[16] i hate u so much

Era uma morte interna para Jimin se impedir a si mesmo de ligar para Jungkook.

Tinha passado uma semana desde que eles falaram no telefone. Ou seja, uma semana e três dias que eles não se viam.

O garoto andava perdendo a faculdade e Jimin sabia disso pelo simples facto de que um dia ele esteve na porta da universidade do garoto.

Ele vira Taehyung.

Mas tal como em sua vida, nada de Jungkook.

Tinha que admitir que estava um quanto chateado, sem entender o porquê do garoto mentir.

E porquê que ele não ligava?

Jimin já estava a dar em louco!

Talvez tivesse receio.

Talvez tivesse receio que Jungkook estivesse a usar esse tempo para se esquecer dele ou só para ficar longe.

Talvez tivesse medo que Jungkook voltasse um garoto diferente.

No domingo à noite Jimin desceu até à cozinha.

Era tarde e certamente Jungkook não voltaria.

A luz da cozinha estava acesa e a sua mãe encontrava-se em pé, encostada no balcão, bebendo leite de uma chávena.

Ela mantinha a chávena na frente da cara, porque a sua mão estava encostada na cara dela, e os seus olhos com lágrimas que nem se deu ao trabalho de esconder quando viu o filho.

Jimin sabia que era sobre Jungkook. Jimin sabia que era culpa sua, pois na hora do jantar tinha dito à sua mãe coisas duras e um quanto cruéis.

Aproximou-se da mulher mais baixa do que ele, e abriu-lhe os braços, a acolhendo em seu abraço um segundo mais tarde.

Jimin abraçou-a e tirou-lhe a caneca da mão, afegando os seus cabelos encaracolados depois.

"Eu também sinto a falta dele." Ele murmurou. "Mas não estou chorando." Ele riu.

Riu porque era mentira na real.

"Ele é meu bebé, Jimin." Ela choramingou, se agarrando nele. "Eu quero cuidar dele e abraça-lo até dormir."

Talvez Jimin se esquece-se às vezes que Jungkook ainda não é um adulto.

"Está tudo bem, mãe."

"Eu queria que estivesse." Ela murmurou, chorosa. "Eu queria que Jungkook ao menos estivesse aqui. Comigo. Com você. Com o pai dele." Enumerou.

Jimin também queria isso.

"O que tão mau lhe podem ter feito? Quem faria uma coisa dessas a um garotinho como ele?"

Foi então que se lembrou das palavras duras que dissera a Jungkook.

Quando Jungkook confessou os seus sentimentos por Jimin, ele lhe disse que andava esperando e sonhando com aquilo fazia um tempo.

E tudo o que Park fizera fora dizer-lhe que não acreditava; que Jungkook não o amava.

Seria... Seria culpa de Jimin isso tudo?

"Mamãe, ele vai se recompor."

"Ele devia estar se recompondo aqui, Jimin." Ela murmurava. "Eu cuidaria dele. Quando ele vai voltar?"

Jimin queria saber. Queria saber muito.

▪》》▪

Jimin não falava com Jungkook à duas semanas.

Isso significava que eles não se viam à duas semanas e três dias. O que significava que ninguém ali em casa via Jungkook à duas semanas e três dias.

O tio do garoto continuava a ocupar o quarto de Jimin, que o mesmo insistira para ele ficar.

Na segunda feira da semana passada haviam discutido que era melhor eles trocarem, pois sem o Jungkook em casa não havia necessidade alguma de Jimin não estar em seu devido quarto. Não haviam muitos argumentos que Jimin pudesse defender ali. Na verdade não havia nenhum. Foi por isso que ele fingiu não ouvir e se fechou no quarto.

Na terça feira Jimin pegou as fotografias do fundo da gaveta so armário de Kook e as reviu a todas, relembrando os momentos ou ocasiões em que foram tiradas sem ele ao menos saber.

Na quarta Mark comentou que Jungkook estava se dando bem na casa da mãe. Foi aí que a mãe de Jimin deu a louca e não falou com mais ninguém o resto do dia. Foi aí também que Jimin começou a ter medo de Jungkook nunca mais querer voltar a viver ali.

