''Jimin!'' Yoongi sussurrou, assim que o Park lhe atendera a chamada. 

Jimin jogou o celular no banco do lado, atento à estrada. 

''O que foi?'' Estava nervoso, muito nervoso. 

''Eu acho que ele acordou.'' Ele parecia estar assustado e Jimin não entendia o porquê. ''Mas ele ainda não saiu.'' 

''Eu sei.'' Suspirou, afastando os cabelos para trás. ''Ele me ligou.''

''Ah, então eu não preciso sussurrar.'' Yoongi voltou a falar em seu tom normal. 

''Eu não atendi.'' Confessou, no entanto. ''Só aguente ele.'' 

Jimin encarava o GPS do carro, agora mais atento do que nunca. 

''O que eu digo?''

''Sei lá, Yoongi, você é bom com mentiras.'' Murmurou, não podendo se desconcentrar naquele momento. ''Eu estou quase chegando, é só... um pouco.'' 

''Mas chegando onde, Ji- Jungkook!'' 

Jimin agarrou o celular rapidamente, querendo ouvir melhor, logo o segurando entre os dedos que agarravam o volante. 

''Hum... O Jimin?'' Jungkook questionou, com a voz sonolenta. Jimin ouviu o celular de Yoongi ser pousado, mas esperava ainda conseguir ouvir. ''Ele saiu, mas pediu para você esperar por ele.'' Yoongi o respondeu. ''Saiu faz muito tempo?'' Jungkook... ''Mesmo agora.'' Respondeu rápido. ''Mas tenho a certeza que ele não demora.'' Acrescentou. ''Então eu vou...'' Jungkook fingiu uma tosse. ''Fique à vontade.'' 

Jimin ouviu a chamada ser terminada, logo desligando o carro ao ter o mesmo estacionado em frente dos grandes condomínios. Estava aterrorizado por entrar ali, e sem nenhuma chance para erros verificou a morada na mensagem que recebera de Mark uns segundos depois de ter ligado ao mesmo. 

Quando saiu do carro, sem ter muita certeza do que estava realmente a fazer ali, Jimin colocou as mãos nos bolsos do casaco, olhou para os lados, e atravessou a rua, encontrando o porteiro dos prédios, que o deixou passar sem ao menos dizer nada. 

O Park tocou a campainha, ainda antes de entrar no edíficio, e a porta foi aberta sem qualquer pronúncia. Achando que seria o seu golpe de sorte, apressou-se para o elevador, onde irremediavelmente verificou o seu aspeto, cansado pela viagem longa. 

E quando se aproximou da porta, depois de deixar o elevador, perguntava-se se aquilo era o certo a se fazer, meter-se assim na vida do seu namorado, mas então essa mesma porta foi aberta e Jimin prendeu uma respiração ao ver a mulher bem apresentada, em um vestido preto justo, com os cabelos longos encaracolados, certas parcenças com Jungkook na face, e ela usava uns saltos altos que deixavam Jimin a sentir-se um anão. 

''Mark me falou que você viria.'' Ela sorriu de lado, afastando o corpo da porta e abrindo-a mais para que ele passasse. E ele estava perplexo, sem saber o que fazer ou dizer. ''Park Jimin, não é?'' 

Ele acenou levemente, entrando na casa da mulher e vendo o quão aberta à luz era, e enorme. 

''Bom, eu estava de saída, então peço desculpa por não lhe oferecer nada e se puder ser rápido eu agradecia.'' 

''Sim, claro, eu só...''

E as suas palavras caíram todas por terra, não havia nada na mente de Jimin, a sua convicção fugira a sete pés assim que vira a mulher e o ar arrogante que ela carregava, parecendo alguém de alta classe, superior. 

''Só o quê?'' A mulher deu um passo furioso na sua direção. ''Decidiu vir aqui e fazer-se de super-herói?'' Ela gargalhou, colocando a cabeça para trás em exagero. A rainha do drama. ''Jungkook me faz parecer um monstro, eu sei.'' Ela revelou, segura. ''Ele pensa que tem que me agradar ao máximo, mas eu lhe disse para parar. Eu não quero saber se ele namora um garoto bonitinho como você, ou se namora meio mundo, entende? Porque não adianta mais, ele é uma desilusão em todos os pontos e ele tem mesmo de parar de tentar, por favor faça-o parar, Jimin, ou um dia ele ainda se mata tentando.'' 

''Do que está falando?!'' 

''Agora você pode ir embora, eu não vou lhe falar que você veio aqui, pode ir.'' Ela sacudiu os dedos na direção da porta. ''Ou vinha me dar um sermão de como não é errado um homem amar outro homem?'' 

''Ele é seu filho!'' Jimin exclamou, cheio de raiva. 

''Pronto, ok, você é bonitinho, ele soube escolher.'' Ela sorriu-lhe falso. ''E só por isso, e nada mais, eu vou fingir entusiasmo quando ele me falar de você.'' 

A mulher era uma cobra e Jimin quase teve vontade de destruir a vida dela, dizer-lhe que o seu marido estava casado de novo e deixá-la em cacos, mas nunca traíria a confiança de Jungkook desse jeito. No entanto, estava de mãos atadas, não podia dizer-lhe nada do que queria, não podia começar uma luta, pois tudo o que menos precisava naquele momento era de mais alguém enchendo a cabeça do seu bebé. E Jimin tinha a certeza que se a irritasse, ela não hesitaria em destruí-los, pois Jimin sabia agora que ela era desse tipo. 

''E então?'' Ela questionou. ''Não vai me falar o quanto ele é legal e como você o ama, ou vai só admitir que entende que perdeu seu tempo em colocar os seus pés nesta casa?'' 

''Como você consegue?'' Ele ergueu o rosto, em um múrmurio. ''Jungkook é seu filho e merece o seu amor. Isto não é mais sobre a gente.'' 

''Atreva-se a se meter na nossa relação, pirralho, porque você não quer, acredite, que eu me meta na sua.'' Ela ameaçou, ficando agora perto dele e usando a altura favorável pelos saltos para o olhar de cima. ''Jungkook acha que eu gosto dele e você vai deixá-lo continuar a pensar isso. Você deve ser esperto, não quer destroçar aquele coração frágil dele, quer?'' Ela passou os dedos pela face de Jimin, em um falso carinho. ''Vá embora, daqui, eu prometo que não contarei a ninguém sobre esse seu falhanço.'' 

''Jungkook não merece isso.'' 

''Jungkook não mereceu ter vindo ao mundo.'' Ela respondeu, sem nenhum pingo de mesiricórdia na voz. ''Foi uma tentativa falhada.'' 

Jimin atirou a mão dela para longe em um ato de rebeldia e nojo, afastando-se dela e abrindo a porta da casa dela.

''Você que não merece que ele se esforce tanto por você, quando você não merece um pingo de amor seja de quem for.''