[62] i dont wanna fight

Jimin precisava de ar. Precisava do ar a que estava habituado, do que costumava gostar, do que sentia falta. Precisava de casa, precisava dos braços quentinhos de quem tinha a maior saudade. Você sabe do que ele precisava. 

Determinado a manter o seu plano até ao fim, depois de aterrar no aeroporto local, no que realmente conhecia, Jimin não foi recebido por ninguém, mas também não o esperava, pois ninguém sabia, ninguém tinha o dever de estar ali. 

No entanto caminhou com um sorriso posto até ao estacionamento onde deixara o carro, vendo o mesmo intacto, deixando a sua mala nos bancos traseiros e apressando-se a entrar no automóvel. 

Jimin esteve feliz por um segundo, por alguns segundos. 

Depois de girar a chave, colocar a marcha atrás, carregou no acelerador, deixando o carro dar um solavanco, pois foi obrigado a retirar o pé de lá quando sentiu uma dor absurda. Bateu o punho fechado no volante, fazendo o carro buzinar, respirando fundo enquanto retirava do bolso um comprimido, abrindo-o com pressa, jurando ser o último, pois depois iria em um médico. Não naquele momento, mas iria. 

E então saiu dali, mesmo que não fosse de efeito imediato, mesmo que ainda estivesse doendo por toda a parte. O seu celular vibrava contra o estufado do outro banco do carro, mostrando a fotografia de Hoseok, mas o menor não queria correr nenhum risco, não queria perder tempo, deixando o assunto de lado. 

Mas então, longos minutos depois, o celular ainda tocava quando o Park parou no semáforo vermelho, fazendo-o finalmente pegar e atender a ligação, colocando o telemóvel em cima do rádio, em alta-voz. 

''Eu cheguei!'' Ele exclamou, porque sabia que era isso que o outro estava querendo saber. 

''E o que está fazendo?'' Hoseok bufou do outro lado. 

''O que você acha?''

''Pare por um segundo, Jimin!'' O mandou, irritado, do outro lado. ''Você precisa ver um médico! Você precisa descansar! Isso não tem tempo?!'' 

''Teve um mês e meio até agora!'' Exclamou no mesmo tempo. ''Eu vou fazer isso agora.'' 

''Pense sobre isso, Jimin.'' 

''É melhor eu te ligar depois.'' Disse-lhe, quando o semáforo voltou a ficar verde, desligando a chamada e seguindo para o seu destino, que não era longe dali. 

Alguns minutos depois e Jimin estava adentrando a clínica privada em passos rápidos, com a sua bolsa caindo no ombro, tentando conter os gemidos de dor causados pelo seu tornozelo, respirando fundo antes de se aproximar do balcão. 

A assistente levantou-se, porque o balcão era alto, tirando os óculos que usava e pousando-os. 

''Bom dia, senhor, em que posso ajudá-lo?'' 

Jimin fechou os olhos por um segundo, confuso sobre o que fazia ali por um segundo. 

''Eu quero submeter um pedido.'' Ele disse, olhando a mulher. ''De comparação.'' 

''Você tem um motivo?''

''Não.'' Respondeu. 

Ela pareceu surpreendida, erguendo as sobrancelhas. 

''É um processo caro, senhor, se me permite dizer.'' Ela explicou. ''Tem a certeza que vale a pena?'' 

''Tenho.'' Seguro, respondeu-lhe, olhando em volta. 

''Você tem os dois espécimes?'' 

''Não.'' Voltou a dizer. ''Só um.'' 

''Não sei se está ciente da nossa tabela nesses requesitos. É muito difícil aceitarem esse tipo de pedido, sem-''

''Eu posso pagar isso também.'' Ele resolveu dizer de uma vez, sabendo que era difícil para a mulher acreditar que um garotinho como ele teria aquele tipo de dinheiro. 

''Estamos falando de alguns milhares, poucos, mas alguns.'' 

''Eu sei!'' Ele exclamou, irritado, porque estava se sentindo insultado. ''Eu quero submeter, eu posso pagar.'' 

''Isso envolveria outras questões.'' Ela disse-lhe, um pouco assustado pelo tom enervado do menor. ''Como por exemplo se o dinheiro é seu, se é dos seus pais. Se é legítimo, como o conseguiu.'' Ela enumerou e Jimin apenas sorriu. 

