É.

É, Jimin estava indo pegar Jungkook.

Não se importava. Não era um incômodo. Era só constrangedor o suficiente para o fazer sentir incomodado.

Mas ia fingir que nada tinha acontecido.

Park Jimin - O Evita Confusões.

Ele estava esperando Jungkook, com o carro parado na berma da estrada, olhando as estações de rádio passarem, procurando algo diferente e bom. Mas desistiu. Ligou o seu cd e olhou para o edifício um pouco longe. Logo virou a cara, com um braço esticado sobre o volante e a cabeça para o lado oposto.

Você consegue, Jimin.

Ele baixou um pouco o som, ouvindo a porta do seu lado ser aberta.

Olhou o mais novo, sorrindo pequeno. Mas era estranho porque só pensava nos seus lábios.

"Oi, Kookie." Sorriu minimamente, desviando o olhar e saindo do lugar, sem ao menos se lembrar de ligar os piscas.

Jimin mordeu o lábio de nervoso, conduzindo com as mãos sem força.

"Podemos ir... em um lugar?" Jungkook pediu, quando Jimin parou no sinal laranja, que logo ficou vermelho.

"Claro." Foi simpático, o olhando mas logo deixando de o fazer. "Onde?"

"Eu preciso de alguns materiais."

"Certo."

Jimin percebeu que Jungkook tinha pedido aquilo porque havia um supermercado na próxima rotunda e ele devia saber.

Jimin encontrou um lugar não tão perto da entrada como esperava.

Ele tirou o cinto, se acomodando no lugar e desligando o rádio.

"Não vem comigo?" Jungkook perguntou, saltando para o chão.

Jimin deu de ombros e desligou o carro, saindo com ele e o seguindo.

Caminhava atrás do mais novo, com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos da calça.

"Como foi a sua entrevista?" Jungkook virou-se de repente, parecendo interessado de verdade.

"Não sei." Deu de ombros, caminhando ao lado dele da mesma forma.

Não queria ser otimista demais, pois sabia que nem sempre corria bem.

"É uma firma grande." Jimin continuou, não querendo permanecer naquele silêncio. "Não sei se gostaram de mim."

"Tem que gostar do seu trabalho." Jungkook sacudiu os ombros, adentrando o lugar. "Só preciso de uma lente nova." Ele avisou, caminhando rápido para a secção de tecnologia.

Jimin riu por toda aquela empolgação que ele sabia que o mais novo sentia quando se tratava de coisas que gostava.

Jungkook voltou rapidamente para a sua beira e Jimin nem percebera que ele mesmo tinha parado a olhar Jeon.

"É só isso?" Jimin olhou a caixa alarmada nas mãos dele e um fluxo da sensação de as mesmas agarrando as suas coxas percorreu o seu corpo. Jimin abanou a cabeça, vendo Jungkook o olhando de soslaio. "Então vamos."

O mais novo acenou e em pouco tempo eles estavam na caixa.

Jimin deixou Kook lá, não querendo ser intrometido, e foi para perto da loja em frente.

Jimin estava encarando a montra, não a observando de verdade.

O quão errado é que era estar tendo desejos com o seu irmão mais novo? Porque no final, eles eram sim irmãos. E o quão errado era Jimin querer beijá-lo e puxar os seus cabelos? Querer suas línguas brincando uma com a outra?

Ou que Jungkook fosse pegar nele de novo, beijar o seu pescoço e esfregar as suas ereções. Que ele apalpasse a sua bunda e o prendesse contra a parede.

"Jimin."

Park abanou a cabeça, se virando para Jungkook e mexendo discretamente nas suas calças, desconfortável.

Jimin começou a caminhar para o carro, achando que seria melhor evitar contacto com Jungkook.

E foi assim até chegarem a casa e os dois saírem do carro.

Irem em um completo silêncio no elevador, tornando o ar constrangedor.

