Separados eram um nada. 

Era um na sala e outro no quarto e tudo o que precisavam era um do outro, mas qual deles teria a força o suficiente? 

Tantas vezes que Jimin tinha sido forte, sempre por Jungkook, tudo por Jungkook. 

Eram dois cacos, dois caquinhos, que juntos... Oh, juntos... Juntos eram quase, espere, apenas quase, um biblô digno de montra, quase novo.

Jungkook estava quase dando em doido, ainda no chão da sala, porque não conseguia sair de lá. Sentia o peso morto dentro de si, o peso da culpa, o peso de tudo. As lágrimas descendo, insistentes que ele não conseguia limpar. 

E Jimin nem doido podia ficar, porque já tinha ido bem para além disso. Estava quieto, na cama, de costas para a porta, quietinho... tão quietinho. Sabe aquele choro de alívio? Aquele choro que está vindo, mas que você não fica triste porque sabe que precisa dele? E você quase grita, você quase se mata de chorar, mas está tudo bem, porque o alívio virá depois. Oh... O alívio! 

Não. 

Jimin não chorava. Coitado, já sabia que não adiantava de nada. O que iria aliviar, afinal? Era uma piada, entenda. 

Jungkook pressionou o joelho contra a chão, com o intuito de se levantar, logo depois uma mão, a outra subia para os cabelos húmidos, porque ele estava suando, porque ele estava chorando. Porque era ruim. 

Os dois eram fortes, mas de jeitos tão diferentes. 

Jungkook era aquele tipo de fortaleza que a transmite aos outros, mas quando derruba... Olhe para ele agora! 

E Jimin não. Jimin era forte enquanto podia, mas olhe o estado que tudo o levou. 

Era tudo, entende? 

Seja sincero... Não está farto? 

Você não ficaria farto, meu Deus? 

Cheio, farto, cansado, não interessa. Espere, cansado não. Cansado Jimin não estava, porque nunca se cansaria de Jungkook. Mas ainda era ruim. 

Mas lá está... Jungkook podia se derrubar em algum momento, mas ele não era um desistente. 

Não era, pois não? 

Depois da tentativa falha, Jungkook arrastou-se para o outro lado, com um novo plano, encostando a cabeça no sofá, pousando-a com calma, porque ainda precisava de ar. E então ele cessou o seu choro, olhando em volta, uma ponta de carinho. 

Uma ponta de piedade, por favor. 

Jungkook não era um puto. Jungkook conseguiu ficar em pé, e com as mãos insistentes chutando as lágrimas todas, do seu pescoço, da sua cara, as suas bochechas, o seu queixo, o suor na sua testa. 

Lembre-se, sempre, era tudo. 

Granadas. Granadas de vida na sua cara. 

E subiu as escadas... cruzou o corredor, encostou-se na parede, como se alguém estivesse dando socos em seu estômago, entrou no quarto... Estatuou. 

As costas de Jimin sempre seriam bonitas, em qualquer ocasião. 

Mas, quieto, tão quietinho, Jimin não dormia. 

Jungkook pousou o joelho no colchão, depois a mão, engatinhando pelo meio da cama grande e então apanhou o susto da sua vida, porque Park estava erguendo a mão. Mas não era sua mãozinha... Não era a sua mãozinha delicada e quieta que sempre segurava a de Jungkook com tanta segurança. 

Claro que não era. O que você esperava? 

Era a mão de Jimin, subindo para que Jungkook parasse, tão trémula, tão assustado. 

E Jungkook entrou em pânico, tudo de novo, mas em silêncio. Sem mais movimentos Jimin baixou a mão, ainda quieto, de costas para o mais novo. 

Mas eu lhe disse, Jungkook não é um desistente. 

E ele foi na mesma até o seu corpo cair em solavanco ao lado de Jimin, e o seu braço passou pela cintura dele, mas... ele estava se mexendo? Não estava... 

Claro que não estava. O que você esperava? 

Mas algures, minutos depois, tão longos minutos depois, a mão trémula veio mais uma vez, aliando-se à de Jungkook, que finalmente podia respirar. 

E daquela vez não haviam palavras. Quais haveriam, afinal?

Se lembre... Era tudo. 

Granadas de vida! 

Não ficou por ali. Não ficou por ali porque, em pânico, Jimin, em milésimos de segundo, afastou os cabelos, virou o corpo, espetou a cara no travesseiro, cerrou a mão sem força em um punho e atingiu o colchão. 

E o choro pesado, tão mau, tão ruim. 

Quem quereria ouvir aquilo?

Quem quereria ouvir as pobres lágrimas do garoto que tinha o mundo contra si de uma forma tão tão ruim? 

Eu acho que você não está entendendo, acho que não está sentindo na pele. 

Se você achar exagero, você é o ruim da história. 

E você sabe que cada um tem a sua história, cada um tem a sua vida, e ninguém pode lhe dizer qual é a vida mais ruim. 

Granadas de vida, você entende? 

Se você acha merecido, se está no team do não-exagero, parabéns... Você é de confiança, ou não?

Talvez você não lembre... 

E Jungkook não fez nada que não fosse deixar, porque toda a gente precisa daquilo em um momento como aqueles. Então ele deixou.

Quando o seu amigo se embebeda, você não é capaz de segurar os seus cabelos enquanto ele vomita? 

Jungkook segurou os cabelos dele, e a sua mão, e abraçou-o em meio a todo aquele ataque. E sim, como as coisas são mesmo ruins, ele levou um chute algures na sua perna, mas está tudo bem, porque até ali nada parecia descontrolado. 

E se as lágrimas não ajudavam, aquilo ajudaria. 

Claro que ajudaria. Você não acha que ele precisava? 

Apenas muitas horas depois, sem nem um olhar trocado, é que, durante o seu sono meio apreensivo, é que Jimin se virou para Jungkook, é que Jimin dormiu contra o seu peito, é que Jimin... 

Após muitas horas depois, sem nem um olhar trocado, é que Jimin pôde respirar. 

E eu não sei se você entende... Mas você precisa respirar para viver. E ambos sabemos que eu não estou falando de anatomia. 

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Vocês acham esses caps ruins? Do tipo ruim ''pare, é lixo''?