''Eu...'' Ele murmurou, sorrindo grande ao perceber o que diria. ''Eu sou o dançarino do ano.'' 

''Como?'' Ela franziu as sobrancelhas. 

''Eu sou o dançarino mundial!'' Ele exclamou, com certeza parecendo um louco. ''Eu ganhei a competição mundial. Eu sou o primeiro de ballet, sou o dançarino do ano. Consegui o meu dinheiro lá.'' 

A mulher pareceu um pouco abalada com a informação, ajeitando a sua postura rapidamente, como se estivesse em frente de alguém realmente importante. 

''Você precisa preencher um formulário.''

''Eu sei.'' 

''Precisamos de saber o conhecimento que tem com a pessoa em questão. Tudo isso.'' 

Ele sorriu para a mulher, abasbalhado sobre como aquela informação teve efeito sobre ela, agora que sabia que Jimin seria capaz de pagar. 

''Tem uma caneta?'' 

E então ela entregou-lhe um monte de papéis, que levaram longos minutos, muitos minutos, para que Jimin os preenchesse, logo sendo direcionado para uma sala privada, onde roubariam alguns de seus cabelos e retirariam sangue como amostras de ADN. 

Jimin sentia-se feliz por fazer aquilo, por poder fazer aquilo, por estar fazendo tudo o que podia para ter Jungkook de volta. 

E quando saiu de lá, com o aviso de que o seu pedido poderia demorar mais do que normal por terem que aceder a base de dados para conseguirem o ADN do outro pedido, Jimin ainda assim saiu contente, conduzindo de volta para casa, com a sua vida pela frente, pelo começo de uma nova vida. 

E enquanto estacionava o carro e deixava o mesmo, acabou por parar em frente da casa de Yoongi, olhando em volta, vendo o sol pôr-se, o dia escurecer, perfeito para uma fotografia, mas quem tirava as melhores não estava com ele agora. 

Enquanto subia para a casa do mais velho, levava na sua orelha o celular, com a ligação de Seokjin. 

''Jimin!''' O outro exclamou. ''Parabéns! Parabéns, Jimin, você mereceu isso!'' 

''Obrigado, Jin.'' Acabou agradecendo com uma risada. ''Nos vemos amanhã?'' 

Não é que ele estivesse despachando o amigo, mas enquanto mancava para casa sabia que tinha que começar a reconsiderar as desculpas que pediria ao amigo com que vivia. 

Então despediu-se do amigo e chefe, prometendo passar na academia no dia seguinte, enquanto tirava a chave da sua bolsa, abrindo a porta de casa, guardando o celular. 

E deu de cara com o Min sentado no sofá, sem exibir qualquer expressão quando o viu, virado para si. Jimin pousou a sua mala a seus pés, deixando cair a bolsa em cima, enquanto deixava as mãos escorregarem pelos bolsos das calças e pendia a cabeça para o lado. 

''Eu ganhei, Yoongi.'' Disse-lhe, em um sorriso. ''Eu venci.'' 

O garoto não disse nada e Jimin, com o pensamento estúpido de que Yoongi não sabia do que ele estava falando, baixou-se e tirou o seu cartão do edifício onde dançara, pousando-o em cima da mesa de centro que se encontrava em frente das pernas no outro. Mas ele não fez nada igualmente. 

''Adivinhe como eu me senti quando eu cheguei a casa e você não estava. Não naquele dia, nem no próximo, nem no depois desse.'' Yoongi murmurava, com o olhar preso no do menor. ''Adivinhe como eu me senti quando notei que metade das suas roupas faltavam.'' 

''Yoongi, me desculpe, eu-''

''O quê, Jimin?!'' Levantou-se, jogando as mãos para trás, em punhos. ''Você não imagina o quanto eu fiquei preocupado! Porque não atendeu as minhas ligações?!'' 

Jimin recuou um passo, culpado, sem desculpa alguma. No entanto voltou a andar em frente, julgador, com o olhar semicerrado, a postura descontraída. 

''O que você pensou, Yoongi?'' Desafiava-o com o olhar. ''Que eu tinha fugido?'' Acabou rindo. 

''Eu não quero discutir.'' 

''Então vamos começar de novo.'' Disse-lhe, sorrindo de lado. ''Eu venci, Yoongi.''

O mais velho riu-se, aproximando-se com os braços estendidos para o lado, abraçando o amigo mal o alcançou. 

''Eu sabia que você conseguia, Minnie.''

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