Na quinta, Jimin teve Yoongi em sua casa, onde lhe contou dos acontecimentos recentes. Min aconselhou-o a ligar para Jeon, mas ele não o fez, pois o garoto ainda lhe tinha mentido de qualquer das maneiras.

Na sexta feira o tio de Jeon aparecera para conversar com Jimin, onde os dois entraram em um tipo de conversa secreta sobre Jungkook. Começara com o tio da rapaz a contar a Park coisas que lhe lembravam a infância de Kook, mas terminara em Jimin a escutar e a sentir mais saudades ainda do mais novo.

Bom, no sábado foi quando Jimin quase teve um colapso. Já nem a dança o distraía. Sentou-se em frente do computador do maior e olhou o fundo de ecrã dele, que mais nada nem menos era do que o símbolo do Windows.

Sentindo-se evasivo, Jimin viu as pastas cheias de trabalhos, desenhos, fotografias, teses, etc.

Viu a pasta com as fotografias que o garoto punha no seu site, viu as datas como nomes delas.

Então viu uma fotografia dos dois, que Park não se lembrava mais que existia.

Fora de uma atuação que Jimin tivera e a sua mãe os tinha obrigado a tirar uma fotografia junta porque estava na hora de "meus bebês terem uma fotografia juntos".

Jimin ligou o cabo de dados ali e salvou a fotografia no seu celular. E então percebeu que essa fotografia não estava no site do garoto, apesar de estar na pasta.

Jimin viu a data e a comparou com as outras.

As datas correspondiam com os dias em que foram colocadas online.

E a data daquela fotografia era do dia a seguir a Jungkook o ter pedido em namoro. Era do dia em que descobrira sobre Taehyung.

Nesse dia Jimin baixou o ecrã do computador e foi dormir.

Finalmente, no domingo, Jimin deu as últimas.

Não tinha mais forças para fingir que não estava dando em doido sem a presença de Jungkook ali.

Não sabia quando é que o garoto tinha feito isso com ele. Não sabia quando é que o tinha deixado preso assim.

Mas a verdade é que estava.

Estava até pronto para conduzir três horas e ir à casa da mãe do garoto.

Foda-se a racionalidade, ele pensava.

Mas não foi. Era um idiota.

Mas era um idiota caidinho pelo irmão.

Na segunda feira seguinte, duas semanas e quatro dias agora, Jimin levou o seu dia normal.

De manhã dormiu até tarde, de tarde trabalhou até de noite, incluindo as aulas de dança para crianças, e à noite a academia.

Quando voltara para casa, sem sono, ainda esteve no ginásio da casa, a treinar uns passos de ballet, sempre se lembrando de Jungkook lhe dizendo que ele conseguia passar aquele exame.

Todas as noites, quando vestia alguma camisola de Kook para dormir, se perguntava como a sua mãe não notava que as roupas que ele punha para lavar não eram suas, mas sim de Jeon.

Mas ultimamente Jimin já não queria saber de mais nada.

Não era para o garoto ter ido e ter ficado. Não era para ele fingir que estava de férias.

No final, era para ele estar ali.

Era para eles estarem aproveitando essa coisa idiota para dormirem juntos.

Mas, no final, Jimin subia todos os dias aquelas escadas sozinho, abria a porta do quarto de Kook, se deitava sozinho, dormia sozinho e acordava sozinho.

▪》》▪

Faltava um dia para que fizessem três semanas que Jimin não via Jungkook, o que fazia do dia da semana uma quinta feira.

Park já estava um quanto farto de toda aquela situação. Era para Jeon ter ido um fim de semana. Dois dias. Três no máximo. Não três semanas!

Então, naquela quinta feira à noite, enquanto esperava o elevador chegar ao seu andar, Jimin tomou uma decisão.

Não ia deixar que Jungkook tomasse controle da sua vida mesmo quando não estava ali.

Devia ter aproveitado esse tempo sem o garoto para o esquecer, tal como o outro provavelmente devia estar fazendo.

Jimin entrou em casa e como de costume pousou as chaves e o equipamento da academia.

A sua mãe estava perto do sofá, ajeitando as almofadas espalhando cobertores, dois baldes de pipocas em cima da mesa de centro. O cheirinho a caramelo era evidente.

