32. sete lugares
DAMIAN
O ponto de táxi estava vazio.
Damian olhou em volta, com o coração doendo no peito, e não encontrou um sinal que fosse da garota. Atravessou a rua, correndo em direção à pequena praça em frente ao hotel e recebendo a buzina irritada de alguns carros como aviso. Olhou em volta mais uma vez. Nada dos cabelos negros, das botas de combate e dos olhos incrivelmente maquiados de Amy nos bancos da praça.
Respirando com dificuldade, Damian viu o resto do grupo se aproximar.
— O número dela, Will. Esqueci meu celular no carro — pediu ele, estendendo a mão. Compenetrado, Will tocou a tela do celular algumas vezes e passou o aparelho a Damian. — Vamos, garota. Atenda.
— O que você vai dizer? — perguntou Will.
— Ainda não pensei nisso. — Ele apertou o celular contra a orelha. — Atenda, garota. Atenda.
Ele esperou, ouvindo as chamadas insistentes caírem na caixa postal. Damian trincou a mandíbula, esfregando o rosto com uma das mãos.
Havia deixado que ela fosse embora outra vez. Porra, Diane, eu sinto muito.
— Calma, Damian — disse Lara, segurando a mão das meninas. — Ela não pode estar longe.
— Não tinha um táxi no ponto, cara — disse Maria, olhando ao redor da praça. — Aquelas perninhas magricelas não podem ir tão longe assim.
— Nós vamos encontrá-la. — Lara o encorajou com um sorriso. — É só uma questão de tempo até...
— Lá, babbo! — gritou Giorgia, afastando-se da mãe. Seu sorriso banguela fez Damian levantar a cabeça. — Atrás da árvore!
Então, ele viu.
A garota estava na ponta dos pés, num carrinho de lanches sujo e enferrujado, que prometia os melhores bagels, donuts e hot dogs da região. Sem pensar, Damian quase correu ao encontro da mochila esfarrapada, dos cabelos tingidos de preto e das botas de combate empoeiradas. Ela entregou algumas notas amassadas ao vendedor, recebendo um saco de papel pardo engordurado de volta.
Damian engoliu em seco quando ela se virou.
O momento ficou suspenso, e ele se viu na frente de Diane outra vez, quinze anos antes. O nariz arrebitado, a expressão confusa, o queixo pontudo. Por que a garota precisava ser tão idêntica à Diane? Seria Amy loira como a mãe, ou teria os cabelos castanhos dele?
Damian esperou, o suor brotando na testa. Os olhos azuis maquiados dela o encararam com uma surpresa contida.
— Oi... de novo? — disse Amy, olhando para Damian e o resto do grupo, que esperava pelo desenrolar da cena atrás dele. — Algum prob...?
— Eu não quero... não quero fazer o exame.
Um pequeno silêncio cresceu. Amy olhou para o resto do grupo, as sobrancelhas erguidas. Ainda segurando o saquinho engordurado nas mãos, franziu o cenho. Damian suspirou, fechando os olhos. A frase havia soado melhor na cabeça dele.
Desesperado por causa daquele silêncio medonho que era quebrado apenas pelo som dos carros e de alguns passarinhos, ele sentiu-se idiota. Por que as palavras fugiam quando ele estava perto dela?
— O que quero dizer é que... — Ele ergueu as mãos, mas foi inútil. Amy ergueu as sobrancelhas. Ele coçou a cabeça. — Meu Deus, isso é tão difícil.
Não era Amy que o encarava com um saquinho de donuts na mão, mas uma mistura de Diane e ela, mãe e filha na mesma pessoa. Damian sentiu todas as faltas que cometera contra Diane — e com Amy — serem atiradas em sua cara. Ele engoliu em seco. Chegou a hora de compensar os erros.
— Eu não... não quero que você more com a sua amiga — disse Damian, encarando a garota. — Você veio atrás de mim, e é comigo que você deve ficar.
Amy ergueu ainda mais as sobrancelhas. As orelhas de Damian pulsaram.
