30. a pior melhor viagem do mundo
AMY
Na mesa do diner, Amy bocejou, sentindo os calafrios de quem recém acorda tomarem seu corpo. O dia amanhecera mais frio do que o normal por conta da chuva forte, que naquela manhã dera lugar a um céu nublado e sem graça. As mesas engorduradas do diner estavam vazias, mas o zumbido e o cheiro de café dormido e panquecas preenchia cada canto do salão revestido com um papel de parede cafona.
Sem vontade, Will e Maria comiam os restos do bolo que Amy comprara para Lara no dia anterior, simplesmente enfiando os pedaços na boca e mastigando ao som de acordes rápidos de uma rockabilly vinda do velho jukebox empoeirado. Damian tamborilava os dedos na mesa, os olhos perdidos em algum ponto distante no estacionamento. O gesso em seu pulso esquerdo refletia os desenhos infantis e coloridos de Giorgia e Alessia, a garçonete mau humorada esfregava um copo no balcão e ninguém dizia uma só palavra.
Na verdade, ninguém queria dizer coisa alguma.
Lara dormia há dezoito horas seguidas e nenhum deles tinha coragem de subir para acordá-la. Desde que Damian a deixara dormindo no quarto das meninas após o encontro com Gérard, os quatro, Amy, Maria, Will e Damian, ficaram no diner, suspirando e tomando um café atrás do outro até a hora de dormir. Naquela tarde triste, entre um café requentado e outro, Will contara o que havia descoberto com o porteiro.
Não muito tempo depois de começar a trabalhar ali, Gérard virou amante da própria patroa, a ricaça dona da casa. Todos os outros funcionários sabiam, mas ninguém comentava por medo de que o fato chegasse aos ouvidos do marido da mulher, um desses executivos sem expressão que passam mais tempo nos aeroportos do que em casa. O porteiro contou a Will que nunca fora com a cara do motorista, mas que a gota d'água havia sido quando Gérard se envolvera com Greta, a copeira da casa.
Greta traiu John, o porteiro, com Gérard, que se enroscava com ela quando a patroa viajava. Quando Lara e as garotas foram visitar o motorista, John disse que ficou surpreso. Gérard, desde o início, jurava que era solteiro. Inclusive, estava até noivo de Greta há alguns meses. Com a patroa ausente, o porteiro não poderia permitir a entrada de ninguém na casa, mas o fez para se vingar da traição de Greta e daquela pose de garanhão de Gérard.
Ouvir a história não colaborou para animar o clima. Todos na mesa queriam socar as fuças de Gérard, mas estavam mais precoupados com Lara. A tarde silenciosa se transformou numa noite igualmente silenciosa e todos foram dormir com o coração pesado.
Quando amanheceu, voltaram ao diner e tomaram café. Nada era digno de nota sem a presença de Lara e as risadinhas de Giorgia e Alessia. Mesmo sem saber, Gérard havia neutralizado o Efeito Lara e deixado o grupo sem chão. Ninguém tinha vontade de fazer coisa alguma.
A felicidade de Amy ao pisar no palco com os amigos fora tão intensa que ela acreditou que mais nada poderia dar errado no mundo. Na noite do espetáculo, quando foi envolvida pelas luzes do palco, pelos aplausos e pelas notas dos jurados, tudo estava perfeito. Rir com os amigos, comemorar com eles e os professores e fazer planos para a semifinal na mesa do restaurante, entre um refrigerante e outro, fizera tudo valer a pena.
Dormir abraçada a Tommy no quarto hotel — fica comigo só hoje, Pequena. Só Deus sabe quando a gente vai se ver de novo... — também contribuíra para aquele sentimento de invencibilidade que crescia no peito de Amy. Ela havia dançado com os amigos, passado para a semifinal e dormido agarrada ao corpo de Tommy, rindo até de madrugada enquanto mirava seus olhos castanhos brincalhões. Tudo estava perfeito.
Até amanhecer e o marido de Lara estragar tudo, tudo estava perfeito.
Amy apoiou a cabeça nos braços e suspirou, lendo no cardápio engordurado do diner os valores das panquecas e hambúrgueres. Will e Maria comiam os restos do bolo, enfiando os garfos de plástico no glacê da carinha sorridente.
— Preciso fazer alguma coisa — disse Damian num sussurro abafado. Os olhos azuis dele ainda encaravam a máquina de refrigerantes no estacionamento. Ninguém disse nada. Ele assentiu para si mesmo naquela conversa de uma pessoa só. — Preciso fazer alguma coisa.
Amy suspirou outra vez. Ela só ergueu os olhos do cardápio engordurado quando a sineta do diner tocou.
— Bom dia, queridos. Já estão prontos?
O garfo de Maria parou a meio caminho da boca. As sobrancelhas ruivas de Will se ergueram. Damian fez menção de levantar, mas Lara sorriu sem jeito e ele se manteve no lugar. Amy piscou quando a viu na borda da mesa, usando uma camiseta branca, jeans manchados de tinta e os cabelos presos no habitual rabo de cavalo como se não tivesse acabado de hibernar por quase um dia inteiro.
