[72] this world is all ours

Jungkook estava fechando aquela porta, aquela que parecia feita de ar de tão leve, com um pouco de receio de estar ali mais uma vez, sem nada concreto em sua mente. 

E ele já tinha recebido um sorriso, um cumprimento, fazendo-o se sentar no pequeno sofá conhecido sem chateações, apenas um pouco descontraído, mesmo apesar de tudo. 

''Oh, você está sorrindo!'' Ela exclamou, quase parecendo realmente feliz com isso, deixando os seus apontamentos de lado, cruzando as pernas e deixando a sua mão no próprio joelho. ''O que tem para me contar?'' 

Jungkook sorriu de canto, apreensivo. Mas afinal estava ali para aquilo, agora que sabia que a mulher não podia realmente ajudá-lo. 

''Eu acho que me liberei um pouco.'' Ele disse, mesmo que aquela não fosse a melhor escolha de palavras.

''Sobre o quê?'' 

''Sobre a minha dor.'' 

''Você não tinha solução.'' Ela declarou, com o sorriso de quem já tinha entendido tudo. ''O que mudou?'' 

''Eu tinha solução, só não a tinha comigo.'' Ele corrigiu, também sorrindo, convencido. 

''E agora tem?'' 

''De algum modo... sim.'' 

''Encontrou ele, Jungkook?'' A mulher questionou-o. ''Por isso que não apareceu por muito tempo?'' 

''Não.'' Negou, mas era apenas para a última questão. ''Não apareci porque falar não iria ajudar mais.'' 

''Porque não?''

''Porque eu fiz coisas erradas, deixei elas acontecerem, pelo menos.'' Confessou, mordendo o lábio de leve. ''E dizê-las em voz alta as tornaria verdade.'' 

''O que você fez?'' 

''Eu deixei outro garoto me beijar de novo.'' Ele murmurou. 

''Você disse em voz alta. Não é verdade agora?'' 

''Já era antes. Já tinha dito antes, então já era verdade.'' Ele explicou.

''Para quem você as disse?'' 

''Para ele.'' 

''Então você esteve realmente com ele?'' 

''Sim.'' E mais um sorrisinho inocente preencheu seu rosto. 

''Então está tudo resolvido? Terminou?''

''Não terminou.'' Ele negou, rindo, amargo. ''Ainda estou em conflito.''

''Mas eu pensei que tivesse a sua solução agora.''

''E tenho.'' Retrucou. ''Mas está difícil chegar nele. Você poderia me ajudar?'' 

''Eu sempre tentarei te ajudar, Jungkook.'' 

"Então me ajude." Pediu-lhe, sincero, uma primeira vez. "Eu estou de mãos atadas, porque eu nunca o quis forçar a nada, mas ele simplesmente... Meu Deus, ele me irrita!" Ele exclamou, deixando-se ir nos pensamentos mais escondidos. "Porque ele não quer me dizer? Porque ele não resolve tudo de uma vez?!" 

"Você me disse que ele era mais velho, não foi?" 

"Sim." Respondeu, olhando-a. "Mas eu não entendo o porquê disso ser relevante." 

"Às vezes os adultos, assim que relacionados com pessoas mais novas que amam, tendem a criar um lado protetor, quase maternal." 

"E daí?" Jungkook realmente não entendia o ponto naquilo. 

"Nunca passou por sua cabeça que os motivos dele sejam significativos?" 

"O que quer dizer?" 

"Ele é adulto, Jungkook." Ela respondeu. "Eu sei que vocês fazem apenas dois anos de diferença, mas ele tem uma perspetiva diferente do mundo, ele já trabalha, já vive sozinho, já leva uma vida. É diferente, apenas." 

"E eu entendo isso." 

"Entende?" Ela quis se certificar. "Então pense um pouco. De todas as vezes que ele não te contou algo... como ele estava? Pense bem, se lembre." 

"Ele..." Murmurou, pensativo, lembrando-se da última vez que o vira, dois dias atrás. "Preocupado? Culpado? Ele estava... triste?" 

A mulher sorriu em compreensão. 

"Talvez ele esteja triste pela sua reação." Ela supôs. "Qual foi a sua reação?" 

"Da última vez?" 

"Tudo bem, pode ser da última vez." 

Jungkook contorceu o rosto em uma careta. 

"Eu vim embora." 

"Da última vez?" 

"Sim." Acenou. "Eu fui para casa, os meus pais nem estavam. Eu o deixei sozinho." 

"Nós estamos considerando esta hipótese, certo?" 

"Sim, estamos." 

"E agora que a consideramos..." A mulher cantarolou. "Como você se sente por ter deixado ele lá?" 

"Eu não estou arrependido." Ele disse rápido. "Porque eu não consigo mais ficar perto dele sabendo que ele está escondendo o que parece ser uma imensidão de mim. Não consigo ficar perto porque quero fazer outras coisas com ele, mas não posso ceder." 

"Como se sente, então?" 

"Eu também estou triste." Admitiu, como se tivesse agora a certeza que era desse jeito que o outro também estava. "Me magoa vê-lo com tanta relutância perto de mim. Me dói saber que eu magoei ele." 

"Porque você fez algumas asneiras também, correto?" 

"Sim, mas isso não é sobre razão." Esclareceu-a, olhando pela janela. 

"Então é sobre o quê?" Decidiu perguntar, alterando seus planos. "Menos de um mês atrás você estava me dizendo que não acreditava que ele te amava. O que mudou, Jungkook?" 

"Eu acho que... Aliás, eu tenho a certeza que ele ainda me ama, porque esse mundo é todo nosso." Ele respondeu, perdidinho. "Mas só bastou vê-lo, tocá-lo um segundo. Porque mesmo que ele não me amasse, enquanto ele me quisesse eu iria querer ele. Eu acho que eu me sujeitaria a tê-lo sem amor, porque não tê-lo é pior que qualquer outra opção." 

"Eu admiro você, Jungkook." Foi o que ela disse, com um sorriso estampado no rosto. "Você realmente tem um mundo pela frente." 

"Não." Negou-a. "Eu tenho o mundo do meu lado." 

E ela sorriu ainda maior, apoiando a bochecha contra a palma da mão, quase abobalhada com aquilo. 

"Eu não sei como te ajudar." Ele concluiu. "Porque você tem razão." Acrescentou. "Esse mundo é realmente vosso, apenas de vocês." 

"E sobre as asneiras que eu fiz?" 

"Você não está vendo." Ela disse, baixinho. "Durante todo esse tempo você nunca questionou a credibilidade dele, nunca o tratou mal por ele esconder coisas de você, nunca especulou o quão ruim elas seriam ou o quanto isso o poderia tornar uma má pessoa." Ela explicou, tocando as mãos uma na outra. "Acha que ele não fará o mesmo?" 

"Eu acho que ele acredita quando eu digo que o amo, e isso sempre foi suficiente para nós." 

"E você o ama, Jungkook?"  

Jungkook sorriu de lado, subindo o rosto subtilmente e lentamente para os seus olhinhos brilharem depois na direção da psicóloga. 

A resposta era tão óbvia. 

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