— E vamos ser sinceros, ok? Quando essa ideia idiota de viagem surgiu, eu quis me livrar de você. — Uma risadinha nervosa escapou dos lábios dele. — Quis... quis enfiar você no primeiro avião para a Flórida e esquecer que você existia. Como... como a sua avó fez.
— Cara, isso não impor...
— Importa sim — interrompeu ele. — Eu não pensava em Diane há anos quando você reapareceu. As coisas foram acontecendo rápido demais e você... você me traz todas as lembranças que achei que estavam esquecidas.
Ele se calou e percebeu a falta que sentia de Diane como uma realidade física, não mais confinada ao reino das lembranças. Ele sentia falta da voz dela cantarolando as músicas do Bob Marley, dos macacões manchados de tinta, das gargalhadas que ela nunca conseguia segurar, do cheiro de baunilha dos cabelos loiros dela. As lágrimas ameaçaram descer, mas Damian esfregou os olhos.
Amy tinha os olhos azuis cravados nos seus. Ele percebeu a respiração ofegante da garota e se aproximou. Avaliaram-se feito competidores num jogo de xadrez, um esperando pelo movimento do outro.
— Antes dessa viagem, você disse que eu não queria uma filha e que você não precisava de um pai — disse ele. Damian coçou a nuca. — Sabe, talvez eu queira uma filha. Se você mudar de ideia sobre ter um pai, nós podemos... tentar. Sei lá.
Ele ficou em silêncio, permitindo que as palavras se assentassem na realidade. Mais atrás, Lara fungou baixinho. Amy ajeitou a alça da mochila no ombro magricela e olhou para as próprias botas. Com as mãos trêmulas por conta daquele maldito silêncio, Damian ajuntou:
— E se você ainda estiver em dúvida, Will, Maria, Lara e as meninas estarão lá. Se eu fizer alguma besteira, eles vão acabar comigo, não é?
Ele se virou, encontrando o apoio que procurava. Will assentiu, ajeitando os óculos. Maria, com os braços jogados ao redor do pescoço dele e da irmã mais velha, riu de volta. Lara, com Giorgia e Alessia coladas às suas pernas, chorava, a ponta de seu nariz completamente vermelha. Como a tia, as gêmeas assentiram e riram para ele. Damian se voltou para Amy e viu um sorriso enviesado em seus lábios finos.
— Vocês está, tipo, tentando me comprar? — perguntou ela.
— Talvez — respondeu ele, um pouco rápido demais. — Grace vai me matar se descobrir que deixei a sobrinha dela morar com uma amiga. Sério. É bem possível que ela embarque no primeiro voo para Nova York e arranque a minha cabeça, então...
— Ela parece... decidida.
— Ela é. — Ele riu, os olhos fixos em Amy. Quando outro silêncio se estendeu, Damian engoliu em seco. É agora ou nunca. — A minivan tem sete lugares. Você faz falta no time, Amy.
Tudo se converteu em silêncio. Lara não fungava mais, os passarinhos não cantavam e o trânsito caótico de Nova York desapareceu, pelo menos para os ouvidos ansiosos de Damian. Ele mirou a garota com o coração descompassado e a testa salpicada de suor frio. Damian imaginou o que se passava na cabeça de Amy, e tremeu ao cogitar a possibilidade de uma negativa.
Não queria deixá-la ir embora como fizera com Diane. Não queria sentir o vazio esquisito que tomara conta da minivan tão logo deixaram a garota no ponto de táxi. Ela fazia falta no time, e Damian não queria que a viagem terminasse daquele jeito. Não seria o final que Diane escolheria. Não era o final que Damian queria para a história deles.
Mesmo que fosse difícil, era o certo a ser feito. Talvez a convivência fosse complicada no início, quase esquisita, mas precisavam dar o primeiro passo. Começar a agir feito pai e filha. Se desse certo ou não, apenas o tempo revelaria.
Amy ajeitou a mochila no ombro e, por fim, sorriu.
— Beleza.
Damian ficou em silêncio, ouvindo o coração bater nas orelhas diante daquela resposta típica de uma adolescente de quinze anos. Ele abriu a boca diversas vezes antes de encontrar as palavras que queria dizer.
— Isso quer dizer que... que você aceita?