— Você está... bem? — perguntou Maria com cuidado, descansando o garfo ao lado do prato. Os olhos de Damian dançaram entre as duas irmãs. — Tudo... certo?
Amy trocou um olhar com Will. A pergunta de Maria foi feita num tom delicado, como se dirigir a palavra à Lara fosse o mesmo que caminhar sobre os campos minados perdidos que ainda existem no Afeganistão.
— Está tudo ótimo. Grazie — agradeceu Lara, sorrindo sem jeito. Os ventiladores enferrujados do diner rangeram antes de o silêncio ficar constrangedor demais. Ela esfregou as mãos na calça jeans manchada de tinta e pigarreou. — Podemos ir pegar as meninas?
Damian se levantou da cadeira, piscando como se a visse pela primeira vez.
— Você não está com fome? — perguntou ele. — Quer dizer, você não come há muitas horas e isso pode ser...
— Estou bem, Damian — respondeu Lara. — Grazie.
Foi necessário apenas um meio-sorriso certeiro dela para que todos assentissem e as perguntas cessassem.
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Quando estacionaram em frente à mansão onde Gérard trabalhava, o único som que Amy ouviu foi o da respiração ruidosa de Lara misturando-se ao ronco baixo do ar-condicionado. Damian girou a chave da minivan. Dentro do carro, os três ficaram em silêncio. Através do vão dos bancos, Amy viu Lara apertar as próprias mãos, sorrindo para Damian como se buscasse apoio.
Ao longe, as meninas e o pai permaneciam sentados num banco de madeira ainda molhado pela chuva do dia anterior. Gérard estava carrancudo, com olheiras profundas e roupas amarrotadas. Giorgia esfregava os olhos e Alessia, sempre bem humorada durante as manhãs, falava sem parar, apertando o Sr. Bolotas contra o peito.
Tão logo Amy bateu a porta do carro, as gêmeas correram na direção deles. Mal haviam descido quando Giorgia e Alessia se agarraram às pernas de Damian, que cambaleou e riu.
— Ei, vão com calma! — disse ele, dando tapinhas nas costas das garotas. Gérard se aproximou com as mãos nos bolsos, fazendo uma careta para Damian. — Como vocês estão, pestinhas?
— Bem, babbo — respondeu Giorgia. A garotinha fechou a cara e completou: — Mas Alessia roncou e não me deixou dormir. Ainda tem espaço para desenhar? Onde estão o Sr. Greene e a zietta Mimi?
Ela revirava o gesso de Damian, que olhou sem graça para Amy.
Antes de saírem do Super 7, Maria foi categórica. "Se eu for, vou dar um murro tão forte na cara desse imbecil que o nariz dele vai parar na nuca", dissera ela. Depois disso, Will não precisou dizer nada além de uma ajeitada nervosa dos óculos. Se Maria ficava, ele também ficava.
Antes que pudessem responder às perguntas de Giorgia, Alessia, que vestia seu inseparável tutu roxo, soltou-se das pernas de Damian e abraçou Amy. Os bracinhos da garota a envolveram com tanta força que Amy também cambaleou, rindo e abraçando a menina de volta.
— Amy veio também! — exclamou Alessia, dando pulinhos. — Vamos poder ensaiar muito e...
— Ei! — Lara descansou as mãos na cintura, um sorriso brincando em seus lábios. — A mamma não ganha um abraço?
As gêmeas soltaram uma risadinha e se grudaram em Lara, que retribuiu o abraço e se abaixou para olhar Giorgia e Alessia nos olhos. Os joelhos de sua calça jeans puída e manchada de tinta escolar ficaram encharcados ao tocarem o asfalto da pequena área residencial, mas Lara não se importou nem um pouco. Era a primeira vez que sorria com vontade desde ontem.
— Como foi o dia, meus amores? — perguntou ela, ajeitando o cabelo das filhas. — Se divertiram?
— Choveu muito — disse Alessia, tristonha. — Não fomos à praia. Nem ao aquário.
— Tivemos de ficar assistindo televisão no quarto — completou Giorgia, fazendo uma careta. — E Alessia roncou a noite inteira.
Lara acariciou a cabeça das garotas, sorrindo como quem pede perdão. Gérard se aproximaou com as mãos enfiadas nos bolsos e os ombros caídos. Instintivamente, Lara retesou os ombros antes de beijar a testa das meninas.
— Voltem ao carro, picolle — pediu ela, sorrindo outra vez. Tão logo as meninas bateram a porta traseira da minivan, Lara desmanchou o sorriso e se levantou do chão. — Vamos, queridos?
— Bella, eu... — começou Gérard.
— Não me chame assim.
— Foi tudo um terrível engano! Eu sei que nós...