"O que está acontecendo?"

"Jimin!" Ela disse contente, logo depois tentando esconder a felicidade. "É noite de cinema."

"Desde quando?" Ele andou até ela e espreitou as pipocas.

"Desde que não fazemos à muito tempo." Ela beijou a face dele. "Vá lá em cima tomar banho e volte rápido. Mark está chegando."

Jimin concordou com a cabeça, fingindo não suspeitar da volta do irmão à casa.

Quando se viu fora do alcance da sua mãe, subiu as escadas a correr, repensando mil vezes o que diria ao garoto ou como demonstraria a raiva que tinha dele por lhe ter mentido, por ter ficado tanto tempo fora.

Quando abriu a porta do quarto com rapidez, o coração de Jimin quase que furou o chão.

Jungkook estava tirando roupas do seu armário, com as gavetas abertas.

A mão de Park escorregou da maçaneta acabando por fazer um barulho mínimo. Jungkook olhou-o e sorriu de lado, mas Jimin estava petrificado.

"Hey." Ele disse casual.

Jimin acabou com o espaço entre eles, abraçando o garoto.

"Você não pode ir embora!" Exclamou, à beira das lágrimas. "Jungkook, você não pode se mudar! Você não pode nos deixar!"

Jungkook abraçou-o e riu contra o seu ouvido, beijando a sua bochecha e se esticando para fechar a porta.

"Está tudo bem, bebê." Ele assegurou.

"Você não pode me deixar." Jimin murmurou contra o peito dele, segurando a tshirt do garoto entre dedos.

Jungkook voltou a rir e baixou-se ligeiramente, pegando no garoto em seu colo e o levando para a sua cama, se sentando com ele em suas pernas.

"Hey, olhe para mim." Jeon tocou o queixo dele, seus olhares se cruzando. "Eu não me vou mudar."

Jimin fungou e olhou em volta, tentando perceber que merda estava acontecendo.

"Mas-"

"Mas nada. Eu estou aqui." Ele assegurou, puxando Jimin para mais perto.

Jimin voltou a abraça-lo, escondendo o seu rosto e agarrando o garoto com todas as suas forças.

"Eu te odeio tanto." Ele resmungava. "Eu te odeio tanto que eu estou capaz de te bater. Seu babaca de merda. Porque me mentiu? Porque demorou tanto tempo?" Bateu-lhe devagar no peito. "Jungkook." Choramingou.

"Nós precisamos de conversar." Ele disse, e soava meigo, ele até estava mexendo nos cabelos do mais velho. "Nós n-"

"Jimin? Jungkook?" A sua mãe bateu duas vezes na porta.

Park fechou os olhos, sabendo que tinha que largar o garoto naquele momento.

"Um minuto." Jungkook disse, beijando o canto da boca do outro em silêncio. "Nos resolvemos mais tarde, ok?" Ele olhou Jimin, que parecia um bebê adormecido em seu colo.

Park acenou e saiu de cima dele, indo abrir a porta à sua mãe.

"Oi." Jungkook disse, sorridente.

"Vocês não vem para baixo?" Ela questionou. "Mark quer te ver, Jungkook."

Jeon olhou o irmão de soslaio, se perguntando se ele não iria também.

"Dez minutos e eu desço." Ele informou. "Vou só tomar uma ducha."

"Não pode fazer isso depois? Não faz muita diferença, faz?" A sua mãe disse, se balançando na porta.

"Certo." Ele murmurou, saindo do quarto e descendo as escadas.

Jungkook e sua mãe desceram atrás de si, com o garoto a abraçando de lado. O rapaz só a largou para abraçar o seu pai e o seu tio.

Jimin não podia ver a hora de aquela noite acabar e ele ir para o quarto com Jungkook.

Sabia que teriam uma conversa séria. Sabiam que precisavam dela.

Mas no meio disso tudo, Jimin havia até esquecido o porquê de estar chateado com o garoto.

Não esquecia claro que ele e Taehyung se tinham beijado, mas se lembrava das palavras do tio do garoto e de todo o sentimento que ele dizia haver envolvido.

Jimin só não sabia de algo...

Não sabia se tinha coragem para dizer ao garoto que o amava.

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