois.

"É um teste." O Min o cortou, tendo a certeza. "Ele está pedindo para fazer as piores coisas que ele pode pensar para testar vocês. Ele quer saber se vocês não vão mesmo mandá-los embora e a única maneira de fazer isso é fazer asneiras, o motivo pelo qual mandam as crianças embora em primeiro lugar."

O casal casado olhou-se, o olhar arregalado, mas sem questionar o amigo, apenas como não tinham percebido mais cedo que era exatamente aquilo.

"Você acha mesmo?" Jimin perguntou, aproximando-se do Jeon e segurando a sua mão. "Você acha que não deixamos claro o suficiente?"

Jungkook se lembrou da conversa que tivera com Chul naquela manhã. Achava que tinha deixado as coisas claras, mas e se não tivesse? E se ele achasse que... não era bem vindo? Todas as coisas que tinham acabado de contar aos amigos tinham acontecido antes dessa mesma conversa, então... Será que era o suficiente? 

''Não fica alarmado, ok?'' Jungkook tentou tranquilizá-lo, segurando a sua mão também. ''Nós literalmente não vamos mandá-lo embora, então ele irá perceber isso, certo?'' 

Embora incerto, Jimin acenou. O mais velho sabia como era crescer sem um dos pais por perto (embora a história não fosse muito semelhante) e por isso não queria que nenhuma das suas crianças sentisse desconfiança acerca de um deles e vivesse com receio. No entanto, Jungkook tinha razão. Quanto mais tempo passasse, mais Chul ficaria certo de que aquela família não iria deixá-lo despedaçado mais uma vez. 

''Bom... Nós precisamos de ir.'' Hoseok disse então, em modo de despedida, a mão na cintura do namorado e um sorriso no rosto. Logo a seguir, explicou-se: ''Ainda vamos ver algumas casas hoje.'' 

Jimin sorriu aos amigos, todo bobo por eles desde sempre. 

''Não sei porquê.'' Jungkook sacudiu os ombros, pegando uma das maçãs da fruteira de forma descontraída. ''Ninguém quer vocês por cá roubando o tempo que eu tenho com meu noivo.'' 

Hoseok chegou a rir, enquanto Yoongi revirou o olhar de forma divertida e Jimin sorriu à evolução que Jungkook fizera com os seus amigos, que eram agora, eventualmente, amigos dele também. 

''Vocês são um grude nojento.'' Yoongi disse de uma vez, como se guardasse o rancor há muito tempo. ''Vocês nem nunca me agradeceram por ter juntado vocês.'' 

''Eu pensei sobre isso e cheguei a uma conclusão.'' Jimin o interrompeu, astuto. ''Foi obra do destino, na verdade. Sabe? A garrafa girando e colocando nós dois lá?'' 

''Como você se atreve?'' Entre dentes o mais velho perguntou. ''Foi porque eu dei essa festa!'' 

''Não, não foi.'' Jungkook cantarolou, mordendo a maçã pela primeira vez. ''Você nem me convidou.'' 

''Você não teve um par de bolas decente o suficiente para admitir seu amor por Jimin, então cale a boca. Foi minha festa sim.'' 

Jimin acabou gargalhando, levando com um olhar mortifico do mais novo de todos. 

''Mas minhas bolas já foram suficientes para pedir para ele me namorar? Ou isso foi você também?'' Jungkook o retrucou, desviando-se quando o Min tentou atingi-lo e foi seguro pelo próprio namorado. 

''Criança ingrata.'' Ainda disse por fim, em um murmúrio. 

Jungkook manteve-se encostado ao balcão, fingindo-se indiferente e superior, mastigando a maçã com calma e um sorriso convencido no rosto.

''Eu te agradeço, Yoon.'' Jimin finalmente cedeu. ''Por ter me obrigado a ir nessa festa.''

Yoongi finalmente sorriu, agora também convencido. 

''Engula essa, moleque.'' 

Jungkook sacudiu os ombros como se não fosse nada e o outro acabou lhe erguendo o dedo do meio antes de sair. Quando Jimin ouviu os amigos baterem a porta da entrada, espreitou de forma manhosa para a sala, onde as crianças ainda estavam com os avós assistindo filme, aproveitando para se aproximar do mais novo, encaixando-se nas suas pernas e segurando a sua cintura. 

''Eu estive pensando...'' Jimin começou, sorrindo de lado enquanto o Jeon mastigava com as bochechas cheias de fruta. 

''Emio.'' Respondeu ele, a boca cheia. 

''O quê?'' O loiro acabou rindo, selando os lábios do outro, meio hipnotizado. 

Jungkook mastigou tudo, engoliu em processos e finalmente voltou a dizer: 

''Em maio.''