Gérard se calou, apertando os olhos para Amy e Damian. Sem graça, a garota pigarreou.
— Vamos esperar por você no carro, Lara — disse ela, incomodada com o olhar feroz do motorista. Virando-se para Damian, perguntou: — Vamos?
— Claro. — Ele assentiu, mas voltou a atenção para Lara. — Se você precisar de qualquer coisa...
— Eu sei, Damian — respondeu Lara. — Grazie.
Eles trocaram um sorriso breve. Gérard aprofundou a careta, cerrando os punhos dentro dos bolsos. Os dois voltaram à minivan, desviando das poças que se formaram nos buraquinhos do asfalto.
Ávida para observar o casal, Amy ocupou o banco do carona, batendo a porta logo em seguida. Damian franziu o cenho, mas nada disse. No banco de trás, Alessia falava sobre o dia perdido — e ficamos presas vendo televisão! O aquário estava fechado, sabe? E aquela chuva toda... — enquanto a irmã, carrancuda por não ter dormido, encolhia-se num cantinho do banco para tirar uma soneca. Enquanto Damian respondia às perguntas de Alessia sobre como passaram o dia, Amy aproveitou para observar Lara e Gérard.
Ela não combina em nada com ele, pensou a garota, torcendo o nariz para o casal. Gérard parecia muito mais velho com aquele rabinho de cavalo, as roupas amarrotadas e a postura curvada. Não entrava na cabeça de Amy como Lara, com aqueles olhos verdes doces, o sorriso encantador e a personalidade mais incrível do mundo pudesse se apaixonar por alguém tão não-encantador quanto Gérard. Vai ver ele é bom de papo. Ou de cama.
Se Alessia ficasse em silênio, Amy tinha certeza de que conseguiria ouvir o que Lara dizia ao marido. Apesar de estarem do lado de fora, os dois não estavam longe e falavam em vozes alteradas. Gérard gesticulava, aproximando-se de Lara, que balançava a cabeça. Ver não era um problema, mas Amy queria ouvir.
— Aqui, pestinha — disse ela, puxando o videogame portátil e os fones de ouvido do bolso traseiro. Os olhinhos curiosos de Alessia faiscaram. — Que tal um pouquinho de diversão enquanto a sua irmã tira uma soneca?
Giorgia ressonava na outra ponta do banco, recuperando o sono que os roncos da irmã lhe arrancaram. Curiosa como era, Alessia pegou o videogame, enfiou os fones de ouvido e ficou vidrada na telinha. Damian franziu o cenho para Amy. Sem graça, ela deu de ombros.
— Se você ficar em silêncio, pode ouvir o que eles estão dizendo...
— Mas não vamos fazer isso, não é? — perguntou Damian, esperando por uma continuação que não veio. — Porque ouvir a conversa dos outros é meio... errado.
Amy abriu a boca para responder, mas a voz alterada de Lara rompeu o silêncio:
— Depois de tudo o que passamos, você teve a coragem de me trair! Como você pôde?!
— Bella, você não...
— Pare de me chamar assim!
Dentro do carro, Amy cruzou os braços e riu.
— Cara, a Lara está puta.
— Eu também estaria se fosse ela — disse Damian. — O cara foi um bosta.
Do lado de fora, Gérard passou as mãos pelos cabelos. Lara tinha os braços cruzados e balançava a cabeça, negando. Ele baixou a voz, aproximando-se dela. As palavras de Gérard foram baixinhas, mas as palavras de Lara vieram com fúria:
— Eu sei o que vi, Gérard! A sua gaveta cheia de... de camisinhas e dinheiro enquanto suas filhas passavam necessidades! Você não tem vergonha?! Dio, depois de tudo o que fiz por você...!
Buzinas soaram. Um grupo de crianças andando de bicicleta ali perto engoliu a resposta agoniada de Gérard. Amy torceu o nariz, irritada por não poder ouvir. Damian apertou o volante, atormentado como a criança que teme ser pega em flagrante por alguma traquinagem.
— Olha só, acho melhor nós...
Do lado de fora, Gérard riu sem vontade, cruzando os braços e calando os apelos de Damian. Como se ainda guardasse um resto de dignidade, ele disse:
— Você me julga por não querer ficar sozinho, mas apareceu aqui com aquele projeto de Max Steel como se eu não fosse nada. Quem é esse cara?
— De quem você...?
— Do bonitão dos olhos azuis que fica cheio dos cuidados com você!
— Damian?! O que você quer dizer com isso?
Do lado de fora, Lara franziu o cenho como se o marido estivesse doido. Do lado de dentro, Amy sorriu com o canto dos lábios, escorando-se na porta. Damian se debruçou no volante como se o ato pudesse abrir seus ouvidos. Amy riu. Quando os olhos dos dois se encontraram, as orelhas dele ficaram rubras.
— Agora você se interessa, cara? — brincou ela.
Gérard abriu os braços, apontando para a minivan sem desviar os olhos de Lara.