Jimin estava perto da saída, mãos na frente do corpo, se abraçando, enquanto ele fingia olhar o teto e ignorava o irmão mais novo.

Ele abriu a porta de sua casa com cuidado e rapidez, adentrando a mesma com um empurrão leve. Esperou Jeon entrar e fechou a porta por ele.

"Olhe, Jimin..." O garoto começou, fazendo o mesmo se virar e notar a sua proximidade. "Eu só queria dizer que a gente pode esquecer isso."

Sim! Esquecer!

Jimin podia fazer isso? 

"Esquecer..." Ele considerou, coçando os cabelos da nuca.

Não havia nada para considerar.

"Não quer?" Jungkook perguntou-lhe.

Jimin ergueu a cabeça, o olhando assustado e confuso.

Será que Jungkook não conseguia parar de pensar nele também?

"Jungkook..." Suspirou, movendo a sua mão pelo seu pescoço, chamando a atenção do outro.

"O que foi?" Ele deu um passo em frente, ficando mais próximo.

Jimin assustou-se pela repentina proximidade e suspirou baixinho.

"O que foi, Jimin?"

É sua boca, Jungkook. É o calor que o seu corpo manda para o meu.

Mas ele negou com a cabeça, engolindo em seco e olhando para outro lado.

Se o garoto fosse dizer o nome dele mais uma vez Jimin não iria se conter.

"Não foi nada."

Tinha que acabar com aquilo. Estava ficando quente. Errado.

"Então é isso?" Ele deu mais um passo, quase juntando os seus pés.

O que está fazendo, Jungkook?

"Isso o quê?"

"A gente vai esquecer?"

Jimin olhou para baixo, abanando o seu pé, apoiado na sua ponta.

"Jimin..." O mais novo cantarolou.

Foi o fim de Park.

Ele olhou o garoto nos olhos. E não era burro algum. Sabia que os dois queriam aquilo.

Mas foi tarde demais.

Jungkook segurou os seus cotovelos, juntando os seus corpos e as suas bocas.

Jimin devia ser um bom exemplo. Devia para-lo, ou manda-lo pelo menos, tentar. Mas não fez isso.

E ele sabia que Jungkook era forte. Talvez mais forte do que ele. Então quando o mesmo o puxou ele foi junto, fingindo que não estava querendo ir para talvez se sentir melhor interiormente.

Quando a língua do garoto se envolveu na sua ele esqueceu tudo à sua volta, as costas caindo no sofá e Jungkook por cima de si, movendo o seu queixo e nariz.

Jungkook tirou a camisola do mais velho, que já perdia a noção do que estava acontecendo ali.

Jeon apertou as mãos nas laterais do seu corpo, massageando a sua pele e parando para respirar, juntando as suas testas.

"Jungkoo-"

Jimin foi interrompido de duas maneiras: Kook colou as suas bocas mais uma vez e a porta abriu.

Jungkook saltou para o chão, apanhando a camisola de Jimin e a atirando para ele.

Jimin ouviu o riso da sua mãe, junto do do seu padrasto, e ajeitou-se no sofá, puxando a camisola pelo tronco.

"Olá..." A mãe dele parou na entrada, os olhando desconfiada.

"Oi." Jimin disse, passando a mão pela boca e se levantando. "Estarei no quarto."

Ele correu escada acima, com sua mãe o chamando algumas vezes, mas ele não ligou.

Jimin ficou no cimo da escada, onde ninguém o via.

"O que ele tem Jungkook?" O pai dele perguntou-lhe. "Aconteceu algo?"

"Não." Respondeu rápido.

"Não sei o que anda acontecendo com ele." A sua mãe confessou, suspirando e se sentando no sofá. "Tem andado estranho." Continuou. "Você não sabe de nada, Jungkook?"

"Não." Repetiu. "Como saberia?"

"Não pode tentar descobrir?"

Jimin saiu dali. A sua mãe não o conhecia? Ele estava normal.

Ele entrou no seu quarto, tirando um saco de desporto do armário e atirando algumas roupas para lá.