— Prefiro que a sua cabeça fique no lugar — respondeu ela, as bochechas coradas. Os olhos azuis o encararam por trás da maquiagem pesada. Amy sorriu sem jeito. — Bem, pelo menos por enquanto.
Lara fungou outra vez. Ele respirou aliviado. Era aquele final que queria.
— Valeu, garota.
— Sem problemas, cara.
Os dois se avaliaram, ambos sem saber o que dizer em seguida. As palavras não eram necessárias.
Damian venceu os poucos passos até ela e apertou o ombro magricela de Amy, sorrindo. Por meio do calor que irradiava através do tecido da camiseta da garota, ele entendeu que ela era de verdade, que era filha dele. Damian se conteve para não chorar, e agradeceu quando Amy sorriu de volta.
Ela ergueu o pescoço, encarando o resto do grupo.
— Comprei uns para a viagem — disse ela, indicando o saco de papel pardo engordurado com os donuts. — Se vocês quiserem...
Will e Maria sorriram, mas Lara abraçou a garota com força, beijando o topo de sua cabeça e fazendo as gêmeas soltarem risadinhas. Amy sorriu sem graça. Como boa italiana, Lara secou as lágrimas, rindo para as filhas.
— É tão bom ter você de volta, querida — disse ela, beijando o rosto de Amy. — Vamos nos sentar ali perto da fonte. Vamos, picolle?
Damian sorriu para Lara, que apertou a garota contra si, afastando-se em direção à fonte e falando em como estava "Feliz por você ter aceitado, querida!". Alessia e Giorgia saltitaram ao redor de Amy, que bagunçou o cabelo delas com um sorriso que aqueceu o coração de Damian. Maria abraçou a garota, sacudindo-a com uma gargalhada. Tudo parecia certo.
Ele observou a cena com uma sensação boa. O alívio transbordou em Damian, que sorriu quando Will se aproximou, um pouco mais atrás do grupo animado das garotas.
— Acredito que perder meu Nintendo 64 tenha valido a pena, no final das contas — disse Will. — Que viagem...
— Pois é. — Damian riu, enfiando as mãos nos bolsos enquanto Amy brincava com as garotas e Maria perto da fonte. — Vamos precisar de um terceiro controle, camarada.
— Isso podemos encontrar no eBay — afirmou Will, ajeitando os óculos e olhando na mesma direção. — Mas o que você fez não se encontra em lugar nenhum.
— Posso dizer que tive bons conselhos.
— Você sempre soube o que fazer. Só precisava de... tempo para entender.
— É. Nunca fui o mais brilhante de nós dois — disse Damian. Will sorriu, balançando a cabeça. — Valeu, cara. De verdade.
— Não fiz mais do que minha obrigação de melhor amigo, Damian.
— É, mas acho que nunca agradeci por isso.
— Cuide da garota. — Will sorriu sem jeito, ajeitando os óculos. — E vamos marcar uma noite para jogar videogame. Nós três. Ou, bem, todos nós.
— Você vai precisar me ajudar, não sabe?
— Amy já é da família. Sou tecnicamente o padrinho dela. — Will sorriu com o canto dos lábios, também enfiando as mãos nos bolsos. — É lógico que vou ajudar.
Damian sorriu de volta. Não havia melhor escolha de padrinho do que aquela.
— Ei, o que vocês estão fazendo aí? — chamou Maria, colocando as mãos na cintura enquanto o resto do grupo sentava-se ao redor da fonte. — Venham comer!
As bochechas de Will coraram, como sempre acontecia quando Maria falava. Damian sorriu e deu duas batidinhas nas costas do amigo antes de sussurrar:
— Não queremos deixar as moças esperando, certo?
---
Damian empurrou as mochilas para a calçada, sorrindo para as vozes animadas de Giorgia e Alessia. As garotinhas, alegres pela mudança do clima na minivan, viram a permanência de Amy como uma benção. "Agora seremos vizinhas e vamos nos ver todo dia!", diziam elas, pulando ao redor da garota. Maria balançou a cabeça para as sobrinhas, que falavam sobre os passos que Amy ensinaria a elas, os passatempos que fariam, e os desenhos que assistiriam juntas. Lara riu, entrando na conversa animada das filhas com a garota e dando ideias de lanches que Amy poderia gostar — porque que as minhas panquecas você já aprovou, não é, querida?