''Em maio o quê?'' 

''Eu também estive pensando.'' Jungkook explicou. ''Vamos casar em maio.''

Jimin arregalou o olhar. Não tinha dito aquilo a ninguém, não tinha aponte em lado nenhum, então como podia Jungkook saber que era exatamente aquilo que ele ia dizer? 

''Não era isso?'' O Jeon, levemente assustado, o questionou, segurando o seu queixo, tentando entender algum sinal que fosse. ''Pode ser em abril, ou em março, ou... agora. Quer casar agora?'' 

Jimin o abraçou de uma vez, apertando-o contra si e depois afastando-se para o finalmente beijar. 

Durante um ano e meio andaram preocupados com tudo o que advinha das crianças e por esse tempo não pensaram em casar ou planear um casamento. Tinham deixado isso de lado para se preocuparem com oferecer o melhor lar que podiam às crianças que em breve poderiam chamar de suas, de filhos.  

''Isso é um sim?'' 

''Tipo gigante!'' 

Jungkook riu, voltando a selar os seus lábios, feliz com aquilo. Maio. Em menos de um ano finalmente seria a porra do marido de Park Jimin. Finalmente

No fim da tarde, quando o filme já tinha acabado e os avós estavam para sair, Jimin parou Mark na porta enquanto Jungkook preparava as crianças para um banho fresco. Sempre que Mark e Jimin conversavam os dois, o tema acabava sempre no mesmo e, por isso, o mais velho encarava o loiro de forma apática. Na beira da estrada, na frente da casa e dentro do carro estava a ex-mulher dele, no carro dele

''Eu não vou te censurar se tiver outra pessoa.'' Jimin disse uma vez, as mãos enfiadas nos jeans e o queixo apontado a mulher longe deles. ''Você merece e Jungkook ficaria feliz.'' 

Embora agradecido, Mark negou com a cabeça. 

''Mun-Hee e eu não resultamos, isso é certo, mas graças a você nos suportamos na mesma divisão e quase, quase, que podemos ser amigos.'' Declarou ele, contrário ao que Jimin esperava. ''A sua mãe ainda é a minha mulher.'' 

''Mark.'' Jimin tentava, tentava sempre e não podia deixar de o fazer. ''Você está se agarrando em algo que-'' 

''Eu sei.'' Disse ele, interrompendo. ''Eu sei e me deixe. Me deixe fazer isso.'' 

Jimin apoiava que a sua mãe apenas estava fingindo alzheimer para se livrar do hospital psiquiátrico e pudesse assim ser colocada em um lar repleto de pessoas com a suposta condição que ela também tinha. Era nisso que acreditava e a mesma alegava não se lembrar de nada, nem mesmo do marido e unicamente dos seus filhos: Jimin e Jungkook, irmãos de sangue. Era duro ouvi-la dizer tais coisas como se realmente fossem verdade, como se já não estivessem mais do que provadas mentiras e por isso Jimin não visitava a mãe muitas vezes e estava unicamente esperando o dia que ela conseguisse escapar do lugar. 

Mas Mark não, Mark acreditava e a visitava inúmeras vezes durante a semana, procurando por um resquício que fosse do amor que outrora tiveram. Lisa não conhecia os netos, porque o que seria deles se acreditassem nas palavras da mulher? Lisa não sabia que eles estavam noivos e que Mark os via com frequência. Não sabia que viviam juntos, julgava que Jungkook ainda andava pela escola até. Estava perdida numa linha de tempo irreal e Mark era arrastado para ela com frequência. 

Jimin não entendia que tipo de amor era esse, porque nunca se colocara no seu lugar. Nunca pensara que, se fosse ele, ficaria do lado de Jungkook por qualquer coisa. 

''Fique bem.'' Jimin disse então, sem outra opção que lhe restasse. 

Jimin ficou no alpendre até ver os pais de Jungkook irem embora e, quando voltou para dentro, se encostou na porta fechada e fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu de novo, depois de ouvir passos pelas escadas, viu Jungkook no fundo delas, esperando. 

''Em Maio?'' O perguntou, sem se mexer, as costas na porta, a cintura pronta para avançar e beijar o noivo de tão feliz que estava. 

Jungkook sorriu de canto, uma mão na escadaria e os pés descalços. 

''Em maio.''

]n/a[

Isso mesmo... me deu a saudade de sete minutos. Já que aqui estou aproveito para agradecer pelo quanto a fanfic cresceu. Quando a conclui ela ia em apenas 60 mil visualizações ( o que eu já considerava um sonho) e agora já lá vão quase 900 mil.

Muito obrigado a vocês. Espero que gostem desse [bônus.bônus].

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