— Você quer mesmo que eu acredite que não está rolando nada entre vocês? As garotas o tratam como um pai, porra. Elas chamam o cara de pai. O babbo Harris isso, o babbo Harris aquilo! — Ele imitou a vozinha das meninas. — Que merda! Elas não param de falar no cara um segundo. Falam sobre o que ele faz, sobre o que ele fala. Como você acha que eu me sinto?! Eu ainda sou o pai delas apesar de tudo!
Apesar da surpresa, Amy riu. Damian ficou petrificado dentro do carro, apertando o volante com força.
— Elas me chamam de...
— Ah, cara, era natural que acontecesse mais cedo ou mais tarde — disse Amy. — Você não desgruda das garotas, está sempre batendo papo com elas e comendo doces. Elas têm sete anos e mal se lembram do pai. Faz sentido que as duas vejam em você um... exemplo.
Ele olhou para trás. Alessia continuava vidrada no videogame e Giorgia roncava baixinho. Amy deu de ombros quando ele a encarou com a boca aberta.
— Bem, não é como se você tivesse sido um pai muito presente nesses quatro anos, não é mesmo? — reclamou Lara, atraindo a atenção deles. — E Damian é meu vizinho de porta. Durante a viagem as meninas...
— O cara mora com você?! Pera aí, você está dormindo com ele?!
Amy ergueu as sobrancelhas, olhando para Damian de relance. Ele estava colado ao volante, as orelhas completamente rosadas.
— Você... transou com ela, cara?
— Que raio de pergunta é essa, garota?!
Do lado de fora, Lara balançava a cabeça, olhando para Gérard com asco. Do lado de dentro, Amy deu de ombros, achando engraçado o desconforto crescente de Damian. Assustado, ele olhou para as garotas no banco de trás. Amy sorriu.
— Já vi você dando umas olhadas profundas em Lara — Ela sorriu com o canto dos lábios, observando o casal discutir no lado de fora.
Amy passava pela área da piscina da pousada da Sra. Barnes quando vira Damian com o olhar vidrado em Lara. Sem saber ao certo o porquê, ela havia gostado de vê-lo sem graça e corado porque a vizinha usava um biquíni.
— Tudo bem, cara. Rolou alguma coisa entre vocês?
— Nós... nós nos beijamos. Na festa.
Amy ergueu as sobrancelhas, impressionada por uma confissão daquele tipo vir tão facilmente. Agora tudo fazia sentido. Lara encolhida contra a janela do quarto da pensão, aqueles olhares esquisitos que os dois trocavam desde o dia da festa, Damian levantando-se da cadeira cada vez que Lara aparecia, o cuidado excessivo e os biscoitos com a bandeira da Itália. Ela sorriu com o canto dos lábios.
Damian e Lara. Juntos. Era bizarro pensar naquela possibilidade.
Mas um bizarro... interessante.
— Se você a magoar — disse Amy —, eu juro por Deus que acabo com a sua raça.
Ele bufou, abraçando o volante e observando o casal do lado de fora.
— Não vai rolar nada entre nós. Só nos beijamos e... — Damian se calou, olhando de relance para ela. — Na real, pare. É muito esquisito ter esse tipo de papo com você.
— Por quê? — perguntou ela, rindo e apoiando os pés no banco. — Não é como se eu não soubesse de onde vêm os bebês, cara.
— Quem aqui falou em bebês, garota?! E pare de falar nisso. É esquisito.
— Por quê?
— Por causa da sua mãe.
— Minha...? Cara, ela está morta...
— Eu sei, mas parece traição. Pare.
Amy ficou em silêncio. Alessia soltou uma risadinha no banco de trás, apertando os direcionais do videogame. Uma carreta passou ao longe, abafando as palavras furiosas de Lara. Sem saber como reagir, Amy coçou a ponta do nariz.
— Você não vai virar celibatário porque ela morreu, né? — perguntou ela. Damian suspirou, fechando os olhos por um momento. — Quer dizer, mesmo acreditando que você era um filho da puta que merecia morrer empalado por um arpão, tenho certeza de que ela gostaria que você fosse... feliz.
— Você acha?
— Claro.
Os dois trocaram um olhar de cumplicidade esquisito. Por um momento, foi quase, quase, como se tivessem feito aquilo a vida inteira. Sem graça pela olhada, Amy pigarreou, desviando a atenção para o casal. Não abaixe a guarda, porra, pensou ela. Ele não quer ficar você.
No silêncio, os pedaços da discussão entre Lara e o marido preencheram a minivan.
— Dio Santo, quantas vezes vou precisar dizer que ele é meu vizinho?!
— Se você não quer me falar se dormiu com o cara, apenas me responda uma coisa...
— Responder? Quem deve respostas aqui é...
— Você está apaixonada por ele, Lara?