Damian fechou o porta-malas da minivan e sorriu para a cena. Amy, ainda um pouco supresa, assentia para todas as sugestões e ria. Damian sentiu que pelo menos uma vez na vida havia feito a escolha certa.
— Certo. Hora de subir! — Ele pegou as mochilas e olhou para Will. — Você vem, cara?
— Acredito que não — respondeu Will. — Preciso devolver a minivan para minha mãe.
— Nos vemos mais tarde, então. — Damian atirou as chaves para o amigo. — Ah, e depois me cobre o conserto da lataria e do capô, ok?
— Pode deixar. Nos vemos mais tarde.
Os dois sorriram, e as despedidas se iniciaram.
Após os abraços de Lara, Amy e das garotas, Will ajeitou os óculos, esperando por Maria. Ela sorriu com o canto dos lábios, ficou na ponta dos pés e puxou-o pelo pescoço para um abraço apertado. Damian, que não estava muito longe, jurou ter ouvido ela sussurrar "Muito obrigada por tudo, cara. Você é foda demais." Will envolveu o corpo de Maria num abraço igualmente apertado, fechando os olhos por um momento.
Damian sorriu sem graça para Lara e Amy, como se compartilhassem os segredos de um crime. Quando o abraço se desfez, Will acenou e entrou na minivan, avançando pela rua numa velocidade assustadoramente lenta.
No elevador, ouvindo a conversa animada das garotas, Damian suspirou e se encostou no painel dos andares. Agora que havia parado para pensar, certas variáveis urgentes precisavam de resolução.
Seria necessário transformar o quarto de hóspedes-barra-escritório num quarto de verdade para Amy. Tinham de ir à Imigração para resolver a questão legal da tutela, afinal precisava reconhecê-la como filha e informar às autoridades que a garota era metade americana. Precisavam conversar sobre a escola, qual cereal ela comia no café da manhã, sobre a mãe dela e tudo o que aconteceu. Conversar de verdade.
E Damian precisava tratar de questões mais esquisitas, como reaprender a baixar a tampa do vaso sanitário e pedir a Will para não dormir de cuecas no sofá. Amy não merecia ver aquelas cuecas medonhas logo pela manhã. Nem ele.
Enquanto Damian fazia a pequena lista mental, Amy saiu do elevador, rindo com as garotas, Maria e Lara. Entretanto, o riso e a felicidade não durou muito.
Mais atrás, carregando as mochilinhas de Giorgia e Alessia, Damian saiu do elevador e deu de cara com a única variável que não havia computado.
Irina esperava por ele em frente à porta do apartamento, os lábios delicados crispados de raiva. Os olhos verdes dela se fixaram no rosto de Damian. O silêncio desconfortável tomou o corredor. Ao longe, uma sirene de polícia soou. Ninguém abriu a boca.
— Se divertindo, Damian? — perguntou ela, erguendo as sobrancelhas.
Durante a viagem, ele havia se acostumado aos bondosos olhos verdes de Lara, olhos que possuíam manchinhas castanhas nas íris, que abraçavam a todos com carinho e atenção. Encarando Irina, ele percebeu que o verde dos olhos de Lara era diferente dos da noiva. Os olhos de Irina eram claros, frios e distantes demais; eram olhos que não abraçavam ninguém. Damian tremeu debaixo daquele escrutínio de desprezo, ignorando a coceira no maldito gesso.
— Vamos entrar, Irina — pediu ele. — Precisamos conversar.
— Realmente, precisamos muito conversar.
Com um olhar frio para o resto do grupo, Irina se virou para a porta dele. Entretanto, antes que Damian pudesse se despedir do grupo, Maria riu. Não uma gargalhada, mas uma risada de escárnio que inundou o corredor silencioso. Agora não é hora, Maria.
— Boa sorte, cara — disse ela, sorrindo. — Você vai precisar.