A sua porta estava encostada e ele ouviu batidas leve.

Olhou a mesma, vendo Jungkook espreitar e entrar.

Jimin fechou o saco e deixou-o no seu ombro.

"Sim?" Perguntou um quanto rude.

"Sua mãe... Ela quer..."

"Eu sei." Ele deu de ombros e deixou o quarto.

Estava irritado. E nem sabia se era por seus pais terem interrompido o que estava acontecendo com Jungkook ou se era por saber o quão errado aquilo era e mesmo assim gostar tanto.

Jimin desceu as escadas quase correndo, passando rápido pela sala.

"Estou indo para a aula." Ele disse alto o suficiente.

Aquilo era a única coisa que Jimin fazia até ali.

Tinha aulas de dança, que o preparavam para algumas competições amigáveis e, em algumas ocasiões, ajudava os donos, agora seus amigos, com as aulas para crianças.

Jimin não sentia muita saudade de sua professora. Gostava dela, davam-se bem. Mas ela deixava-o esgotado. Jimin mal podia respirar depois de uma aula dela.

Ele conduziu até lá, tentando expelir aquela irritação do seu corpo.

O seu celular tocou no banco do passageiro, mas ao ver que era Seokjin não atendeu, pois estava chegando.

▪》》▪

Jimin entrou no elevador esgotado, limpando o suor da sua testa, mais uma vez, e usando a camisola para fazer o mesmo.

Ele adentrou a casa, esperando não encontrar ninguém, sendo que eram quase onze horas.

Ele pousou o saco na lavandaria, no piso debaixo, e foi para a cozinha, comer uma maçã.

Ele subiu para o seu quarto, querendo ir tomar um banho e dormir um grande sono.

Pensava que por aquela hora já teria recebido uma chamada da firma de advocacia, mas nada era garantido.

Entrou no seu quarto, deixando o queixo cair quando viu Jungkook dormindo na sua cama, um pouco encolhido.

O que ele estava fazendo ali?

Talvez quisesse conversar com Jimin?

Park foi para o seu banheiro, fechando a porta em silêncio e ligando o chuveiro.

Tratou de se despir, olhando o seu reflexo cansado no espelho e rindo irônico para ele mesmo.

A sério, o que Jungkook estava fazendo ali?

Ele entrou no banho, fazendo daquilo uma coisa breve, pois mal se aguentava em pé.

E, o sair, vestiu uns shorts que tinha ali e foi para perto de Jungkook.

Subiu na cama, ficando do lado do garoto e o abanando.

"Jungguk." Chamou-o, sem sucesso algum. "Kookie-ah."

Jungkook virou-se para ele, ainda meio adormecido e agarrou-o, o fazendo cair com as costas no colchão.

"Hey, Jungkook." Tentou, suspendendo o seu braço no ar por um tempo, mas logo rodeando os ombros dele e o trazendo para perto. "O que está fazendo?" Perguntou-lhe sério.

Jungkook ergueu o queixo, abrindo os olhos pela primeira vez e levando a mão ao cabelos húmidos de Park.

Ele ficou mais para cima, ainda com uma pequena percentagem do seu corpo em cima do mais velho, e beijou-o. Uma coisa lenta, como se eles gostassem disso, como se gostassem um do outro e só quisessem aproveitar a presença um do outro.

Jimin já não queria saber mais.

Se o garoto o queria beijar, que fosse. Quem era ele para o impedir de tal?

A questão era o porquê. Porquê arriscar?

Estava tudo em jogo, afinal.

Sua família. No mínimo, sua relação com Jungkook. E para quê?

Ambos sabiam que aquilo não ia dar em nada.

E se fosse dar em alguma coisa...

Seria em algo errado.

Mas Jungkook continuava a pegar os lábios de Jimin e este continua a corresponder.

Ele nem se lembra de quando adormeceu, mas lembra-se de ter acordado sozinho.