Damian enrijeceu no banco, apertando o volante até os nós de seus dedos ficarem brancos contra o couro escuro. Do lado de fora, a tensão de Lara era quase física. Ela hesitou, mas a resposta não demorou a vir:
— É claro que não! De onde você tira estas ideias absurdas?! Quer saber? Chega disso. Estou indo embora.
Damian relaxou no banco, as mãos pendendo do volante. Amy ficou com pena do cara, mas refreou a vontade de dar um tapinha no ombro dele. Aquilo seria um pouco demais depois de tudo o que passaram.
Lara se aproximava do carro quando Gérard gritou:
— Ei, eu não quero esse cara perto das minhas filhas!
Ela parou, voltando-se.
— Suas filhas?! Você se lembrou das suas filhas quando estava farreando e transando com outras mulheres?! Não é o que parece!
— Lara, eu...
— Acabou, Gérard. — Lara tirou a aliança do dedo, enfiando-a na mão de Gérard. — Não vou proibi-lo de ver as meninas, mas não quero... não quero mais. Chega.
— Olhe, eu sei que errei, mas vamos... vamos conversar — suplicou ele. — Não vamos colocar sete anos no lixo.
— Você traiu minha confiança. Não dá mais. Maria estava certa. Eu mereço alguém melhor do que você.
Por estar mais próximos da minivan, as palavras vieram claras como água. Com os olhos marejados, Lara venceu os poucos passos até o carro e entrou pela porta de trás. Do lado de fora, Gérard girava a aliança nas mãos e parecia ter envelhecido cinquenta anos em questão de minutos.
Giorgia acordou, esfregando os olhos e aninhando-se no colo da mãe. Ao ver Lara, Alessia devolveu o videogame a Amy e abriu o maior sorriso do mundo. Sem graça, Lara deu um abraço apertado nas gêmeas e pediu:
— Vamos embora, por favor.
— Espere, Lara!
Como se despertasse, Gérard se aproximou do carro no exato momento em que Damian avançou pela rua residencial silenciosa. Passaram por crianças de bicicleta, rindo e tocando suas buzinas irritantes, espalhando felicidade no bairro grã-fino.
— Você vai ficar bem, Lara? — perguntou Amy, sem saber ao certo o que dizer.
Lara acariciou a cabeça de Giorgia, que agora dormia em seu colo, e sorriu sem vontade.
— Preciso ficar, querida. Preciso ficar.
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Tão logo voltaram ao motel, Lara arrastou Maria para uma conversa particular.
As duas ficaram trancafiadas no quarto enquanto o resto do grupo esperava no diner, ouvindo Alessia e Giorgia reclamarem sobre o dia nada divertido com o pai, ou contando histórias engraçadas ao redor da mesa. O dia continuava sem graça, nublado e frio quando as duas irmãs empurraram as portas engorduradas do diner.
Maria descansava um dos braços ao redor dos ombros de Lara, mas Amy percebeu que, apesar das piadas que vez ou outra ela soltava, algo não ia bem. As duas juntaram-se à mesa suja, ouvindo com atenção as meninas e sorrindo vez ou outra.
Amy afastou o pensamento ruim quando Lara e Maria trocaram um sorriso cúmplice. Damian pediu hambúrgueres e milkshakes para o almoço — desta vez, sem as negativas de Lara —, e todos comeram em silêncio, observando o dia sem graça se desenrolar. Quando terminaram, era hora de voltar à estrada.
Era uma hora da tarde quando deixaram o motel Super 7 para trás. Enquanto ganhavam a rua, o celular de Amy vibrou no bolso traseiro do jeans. Ela sorriu ao ver a mensagem piscar no visor.
Tommy: Estamos no avião! Já estou sentindo falta de dormir ao seu lado, Pequena ♥ :)
Amy apertou o celular contra o peito, como se a mensagem de Tommy fosse um segredo apenas deles.
Quando voltaram do restaurante — com a Srta. Meadows e o Sr. Bell só um pouquinho bêbados —, Ben e Fred, o namorado de Liz, deixaram Tommy com o quarto para que os dois tivessem mais privacidade. Pelos olhares e sorrisinhos de Liz, Amy sabia exatamente o que aqueles maliciosos estavam pensando, mas nem de longe foi o que aconteceu.
Os dois caíram na cama e, rindo, conversaram até a madrugada crescer. Amy, que não era muito falante, sentia a língua solta quando Tommy era o ouvinte. Querendo preencher aquela longa ausência — não se viam de verdade há mais de um ano —, ela contou a ele cada pormenor idiota da viagem.
Ela falou sobre o amor maternal que Lara tinha por todos, sobre o desejo de Alessia ser bailarina, sobre o sorriso banguela de Giorgia e sobre o ódio de Maria pelo cunhado. Amy falou em Will, em como ele era caído por Maria e por isso teve uma concussão ao brigar com um gigante que tentou se aproveitar dela. Amy falou em Damian, em como ele era exatamente o tipo da mãe dela e em como ele não via a hora de se livrar daquela filha que caíra de paraquedas em sua vida perfeita. Amy também contou a Tommy sobre a avó, mas não tudo. Aquela noite era para ser a melhor de todas, e a velha miserável não teria espaço na vida dela depois daquele final de tarde medonho.