— O que foi que você disse? — perguntou Irina, virando-se para Maria.
Damian fez que não com a cabeça, pedindo, pelo amor de Deus, para que ela se calasse. Maria sorriu com o canto dos lábios, os cabelos negros caindo por seu rosto de duende. Ela abriu a boca para repetir, mas não teve tempo.
— Nada. Ela não disse nada — interrompeu Lara, apertando as meninas, assustadas, contra suas pernas. — Sentimos muito. Vamos entrar, picolle.
Giorgia e Alessia trocaram um olhar amedrontado com Damian, que tentou sorrir. Vai ficar tudo bem, meninas. Eu acho. Lara sorriu de volta para ele e tentou puxar Maria pelo braço, mas ela não se moveu. Maria cruzou os braços e riu outra vez. O sangue de Damian congelou nas veias.
— Você tem razão, sorella. — Maria soltou outra risadinha, seus olhos castanhos com manchinhas verdes envolvidos por um brilho demoníaco. — Nós realmente sentimos muito por você, Damian.
Lara arregalou os olhos para Damian, que abriu a boca. Amy ajeitou a mochila no ombro, piscando para a batalha silenciosa que Maria e Irina travavam. O silêncio cresceu no corredor. Irina se aproximou de Maria com um sorriso cruel no rosto, e Damian tremeu. De verdade.
Quando Irina ficava furiosa era raro que sobrasse algo de seus alvos para contar a história. As palavras dela eram sempre mortais, certeiras. Quando ficava furiosa, Irina não explodia; a raiva fria e calculada dos tribunais possuía suas vantagens.
— Você prefere terminar a conversa na Imigração?
— Irina, por favor... — pediu Damian, mas ela ergueu a mão pálida e bem feita, pedindo silêncio.
Irina sorriu para Maria, olhando-a como se visse um saco de lixo na rua. Com a mão erguida para ele, Irina se divertiu ao ver a raiva silenciosa de Maria implodir aos pouquinhos. Lara puxou o braço da irmã, sussurrando num italiano ligeiro qualquer coisa que Damian não entendeu. Sem graça, ele baixou o rosto.
— O que foi? — perguntou Irina, rindo. — Nenhuma piada ou comentário engraçado? Ora essa, achei que fosse mais difícil lidar com você.
Maria fechou a cara, engolindo o orgulho. Irina sorriu e semicerrou os olhos ao ver Lara puxar Maria novamente pelo braço. O perfume forte de Irina inundou o corredor quando ela se moveu, desferindo o último golpe.
— Seu prédio já foi melhor frequentado, Damian. Uma pena que hoje em dia deixem prostitutas entrarem em qualquer lugar.
Maria gritou em italiano e foi para cima de Irina. Damian meteu-se entre as duas, franzindo os lábios para a noiva, que se divertia com a situação. Lara puxava a blusa da irmã mais nova, e as gêmeas se esconderam atrás de Amy. Debaixo da maquiagem pesada, os olhos da garota estavam arregalados. Que ótimo.
— Chega, Irina — disse ele. — Vamos entrar.
Lara ainda tentava acalmar Maria, que mirava Irina com fúria e se recusava a entrar. Sem pensar, Damian se voltou para Amy. Olhando-a como quem pede desculpas, ele pigarreou.
— Você pode... pode ficar um pouco com Lara até... — começou ele, coçando a nuca.
— Claro, eu...
— O que é você? — perguntou Irina, franzindo o nariz arrebitado ao perceber que ele se dirigia à Amy. — Damian, o quê...?
Ele trincou o maxilar e segurou a noiva pelo braço, guiando-a até o apartamento com menos paciência do que o necessário. Quando Damian fechou a porta, Irina abriu a boca no meio da sala de estar, encarando-o como se estivesse diante de um estranho. Era a primeira vez que Damian via a noiva confusa, longe do controle da situação.
— Quem é aquela garota...? — começou ela, interrompendo-se ao notar o gesso ao redor do braço esquerdo dele. — O que é isso? O que houve com seu braço?
Ele suspirou, largando a mochila no chão do apartamento.
— Temos muito o que conversar, Irina.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top