Tommy ouvira tudo com atenção, rindo, franzindo o cenho e fazendo perguntas quando não entendia algo, e Amy respondia com entusiasmo, alegre pela existência de alguém como Tommy. Quando ficou tarde e os bocejos os venciam, eles se ajeitaram naquela cama imensa — assim, bem juntinhos — e não demoraram a adormecer. Tommy tinha um dos melhores abraços de urso do mundo, e Amy dormiu com o nariz enterrado na camiseta dele, sentindo o cheirinho de sabonete que nunca falhava em deixá-la ainda mais apaixonada.
Amy sorriu com a memória e relaxou no banco, mas não se sentia tão feliz quanto imaginara que estaria naquele momento. Exceto pela parte de sua avó ser uma megera sem coração e Damian não saber sobre sua existência, tudo havia dado certo. A apresentação fora um sucesso, a mãe de Liz a deixaria ficar por uns tempos na casa delas e a vida seguiria seu curso.
Vou morar em Nova York com uma amiga, ficar perto das pessoas que amo e fazer o que gosto, pensou ela, entretanto algo parecia incompleto, fora de lugar.
Talvez fosse o silêncio no interior da minivan, que ainda conservava o cheiro de presunto dos sanduíches de Lara, ou a falta de histórias e perguntas de Giorgia e Alessia, que olhavam para mãe a intervalos regulares, como se soubessem que algo não estava certo. Poderia ser a ausência das gargalhadas de Maria, que olhava para a janela sem interesse algum, ou o sorriso vazio que Lara lançava às filhas a cada rua que deixavam passar. Ou talvez o problema fosse Will, que mal se interessava pelas notificações que pipocavam em seu celular.
Damian, apesar do pulso ainda engessado, dirigia e falava sem parar. Ele tentava animar o interior do carro, mas ninguém parecia inclinado a responder suas ou perguntas ou rir de suas piadas medonhas. Will tentava corresponder com uma risadinha, mas a alegria durava pouco.
Como numa peça de teatro, os papéis dos atores pareciam se inverter. Se no início era Lara quem tentava puxar conversa, amenizar o clima horrível da minivan e aproveitar a viagem, agora Damian era o responsável pelo bom humor. Entretanto, após diversas tentativas frustradas e risadas forçadas de Will, ele desistiu e, com o rosto abatido, limitou-se a dirigir.
Amy olhou para fora e sorriu quando um pequeno raio de sol se infiltrou entre as nuvens cinzentas. Damian ligou o rádio na estação de reggae e aumentou o som quando uma música do Bob Marley começou a tocar.
Ela relaxou no banco, suspirando. Aquilo só podia ser um sinal.
Hora de voltar pra casa, pensou Amy. Seja lá o que isso queira dizer.
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Era quase onze horas da noite quando pararam novamente. Depois do dia quente, a noite estava agradável, perfeita para quem quisesse ficar na varanda, beber uma cerveja gelada e conversar até de madrugada. Pensando nisso, Amy girou os últimos dólares que trazia consigo entre os dedos, grata por poder se esticar depois de passar tantas horas sentada.
A viagem da Flórida à Georgia durara sólidas oito horas. Naquele intervalo, ninguém pedira para ir ao banheiro e o tempo, como se zombasse deles, não vacilou em nenhum momento. Nas oito horas em que passaram trancafiados na minivan, um sol brilhante os acompanhou do início ao fim do dia e ninguém queria parar. A vontade de chegar era maior do que tudo, então eles seguiram, alternando silêncios pesados e momentos de histórias e risadas que não surtiam tanto efeito quanto antes como se fizessem parte de um roteiro.
A máquina de refrigerantes brilhou debaixo da luz fraca do estacionamento daquele motel barato na Georgia, envolvendo a noite silenciosa com o ronco do motor de refrigeração. Sem pensar muito, ela enfiou a cédula no local indicado, escolheu uma Coca-Cola e coçou o nariz. O cheiro do banheiro, que um cartaz antigo anunciava como DESATIVADO, era de rachar os pulmões.
Amy esperou o refrigerante cair, mas nada aconteceu. Ela apertou o botão outra vez, com mais força. Nenhum som de lata, nada. Amy fechou a cara, empurrando a máquina. Mesmo com o esforço e a raiva, sua latinha não desceu.
— Ah, cara, vai se fo...
— Ela engoliu o seu dinheiro?
Quando se virou, Damian estava ali, coçando a cabeça como se estivesse atrapalhando um momento especial. Amy não sabia de onde ele havia surgido, mas deu de ombros, tentando não parecer tão nervosa quanto realmente estava. Por que sempre que o cara surgia em seu campo de visão ela enrijecia os ombros? Sem encará-lo, Amy disse:
— Acontece.
— Deixa eu ver se consigo recuperar...
Damian se aproximou da máquina e se abaixou, enfiando a mão boa pela abertura retangular. Com a ponta da língua de fora, ele tirou algumas notas amassadas do bolso traseiro e estendeu a ela. Os desenhos das gêmeas brilharam no gesso encardido ao redor do pulso de Damian.
— Às vezes essas máquinas são muito velhas — explicou ele, ainda com o braço perdido dentro da abertura. — Pegue um para mim.
Amy fez como ele pediu, enfiando as notas na máquina e apertando o botão. Antes que ouvisse o clank da máquina, Damian deu um tranco com o ombro direito. Sorrindo, ele se ergueu. Amy quase não acreditou quando viu as latinhas de Coca-Cola nas mãos dele. Ela aceitou a lata que Damian lhe oferecia sorriu sem graça.
— Valeu, cara.
— Sem problemas, garota.
Cada qual com sua latinha, sentaram-se num banco de madeira carcomida ao lado da máquina de refrigerantes e caíram num silêncio profundo. Um gato vadio miou ao longe. Amy tomou um grande gole de Coca-Cola, querendo mais do que tudo trocar de lugar com aquele maldito gato.
— Foi legal o que você fez hoje — comentou ela, evitando encará-lo. Damian virou o rosto em sua direção. Ela deu de ombros. — Levar as pestinhas à praia. Foi legal.
Antes de deixarem a Flórida, depois que todas as tentativas de Damian para alegrar o grupo falharam, ele dirigiu até a praia. Ainda tocava Bob Marley no rádio quando ele desligou o motor. Todos franziram as sobrancelhas quando o carro parou, exceto as gêmeas, que pareciam no céu por ver o mar em toda sua extensão. Lara abriu a boca, mas Damian silenciou qualquer protesto por parte dela levantando uma das mãos e dizendo:
"Elas merecem isso, Lara. E nós também. Quem aí quer tomar sorvete?"
E foi legal ficar na areia ouvindo o som do mar, das risadinhas alegres de Giorgia e Alessia e ver uma pontinha de alegria em Lara e Maria. Até Will, que não era muito risonho, brincou com as meninas no mar, erguendo a barra das calças e correndo atrás delas, espirrando água para todo lado.
Aquela visita foi a responsável por melhorar — bem pouquinho — o clima do carro nas oito horas seguintes de viagem. Pelo menos as gemêas estavam felizes. Isso bastava por enquanto.
— Já estávamos lá. Não custava nada. — Ele deu de ombros, tomando outro gole. Damian girou a latinha nas mãos, relanceando o olhar para ela. Amy fingiu não notar e permaneceu olhando para frente, como se a picape enlameada que ocupava duas vagas do estacionamento fosse mais interessante do que qualquer outra coisa no mundo. — Então, você quer falar sobre... sobre sua avó?
— Não. Ela é uma cadela.
— Eu gostaria de discordar, mas...
— Mas é o que ela é. — Amy trincou a mandíbula, apertando a lata entre os dedos. — Não sei o que eu estava esperando de uma mãe que não se dá ao trabalho de ir ao enterro da própria filha.
Ela se calou quando as imagens do enterro da mãe voltaram com força em suas lembranças. Marlene chorando, Joe fungando na manga da camisa, o cheiro das flores na capela, o sol refletido em cada lápide, os pássaros cantando e a amarga realização de que, sem a mãe, ela não tinha ninguém.
Com um nó na garganta, ela segurou o choro e bebeu um grande gole de refrigerante.
— Sabe, essa viagem foi uma merda — disse ela. Ele não discordou. Amy empurrou uma mecha de cabelo para trás da orelha. — Tudo deu errado. Você não sabia que eu existia, quase morremos na estrada, Will parou no hospital com uma concussão, Giorgia e eu quase fomos atropeladas, o carro pifou, você torceu o pulso, minha avó é uma vaca e o marido de Lara é um merda.
O gato vadio miou outra vez, escondendo-se entre os carros. Amy se virou, encarando Damian. Meus olhos são iguais aos seus, pensou ela, mas desta vez não se incomodou com a comparação. Sem graça, Amy voltou a atenção para a picape enlameada e mal-estacionada.
— Mas eu me diverti quando estávamos no carro, contando histórias e rindo. Isso foi legal pra caramba.
Damian riu, brincando com a latinha.
— Foi. Principalmente aquela sobre Maria bater boca com um cara vestido de galinha gigante na frente do Barley's.
— E aquela sobre você ter chorado em Toy Story 3. — Ela sorriu com o canto dos lábios.
— Aquela última cena foi de partir o coração — defendeu-se ele. Após uma pausa, Damian completou: — Will também lacrimejou. Ele só não admite.
— Ou aquela sobre as aulas de dança?
— Depois da sua apresentação, posso dizer que a dança é algo... quase de família?
— Touché, cara. — Amy riu novamente, sentindo a latinha gelar a ponta de seus dedos. — Pelo menos ainda não dancei com nenhuma senhora que servia mesas.
— Lisa foi incrível. Setenta anos e uma disposição de vinte na pista, se quer saber minha opinião — disse Damian, como quem conta um segredo. Os dois riram. Após uma pausa, ele balançou a cabeça. — William é um maldito. Ele não esquece essa história de jeito nenhum, cara.
Amy sorriu. Olhando para as próprias botas, agradeceu à mãe, onde ela quer que ela estivesse, por ter escohido aquele imbecil para ser seu pai. Ele era uma boa pessoa, apesar de tudo. Mesmo que ele não queira ficar comigo, ele é uma boa pessoa.
O gato miou, alguns grilos estridularam num canteiro ali perto e vagalumes se arremessaram contra a lâmpada amarelada que iluminava a máquina de refrigerantes. Uma brisa acentuou o fedor do banheiro, que ao que tudo indicava, não parecia tão DESATIVADO assim.
Amy encolheu as pernas no banco.
— O que acontece agora? — perguntou ela. Damian franziu as sobrancelhas. — Quer dizer, agora que tudo acabou...
No silêncio daquele motel vagabundo da Georgia, o vazio da incerteza cresceu no peito da garota. Fora o convite para morar com Liz, ela não tinha nada. Na mochila, Amy trazia poucas roupas, o celular, o videogame portátil e a foto da mãe com Damian. Seus livros e discos, a vida que ela conhecia, ficaram na Escócia, lugar onde ela não poderia voltar tão cedo.
— Não sei, garota — respondeu ele com um suspiro cansado. Amy percebeu olheiras ao redor de seus olhos azuis. O indício de barba por fazer no queixo quadrado de Damian o deixavam ainda mais parecido com um boneco de ação. — Na verdade, não faço nem ideia.
— Pelo menos se continuarmos assim chegaremos em Nova York depois de amanhã. Até que essa viagem foi mais rápida do que você previa.
— Pois é — concordou Damian. Ele bebeu outro gole de refrigerante e suspirou, seus lábios se contorcendo num riso culpado. — Mas foi, de longe, a pior viagem que já fiz.
Ela riu, mas ao ver Will, o peito se comprimiu. O sorriso dela se desfez como fumaça.
Ele não estava muito distante da minivan, parado no meio do estacionamento quase vazio, olhando para Maria com a cabeça baixa. Em sua frente, ela sorriu cansada, falando qualquer coisa. Ele ajeitou os óculos, coçou o pescoço e pareceu hesitar. Amy nem percebeu que estava na ponta do banco. É agora. Fale para ela, Will.
Mas não foi. Maria sorriu sem vontade, tocou o ombro dele em agradecimento e subiu as escadas para os quartos. Do solo, Will acompanhou Maria sumir pela porta de número 502 com um olhar cansado. Ele ainda mirava a porta branca do quarto quando Amy suspirou e perguntou:
— Você acha que ele tem alguma chance?
Damian considerou. Dando outro gole no refrigerante, concluiu:
— Acho que sim. O único problema de Will é... Will. Só isso.
Amy assentiu e sorriu quando Will caminhou até o banco num passo arrastado. Ele usava a mesma camisa vermelha e quadriculada de ontem. Seus ombros caídos, dignos de um gigante derrotado, davam pena. Amy se encolheu quando Will desabou entre e Damian no banco de madeira, ajeitando os óculos tortos no rosto pálido.
Os três ficaram sentados em silêncio, cada um perdido nos próprios pensamentos. Amy entregou a Will o resto de sua Coca-Cola, dando dois tapinhas no ombro dele. Ele bebeu o refrigerante de uma vez só, fazendo com que seu pomo-de-adão proeminente subisse e descesse numa velocidade impressionante. Quando terminou, Will amassou a lata e esfregou a boca com as costas da mão.
Naquele silêncio embalado pelos miados distantes do gato e pelo cricrilar dos grilos, ele decretou:
— Essa foi a pior melhor viagem do mundo.
Amy não soube o que dizer. Damian suspirou, o olhar perdido na picape enlameada.
— Se foi, amigão — concordou ele. — Se foi...
Os três suspiraram. Era o início do fim.
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[NA] → Queridos, último avisinho, eu juro! Então, só passei para avisar que fizemos (a Clara_Naomi fez. Eu só olhei e incomodei, hahaha) um grupo no WhatsApp para vocês interagirem! Quem quiser fazer pergunta, elogio ou mandar aquela reclamaçãozinha sobre qualquer história para a autora, ou só bater papo, pode vir que tem espaço pra todo mundo. Vou deixar o link no comentário desta linha, beleza? Esperamos vocês lá! :)))
Ah, e já que estamos aqui, o próximo capítulo vem na segunda, e é da Maria! Até a próxima, gente! :) ♥
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